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quarta-feira, 25 de março de 2020

TRÊS ÁRVORES QUE SIMBOLIZAM ISRAEL


A VIDEIRA, A FIGUEIRA E A OLIVEIRA.

“...A vós é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora todas essas coisas se dizem por parábolas” (Mc 4. 11).

Mais de cinqüenta espécies de plantas são mencionadas nas Escrituras Sagradas, entre elas diversas possuem grande utilidade e encerram algum simbolismo.

O cedro foi tão comum em Jerusalém como as figueiras bravas (1 Rs 10,27). Isto aconteceu no tempo do rei Salomão que, em seus cânticos, falou desde o cedro do Líbano até hissopo que nasce na parede. Dá a entender que era a maior ou mais importante árvore conhecida (1 Rs 4,33). O cedro é emblema da majestade ou força (Is 2,13). Naquele tempo do auge da grandeza de Israel, o cedro poderia ser o símbolo nacional. Em Ezequiel 17,22-23, referindo-se à restauração do reino, Deus diz que tirará um renovo do topo do cedro e o plantará num monte alto.

Depois do cativeiro na Babilônia, Israel ficou sem rei, sem independência política, perdeu a majestade e a soberania, não pôde mais ser representado pelo cedro altaneiro.

Há até um pensamento de que a árvore que servia de emblema aos judeus após o cativeiro era a murta. Quando a rainha Ester nasceu, recebeu o nome de Hadassa, murta, na língua hebraica, que é uma planta bem menor e de menos valor e utilidade que o cedro. Significando a escolha deste nome, que o povo judeu estava em condições humilhante.

Na linguagem do Novo Testamento, Jesus Cristo e depois o apóstolo Paulo usam os símbolos de Israel três árvores, a saber: a videira, a figueira e a oliveira.

Aparecem as três juntas no cântico de Habacuque (HC 3,17). A videira é símbolo dos privilégios espirituais de Israel, a figueira, dos privilégios nacionais, e a oliveira, dos privilégios religiosos.

A VIDEIRA

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É um arbusto bem conhecido pela produção de uvas, cultivada desde os tempos antigos e mencionada muitas vezes nas Escrituras. Noé plantou uma vinha (Gn 9,20). Existia no Egito (Gn 40,9) e em Canaã (Dt 8.,8). O tempo da vindima inspirava regozijo e festas (Jz 9,27; Jr 25,30).

A mesma figueira de Israel às vezes é expressa pela videira, outras vezes pela vinha. Em linguagem figurada, é a nação de Israel mencionada como parábola em Salmo 80. 8-16. Deus trouxe uma vinha do Egito e plantou numa terra, cujas nações foram lançadas fora (v 8). Sob a direção de Moisés o povo foi liberto da escravidão do Egito e, comandado por Josué, venceu os povos de Canaã.

Fez com que suas raízes se aprofundassem, seus ramos se tornassem como cedros e chegassem até o mar (vv 9-11). Tornou-se um reino próspero com a sabedoria e a grandeza de Salomão. Aparece também a parábola da videira em Isaías 5,1-7, apelando para o concerto que Deus fez com os pais quando os tirou do Egito: “...julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha. Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu não lhe tenha feito? E como, esperando eu que desse uvas, veio a produzir uvas bravas” (Is 5,3b-4).
Israel foi escolhida por Deus para tornar conhecida a lei de Deus aos outros povos. Sua missão era servir de exemplo, de testemunho às nações que não conheciam a vontade do Senhor. “E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Lv 20,26).

Os judeus falharam nessa missão, “produziram uvas bravas”; em vez de justiça, praticaram opressões, caíram na idolatria, indo a uma condição de que Deus disse: “... andaram após deuses estranhos para servi-los”.

Como resultado, veio o castigo, cumprindo-se as predições de Deuteronômio 28 e dos profetas, especialmente Jeremias. Vieram os exércitos da Assíria contra Samaria e de Babilônia contra Jerusalém, destruíram as cidades, os muros e o Templo e levaram para suas terras o restante do povo como cativo. Acabou-se a glória do povo de Israel. É o que significa a expressão “O Javali da selva a devasta, e as feras do campo a devoram” (Sl 80,13). Deus mesmo declarou: “... tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto...” (Is 5,5b).

Jesus Cristo pronunciou uma parábola para os judeus nos mesmos termos daquelas do Salmo 80 e Isaías 5. Um homem plantou uma vinha, tomou todas as providências de proteção e segurança e arrendou-a a uns lavradores. Estes, no tempo de dar conta dos frutos, espancaram uns servos, mataram outros e por fim mataram o próprio filho do proprietário (MT 21,33-39).

Os judeus espancaram e mataram os profetas e crucificaram o Filho de Deus. Então Jesus perguntou “...o Senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?” E eles responderam: “...Dará afrontosa morte aos maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe deem os frutos...Portanto eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos” (MT 21. 41b, 43).

A FIGUEIRA

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Árvore originária do oriente, é muito abundante na Ásia e na Europa. Adão e Eva fizeram roupas de folhas de figueira (Gn 3,7) para esconder sua nudez, mas quando ouviram a voz de Deus, se esconderam. Aquela roupa não satisfazia.

