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sábado, 11 de abril de 2015

OS 10 MANDAMENTOS - NÃO TERÁ OUTROS DEUSES




01 MANDAMENTO - NÃO TERÁS OUTROS DEUSES


O primeiro mandamento do Decálogo é muito mais que uma apologia ao monoteísmo; trata-se da soberania de um Deus que libertou Israel da escravidão do Egito.

“5,6  Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão;7  Não terás outros deuses diante de mim; 6,1  ESTES, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR vosso Deus para ensinar-vos, para que os cumprísseis na terra a que passais a possuir; 2  Para que temas ao SENHOR teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e que teus dias sejam prolongados. 3  Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os guardares, para que bem te suceda, e muito te multipliques, como te disse o SENHOR Deus de teus pais, na terra que mana leite e mel. 4  Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR. 5  Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. 6  E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;” (Dt 5,6-7.6,1-6)

      I.        INTRODUÇÃO.

O primeiro mandamento vai alem da proibição à idolatria; é contra o politeísmo, seja em pensamento, seja em palavras. O propósito é levar Israel a amar e a temer a Deus e adorar somente a Ele com sinceridade. Deus libertou  os israelitas da escravidão do Egito e por essa razão tem o direito ao senhorio sobre eles, da mesma maneira que Cristo nos redimiu e se tornou Senhor absoluto da nossa vida.

    II.        A AUTORIDADE DA LEI.

1.    A fórmula introdutória do Decálogo.
Os dez mandamentos estão registrados em dois lugares ma Bíblia (Ex 20,1-17; Dt 5,6-21). A formula introdutória: E Deus falou todas estas palavras:” (Ex 20,1), é característica única, como disse o rabino e erudito bíblico Benno Jacob: “Nós não temos um segundo exemplo de tal sentença introdutória”. Nem mesmo na passagem paralela em Deuteronômio é repetida ao mínimo absoluto.

2.    As partes do concerto.
O prólogo dos Dez Mandamentos identifica as partes do concerto do Sinai: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão.” (Ex 20,2; Dt 5,6). Estas palavras são as fontes da autoridade divina da lei e o prefácio de todo Decálogo. É o termo legal de um pacto. De um lado, o próprio Deus, o autor do concerto, e de outro, Israel, o povo a que Deus escolheu dentre todas as nações (“E porque amou os seus antepassados e escolheu a descendência deles, ele foi em pessoa tirá-los do Egito com o seu grande poder, Dt 4,37;10,15). O nome de Israel não aparece aqui, pois não é necessário. Deus se dirige ao seu povo na segunda pessoa do singular porque a responsabilidade de servi-lo é pessoal, é para cada israelita, mas está claro que o texto se refere a Israel - nação.

3.    O Senhor do universo.
Alguns críticos liberais, com base numa premissa falsa sobre a composição dos diversos códigos do sistema mosaico, querem sustentar a idéia de um Deus tribal ou nacional na presente declaração. São teorias subjetivas que eles procuram submeter a métodos sistemáticos para dar forma acadêmica ao seu pressuposto. Mas o relato da criação em Gênesis e do dilúvio, por exemplo, fala por si só da soberania de Jeová em todo o universo como Senhor do céu e da terra, reduzindo as idéias liberais a cinzas.

4.    A libertação do Egito.
A segunda clausula – que te tirou do Egito, da terra da escravidão” – é uma explicação de como se estabeleceu o concerto. Estava cumprida a promessa de redenção feia a Abraão (“Então o Senhor lhe disse: "Saiba que os seus descendentes serão estrangeiros numa terra que não lhes pertencerá, onde também serão escravizados e oprimidos por quatrocentos anos. Mas eu castigarei a nação a quem servirão como escravos e, depois de tudo, sairão com muitos bens.” Gn 15,13-14). A libertação de Israel do Egito prefigura a nossa redenção, pois éramos prisioneiros do pecado e Cristo nos libertou (“E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará". Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres.” (Jô 8,32.36); “Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados.” (Cl 1,13-14). É legítimo o senhorio de Deus sobre Israel da mesma maneira que o Senhor Jesus Cristo tem o direito de reinar em nossa vida – “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. (Gl 2,20).

   III.        O PRIMEIRO MANDAMENTO.

1.    Um código monoteísta.
O pensamento principal do primeiro mandamento abrange a singularidade e a exclusividade de Deus. Esse mandamento é o fundamento da vida em Israel, a base de toda a lei e de toda a Bíblia. Jeová é o único e verdadeiro Deus e somente Ele deve ser adorado – “Jesus lhe disse: “Retire-se, Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus e só a ele preste culto’"”. (Mt 4,10). É a primeira vez que um código de lei apresenta a existência de um só Deus: “Não terás outros deuses” (Dt 5,7; Ex 20,3). Os povos da antiguidade eram politeístas, pois adoravam a vários deuses.

2.    Idolatria do Egito.
Os antigos  egípcios empregavam o termo ToNeteru – “terra dos deuses” – para o seu país. Havia no Egito uma proliferação de deuses como as tríades Osires, Ísis e Hórus, divindades padroeiras da cidade Ábidos; Ptah, Sekhmet e Nefertum, de Mênfis; Amon-Rá, Mut e Konsu, de Tebas. Os israelitas viviam em meio a essa cultura pagã.

