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sábado, 19 de junho de 2021

Unção com óleo: Hoje em dia posso ungir pessoas e objetos?



(1) Qualquer tipo de pessoa ou objeto era ungido com óleo no Antigo Testamento? A resposta é não. Quando analisamos o uso da unção com óleo no Antigo Testamento, especificamente, observamos um uso bastante restrito. Primeiro foi usado o óleo da unção para ungir os sacerdotes, o sumo sacerdote e suas vestes: “Tomarás, então, do sangue sobre o altar e do óleo da unção e os aspergirás sobre Arão e suas vestes e sobre seus filhos e as vestes de seus filhos com ele; para que ele seja santificado, e as suas vestes, e também seus filhos e as vestes de seus filhos com ele” (Êxodo 29:21). Podemos observar que esse óleo específico chamado de “óleo da unção” tinha uma série de regras a serem observadas:


(i) Todos os utensílios do tabernáculo deveriam ser ungidos com esse óleo (Êxodo 30:26-29);

(ii) Arão e seus filhos deveriam ser ungidos, pois eram o sumo sacerdote e sacerdotes escolhidos por Deus (Êxodo 30:30);

(iii) Quem não era sacerdote não podia ser ungido com esse óleo (Êxodo 30:32);

(iv) Se alguém fizesse uma receita de óleo igual a essa seria expulsa do meio do povo (Êxodo 30:33).


Observamos, então, que, inicialmente, a unção com óleo era bastante restrita, especialmente com essa receita especial dada por Deus a Moisés.


(2) Examinando ainda um pouco mais o Antigo Testamento observamos que os reis eram ungidos com óleo. Vejamos a unção do rei Saul: “Tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Não te ungiu, porventura, o SENHOR por príncipe sobre a sua herança, o povo de Israel?” (1 Samuel 10:1). Qual era o significado dessa unção? Ela tinha um objetivo religioso, que era a consagração da pessoa a um trabalho especial, e um objetivo civil, que era dar à pessoa ungida, de forma oficial, a transmissão de um cargo e um trabalho diante da sociedade. Portanto, não tínhamos aqui um objetivo místico, de proteção do mal ou coisa parecida.


(3) No Antigo Testamento os profetas também eram vistos como ungidos: “dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas” (Salmos 105:15). Porém, não temos um detalhamento tão claro se alguém ungia um profeta com óleo antes dele começar sua missão de profeta.


Portanto, até aqui observamos que apenas sacerdotes, profetas e reis teriam essa prerrogativa de serem ungidos e isso no sentido de serem consagrados aos seus ministérios diante do Senhor e das pessoas. Com relação a objetos, somente o tabernáculo e templo, e seus utensílios, foram ungidos. O objetivo era claro: o de consagração daquela pessoa ou objeto a Deus.  Não tínhamos objetivos místicos, de proteção do mal e coisas parecidas relacionados ao uso da unção com óleo.


(4) E no Novo Testamento, havia a prática de ungir pessoas e coisas? Temos dois textos que falam de unção com óleo: “expeliam muitos demônios e curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo” (Marcos 6:13). Esse uso do óleo aqui é medicinal (Veja como em Lucas 10:34 o óleo era usado como remédio). Era muito comum como tratamento de uma série de doenças e alívio de sintomas de doenças.


O segundo texto sobre unção com óleo é Tiago 5:14, que diz: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”. Observe que aqui temos um caso bem específico, feito apenas por presbíteros, mediante um chamado de um doente e o foco é na oração da fé. Alguns pensam que o óleo aqui mencionado teria uma função medicinal, de alívio e não de uma unção mística, assim como pontuei em Marcos 6:13. De fato, o evangelho nunca excluiu o uso de tratamentos medicinais. Deus faz milagres, mas também usa dos meios naturais para nos aliviar de muitas dores.


(5) Para finalizar, fica a pergunta: devo usar óleo para ungir pessoas ou coisas hoje em dia? Como vimos, não temos na Bíblia o apontamento de uma ordem para esse tipo uso. A meu ver o uso de óleo hoje em dia têm feito pessoas idolatrarem o óleo como se dele tivesse algum poder sobrenatural.


A pergunta que deve ser feita é: existe algum poder sobrenatural no óleo? Se responder sim, então, de fato, existe um desvio que tira a glória de Deus e a coloca em um óleo e isso é grave, deve ser rejeitado! Se a resposta é não, não existe poder no óleo, então, a pergunta é: Por que usá-lo se não tem poder algum nele e hoje em dia não temos nenhum aspecto de remédio nele? 


Assim, a meu ver, o uso de óleos para ungir na atualidade é dispensável, não tem uma base bíblica e têm servido em muitos lugares para confundir a fé da pessoas, que têm tirado sua fé no Deus todo poderoso e colocado em coisas (como o óleo)! Mas e o uso simbólico dele, como símbolo da unção do Senhor? Não temos no Novo Testamento autorização para um uso simbólico  de óleo como símbolo de unção, portanto, também vejo como dispensável tal uso.

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