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terça-feira, 27 de julho de 2021

Por que a Bíblia chama morcegos de aves e lebres de ruminantes?

(1) Na Bíblia realmente consta, na seção que trata sobre as regras alimentares que Deus estabeleceu para o povo de Israel, o morcego sendo enquadrado como uma ave:

 

“Das aves, estas abominareis; não se comerão, serão abominação: a águia, o quebrantosso e a águia marinha; o milhano e o falcão, segundo a sua espécie, todo corvo, segundo a sua espécie, o avestruz, a coruja, a gaivota, o gavião, segundo a sua espécie, o mocho, o corvo marinho, a íbis, a gralha, o pelicano, o abutre, a cegonha, a garça, segundo a sua espécie, a poupa e o morcego” (Levítico 11:13-19).

 

Temos também a menção da lebre (uma espécie de coelho selvagem) sendo enquadrada da lista de ruminantes: “a lebre, porque rumina, mas não tem as unhas fendidas; esta vos será imunda” (Levítico 11:6).

 

O que confunde muitas pessoas é o fato de que o morcego não é uma ave, mas um mamífero, e a lebre não é um ruminante.

 

A Bíblia teria errado ao enquadrar o morcego como ave e a lebre como ruminante?

(2) O grande erro de interpretação dos que acusam o texto bíblico de estar errado é aplicar os conhecimentos existentes em nossas épocas a textos que foram escritos, como no caso das leis do Antigo Testamento, especialmente o livro de Levítico, escrito por volta de 1446-1406 a.C.

 

Seria mais ou menos como exigir que as pessoas que viveram há 1000 anos conhecessem o funcionamento de um avião antes dele ser inventado.

 

(3) Quando Moisés escreve as leis que recebe de Deus para que o povo lesse e seguisse, Ele emprega conhecimentos existentes em sua época para que houvesse compreensão.

 

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Quando analisamos as leis alimentares, observamos que elas são baseadas em observações externas. Por exemplo, apenas peixes que tinham escamas e barbatanas podiam ser comidos:

 

“De todos os animais que há nas águas comereis os seguintes: todo o que tem barbatanas e escamas, nos mares e nos rios; esses comereis” (Levítico 11:9).

 

Essa era a forma possível do povo identificar simplificadamente os animais puros e imundos e saber qual podiam comer.

 

(4) Quando a Bíblia inclui morcegos entre o grupo de aves está claramente agrupando animais que tem certa característica clara e perceptível, que é voar.

 

Não se tinha naquela época conhecimento tal qual temos hoje em dia a respeito de características tão detalhadas da biologia animal.

 

Daí o morcego, segundo o conhecimento da época, estar listado entre aves devido a sua característica principal ser semelhante a delas.

 

(5) As lebres, tais como os ruminantes (animais que ficam como que mastigando frequentemente um alimento, devido seu processo de digestão), também tem uma característica de ficar como que mastigando o alimento de forma frequente.

 

Externamente a lebre parece com os ruminantes na sua forma de comer, mas internamente (hoje em dia) sabemos que ela não rumina. A boa regra de interpretação ensina que um texto deve ser interpretado à luz de seu contexto.

 

No contexto das leis, a lebre entra em um grupo de animais com a mesma característica e essa característica era facilmente identificada visualmente naquela época.

 

(6) Além disso, não era objetivo do texto bíblico ensinar biologia. O objetivo era trazer leis alimentares ao povo, que deveria conseguir identificar de forma simples o que era ou não proibido.

 

Daí os animais serem agrupados por características peculiares. Seria no mínimo insensatez querer que o texto bíblico trouxesse nele conhecimentos que ainda não existiam de forma plena como, por exemplo, o funcionamento do sistema digestivo dos ruminantes.

 

(7) Dessa forma, fica claro que não temos um erro na Bíblia se considerarmos o texto analisado à luz de sua época e à luz de seu propósito.

 

E ainda fica também claro que aqueles que buscam manipular o texto bíblico para insinuar contradições que minimizem a autoridade da Palavra de Deus, acabam “caindo do cavalo” mais uma vez, pois sua manipulação não consegue resistir a mais simples análise textual conforme demonstramos aqui.

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