JESUS CRISTO - LIÇÃO 17 – SEGUINDO OS PASSOS DE JESUS.
“Porque
para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós,
deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas.” (1Pe
2,21).
A vida de Jesus continua sendo
exemplo para milhares de pessoas, e como o homem é uma criatura influenciada
mas por padrões de comportamento do que por leis, os passos de Jesus são o
padrão estabelecido por Deus para os que seguem seu Filho como Mestre e Senhor.
Como alguém afirmou, “discipulado é mais do que conseguir conhecer o que o
mestre conhece. É conseguir ser o que ele é.”
I – O PADRAO PERFEITO.
Você se lembra do
caderno de caligrafia? Kalos + grafo, significa escrever bonito.
Quando o apóstolo Pedro
afirma que Jesus Cristo “deixou-nos
exemplo” , ele usa uma só palavra
grega hypogrammos (hypo + grammos = embaixo da letra), que aparece somente aqui
no Novo Testamento.
Mas antes de entra no
texto bíblico , temos que conhecer a interessante historia dessa palavra, que
está ligada com a educação primária grega. Com base no texto de William Barclay
(Palavras Chaves do Novo Testamento, Edições Vida Nova p. 97-98), vamos
resumi-la.
1 – A história de uma palavra perfeita.
Na Grécia antiga, os
meninos gregos eram alfabetizados usando uma tábua de cerca, pois o papiro, o
material de escrita comum nos tempos do
Novo Testamento, que era um tipo de papel feito do cerne do caniço que crescia
principalmente às margens do rio Nilo, não era uma matéria barata. Por ser
caro, os meninos não podiam usa-lo para praticar a escrita. Assim, o caderno de
exercícios era a tábua de cera macia. Escrevia-se com um stilu, que era uma
haste feita de osso ou metal, com uma extremidade pontiaguda e a outra
achatada. A extremidade pontiaguda era usada para escrever, e a extremidade
achatada era usada para alisar a superfície de cera para poder usa-la de novo.
Platão (428 – 348 a.C.)
nos conta que ao ensinar a arte de escrever, o professor da matéria
primeiramente riscava linhas com o estilete, para o uso do aprendiz,e depois
dava a este a tábua e o mandava escrever conforme a orientação dada pelas
linhas. Na pratica, isso significava duas coisas:
·
O professor
riscava linhas paralelas para conservar reta a escrita do menino.
·
Também escrevia
na parte de cima da tábua uma linha escrita que o menino tinha que copiar.
Esta linha era o
hypogrammos, o padrão que o menino devia segui.
2 – A história de um Homem perfeito.
Em 1Pe 2,21 o apóstolo
diz – “Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu
por vós, deixando-vos exemplo, para que
sigais as suas pisadas.” É como se Pedro
estivesse nos dizendo – “Assim como o estudante aprende a escrever de um
modelo perfeito de caligrafia, assim também nós somos estudantes na escola da
vida, e somente podemos aprender a viver copiando o padrão perfeito da vida que
Deus nos apresentou”, que é Jesus Cristo.
Mas há outra maneira de
usar hypogrammos que pode contribuir para o significado que Pedro quis dar ao
vocábulo. Quintiliano (orador e escritor romano. 35-96 d.C.) nos informa que às
vezes o professor gravava as letras na cera da tábua; e então a mão do
menino “é guiada ao longo dos
séculos, para não cometer erro algum”. De inicio, o mestre ajudava o menino
colocando sua mão sobre a mão do estudante, as depois o deixava tentar sozinho,
e as beiras dos sulcos não o deixavam “desgarrar-se além dos limites.” É
provável que isto também estivesse na mente de Pedro. Porque simplesmente ter
que copiar do hypogrammos sozinho, com freqüência devia ser difícil e
desanimador; mas quando o aprendiz tinha a mão do professor segurando a sua, e
tinha os sulcos para seguir; isso devia tornar as coisas muito mais fáceis.
Jesus não nos dá apenas
um exemplo e nos deixa, porque, às vezes, um exemplo pode ser a coisa mais
desanimadora do mundo. Mas Jesus faz mais do que nos oferecer um exemplo. Assim
como a mão do mestre guiava os primeiros esforços do estudante inseguro, assim
também Ele nos guia; assim como o sulco conservava a pena do estudante dentro
dos limites, assim Sua graça nos dirige. E não somente nos deixou um
hypogrammos maravilhosamente perfeito, como constantemente nos ajuda a
segui-lO. Afinal Aquele que disse “siga-me” (Jo 12,26); também
completou: “sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5).
II – EXEMPLOS DA PERFEIÇÃO DE
CRISTO.
“Vós,
servos, sujeitai-vos com todo o temor aos vossos senhores, não somente aos bons
e moderados, mas também aos maus. Porque isto é agradável, que alguém, por
causa da consciência para com Deus, suporte tristezas, padecendo injustamente.
Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois por isso
esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois
afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus.” (1Pe
2,18-20).