Era costume oriental descansar debaixo da figueira, ato que significava paz e prosperidade (1 Rs 4.,25; Mq 4,4; Zc 3,10).

O fruto da figueira é comido fresco e pode ser conservado em forma de passas (1 Sm 25,18). Servia o figo ainda de remédio, como no exemplo da doença do rei Ezequias, quando foi colocada na chaga uma pasta de figos e sarou (2 Rs 20,7). Foi usada também massa de figos para animar um moço desfalecido pela fome de três dias (1 Sm 30,11-12).

Jeremias teve uma visão de dois cestos de figos. Um cesto figos bons; e o outro, figos tão ruins que não se podiam comer. Os figos bons representavam os judeus fiéis, que iam para o cativeiro, mas Deus havia de trazê-los de volta para Jerusalém. Os figos maus eram os que acompanhavam o rei Zedequias na maldade e na desobediência a Deus, que seriam castigados, levados para Babilônia e destruídos por lá. (Ver Jr 24,1-10).

Jesus avistou uma figueira perto do caminho por onde passava, dirigiu-se a ela procurando frutos e não achou senão folhas, então disse à figueira: “Nunca mais nasça fruto em ti. E a figueira secou imediatamente” (MT 21,19 e Mc 11,12-14). Foi como aquela geração dos judeus de seu tempo, que não produziu os frutos que Deus queria e foi destruída.

Quando os discípulos pediram um sinal da vinda de Jesus e do fim do mundo, Ele disse: “Aprendei pois esta parábola da figueira...”(MT 24,3.32).

A figueira foi castigada com a destruição de Jerusalém no ano 70d.C. pelo exército romano. Os judeus foram dispersos e ficaram sem Pátria durante quase dois mil anos. Ultimamente a figueira está reverdecendo. Em 1948 foi proclamado o Estado de Israel, e na guerra dos seis dias, em junho de 1967, o povo judeu reconqistou o território que formava a Palestina nos dias de Jesus Cristo. De lá pra cá, o progresso vai avançando passo a passo. Segundo a profecia de Jesus, “verão está próximo” (MT 24,32b).

A OLIVEIRA 

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Árvore muito comum em toda a parte mencionadas no Velho Testamento. Seus frutos, esmagados, produziam óleo ou azeite. Era símbolo de prosperidade e bênçãos divinas (Sl 52,8 e Jr 11,16). Tornou-se também o ramo de oliveira em emblema de paz. Tanto óleo como a árvore se usavam na Festa dos Tabernáculos.

O azeite de oliveira era empregado de várias maneiras no ritual do culto judaico. Usava-se no Castiçal do Tabernáculo, servindo para alumiar. Fazia parte do óleo da unção (Ex 27,20; 30,24; Lv 24,2). Ainda servia de remédio. O samaritano aplicou, nas feridas do homem que encontrou moribundo, azeite e vinho (Lc 10,34). Na santificação das coisas do Tabernáculo e na unção para exercer o ministério, usava-se azeite. Neste uso é símbolo do Espírito Santo, que nos santifica e unge para o testemunho de Jesus Cristo (Ver Ex 30,29 e Lv 10,7).

A oliveira, como símbolo de Israel, vem na parábola apresentada por Paulo em Romanos 11,17-27. Os judeus são a boa oliveira (v24), os gentios são a oliveira brava ou zambujeiro (v17). Foram quebrados alguns ramos da boa oliveira e enxertados os da oliveira brava (vv17-19). Que maravilha não é mesmo?

Os frutos da oliveira brava são pequenos e menos abundantes. Enxertando-se um ramo da boa árvore na oliveira brava, os frutos são melhores. Na alegoria de Paulo o processo foi diferente, os gentios, oliveira brava, foram enxertados na boa oliveira. Foi à bondade de Deus para com os gentios que fez isto. Recebemos assim a seiva que vem da raiz da boa árvore. “Se a raiz é santa, os ramos também o são” (v16).

A raiz da árvore judaica é Abraão. Deus disse a Moisés: “... Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó...”(Ex 3,15b). Aparece como um Deus tríplice. Abraão é tipo de Deus Pai (Lc 16,22-25); Isaque é tipo de Deus Filho, especialmente na história do casamento (Gn 24); Jacó, pelo modo como foi guiado por Deus (Gn 28,15; 31,3; 32,24-30; 35,1), lembra o ministério do Espírito Santo, que nos guia em toda a verdade (Jô 16,13).

Deus não rejeitou seu povo de Israel, não temos razão para considerá-los rejeitados; foram separados, mas os que não permaneceram na incredulidade serão enxertados (v23). “Se tu foste cortado do natural zambujeiro, e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais serão enxertados na sua própria oliveira” (Rm 11,24).

Além do óleo, a madeira da oliveira que é utilizada pelos marceneiros estava nos objetos sagrados. Os querubins do Templo eram feitos de madeira de oliveira (1 Rs 6,23) e a porta do Santo dos Santos (1 Rs 6,31-33). Quer dizer que os judeus tomaram parte na fundação da Igreja de Jesus Cristo. Os apóstolos, colunas da Igreja, e os primeiros crentes eram judeus.

Por Marco Antonio Lana (Teólogo)


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