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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

JESUS CRISTO - LIÇÃO 17 – SEGUINDO OS PASSOS DE JESUS.


JESUS CRISTO - LIÇÃO 17 – SEGUINDO OS PASSOS DE JESUS.

 

“Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas.” (1Pe 2,21).

A vida de Jesus continua sendo exemplo para milhares de pessoas, e como o homem é uma criatura influenciada mas por padrões de comportamento do que por leis, os passos de Jesus são o padrão estabelecido por Deus para os que seguem seu Filho como Mestre e Senhor. Como alguém afirmou, “discipulado é mais do que conseguir conhecer o que o mestre conhece. É conseguir ser o que ele é.”

I – O PADRAO PERFEITO.

Você se lembra do caderno de caligrafia? Kalos + grafo, significa escrever bonito.

Quando o apóstolo Pedro afirma que Jesus Cristo “deixou-nos exemplo” , ele usa uma só palavra grega hypogrammos (hypo + grammos = embaixo da letra), que aparece somente aqui no Novo Testamento.

Mas antes de entra no texto bíblico , temos que conhecer a interessante historia dessa palavra, que está ligada com a educação primária grega. Com base no texto de William Barclay (Palavras Chaves do Novo Testamento, Edições Vida Nova p. 97-98), vamos resumi-la.

1 – A história de uma palavra perfeita.

Na Grécia antiga, os meninos gregos eram alfabetizados usando uma tábua de cerca, pois o papiro, o material  de escrita comum nos tempos do Novo Testamento, que era um tipo de papel feito do cerne do caniço que crescia principalmente às margens do rio Nilo, não era uma matéria barata. Por ser caro, os meninos não podiam usa-lo para praticar a escrita. Assim, o caderno de exercícios era a tábua de cera macia. Escrevia-se com um stilu, que era uma haste feita de osso ou metal, com uma extremidade pontiaguda e a outra achatada. A extremidade pontiaguda era usada para escrever, e a extremidade achatada era usada para alisar a superfície de cera para poder usa-la de novo.

Platão (428 – 348 a.C.) nos conta que ao ensinar a arte de escrever, o professor da matéria primeiramente riscava linhas com o estilete, para o uso do aprendiz,e depois dava a este a tábua e o mandava escrever conforme a orientação dada pelas linhas. Na pratica, isso significava duas coisas:
·         O professor riscava linhas paralelas para conservar reta a escrita do menino.
·         Também escrevia na parte de cima da tábua uma linha escrita que o menino tinha que copiar.
Esta linha era o hypogrammos, o padrão que o menino devia segui.

2 – A história de um Homem perfeito.

Em 1Pe 2,21 o apóstolo diz – “Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas.” É como se Pedro estivesse nos dizendo – “Assim como o estudante aprende a escrever de um modelo perfeito de caligrafia, assim também nós somos estudantes na escola da vida, e somente podemos aprender a viver copiando o padrão perfeito da vida que Deus nos apresentou”, que é Jesus Cristo.

Mas há outra maneira de usar hypogrammos que pode contribuir para o significado que Pedro quis dar ao vocábulo. Quintiliano (orador e escritor romano. 35-96 d.C.) nos informa que às vezes o professor gravava as letras na cera da tábua; e então a mão do menino  “é guiada ao longo dos séculos, para não cometer erro algum”. De inicio, o mestre ajudava o menino colocando sua mão sobre a mão do estudante, as depois o deixava tentar sozinho, e as beiras dos sulcos não o deixavam “desgarrar-se além dos limites.” É provável que isto também estivesse na mente de Pedro. Porque simplesmente ter que copiar do hypogrammos sozinho, com freqüência devia ser difícil e desanimador; mas quando o aprendiz tinha a mão do professor segurando a sua, e tinha os sulcos para seguir; isso devia tornar as coisas muito mais fáceis.

Jesus não nos dá apenas um exemplo e nos deixa, porque, às vezes, um exemplo pode ser a coisa mais desanimadora do mundo. Mas Jesus faz mais do que nos oferecer um exemplo. Assim como a mão do mestre guiava os primeiros esforços do estudante inseguro, assim também Ele nos guia; assim como o sulco conservava a pena do estudante dentro dos limites, assim Sua graça nos dirige. E não somente nos deixou um hypogrammos maravilhosamente perfeito, como constantemente nos ajuda a segui-lO. Afinal Aquele que disse “siga-me” (Jo 12,26);  também completou: “sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5).

II – EXEMPLOS DA PERFEIÇÃO DE CRISTO.

“Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos vossos senhores, não somente aos bons e moderados, mas também aos maus. Porque isto é agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, suporte tristezas, padecendo injustamente. Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus.” (1Pe 2,18-20).