Esta passagem fala do sofrimento
que servos (no grego, empregados domésticos) experimentavam no convívio com
seus senhores. O apóstolo diz que estes deveriam suportar, com paciência, essa
tristezas e perseguições, “porque isto é agradável” (v 19). A melhor
tradução seria pois isto é graça, ou seja, a possibilidade de sofrer por causa
de Cristo, mesmo por submissão a um senhor perverso. E também ao fazerem isto,
estavam imitando Cristo, pois Ele sofreu sendo justo e sem pecado. É neste contexto
que Pedro fala de Jesus Cristo como modelo.
1 – Perfeito na santidade - “Ele não cometeu pecado.” (1Pe 2,22).
A carta aos Hebreus
confirma que Jesus “em tudo foi tentado, mas sem pecado.” (Hb 4,15). O próprio Judas Iscariotes reconheceu
esta santidade ao confessar, “Pequei, traindo o sangue inocente.” (Mt 27,4). O ladrão na cruz disse ao outro sobre
Jesus: “mas este nenhum mal fez.” (Lc
23,41). E Pilatos deixou a sua famosa frase acerca de Cristo: “Não acho
nele crime algum.” (Jo 18,38). Enfim, diversas
pessoas em variados contextos afirmaram a santidade de Jesus Cristo, mesmo não
sendo dEle.
2 – Perfeito nas palavras – “nem na
sua boca se achou engano.” (1Pe 2,22).
Falar com a intenção de prejudicar
ou ludibriar alguém. Isto jamais saiu da boca de Jesus, que falava sempre a
verdade – “Mas agora procurais matar-me, a mim que vos falei a verdade que
de Deus ouvi; isso Abraão não fez.” (Jo 8,40). Esse pecado ligado à fala
remete-nos a dois dos dez mandamentos, usar o nome de Deus em vão e dar falsos testemunhos
(Ex 20,7.16). As acusações contra Jesus no seu julgamento sempre se
mostraram falsas (Mc 14,56-59).
3 – Perfeito nas reações – “Sendo
injuriado, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se
àquele que julga justamente.” (1Pe 2,23).
Certamente Pedro esta relatando
algo que ele mesmo viu. Os discípulos devem ter se surpreendido com as reações
pacificas e misericordiosas de seu Mestre. Ser injuriado é receber agressões
verbais, tendo sua honra atacada; e padecia indica sofrimento físico. O tempo
dos verbos gregos (particípio presente) indica que isso ocorreu repetidas
vezes. Mas Jesus não respondia com a mesma linguagem ofensiva, nem devolvia com
ameaças, embora pudesse faze-lo – “Ou pensas tu que eu não poderia rogar a
meu Pai, e que ele não me mandaria agora mesmo mais de doze legiões de anjos?”
(Mt 26,53). Então, como ele agia? “Mas entregava-se àquele que julga
justamente.” (1Pe 2,23). Colocava-se nas mãos de Deus. Interessante notar
que Jesus entregava a Si mesmo e não somente a Sua causa ou o problema.
4 – Perfeito no amor sacrificial. –
“levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que
mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas
fostes sarados.” (1Pe 2,24).
Apenas uma pergunta:em que sentido
Jesus carregou o nosso pecado? No sentido que Ele tomou sobre Si a culpa que
estava ligada a eles; sofreu a maldição que eles a traiam – “Cristo nos
resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito:
Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.” (Gl 3,13); ver também
(Dt 21,23), que é separação de Deus: e sofreu as conseqüências penais que eles
acarretavam.
5 – Perfeito como Pastor e Bispo –
“Porque éreis desgarrados, como ovelhas; mas agora tendes voltado ao
Pastor e Bispo das vossas almas.” (1Pe 2,25).
A primeira palavra deste versículo
é “porque”, que faz conclusivas aos vs 21-25. Pedro encerra apresentando
Jesus Cristo como Pastor e Bispo das almas. O primeiro termo refere-se ao
guardião ou protetor das ovelhas; e o segundo ao supervisor do rebanho, aquele
que, décima, vê todas as coisas, inclusive os sofrimentos do seu povo. Todavia, o que o versículo destaca é a nossa
condição anterior – “desgarrados” (ovelha que se afastou do rebanho e se
perdeu), e condição atual – “agora porém, vos convertestes” (melhor
tradução seria “fostes convertidos – vós passiva”). Fomos reconduzidos
de volta ao aprisco do Bom Pastor. Temos paz com Deus e desfrutamos do seu
pastoreio exemplar.
CONCLUINDO
Houve uma fase na vida de Pedro, o
mesmo Pedro de 1Pe 2,21 – “Porque para isso fostes chamados, porquanto
também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas
pisadas.”, em que ele seguia a Jesus de longe – “E Pedro o seguia de
longe até o pátio do sumo sacerdote; e entrando, sentou-se entre os guardas,
para ver o fim.” (Mt 26,58). E nós sabemos em que isto resultou! O homem
rico se recusou a seguir a Jesus – “Quando Jesus ouviu isso, disse-lhe:
Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens e reparte-o pelos pobres, e
terás um tesouro no céu; e vem, segue-me. Mas, ouvindo ele isso, encheu-se de
tristeza; porque era muito rico.” (Lc 18,22-23), porque o Senhor
contrariara o seu interesse, e ele achou que Jesus poderia atrapalharia seus
negócios.
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