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sábado, 23 de julho de 2011

ARAUTOS DE JESUS - 04 – ANUNCIADO NO CORDEIRO PASCAL – Ex 12,1-12.21-3O

A décima praga enviada ao Egito, a morte dos primogênitos, é um dos acontecimentos mais lembrados do Antigo Testamento. Foi por causa dela que o Faraó convenceu definitivamente deixar o povo de Israel sair da terra do Egito. Foi uma demonstração eloqüente do poder de Deus sobre tudo e sobre todos. Ao mesmo tempo, aquela foi uma das ocasiões mais impressionantes em que Deus demonstrou toda a misericórdia que tinha em mente realizar.

Nove pragas já haviam se abatido sobre o Egito, mas o faraó continuava endurecido e decidido a não deixar o povo sair. Foi então que Deus resolveu intervir de forma o anjo da morte passaria pela terra do Egito e feriria todos os primogênitos, tanto de homens como animais. Porém, como era possível não haver risco de que os próprios israelitas fossem feridos? Deus providenciaria uma forma de identificá-los para que não fossem atingidos. Assim, a Páscoa, que significa “passagem”, seria ao mesmo tempo sentença para os egípcios e libertação para Israel.

  1. PROVISAO PARA A FAMILIA.

Naquela noite, cada família de Israel deveria selecionar um cordeiro. O cordeiro seria sacrificado e sua carne seria comida por toda a casa, pois aquela era uma provisão de Deus para todo seu povo. Do maior até o menor, todos tinham direito de comer do cordeiro pascal, e ninguém poderia ser omitido. A salvação, como livramento do juízo de Deus, deveria alcançar toda a casa, incluindo homens, mulheres e crianças. Em todas as casas um cordeiro deveria ser servido, demonstrando a dependência de cada família à provisão de Deus.

Essa é uma das informações mais maravilhosas que Deus nos dá na Bíblia; ele se relaciona com a família, ele deseja ser Deus do marido, da mulher, dos filhos. Por isso quando o carcereiro perguntou a Paulo e a Silas o que deveria fazer para ser salvo, obteve essa resposta - “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.” At 16,31 – A Bíblia é muito clara a respeito dessa preocupação de Deus com a família. Nem poderia ser diferente, pois ela foi instituída antes da Igreja. Não podemos deixar de ver isso no texto; Deus tem uma salvação preparada para a família.

Certamente havia crianças nas casas dos israelitas. Elas não deveriam ser consideradas inocentes, pois precisavam de salvação tanto quanto os adultos. Sem a salvação providenciada mediante o cordeiro, nenhuma criança poderia livrar-se. Na verdade, as crianças sempre participaram integralmente de todo plano de redenção. Elas não só participaram da Páscoa, como atravessaram o mar vermelho, onde foram batizadas – “e, na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés,” 1Cor 10,2 – e estiveram presentes em todos os grandes momentos da historia de Israel.


  1. O CORDEIRO SEM DEFEITO – Ex 12.

Deus ordenou Moisés – “O cordeiro, ou cabrito, será sem defeito, macho de um ano, o qual tomará das ovelhas ou das cabras,” 12,5 – não servia qualquer cordeiro; tinha que ser um tipo especifico. Um cordeiro assim estava na plenitude de sua existência, mas deveria ser morto, a fim de que sua carne fosse comida e seu sangue colocado acima das portas.

A Bíblia afirma claramente que aquele cordeiro providenciado para a família de Israel tipificava Jesus. Paulo disse – “Porque Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificado”. 1Cor 5,7 – Assim como o cordeiro pascal foi imolado na plenitude de sua existência, sendo absolutamente inocente de qualquer coisa, também Jesus foi sacrificado por causa dos pecados do seu povo na plenitude de sua vida humana, em completa inocência e pureza. Pedro disse que ele – “Ele não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano;” – 1Pe 2,22 – O apostolo explica que fomos salvos – “com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo”, 1Pe 1,19 – Jesus é o Cordeiro sem defeito que foi oferecido como sacrifício expiatório pelo pecado do mundo. Assim como israelitas deveriam comer a carne daquele cordeiro, nós também precisamos comer a carne e beber o sangue do Senhor Jesus, conforme ele mesmo declara – “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.” Jô 6,54-55 – Este é o significado da Páscoa para nós hoje – participar espiritualmente do sacrifício de Cristo, pois pela fé participamos de sua carne e de seu sangue.

Algo interessante que é realçado no texto é a maneira como os israelitas deveriam fazer a refeição da Páscoa. Eles deveriam comer todo o cordeiro, junto com ervas amargas e pães asmos (sem fermentos), e nada deveria ser deixado para o dia seguinte. Alem disso, deveriam comer como – “Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor” Ex 12,11 – isso nos sugere vividamente a noção de peregrinos.

