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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

JUIZES



JUÍZES

DINÂMICA DO PROCESSO HISTÓRICO

Introdução

O livro dos Juízes relata fatos situados entre 1200 e 1020 a.C., descrevendo a continuação da conquista da Terra e a vida das tribos até o início da monarquia. Trata-se de um tempo de «democracia tribal» (Jz 17,6; 21,25) e cheio de dificuldades. As tribos são governadas por chefes que têm um cargo vitalício (juízes menores); nos momentos de grande dificuldade surgem chefes carismáticos (juízes maiores), que unem e lideram as tribos na luta contra os inimigos.

O mais importante em Juízes é a chave de leitura da história, que vale não só para o livro, mas para toda a história de Israel. Essa chave é apresentada em Jz 2,6-3,6 e reaparece diversas vezes no texto. Segundo o autor, para levar à frente um projeto social, é preciso manter a memória ativa ou consciência histórica, adquirida através da resistência e da luta. A geração que luta mantém viva essa consciência. A nova geração, porém, quebra essa memória e ameaça fazer o projeto voltar atrás. O resultado é um conflito na história, entre a fidelidade a Javé e seu projeto, e o culto aos ídolos, que corrompe a sociedade.
Jz 2,11-16 apresenta a dinâmica que marca o destino histórico de um povo:

Pecado = alienação da consciência histórica: o povo abandona Javé, o Deus que produz liberdade e vida, para servir aos ídolos que corrompem, produzindo um sistema social injusto.

Castigo = perda da liberdade e da vida: servindo aos ídolos da escravidão e da morte, o povo alienado perde a liberdade e a vida, que tinham sido duramente conquistadas.

Conversão = volta à consciência histórica: no extremo limite do sofrimento, o povo volta à consciência histórica, e clama a Javé.

Graça = libertação: Javé responde ao clamor, fazendo surgir líderes (juízes) que organizam o povo e o ajudam a reconquistar a liberdade e a vida.

Mas a história continua, e as novas gerações parecem estar sempre voltando à alienação da consciência, à perda da memória. À primeira vista, teríamos a tentação de dizer que a história é um círculo vicioso, que volta e termina sempre no mesmo lugar. O autor, porém, mostra que tal círculo pode ser quebrado: para isso, é necessário que cada geração assine o projeto de Javé e continue a luta dos antepassados. O desafio é extinguir completamente a idolatria, que impede a liberdade e a vida.

O livro dos Juízes é um convite a ler a história aplicando essa chave de leitura. O importante, porém, é começar pelo castigo, procurando tomar consciência das limitações e dos sofrimentos que uma determinada geração está experimentando. A seguir, procurar identificar os ídolos aos quais a sociedade está servindo em vez de cultuar a Javé e se comprometer com o seu projeto.

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