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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 13 – RECOMENDAÇÕES FINAIS PARA A FAMÍLIA.


FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 13 – RECOMENDAÇÕES FINAIS PARA A FAMÍLIA.

“O padrão de amor do marido deve ser a cruz de Cristo, no qual o Senhor se sacrificou até a morte em amor abnegado pela sua noiva” (John Stott).

Nas cartas gerais e no Apocalipse, encontramos os autores tocando em assuntos relativos à família.

I – VIDA EM FAMÍLIA E CASAMENTO.

O autor desconhecido da carta aos hebreus se apropria de figuras alusivas à família para descrever Deus como o pai, desejando o nosso bem, procura disciplinares os seus filhos (Hb 12,5-11). Só aqui é que o autor da carta aos hebreus chama Deus de Pai. Se ele usa a ilustração da vida em família para trazer uma reflexão sobre a disciplina de Deus para com os filhos, podemos extrair  também uma lição para os pais hoje. Exercer uma paternidade responsável é não abrir mão da disciplina. “Um bom pai trata seus filhos com gentileza e compreensão, mas há ocasiões que sua natureza generosa da lugar à correção direta e retribuição penosa” – afirma o autor Neil Lighfoot em seu comentário da carta aos Hebreus. O Comentário Bíblico Broadmam afirma: “O desígnio da disciplina, na mente do pai, é a capacitar seus filhos a se integrarem bem na família, para o beneficio mutuo de cada membro da família”.

Mais adiante o autor das cartas aos Hebreus lembra seus leitores sobre o valor do casamento e de que Deus estará julgando aqueles que promovem a imoralidade e aqueles que praticam o adultério – “Honrado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; pois aos devassos e adúlteros, Deus os julgará.” (Hb 13,4). A expressão “o casamento deve ser honrado por todos” tem a idéia de que o casamento em todos os seus aspectos deve ser tido em alta consideração. Uma outra idéia seria a de que o estado matrimonial deve ser valorizado por todos, especialmente entre os cristãos. A Expressão  “feita sem mácula” é, sem duvida, uma alusão sobre a pureza, a sinceridade e a santidade que deve dominar as relações sexuais no casamento. Aqueles que o macularem promovendo a imoralidade sexual através de suas várias formas e também àqueles advogam a pratica do adultério, bem como o praticam, serão julgados por Deus. Em outras palavras: aqueles que praticarem uma sexualidade fora dos parâmetros de Deus estarão sendo julgados pelo justo Juiz.

II – FAMÍLIA E FÉ.

Tiago também procurou lançar luzes sobre a família em seus escritos. Alertou sobre o dever de estarmos sempre procurando livrar-nos da impureza moral – “Pelo que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal, recebei com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas.” (Tg 1,21) e que uma religião que agrada a Deus passa pela via do cuidado que devemos ter para com os órfãos e as viúvas – “Pelo que, despojando-vos de toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal, recebei com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas.” (Tg 1,27). Uma igreja ou um crente que não da atenção aos órfãos e as viúvas está sendo incoerente com a fé que professa. Tiago também ensinou que é errado diferenciar os pecados – “Porque o mesmo que disse: Não adulterarás, também disse: Não matarás. Ora, se não cometes adultério, mas és homicida, te hás tornado transgressor da lei.” (Tg 2,11). Muitas vezes, como igreja, achamos que um tipo de pecado é mais grave do que outros. O pecado de adultério que afeta tanto a família está no mesmo nível, aos olhos de Deus, dos outros pecados que podemos cometer.

III – CONSELHOS PARA AS ESPOSAS E MARIDOS.

O apostolo Pedro que era casado – “Ora, tendo Jesus entrado na casa de Pedro, viu a sogra deste de cama.” (Mt 8,14), procurou ministrar às famílias através de suas cartas. Dedicou especial atenção às esposas e maridos (1Pd 3,1-7). As esposas receberam mais atenção. Para ser mais exato: receberam instruções seis vezes mais. Sua intenção era, com certeza, dar valiosas instruções às esposas de maridos não-crentes. Willian Barclay, comentando este texto afirma: “Pode parecer estranho que Pedro avise às mulheres seis vezes mais do que os maridos. Isto se deve ao fato que a posição da esposa era muito mais difícil do que a do marido. Se o marido converter-se ao cristianismo, ele automaticamente levaria consigo sua esposa à igreja....Mas se a esposa se convertesse ao cristianismo e seu marido não, ela estaria dando um passo sem precedente, causando os mais graves problemas”.

O segredo, estão, para impressionar o seu marido, conforme podemos observar, estava numa vida de submissão, de honestidade na relação conjugal, de respeito ao marido – “Semelhantemente vós, mulheres, sede submissas a vossos maridos; para que também, se alguns deles não obedecem à palavra, sejam ganhos sem palavra pelo procedimento de suas mulheres, considerando a vossa vida casta, em temor.” (1Pd 3.1-2), uma vida dominada pelo espírito de mansidão ou docilidade e de plena tranqüilidade – “Mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um espírito manso e tranqüilo, que és, para que permaneçam as coisas.” (1Pd 3,4). Não orientou as esposas abandonarem seus maridos pagãos, alinhando, assim, as orientações deixadas por Pedro – “E se alguma mulher tem marido incrédulo, e ele consente em habitar com ela, não se separe dele.” (1Cor 7,13). Deveriam ser submissas, isto é: humildes, desejosas em servir a seus maridos. Não deveria cultivar o mau humor, uma atitude de coração e promotora de constantes aborrecimentos. O que iria causar impacto à vida espiritual dos maridos era o comportamento da esposa no cotidiano do lar e não na beleza física. Pedro não orientou as esposas a não cuidarem do corpo, o que ele enfatizou é que o foco do cuidado deveria estar no interior, no comportamento, nas atitudes do dia-a-dia vida conjugal.

