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quinta-feira, 30 de abril de 2015

OS 10 MANDAMENTOS - SANTIFICARÁS O SÁBADO



O QUARTO MANDAMENTO– SANTIFICARÁS O SÁBADO

E então lhes disse: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado”. (Mc 2,27)

O quarto mandamento envolve o aspecto espiritual e social, diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e ao mesmo tempo com o próximo

LEITURAS BÍBLICAS

Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades. Pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles existe, mas no sétimo dia descansou. Portanto, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou.” (Ex 20,8-11).

“Disse ainda o Senhor a Moisés: "Diga aos israelitas que guardem os meus sábados. Isso será um sinal entre mim e vocês, geração após geração, a fim de que saibam que eu sou o Senhor, que os santifica. "Guardem o sábado, pois para vocês é santo. Aquele que o profanar terá que ser executado; quem fizer algum trabalho nesse dia será eliminado do meio do seu povo. Em seis dias qualquer trabalho poderá ser feito, mas o sétimo dia é o sábado, o dia de descanso, consagrado ao Senhor. Quem fizer algum trabalho no sábado terá que ser executado.
Os israelitas terão que guardar o sábado, eles e os seus descendentes, como uma aliança perpétua. Isso será um sinal perpétuo entre mim e os israelitas, pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, e no sétimo dia ele não trabalhou e descansou".
(Ex 31,12-17).

I.              INTRODUÇÃO.

As controvérsias deste mandamento giram em torno da sua interpretação. Temos aqui a relação trabalho-repouso e ao mesmo tempo o relacionamento de Deus com Israel. A necessidade de um dia de repouso após seis jornadas de trabalho é universal, mas o sábado é mais bem compreendido quando se conhece o propósito pelo qual ele foi dado.

II.            O SÁBADO DA CRIAÇÃO.

1.    O shabat.
Deus celebrou o sétimo dia após a criação e abençoou este dia e o santificou (Gn 2,2-3). Aqui está a base do sábado institucional e do sábado legal. O sábado legal não foi instituído aqui; isso só aconteceu com a promulgação da lei, o substantivo shabbat “sábado”, não aparece aqui, na criação. Surge pela primeira vez no evento do maná (Ex 16,22-23). A Septuaginta emprega a palavra sabbaton, “sábado, semana”, a mesma usada no Novo Testamento grego.

2.    Deus concluiu a criação no dia sétimo.

Deus completou a sua obra da criação no sétimo dia. Deus “descansou” ou seja, cessou, é o significado do verbo hebraico usado aqui, shabat, “cessar, desistir, descansar” (Gn 8,22; Jó32,1; Ex 16,41). Esse descanso é sinônimo de cessar de criar, e indica a obra concluída. Não se trata de ociosidade, pois Deus não para e nem se cansa (Is 40,28; Jo 5,17).

3.    A benção de Deus sobre o sétimo dia.

Ele abençoou e santificou o sétimo dia como um repouso contínuo, na dispensação da inocência, mas isso foi interrompido por causa do pecado. Agostinho (santo da Igreja Católica) de Hipona lembra que não ouve tarde no sétimo, e afirma que Deus o santificou para que esse dia permanecesse para sempre (Confissões, Livro XIII, 36). O sábado da criação aponta para o descanso de Deus ao mundo inteiro no fim dos tempos: “Assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus”; (Hb 4,9).

III.           O SÁBADO INSTITUCIONAL.

1.    Desde criação.
É o sábado para descanso de todos os povos. É uma questão moral que Deus estabeleceu para a raça humana ao comemorar a criação. Tornou modelo e uma forma natural para toda a raça humana. É a ordem natural das coisas: os campos precisam de repouso, as maquinas necessitam parar para a manutenção e assim por diante (Lv 25,4). O sábado institucional, portanto, não se refere ao sétimo dia da semana; pode ser qualquer dia ou um período de descanso (Hb 4,8).

2.    Não era mandamento.
O sétimo dia da criação não era mandamento, mas revela a necessidade natural do descanso de toda a natureza. O repouso noturno de cada dia não somente para comemorar a obra da criação mas para que, nesse dia, todos cessem o trabalho e assim descansem física e mentalmente para oferecer o seu culto de adoração a Deus.

3.    Os patriarcas não guardaram o sábado.
O livro de Genesis não menciona os patriarcas ( Título que descreve o chefe ou fundador de uma família  ou tribo do Israel antigo. Três são os principais patriarcas de Israel: Abraão, Isaque e Jacó (Hb 7,4; At 7,8-9). Também se aplica aos 12 filhos de Jacó e ao rei Davi, devido à linhagem messiânica. Esses personagens remontam à era patriarcal da história de Israel.) Abraão, Isaque e Jacó observando o sábado. Segundo Justino, o Martir, Abraão e seus descendentes até o Sinai agradaram a Deus sem o sábado (Diálogo com Trifão 19,5). Irineu de Lião diz que Abraão, sem circuncisão e sem observância do sábado, ‘acreditou em Deus e lhe foi imputado a justiça e foi chamado amigo de Deus’” (Contra Heresias, Livro IV, 16.2).

