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domingo, 25 de junho de 2023

Cartas Pastorais: O Que São e Quais São?

As Cartas Pastorais são epístolas escritas por Paulo e endereçadas a dois dos seus companheiros mais próximos, Timóteo e Tito. Eles eram líderes das igrejas das cidades de Éfeso e Creta respectivamente.

 

Quais são as Cartas Pastorais?

 

As epístolas que formam as denominadas Cartas Pastorais são: 1 e 2 Timóteo e Tito. Embora a Epístola de Tito apareça na Bíblia depois das Epístolas de 1 e 2 Timóteo, a ordem cronológica dessas epístolas é diferente.

 

Na verdade é difícil dizer qual foi a primeira Carta Pastoral a ser escrita, se 1 Timóteo ou Tito. De qualquer forma, a organização cronológica mais aceita é a seguinte: 1 Timóteo, Tito e 2 Timóteo.

 

Quando as Cartas Pastorais foram escritas?

 

Como já dissemos, não temos como afirmar qual foi a primeira carta a ser escrita. O que sabemos é que 1 Timóteo e Tito foram escritas no mesmo período. Considerando essa informação, as datas mais prováveis para essas epístolas são:

 

  • Epístola de 1 Timóteo: Entre 62 e 64 d.C.
  • Epístola de Tito: Entre 62 e 64 d.C.
  • Epístola de 2 Timóteo: 64 e 68 d.C.

 

Quem escreveu as Cartas Pastorais?

 

O apóstolo Paulo foi quem escreveu as Cartas Pastorais. A autoria de Paulo é amplamente aceita pela tradição cristã. Apesar disso, alguns estudiosos, desde o século 4 d.C., tentam contestar a autoria do apóstolo Paulo. Eles afirmam que as Cartas Pastorais foram escritas em algum momento do século 2 d.C. Existem alguns pontos que tais estudiosos consideram para embasar essa critica.

 

O principal argumento utilizado por eles, seria em relação ao livro de Atos dos Apóstolos e a dificuldade de localizar o momento cronológico dentro dos relatos desse livro em que Paulo teria escrito as Cartas Pastorais. Porém, devemos nos lembrar que o livro de Atos termina de forma inesperada com a narrativa da prisão de Paulo. Após este acontecimento, nenhum outro detalhe é adicionado.

 

Mas muito provavelmente esse relato do livro de Atos dos Apóstolos não se refere à última prisão de Paulo. Na verdade o próprio Lucas, autor de Atos, afirma que não existiam acusações graves contra Paulo. Além disso, para que esse argumento cronológico contra a autoria do apóstolo faça sentido, teria que ser aceito que o livro de Atos narra toda a vida de Paulo de Tarso. No entanto, uma leitura simples desse livro deixa claro que essa possibilidade não faz qualquer sentido.

 

Outros problemas apontados também seriam:

 

  • A complexidade eclesiástica que a Igreja possuía: alguns estudiosos acreditam que a estrutura da igreja descrita nas Cartas Pastorais é evoluída demais para o primeiro século. Porém, o livro de Atos e as demais Cartas de Paulo já descrevem uma igreja bem organizada e com presbitério constituído.
  • Teologia inferior em relação às outras Cartas de Paulo: alguns defendem que as doutrinas encontradas nas Cartas Pastorais não compreendem toda Teologia que Paulo possuía. Mas sobre isso vale lembrar que as Cartas Pastorais foram destinadas a líderes, e não a membresia da Igreja. Sendo assim, seria desnecessário que Paulo precisasse repassar exaustivamente todo o conteúdo teológico encontrado em outras epístolas dirigidas as Igrejas.
  • Diferenças linguísticas: alguns defendem que o estilo literário encontrado nas Cartas Pastorais é diferente das outras Epístolas de Paulo. Eles dizem que nelas existem palavras novas ao mesmo tempo em que faltam alguns termos frequentemente utilizados por Paulo em suas epístolas. Mas as Cartas Pastorais são textos curtos e insuficientes para tal analise. Além disso, essas diferenças também são encontradas em outras epístolas incontestavelmente escritas por Paulo.
  • Tipo de heresia tratada: alguns estudiosos defendem que as heresias tratadas nas Cartas Pastorais são o resultado do Gnosticismo do século 2 d.C. Mas se realizarmos uma análise dos termos originais em grego utilizado por tais estudiosos para fundamentar esse argumento, comprovaremos que essa alegação não faz qualquer sentido. Além disso, devemos considerar que o movimento gnóstico começou na Palestina e na Síria aproximadamente vinte anos após o Pentecostes. Portanto, já era de se esperar que as epístolas escritas após esse período reagissem contra esses movimentos.

