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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

A parábola dos dois caminhos

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem” (Mateus 7.13 -14).

 

Introdução

 

O Senhor Jesus deu uma ordem aos ouvintes do Sermão do Monte: entrem pela “porta estreita”. Em seguida, o Mestre apresentou o motivo pelo qual é necessário entrar pela porta estreita:

 

“Pois larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição…” (Mateus 7.14).

 

Diante da ordem dada por Jesus, surgem as perguntas: – ‘O que é a porta estreita’? – ‘Como entrar por ela’? ‘Por que entrar pela porta estreita é o único meio de o homem se livrar da perdição’?

 

O ‘Sermão do Monte’ geralmente é visto como um aglomerado de ideias sem relação entre os temas abordados, ou um apanhado geral de normas de conduta em sociedade. Entretanto, a proposta do Sermão do Monte visa questões que transcendem normas sociais, pois indica qual o caminho para a vida eterna.

 

Primeiramente, através do anuncio das ‘Bem-aventuranças’, Jesus conquistou a atenção dos seus ouvintes (Mateus 5.1 -12), e, em seguida, Jesus enfatiza a nova condição dos seus discípulos: “Bem-aventurados” (Mateus 5.13 -16).

 

A multidão que se reuniu ao pé da montanha para ouvir a mensagem de Cristo desconhecia qual era a missão de Jesus, e Ele aproveitou para destacar alguns pontos relevantes da sua missão:

 

a) Jesus não veio destruir e nem descumprir a lei e os profetas (Mateus 5.17);

 

b) Jesus demonstra aos seus ouvintes que é impossível entrar no reino dos céus seguindo a doutrina dos escribas e fariseus, uma vez que, a justiça deles estava aquém da justiça de Deus (Mateus 5.20);

 

c) Jesus apresenta exemplos práticos de como é impossível ao homem entrar no reino dos céus através do cumprimento da lei mosaico, ao apresentar aos seus ouvintes o inatingível espírito da lei “Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério…” (Mateus 5.21 à 7.11 );

 

d) Jesus demonstra que a lei e os profetas resumem-se em uma proposta: ‘tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lo também vós’ (Mateus 7.12).

 

Após demonstrar a impossibilidade dos seus ouvintes quanto a entrarem no reino dos céus seguindo a doutrina dos escribas e fariseus (Mateus 5.20) Jesus, apresenta a parábola das ‘Duas portas e dos dois caminhos’ para ilustrar o único meio de salvação (Mateus 7.13).

 

A exposição de Jesus deixa claro que, através da doutrina que haviam aprendido dos escribas e fariseus, ninguém entraria no reino dos céus, e que somente através da ‘Porta Estreita’ o homem alcança ‘justiça superior’ à justiça dos escribas e fariseus.

 

 

Porta estreita e novo nascimento

 

A mensagem que o Senhor Jesus trouxe no Sermão do Monte é una, concisa e precisa no que propõe. Na essência, a ideia apresentada no Sermão do Monte é a mesma apresentada no diálogo entre Jesus e Nicodemos, o que difere é a exposição. No ‘Sermão do Monte’ o público alvo era misto, composto, principalmente, por leigos, já no diálogo com Nicodemos, o alvo do ensino era um mestre e juiz em Israel.

 

Tudo que foi anunciado no Sermão do Monte, Jesus também revelou a Nicodemos:

 

a) Era impossível Nicodemos entrar no reino dos céus, embora Nicodemos representasse o melhor da religião, do conhecimento, do comportamento e da moral humana;

 

b) A religião que Nicodemos seguia, ele era fariseu, não concederia salvação, antes, era necessário Nicodemos nascer de novo;

 

c) Da mesma forma que, para um mestre, juiz e fariseu era necessário nascer de novo, para o povo ‘leigo’ era necessário entrar pela porta estreita.

 

A figura do novo nascimento, no diálogo de Jesus com Nicodemos, equivale à figura da porta estreita no discurso do Sermão da montanha. A equivalência entre porta estreita e novo nascimento decorre da ordem de Jesus, pois entrar pela porta estreita, se dá quando se nasce de novo. Não há outro acesso à porta estreita, a não ser o novo nascimento (João 3.16).

 

Por que é necessário nascer de novo? Por que se deve entrar pela porta estreita? Porque ao nascer de novo, da água e do espírito, o homem entra pela porta estreita. Ao nascer de novo, o homem deixa de trilhar o caminho espaçoso que todos os nascidos de Adão trilham, caminho esse que os conduz à perdição (João 3:16; Mateus 7.13).

 

Quando enfatizou a Nicodemos a necessidade de nascer de novo, Jesus estava demonstrando que era impossível Nicodemos alcançar a vida eterna seguindo a doutrina dos fariseus. O maior problema de Nicodemos não estava na na religiosidade ou na prática da Lei, antes, em ter entrado por uma porta larga que deu acesso a um caminho que leva à perdição.

 

Por que era necessário Nicodemos nascer de novo, ou seja, entrar pela porta estreita? Ele escolheu entrar pela porta larga? Quando foi que ele entrou pela porta larga? Quem é a porta larga?