IV.          O SÁBADO LEGAL.

1.    Significado.

É o sétimo dia da semana no calendário judaico, marcado para repouso, adoração. Foi introduzido no mundo pela lei; é o sábado legal dado aos israelitas no Sinai. Nenhum outro povo na história recebeu a ordem para guardar esse dia; é exclusividade de Israel (Ex 31,13.17). o sábado e a circuncisão são os dois sinais distintivos do povo judeu ao longo dos séculos (Gn 17,11).

2.    O sábado do Decálogo.

A expressão “Lembra-te do dia do sábado, para santificá-lo” (Ex 20,8), remete a uma reminiscência histórica e, sem duvida alguma, Israel já conhecia o sábado nessa ocasião. Mas parece não ser referencia ao sábado da criação. Ele aparece na promulgação da lei (Ex 20,11), contudo, essa reminiscência não aparece em Deuteronômio (Dt 5,12-15). Trata-se, com certeza, do sábado que o povo não levou a sério no deserto (Ex 16,22-29).

3.    Propósito.
A instituição do sábado legal no Decálogo tinha um propósito duplo: social e espiritual. Cessar os trabalhos a cada seis dias de labor era dar descanso aos seres humanos e aos animais e dedicar um dia para adoração a Deus. É um memorial da libertação do Egito (Dt 5,15). Duas vezes é dito que o sábado é um sinal distintivo entre Deus e a nação de Israel (Ex 31,13.17).

V.            UM PRECEITO CERIMONIAL.

1.    O sacerdote do Templo.

O Senhor Jesus Cristo disse mais uma vez que a guarda do sábado é um preceito cerimonial. Ele colocou o quarto mandamento na mesma categoria dos pães da proposição (Mt 12.2-4). Veja ainda que Jesus se referia quando falou a respeito desse ritual mencionado em Êxodo 29,3; Levítico 22,10; 1Sm 21,6. Disse igualmente que “os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa” (Mt 12,5), ao passo que não existe concessão para preceitos morais.

2.    A circuncisão no sábado.

Se o oitavo dia da circuncisão do menino coincidir com um sábado, ela tem que ser feita no sábado, nem antes e nem depois. Assim, Jesus mais uma vez declara o quarto mandamento como preceito cerimonial e coloca a circuncisão acima do sábado (Jo 7,22-23 cf. Lv 12,3). Um mandamento moral é obrigatório por sua própria natureza.

VI.          O SENHOR DO SABADO.

1.    O sábado e a tradição dos anciãos.
Os quatros evangelhos registram os conflitos entre Jesus e os fariseus sobre a interpretação do sábado. A tradição dos anciãos criou 39 proibições concernentes ao sábado, más o senhor Jesus disse que é “licito fazer bem no sábado” (Mt 12,12). Isso Ele fez (Mc 3,1-5; Lc 13,10-13; 14,1-6; Jo 5,8-18; 9,6-7.16) e, por isso, nós devemos fazer o bem, não importa qual seja o dia da semana.

2.    Jesus é o Senhor do sábado (M 2,28).
O sábado veio de Deus e somente Ele tem autoridade sobre essa instituição. Então, não há outro no universo investido de tamanha autoridade, senão o Filho de Deus. A expressão “o Filho do Homem”, no singular, é título messiânico, não é usual ou comum às outras pessoas. Está claro que Jesus se refria a Ele mesmo. Jesus disse que os seres humanos não foram criados para observar o sábado, mas que o sábado foi criado para o benefício deles (Mc 2,27).

3.    Dia do culto cristão.

O primeiro culto cristão aconteceu no domingo e da mesma forma o segundo (Jo 20,19.26). Nesse dia o Senhor Jesus ressuscitou entre os mortos (Mc 16,16). O dia do Senhor foi instituído como o dia de culto, sem decreto e norma legal, pelos primeiros cristãos desde os tempos apostólicos (At 20,7; 1Cor 16,2; Ap 1,10). É o “sábado” cristão! O sábado legal e todo o sistema mosaico foram encravados na cruz (Cl 2,16-17), foram revogados e anulados (2Cor 3,7-11; Hb 8,13). O Senhor Jesus cumpriu a lei (Mt 5,17-18), agora vivemos sobre a graça (Jo 1,17; Rm 6,14)

VII.         CONCLUSÃO.


A palavra profética anunciava o fim do sábado legal (Jr 31,31-33; Oz 2,11). Isso se cumpriu com a chegada do novo concerto (Hb 8,8-12). Exigir a guarda do sábado como condição para a salvação não é cristianismo e caracteriza-se como doutrina  de uma seita

MARCO ANTONIO LANA (TEÓLOGO)

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