 

De onde as Cartas Pastorais foram escritas?

 

Provavelmente Paulo escreveu as epístolas de 1 Timóteo e Tito, estando na Macedônia. Se isso estiver certo, então ele escreveu as primeiras duas Cartas Pastorais durante o período de liberdade entre suas duas prisões romanas. Quanto a carta de 2 Timóteo, não há dúvida de que ela foi escrita de Roma, enquanto Paulo estava preso e prestes a sofrer o martírio.

 

Por que “Cartas Pastorais”?

 

As Cartas Pastorais, ou Epístolas Pastorais, começaram a receber essa oficialmente essa classificação a partir do século 18. Porém, ainda no século 13 Tomás de Aquino já utilizava esse termo denominativo.

 

Como já foi dito, diferentemente das outras epístolas de Paulo que são destinadas às igrejas (com exceção de Filemom), as Cartas Pastorais são destinadas a dois líderes da Igreja Primitiva da época. Timóteo naquele momento era o líder da igreja em Éfeso. Já Tito era o pastor da igreja em Creta. Conheça a historia de Timóteo. 

 

Nas Cartas Pastorais, podemos identificar Paulo como um pastor sênior aconselhando seus pastores auxiliares. Essa característica reflete um modelo diferenciado de escrita em relação às outras epístolas que Paulo havia escrito.

 

Objetivos e propósitos das Cartas Pastorais

 

Nas Cartas Pastorais Paulo estava escrevendo para os líderes da igreja. Alguns estudiosos indicam que o tema central dessas cartas seria algo como a “cura das almas”. Parece que esse era exatamente o tipo de trabalho que estava sendo realizado nas igrejas daquelas cidades onde Timóteo e Tito pastoreavam. Saiba quem foi Tito na Bíblia.

 

Embora as Cartas Pastorais proporcionem grandes ensinamentos aos obreiros no ministério, nem todos os assuntos pertinentes a um líder ministerial foram abordados nessas três cartas. Isso pode ser explicado pelo fato de que as Cartas Patorais tratam de problemas específicos. Além disso, provavelmente elas são como instruções complementares que foram somadas às experiências de Timóteo e Tito que já vinham trabalhando ao lado de Paulo.

 

O grande objetivo das Cartas Pastorais era tratar de assuntos urgentes que precisavam ser solucionados o quando antes. Dentre esses assuntos, destacam-se dois principais:

  • Nomear homens de extrema integridade e caráter para os cargos de bispos e diáconos.
  • Combater as heresias e os falsos ensinamentos que estavam se espalhando nas igrejas.

 

Na Epístola de 2 Timóteo podemos encontrar um teor de aconselhamento um pouco diferente. Na última das Cartas Pastorais, o apóstolo Paulo praticamente admite seu martírio iminente. Prestes a ser morto, o apóstolo dos gentios fala a Timóteo acerca de sua tamanha confiança em Cristo. Ele ressalta que nem mesmo a morte poderia abalar a sua fé.

 

É nessa Carta Pastoral que Paulo faz uma reflexão de toda sua vida a serviço do Evangelho de Cristo. Nessa reflexão ele faz a inesquecível declaração: "Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé." (2 Timóteo 4:7).

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