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sábado, 22 de março de 2014

A HISTÓRIA DO POVO DE DEUS - LIÇÃO 20 – A QUEDA DE DAVI



A HISTÓRIA DO POVO DE DEUS - LIÇÃO 20 – A QUEDA DE DAVI

“A queda de Davi deveria pôr em guarda todos os que não caíram e salvar do desespero todos que caíram” – Santo Agostinho.

“A Bíblia nunca lisonjeia os seus heróis”, escreveu  Charles Swindolln (Davi, Mundo Cristão). Os homens e mulheres da escritura têm pés de barro, por isso ela não esconde seus pecados.

Ninguém gostaria de ver seus  defeitos e pecados registrados para todas as gerações lerem e discutirem, fazerem filmes a respeito, escreverem livros e pregarem sermões sobre eles no decorrer dos séculos. Todavia, graças a Deus, a Bíblia já foi escrita, e este famoso episódio ficou registrado para ensinar lições preciosas a nós e às gerações futuras.

1. O PECADO (2Sm 11).

A experiência de Davi confirma o que Tiago escreveu acerca da tentação (Tg 1,13-15). Podemos perceber que houve um processo na queda de Davi.

a) Ociosidade.

Era primavera (abril-maio), depois das chuvas – “No ano seguinte, na época em que os reis saíam para a guerra, Davi enviou Joab com seus suboficiais e todo o Israel. Eles devastaram a terra dos amonitas e sitiaram Raba. Davi ficara em Jerusalém”. (2Sm 11,1). Quando uma pessoa está na ociosidade e deixa de fazer o que deve, sua mente se desarma e enfraquece o espírito da vigilância.

b) Concupiscência dos olhos.

“Uma tarde, Davi, levantando-se da cama, passeava pelo terraço de seu palácio. Do alto do terraço avistou uma mulher que se banhava, e que era muito formosa”. (2Sm 11,2). O vislumbre transforma-se em olhar fixo. Agora que os olhos estão sendo saciados, não há espaço para se pensar em Deus. Afinal, “cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia”. (Tg 1,14). O texto grego traz a idéia de ser arrastado e seduzido. Davi já colocou os pés na armadilha. Essas palavras eram aplicadas ao caçador ou pescador que atrai a presa do esconderijo e aprende em sua armadilha, rede ou anzol.

c) Concepção da cobiça.

Eis o próximo passo:

“A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte”. (Tg 1,15).

Davi envia mensageiro para trazerem a mulher. “Ela veio e Davi dormiu com ela.” (2Sm 11,4a). O termo grego para “concebido” é traduzido como “prender” ou “ficar grávida”. E foi isto, literalmente, o que aconteceu com Betsabéia – “e vendo que concebera, mandou dizer a Davi: Estou grávida”. (2Sm 11,5).

d) O resultado

“...E o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” (Tg 1,15b). O resultado de se permitir que a cobiça seduza é o que faz parte da historia humana desde Gênesis 2,17 “Mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente.” (Gn 2,17). Davi e Betsabéia não morreram, mas Urias e o bebê morreram. 

Obs.:

“11,1-27: A função da autoridade é servir ao povo, defendendo-o dos inimigos e fazendo-o viver segundo a justiça e o direito. Ora, Davi trai completamente a sua função de autoridade: não acompanha mais o exército (deixa de defender o povo), torce a justiça e viola o direito, usando o poder para satisfazer seus caprichos pessoais.” – Bíblia Pastoral.

O texto deixa claro que o poder é sempre ambíguo e pode tornar-se algo extremamente perigoso. O poder em si não é próprio da humanidade, mas de Deus, e em mãos humanas só se justifica quando entendido como função de serviço, para que o povo tenha liberdade e vida. O poder torna-se totalmente mau, quando usado para satisfazer a interesses pessoais e de grupos privilegiados, à custa do povo.

2. AS CONSEQUENCIAS (2Sm 12,7-15).

“Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção.” (Gl 6,7-8a).

O adultério de Davi com Betsabéia lhe trouxe enormes conseqüências. Foram anos de sofrimento. O profeta Natã lhe pergunta – “O Senhor mandou a Davi o profeta Natã; este entrou em sua casa e disse-lhe: Dois homens moravam na mesma cidade, um rico e outro pobre”. (2Sm 12,1). E em seguida vem a sentença: “10 Pois bem! A espada nunca mais se afastará de sua família, porque você me desprezou e tomou a mulher de Urias, o heteu, para se casar com ela. 11 Assim diz Javé: Eu farei com que a desgraça surja contra você de dentro de sua própria casa. Pegarei suas mulheres e as darei a outro diante de seus olhos, e ele dormirá com suas mulheres debaixo da luz deste sol.” (2Sm 12,10-11).

Obs.:
“12,1-15: A parábola contada por Natã força Davi a dar uma sentença contra si próprio. O erro de Davi foi usar o poder em proveito pessoal, e isso desencadeou ambições e competições dentro de sua própria família. Começa então a luta pela sucessão.” – Bíblia Pastoral

“12,15-25: A morte do filho de Davi foi uma condenação do seu pecado. O nascimento de Salomão, desde já chamado «Querido de Javé», é sinal de que Deus não abandonou Davi.” – Bíblia Pastoral.

3. O ARREPENDIMENTO (2Sm 12,1-6; Sl 32).

O contexto do Salmo 32 é o período (de cerca de um ano) em que Davi calou seus pecados e ocultou a sua iniquidade. E o que ele sentiu foi os seus ossos envelhecerem, o peso constantes da mão  de Deus gemidos incessantes e o vigor esgotado (Sl 32,3-5). Neste ponto, Natã é enviado por Deus para confrontar Davi  com o “caso da cordeirinha”, que poderia muito bem ter ocorrido num dos tribunais locais. E Davi, acostumado ouvir os detalhes de um caso para  julgar, entendeu que era acerca dele que o profeta que o profeta falava. “...Tu és esse homem...” (2Sm 12,7). Ao condenar o homem da parábola, Davi condena a si mesmo.

Todavia, no imprescindível e preciosíssimo salmo 51, Davi nos revela o que há no coração de um homem verdadeiramente arrependido. Ensina-nos alcançar o perdão de Deus, e nos ajuda a encontrar as palavras certas que devemos proferir diante de Deus,quando estamos buscando o seu perdão. Mas é no Salmo 32 que acrescenta de forma grandiosa, a lista das bem-aventuranças bíblicas.

“Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui a iniquidade, e em cujo espírito não há dolo.” (Sl 32,1-2).

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