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quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Porque a Bíblia tem tantas linguagens e traduções diferentes?

(1) Devemos compreender que entre as traduções sérias existem certas diferenças dependendo do objetivo que a tradução tem.


Por exemplo, temos traduções que primam pela tradução palavra por palavra dos textos originais em hebraico, aramaico e grego. Essas são traduções bem mais difíceis de compreender e mais usadas por estudantes avançados. Nelas temos, inclusive, as expressões e figuras de linguagem como aparecem nos originais.


Vejamos um exemplo


“O SENHOR é o meu rochedo, e a minha cidadela- fortificada, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu escudo, o chifre da minha salvação, e a minha alta torre de defesa e refúgio” (Salmos 18:2)


Observe acima, que no original em hebraico, temos a palavra “chifre”. No original é figura de força. Mas certamente a palavra chifre ali traz dificuldades de compreensão a muitos leitores, principalmente iniciantes.


(2) Temos ainda traduções bem fieis aos originais, mas que já trazem algumas expressões meio que traduzidas para nossa linguagem. Vejamos:


“O SENHOR é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte” (Salmos 18:2 – ARA).


Geralmente são traduções boas para estudo, mas que, ainda assim, trazem certa dificuldade para um entendimento mais rápido do texto, já que várias das expressões nos originais quando traduzidas quase que literalmente para o português não deixam o texto tão claro e trazem expressões de difícil compreensão.


Vejamos um exemplo: “desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra” (Efésios 1:9-10 – Almeida Revista e Atualizada).


Certamente você terá um pouco de dificuldade de entender o texto citado, não é verdade? Precisaria de um estudo bem aprofundado para compreendê-lo! Mas ele é bem fiel aos originais em grego.


Esse tipo de tradução é excelente para estudos aprofundados, pois ela capta muito bem quase que a totalidade das expressões lá no original, mas traz dificuldades para estudantes iniciantes.


(2) Outras traduções, ainda, têm o objetivo de apresentar ao leitor o sentido central do texto em uma linguagem mais atual e de fácil compreensão.


Por exemplo, a Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) tem esse objetivo. Ela não é traduzida palavra por palavra dos originais, mas tem como objetivo captar o sentido central do texto, apresentando-o de forma mais simples em termos de linguagem. E, claro, isso acaba trazendo uma perda de profundidade do significado do texto.


Nesse tipo de Bíblia, por exemplo, até as medidas de capacidade e comprimento já vêm traduzidas para nosso sistema brasileiro.


Veja esse exemplo: “Deste modo a farás: de trezentos côvados será o comprimento; de cinquenta, a largura; e a altura, de trinta.” (Gênesis 6:15 – Almeida Revista e Atualizada).


Veja agora esse mesmo texto na NTLH: “As medidas serão as seguintes: cento e trinta e três metros de comprimento por vinte e dois de largura por treze de altura” (Gênesis 6:15 – NTLH). Isso agiliza um pouco o entendimento do texto.


É um tipo de tradução boa para iniciantes no estudo, mas não recomendo que seja usada como Bíblia principal nos estudos, pois ela perde muito significados mais profundos dos textos.


(3) Também podemos observar que algumas traduções são revisões de traduções mais antigas, que trazem palavras que já estão em desuso ou mesmo palavras ou expressões que hoje em dia têm significados diferentes do que exprimiam no passado.


A língua de um povo é viva e vai mudando com o tempo. As revisões ajustam isso, permitindo que o texto bíblico traduzido seja sempre atual em seu sentido nos originais.


Como exemplo podemos citar as traduções de João Ferreira de Almeida, que vem sendo aperfeiçoadas há muitos anos. Inclusive já temos versões que acompanham o novo acordo ortográfico vigente no Brasil, onde pontuações e grafias de palavras foram mudadas.


Você vê essas revisões, por exemplo, nas versões (da mais antiga para a mais nova): RC (Revista e Corrigida), RA (Revista e Atualizada), NAA (Nova Almeida Atualizada). Os revisores vão sempre melhorando o que já era muito bom!


(4) Um ponto importante a se observar é que existem ainda outras traduções um pouco diferentes. Por exemplo, temos as traduções Católicas que trazem alguns livros a mais, que nós protestantes não aceitamos como sendo inspirados, e que são chamados de apócrifos.


Temos ainda a Tradução Novo Mundo das Testemunhas de Jeová que, claramente, altera vários textos bíblicos e distorce seus significados para que se moldem às suas doutrinas. Esse tipo de tradução deve ser vista com muito critério e só deve ser usada como estudo apologético e comparativo.


(5) Sendo assim, creio que, das traduções sérias, podemos usar cada uma baseados no objetivo que se propõem, combinando as características de cada uma delas à forma de nosso estudo.


Por exemplo, é muito indicado que novos convertidos tenham um primeiro contato com textos mais simples de entender. Para momentos devocionais e novos convertidos, versões como a NVI e a NTLH facilitam muito o entendimento mais rápido.


Estudiosos mais avançados vão preferir versões mais fieis aos originais em cada expressão (RC, RA, NVT, Etc.). Eu tenho várias traduções à disposição, a fim de fazer comparações que aumentem o entendimento e a aplicação da Palavra do Senhor.


Além disso, costumo ter também dicionários e léxicos (dicionários) dos originais, onde eu possa consultar cada palavra nos originais. Isso ajuda muito a chegar cada vez mais próximo do sentido original de cada palavra que o autor dispôs ali no texto.



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