Note que Pedro não colocou um fardo sobre as esposas em relação à posição espiritual de seus maridos. A decisão de se tornarem cristãos não pesava sobre elas. A tarefa das esposas estava em tão somente viver uma vida que facilitasse a compreensão do Evangelho por parte de seus maridos. Charles Swindoll, em seu livro Renove a sua Esperança, coloca muito bem este assunto quando afirmou: “Esposa, a sua função é amar seu marido. A função de Deus é mudar a vida Dele”.

Embora só um versículo tenha sido dedicado aos maridos, nem só por isto menos importantes. Para eles, o apóstolo Pedro aconselhou que deveriam viver com suas esposas, com entendimento, honrando-as e cuidando delas com carinho – “Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações.” (1Pd 3,7). Devemos sempre lembrar-nos de que Pedro escreveu esses conselhos numa época em que a mulher era tratada como um objeto. Num contexto social machista, Pedro aconselha os maridos cristãos a viverem com suas respectivas esposas de forma harmoniosa, ouvindo as suas opiniões, entendendo os seus  sentimentos, atendendo as suas necessidades e valorizando-as sempre.

Pense num casamento  onde a esposa respeita o marido, é sábia nas suas palavras e ações, que cuida de sua aparência, mas cuida muito mais de suas atitudes para que sejam sempre aprovados por Deus e onde os maridos a amam procura viver em harmonia, valoriza e atende às necessidades e entende os seus sentimentos de esposa?

Pedro termina suas orientações às esposas e maridos conectando à vida espiritual. Quando esposas e maridos não vivem da forma que Deus deseja,  a vida devocional fica prejudicada – “Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações.” (1Pd 3,7).

IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS.

João, nas suas cartas, embora não toque diretamente no tema família usa termos familiares para expressar quase um sentimento de pai para com seus leitores. Varias vezes usa a expressão “filhinhos” (1Jo 1,2-3; 2,12.18.28; 3,7; 5,21) referindo-se aos leitores e se refere a Deus como Pai (1Jo 1,2-3; 2,15.23-24; 3,1). Escreveu ao pais e filhos sobre a certeza da vitória em Cristo – “Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados por amor do seu nome. Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que é desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque vencestes o Maligno. Eu vos escrevi, meninos, porque conheceis o Pai. Eu vos escrevi, pais, porque conheceis aquele que é desde o princípio. Eu escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e já vencestes o Maligno.” (1Jo 2,12-14).

Judas, “servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai, e guardados em Jesus Cristo.” (Jd 1), na sua pequena carta, volta a lembrar-nos que a imoralidade e todos os tipos de relações sexuais antinaturais praticadas pelos moradores de Sodoma e Gomorra sofreram as conseqüências impostas por Deus – “assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se prostituído como aqueles anjos, e ido após outra carne, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.” (Jd 7).

V – O GRANDE CASAMENTO.

O Apocalipse também se apropria de relatos históricos de famílias e casamentos para trazer mensagens importantes. Por exemplo: cita a “mulher Jezabel” “Mas tenho contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas a ídolos.” (Ap 2,20) para mostrar grande apostasia contra Deus, o grande Marido e Senhor. Como sabemos, Jezabel era o nome da esposa de Acabe, que adorava Baal e procurou, de todas as maneiras matar o profeta Elias – “E, como se fosse pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, e foi e serviu a Baal, e o adorou.” (1Rs 16,31); “Pois sucedeu que, destruindo Jezabel os profetas do Senhor, Obadias tomou cem profetas e os escondeu, cinqüenta numa cova e cinqüenta noutra, e os sustentou com pão e água). Porventura não disseram a meu senhor o que fiz, quando Jezabel matava os profetas do Senhor, como escondi cem dos profetas do Senhor, cinqüenta numa cova e cinqüenta noutra, e os sustentei com pão e água.” (Ap 18,4.13). lembra, derradeiramente, que todos que cometem imoralidade sexual, que tantos males causam ao casamento e á família, serão punidos com a segunda morte – “Mas, quanto aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros, e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte.” (Ap 2,18); “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo o que ama e pratica a mentira.” (Ap 22,15).

Mas a grande mensagem do livro Apocalipse, no que se refere a família, é a apropriação da figura do casamento para ilustrar a cerca do grande casamento que haverá entre Cristo, o Noivo, e a sua amada Igreja, a noiva – “Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou.” (Ap 19,7); “E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das sete últimas pragas, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro.” (Ap 21,9); “E o Espírito e a noiva dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça a água da vida.” (Ap 22,17).

CONCLUINDO


O Deus que criou o casamento e a família, como vimos nas páginas da Bíblia, apropriou-se desta  instituição para deixar a derradeira mensagem de que um dia haverá um outro casamento, não humano e sujeito, em face da dureza dos corações, ao adultério, infelicidades e divorcio, mas espiritual e eterno entre Cristo e sua amada noiva, a Igreja. E então, todos os filhos de Deus – “Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.” (Jo 1,12) estarão no lar celestial – “Na casa de meu Pai há muitas moradas.” (Jo 14,2a), como uma só família, e estaremos eternamente louvando o Pai Eterno – “Por esta razão dobro os meus joelhos perante o Pai, do qual toda família nos céus e na terra toma o nome.” (Ef 3,14-15) e a Jesus, o Primogênito – “O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1,15).

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