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quarta-feira, 29 de maio de 2024

Por que Jesus entregou Maria para João cuidar?

 A humilhação da cruz – Revista Adventista

Primeiro é preciso ficar claro que a Bíblia menciona os irmãos de Jesus (Lucas 8:20) e inclusive cita nomes deles (Marcos 6:3)

A Bíblia ensina que Jesus Cristo realmente teve irmãos e irmãs?

 

Quem era os irmãos Jesus Cristo?

Um primeiro a se observar é que a Bíblia cita várias vezes os de Jesus. Por, em Atos 1:14, João 7:10, João 7:5, João 2:12.

Em texto mais detalhado têm menção de quatro irmãos e pelo menos duas irmãs de Jesus:

“Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, e José, e Simão, e Judas? E não estão entre nós todas as suas irmãs? De onde lhe veio, pois, tudo isso?” – Mt 13:55-56

Com esses textos vemos claramente que Jesus tinha pelo menos que jesus tinha pelo menos seis irmãos. Mas como explicar essa questão da palavra “irmão” ser a mesma para “primo” no hebraico? Será que os textos mencionados falam de parentes próximos de Jesus e não irmãos de verdade?

Essa confusão da palavra “irmão” no hebraico é facilmente compreendida. No hebraico realmente existe uma possibilidade de usar a palavra hebraica “‘ach” para designar, por exemplo, um primo.

Mas a grande questão é o Novo Testamento, onde conta a história de Jesus Cristo, não é escrito em Hebraico, mas em grego.

No grego existe palavras diferentes para “irmão” e “primo”. Por exemplo, veja este texto:

“Aristarco, meu companheiro de prisão, envia saudações, bem como Marcos, primo de Barnabé”. (Colossenses 4,10)

Uma palavra grega no original para primo ali usada é “anepsios”.

Agora vejamos esse outro texto:

“Não é este o filho do carpinteiro? Não se se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas?” (Mateus 13:55).

A palavra grega usada aqui é “adelphos”. Ou seja, observamos claramente que no texto original temos distintas palavras para “primo” e para “irmão”.

Quando o evangelista usa a palavra “adelphos” quer dizer irmão e não primo, pois se quisesse dizer que Thiago, José, Simão e Judas eram primos de Jesus usaria a palavra grega “anepsios

Mas podemos observar também que essa palavra grega “adelphos” é utilizada também para designar um irmão da mesma fé, por exemplo, neste texto:

“Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom, também nosso colaborador” (Filemon 1:1).

Sabemos que o apóstolo Paulo não era irmão de sangue de Timóteo, mas irmão na mesma fé. Logo, será que as menções dos irmãos de Jesus se tratam de irmãos de fé e não de irmãos de sangue?

Resolvemos essa questão facilmente analisando os contextos e observando se estão falando de um ou de outro. Observe este texto: “Depois disto, desceu ele para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias” (João 2:12).

Observe que o texto diferencia claramente quem desceu com Jesus para Cafarnaum. Temos uma separação clara entre os irmãos (de sangue) e os discípulos (que poderiam ser irmãos de fé). O texto claramente os separa, deixando claro a intenção de João em mostrar que naquele momento a família de Jesus (sua mãe e seus irmãos) o acompanhavam.

Dessa forma, fica bastante claro que a Bíblia menciona sim, de maneira objetiva, que Jesus teve vários irmãos, pelo menos seis. De quatro deles sabemos o nome. Das irmãs, infelizmente, não sabemos nada, apenas a menção de que elas existiram.

O fato de Maria ter tido outros filhos não a desabona em nada, afinal, ela era casada com José e, como casados, e debaixo da cultura judaica que via os filhos como uma grande bênção do Senhor, é razoável que esse casal seguiu sua vida como qualquer outro casal normal, educando Jesus e seus irmãos como bons pais que eram.

 

Por que Jesus entregou Maria para João cuidar?

Dito isso, agora vamos entender qual a motivação de Jesus em confiar os cuidados de Maria, Sua mãe, para o apóstolo João, mesmo Ele tendo irmãos que pudessem fazer isso.

A Bíblia deixa claro que os irmãos de Jesus, inicialmente, não criam Nele, nem eram a favor do que Jesus fazia: “Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele” (João 7:5).

Isso mostra que Jesus teve certa resistência dentro da Sua própria família. Esse fato nos leva a seguinte questão:

Se os irmãos de Jesus ainda não criam nele, por que iriam se expor na condenação de Jesus para serem vistos como família de alguém considerado como um malfeitor pelo império Romano, e que foi crucificado como um criminoso?

De fato, aqui pode estar a explicação deles não terem aparecido para apoiar a mãe ali junto a cruz, pois não são mencionados em nenhum dos relatos!

Além disso, vemos que até mesmo alguns dos discípulos de Jesus, que criam nele, foram dispersos por conta da prisão e posterior crucificação de Jesus!

Sendo assim, quem estava ali (na cena da crucificação) naquela hora para que Jesus, como um bom filho, pudesse confiar os cuidados de Sua mãe naquele momento de grande dor e sofrimento?

Sim, o apóstolo João, o discípulo mais próximo de Cristo: “Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa” (João 19:26-27).

Tudo isso esclarece que aqui não temos qualquer indicação de que Jesus não tinha irmãos e por isso sua mãe precisou ser cuidada por um discípulo. Veja mais porquês:

Logo após a ressurreição observamos que os irmãos de Jesus têm uma mudança de postura. Já estão com a mãe seguindo a Cristo:

“Todos estes (os apóstolos) perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele” (Atos 1:14 – inclusão entre parênteses minha).

Fica muito claro que os cuidados do apóstolo João com Maria (no momento posterior a morte de Jesus) foram de natureza pontual, naquele momento específico, pois Maria já estava alguns dias depois com os filhos, (agora convertidos), servindo a Deus e sendo cuidada por eles!

Observamos também que o apóstolo João continua seu ministério e não temos mais qualquer menção de Maria, mãe de Jesus, na Bíblia.

O foco passa a ser o envio, a ordem de Cristo para a evangelização. Toda essa explicação nos mostra o carinho de Jesus pela Sua mãe, que teve um ministério abnegado e grandioso como serva do Senhor.

Mas também nos deixa claro que Maria, após o nascimento de Jesus, teve outros filhos e continuou sua vida servindo a Jesus, tendo a bênção de ver seus filhos, que antes não criam em Jesus, agora crendo e andando como servos Dele!

 


 Marco Antonio Lana (Teólogo Bíblico)

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