 

Sabemos que Jesus é a ‘Porta Estreita’, e que Ele é o ‘Caminho Apertado’ que conduz o homem à salvação, porém, o que é a porta larga? A resposta é deduzida do versículo seguinte:

 

“Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante” (1 Coríntios 15.45).

 

Analisando o que o apóstolo Paulo escreveu aos cristãos de Corintos, percebe-se que Adão é a ‘Porta Larga’, e Cristo, o último Adão, a “Porta Estreita”. A porta é larga porque todos os homens entram no mundo por Adão, e a porta é estreita porque poucos são os que entram por Cristo, ou seja, que nascem de novo.

 

O maior problema de Nicodemos estava na porta que ele havia entrado quando veio ao mundo: Adão, e por isso ele precisava nascer de novo, ou seja, entrar por Cristo, o último Adão.

 

O nascimento natural é a porta larga que dá acesso ao caminho largo de perdição, e o novo nascimento é a porta estreita que dá acesso ao caminho estreito que conduz à salvação. É através dos nascimentos, natural e espiritual, que o homem entra pelas portas, tanto pela porta larga, quanto pela porta estreita.

 

O homem entra pela porta larga através do nascimento natural ao nascer de uma semente corruptível, a semente de Adão. Somente é possível entrar pela porta estreita quando o homem nasce da semente incorruptível, a palavra de Deus.

 

Tanto a porta larga quanto a porta estreita são ‘acessadas’ por meio do nascimento. A porta larga é acessada quando os homens veem ao mundo, ao nascer da semente de Adão (a semente corruptível), e a porta estreita é acessada através do novo nascimento, quando o homem nasce da Palavra de Deus (a semente incorruptível) (1 Pedro 1.23).

 

Nesse sentido, conclui-se que é impossível ao homem entrar pela porta estreita sem ter entrado pela porta larga. Daí, a asserção:

 

“Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual.” (1 Coríntios 15.46).

 

Compreendendo que o homem entra pela porta larga ao nascer de Adão, conclui-se que nenhum homem escolheu ou escolhe entrar pela porta larga. Compreendendo que Jesus é a porta estreita, e que para entrar por Ele é necessário um novo nascimento, conclui-se que entrar pela porta estreita é uma decisão do homem frente a mensagem do evangelho, e não uma escolha frente a duas opções: porta estreita e porta larga.

 

 

Nicodemos e a porta estreita

 

Nicodemos precisava nascer de novo, uma vez que era nascido segundo Adão. Ele era filho da ira e da desobediência, a desobediência de Adão. Por mais que ele procurasse seguir os quesitos da lei, o seu caminho era de perdição, pois a porta que Nicodemos havia entrado era larga e o caminho que estava era de perdição.

 

A humanidade entra pela porta larga, pois todos os homens, sem exceção, são gerados segundo Adão, e seguem por um caminho largo que os conduz à perdição. São muitos que estão no caminho largo, e não importam as suas decisões segundo a consciência e a moral, visto que a perdição é o destino do caminho no qual se está.

 

Nicodemos foi informado que, para entrar pela porta estreita, que é Cristo, era necessário nascer novamente. Nascer de novo não era retornar ao ventre materno, antes ser gerado de novo pela palavra da verdade, o evangelho de Cristo. Bastava crer em Cristo, como o enviado de Deus, para que Nicodemos nascesse de novo, e assim estaria em Cristo, o caminho que conduz o homem a Deus.

 

Por meio da crença (fé) na mensagem do evangelho (fé) o homem nasce da semente incorruptível (que é a palavra de Deus), e tem acesso ao caminho estreito. São ‘poucos’ os que encontram a porta estreita, se comparado aos que entram pela porta larga.

 

Conclui-se que, a parábola das ‘Duas portas’ e dos ‘Dois Caminhos’ refere-se à necessidade do novo nascimento, pois se apegar a religiosidade, legalidade, formalidade, ritualidade, etc., não produz salvação, ensinamento que contraria o que muitos, à época de Cristo, pensavam.

 

Se a lei fosse para a salvação, não seria preciso Moisés clamar ao povo, logo após a entrega da lei, a seguinte ordem:

 

“Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz” (Deuteronômio 10.16 ).

 

Observe que o cumprimento da lei real (amor) somente tem valor após a obediência ao mandamento divino, que é crer em Cristo: “Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo…” (1 João 3.23 ), ou seja, amar o próximo, somente é válido diante de Deus após o novo nascimento, ou seja ‘…segundo o mandamento que nos ordenou’ (v. 23) “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis” (Tiago 2.8).

 

Quando entendemos o que Jesus propôs na parábola das ‘Duas Portas’ e dos ‘Dois Caminhos’, constata-se que os ensinamentos de Jesus e do apóstolo Paulo não se destoam, visto que, ‘entrar pela porta estreita’ é o mesmo que ‘viver em Espírito’, ou seja, ambos decorrem do ‘novo nascimento’. Andar no ‘caminho apertado’ que conduz à vida é o mesmo que ‘andar em Espírito’, ou seja, andar como filhos da Luz (Gálatas 5.25 e Efésios 5.8).


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