3.    Como Israel preservou o monoteísmo de Abraão?
Os egípcios abominavam os pastores de ovelhas, principal atividade dos filhos de Israel. Por essa razão os hebreus foram viver em Gósen, separados da idolatria – respondam-lhe assim: ‘Teus servos criam rebanhos desde pequenos, como o fizeram nossos antepassados’. Assim lhes será permitido habitar na região de Gósen, pois todos os pastores são desprezados pelos egípcios". (Gn 46,34). Agora o próprio Deus comunicava por meio de Moisés sua singularidade e exclusividade. Era a revelação da doutrina monoteista.

  IV.        EXEGESE DO PRIMEIRO MANDAMENTO

1.    Outros deuses.
As palavras hebraicas aherim e elohin, “outros deuses”, referem-se aos falsos deuses. O substantivo elohin se aplica tanto ao Deus verdadeiro como aos deuses das nações. No primeiro caso, é usado para expressar o conceito universal da deidade, como encontramos no capítulo inteiro de Genesis 1, pois expressa a plenitude das excelência divinas.

2.    O ponto de discussão.
A expressão “diante de mim” (Dt 5,7b), em hebraico, al-panay, é termo de significado amplo, “alem de mim, acima de mim, ao meu lado, oposto Amim, etc.”. essa variedade de sentido pode levar alguém a pensar que o primeiro mandamento não proíbe o culto dos deuses, mas a adoração aos deuses diante de Deus. Há quem defenda tal interpretação, mas é engano, pois o propósito de al-panay aqui é mostrar que só Jeová é Deus. Não existe nenhum deus alem além do Deus de Israel (Is 45,6.14.21; Jo 17,3; 1Cor 8,6). Os deuses só existem nas mentes dos gentios (1Cor 8,5) e não são reais (Gl 4,8). Os ídolos que os pagãos adoram são os próprios demônios (1 Cor 10,19-21)

3.    O politeísmo.
É a prática de adoração a mais de uma divindade. Esta era a prática dos cananeus e de todos os povos da antiguidade, e continua ainda hoje em muitas culturas. O termo vem da língua grega, reunindo polys, “muitos”, e theos, “deus”. Isso significa que o politeísta serve e adora vários deuses, e não o simples fato de reconhecer a existência deles. Trata-se de um sistema oposto ao monoteísmo (monos, “único”), a crença em um só Deus revelados nas Escrituras Sagradas (Dt 6,4).

    V.        O MONOTEÍSMO.

1.    Os mandamentos, os estatutos e os juízes.
Essas palavras denotam toda a lei do concerto – “ESTES, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR vosso Deus para ensinar-vos, para que os cumprísseis na terra a que passais a possuir; Para que temas ao SENHOR teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e que teus dias sejam prolongados.”.  (Dt 6,1.2). A pedido do próprio povo, Moisés passa a relatar, a partir daqui, as palavras que Deus lhe disse no monte. – Chega-te tu, e ouve tudo o que disser o SENHOR nosso Deus; e tu nos dirás tudo o que te disser o SENHOR nosso Deus, e o ouviremos, e o cumpriremos. Ouvindo, pois, o SENHOR as vossas palavras, quando me faláveis, o SENHOR me disse: Eu ouvi as palavras deste povo, que eles te disseram; em tudo falaram bem. Quem dera que eles tivessem tal coração que me temessem, e guardassem todos os meus mandamentos todos os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre. Vai, dize-lhes: Tornai-vos às vossas tendas. Tu, porém, fica-te aqui comigo, para que eu a ti te diga todos os mandamentos, e estatutos, e juízos, que tu lhes hás de ensinar, para que cumpram na terra que eu lhes darei para possuí-la. Olhai, pois, que façais como vos mandou o SENHOR vosso Deus; não vos desviareis, nem para a direita nem para a esquerda. Andareis em todo o caminho que vos manda o SENHOR vosso Deus, para que vivais e bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir”. (Dt 5,27-31). A ordem aqui tem por objetivo estreitar a relação de Deus com os filhos de Israel quando entrarem na Terra Prometida. O povo precisava ser instruído para viver em obediência e no temor de Jeová, e assim possuir a terra dos cananeus por herança – “AGORA, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes; para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR Deus de vossos pais vos dá.” (Dt 4,1).

2.    O maior de todos os mandamentos.
Note que a frase “Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR.” (Dt 6,4) e citada por Jesus Cristo como parte do primeiro e grande mandamento da lei – “E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento”. (Mc 12,29-30). Essa é a confissão de fé do judaísmo e, ainda hoje, os judeus religiosos recitam três vezes ao dia.

3.    A trindade na unidade.
A palavra hebraica usada aqui indica uma unidade composta, por isso o monoteísmo judaico – cristão não contradiz a doutrina da Trindade. A mesma palavra é usada para afirmar que marido e mulher são “uma só carne” (Gn 2,24). A expressão “o único SENHOR” se traduz também por “o SENHOR é um” (Zc 14,9). A Bíblia Hebraica, tradução judaica do Antigo Testamento para o português, traduz o termo como “o Eterno é um só”. Alem disso, vemos a Trindade indiretamente em todo o Antigo Testamento. O Novo Testamento tornou explicito o que dantes estava implícito com a manutenção do Filho de Deus.

  VI.        CONCLUSÃO.

Aprendemos na presente lição que Deus revela a si mesmo no seu grande nome e que a nossa adoração deve ser exclusiva, pois Ele é singular. O Espírito Santo mostra que o primeiro mandamento é muito mais que uma simples apologia ao monoteísmo, mas diz essencialmente o que Jesus nos ensinou: ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6,24).

Marco Antonio Lana (Teólogo)

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