O povo de Deus deveria participar da Páscoa tendo total consciência de que aquele não era o seu lugar. Deus o estava chamando para outra terra. O mesmo deve ser considerado pelos cristãos hoje. Não somos deste mundo. Deus tem um mundo melhor para nós. Aqui devemos viver com – “lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão;” – As ervas amargas nos sugerem quanto foi doloroso para Jesus providenciar a salvação para nós e também nos lembram a dificuldade de viver em santidade neta vida. Já os pães asmos simbolizavam a vida de separação que é exigida de nós. Somos chamados a viver uma vida sem mistura

  1. A MARCA DO SANGUE SOBRE A PORTA.

Os israelitas não deveriam somente comer a carne do cordeiro; também deveriam colocar um pouco do sangue do animal nas ombreiras e na verga das portas das casas – “Tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambos os umbrais e na verga da porta, nas casas em que o comerem.” Ex 12,7 – Deus disse – “o sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu o sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga para vos destruir, quando eu ferir a terra do Egito.” Ex 12,13 – A marca do sangue identificaria os israelitas. Onde estivesse o sangue, o anjo destruidor não entraria; ele literalmente passaria por cima daquela casa – “E aconteceu que à meia-noite o Senhor feriu todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que se assentava em seu trono, até o primogênito do cativo que estava no cárcere, e todos os primogênitos dos animais.” Ex 12,29, porém nenhum israelita, cuja casa que estava com a marca de sangue sobre a porta, perdeu um filho naquela noite terrível.

Esse acontecimento ilustra muito bem como funciona a salvação dos cristãos. O sangue de Jesus é que faz toda a diferença. Os israelitas dentro de casa não foram poupados porque eram mais justos que os egípcios. O anjo vingador não parou para analisar a vida de cada um, ele simplesmente constatou que havia sangue na porta e isso o fez desviar. Ele não precisava ferir ninguém naquela casa, pois um cordeiro já havia sido ferido por todos os moradores dela. Esse é o modelo eterno da salvação de Deus. A marca do sangue de Jesus em nossa vida hoje é a garantia da salvação. Jesus foi ferido pelos nossos pecados, e não precisamos temer a condenação de Deus. Quando enfrentarmos o dia do juízo, não serão nossas boas obras que irão continuar diante de Deus, e sim se termos ou não a marca do sangue do Cordeiro em nossa vida.

É interessante que o momento crucial para todos naquela noite no Egito foi exatamente à meia noite. Deus disse até que aquele mês deveria ser considerado o primeiro no calendário dos israelitas – “Este mês será para vós o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano”. Ex 12,2 – isso mostra recomeçar para o povo após a Páscoa. Uma vida totalmente nova o esperava. Um dia estava morrendo e o outro estava começando, um ano estava se acabando e outro começava. Certamente isso ilustra o novo nascimento conforme Paulo – “...se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” – 2Cor 5,17.

Devemos notar ainda que a Páscoa significa salvação para uns e condenação para outros. Ao mesmo tempo em que os israelitas estavam sendo salvos, os egípcios estavam sendo condenados. O mesmo sangue que salvou os israelitas condenou os egípcios. Certamente esse é um modo particular de Deus agir. O mesmo ocorreu na historia de Noé. A Bíblia diz que – “Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, sendo temente a Deus, preparou uma arca para o salvamento da sua família; e por esta fé condenou o mundo, e tornou-se herdeiro da justiça que é segundo a fé” – Hb 11,7.

O sangue de Cristo a uns salva  a outros condena. Disse Jesus – “Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos” – Jô 9,39. Antes mesmo já havia declarado – “Quem crê nele não é julgado; mas quem não crê, já está julgado; porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” Jô 3,18. Quem se entrega a ele pela fé é salvo pelo sangue derramado, quem o recusa será condenado ainda mais por ter rejeitado o sangue do filho de Deus, conforme o escritor aos hebreus declara – “...de quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do pacto, com que foi santificado, e ultrajar ao Espírito da graça?” – Hb 10,29.

  1. CONCLUSAO.

O cordeiro pascoal imolado antes de décima praga no Egito é um excelente tipo de Cristo no Antigo Testamento. Foi mais uma forma de Deus anunciar a vinda de seu Filho. Aquele cordeiro, assim com toda a preparação e a própria páscoa, indicava muito da pessoa e obra de Cristo Jesus. Deus anunciou seus planos desde o inicio., felizes os que se submeteram a esses desígnios.

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