Esta passagem fala do sofrimento que servos (no grego, empregados domésticos) experimentavam no convívio com seus senhores. O apóstolo diz que estes deveriam suportar, com paciência, essa tristezas e perseguições, “porque isto é agradável” (v 19). A melhor tradução seria pois isto é graça, ou seja, a possibilidade de sofrer por causa de Cristo, mesmo por submissão a um senhor perverso. E também ao fazerem isto, estavam imitando Cristo, pois Ele sofreu sendo justo e sem pecado. É neste contexto que Pedro fala de Jesus Cristo como modelo.

1 – Perfeito na santidade - “Ele não cometeu pecado.” (1Pe 2,22).

A carta aos Hebreus confirma que Jesus “em tudo foi tentado, mas sem pecado.” (Hb 4,15). O próprio Judas Iscariotes reconheceu esta santidade ao confessar, “Pequei, traindo o sangue inocente.” (Mt 27,4). O ladrão na cruz disse ao outro sobre Jesus: “mas este nenhum mal fez.” (Lc 23,41). E Pilatos deixou a sua famosa frase acerca de Cristo: “Não acho nele crime algum.” (Jo 18,38). Enfim, diversas pessoas em variados contextos afirmaram a santidade de Jesus Cristo, mesmo não sendo dEle.

2 – Perfeito nas palavras – “nem na sua boca se achou engano.” (1Pe 2,22).

Falar com a intenção de prejudicar ou ludibriar alguém. Isto jamais saiu da boca de Jesus, que falava sempre a verdade – “Mas agora procurais matar-me, a mim que vos falei a verdade que de Deus ouvi; isso Abraão não fez.” (Jo 8,40). Esse pecado ligado à fala remete-nos a dois dos dez mandamentos, usar o nome de Deus em vão e dar falsos testemunhos (Ex 20,7.16). As acusações contra Jesus no seu julgamento sempre se mostraram falsas  (Mc 14,56-59).
3 – Perfeito nas reações – “Sendo injuriado, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente.” (1Pe 2,23).

Certamente Pedro esta relatando algo que ele mesmo viu. Os discípulos devem ter se surpreendido com as reações pacificas e misericordiosas de seu Mestre. Ser injuriado é receber agressões verbais, tendo sua honra atacada; e padecia indica sofrimento físico. O tempo dos verbos gregos (particípio presente) indica que isso ocorreu repetidas vezes. Mas Jesus não respondia com a mesma linguagem ofensiva, nem devolvia com ameaças, embora pudesse faze-lo – “Ou pensas tu que eu não poderia rogar a meu Pai, e que ele não me mandaria agora mesmo mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26,53). Então, como ele agia? “Mas entregava-se àquele que julga justamente.” (1Pe 2,23). Colocava-se nas mãos de Deus. Interessante notar que Jesus entregava a Si mesmo e não somente a Sua causa ou o problema.

4 – Perfeito no amor sacrificial. – “levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” (1Pe 2,24).

Apenas uma pergunta:em que sentido Jesus carregou o nosso pecado? No sentido que Ele tomou sobre Si a culpa que estava ligada a eles; sofreu a maldição que eles a traiam – “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.” (Gl 3,13); ver também (Dt 21,23), que é separação de Deus: e sofreu as conseqüências penais que eles acarretavam.

5 – Perfeito como Pastor e Bispo – “Porque éreis desgarrados, como ovelhas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das vossas almas.” (1Pe 2,25).

A primeira palavra deste versículo é “porque”, que faz conclusivas aos vs 21-25. Pedro encerra apresentando Jesus Cristo como Pastor e Bispo das almas. O primeiro termo refere-se ao guardião ou protetor das ovelhas; e o segundo ao supervisor do rebanho, aquele que, décima, vê todas as coisas, inclusive os sofrimentos do seu povo.  Todavia, o que o versículo destaca é a nossa condição anterior – “desgarrados” (ovelha que se afastou do rebanho e se perdeu), e condição atual – “agora porém, vos convertestes” (melhor tradução seria “fostes convertidos – vós passiva”). Fomos reconduzidos de volta ao aprisco do Bom Pastor. Temos paz com Deus e desfrutamos do seu pastoreio exemplar.

CONCLUINDO



Houve uma fase na vida de Pedro, o mesmo Pedro de 1Pe 2,21 – “Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas.”, em que ele seguia a Jesus de longe – “E Pedro o seguia de longe até o pátio do sumo sacerdote; e entrando, sentou-se entre os guardas, para ver o fim.” (Mt 26,58). E nós sabemos em que isto resultou! O homem rico se recusou a seguir a Jesus – “Quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens e reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me. Mas, ouvindo ele isso, encheu-se de tristeza; porque era muito rico.” (Lc 18,22-23), porque o Senhor contrariara o seu interesse, e ele achou que Jesus poderia atrapalharia seus negócios. 

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