JESUS CRISTO - LIÇÃO 08 – A ENCARNAÇÃO.
“É que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o
Senhor.” (Lc 2,11).
I – O ENSINAMENTO DA ENCARNAÇÃO.
A encarnação, um dos maiores
eventos da história do universo, foi a entrada da Segunda Pessoa da Trindade na
esfera humana. Essa pessoa, que é Deus, desceu das inefáveis alturas do céu e “esvaziou-se
a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e,
achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a
morte, e morte de cruz.” (Fl 2,7-8). Em outras palavras, a encarnação foi o
ato pelo qual o eterno Filho de Deus tomou para Si a natureza humana.
1 – A encarnação pressupõe a preexistência e divindade do
Filho.
Em nosso caso, o ato da concepção
é a chegada à existência de uma nova pessoa. Mas no caso de Jesus, o Verbo
Eterno preexistiu à concepção. As escrituras afirmam que Deus, que é eterno,
veio para este mundo e assumiu a natureza humana – Fl 2,7-8. Podemos
dizer que a encarnação de Cristo não foi
a sua evolução de ser humano comum como nós, rumo à perfeição.
2 – A encarnação foi ocasionada por pecado humano.
Algumas pessoas acham que a
encarnação é um acontecimento grande demais para depender do pecado humano, mas
vejam as Escrituras – Mc 10,45; Lc 19,10; Gl 4,4; 1Jo 3,8 – A grande
finalidade da encarnação foi salvar o homem do seu pecado. Entretanto podemos
afirmar que a causa da encarnação não foi unicamente o pecado do homem, mas
sim, a graça de Deus para resolvê-los.
3 – O resultado da encarnação.
- O Filho não cessou de ser Deus.
- O Filho não mudou a sua natureza essencial, mas
assumiu a natureza humana – “E o
Verbo se fez carne.” (Jo 1,14). O ensino de Paulo é bem claro – “Porquanto
o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus
enviando o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa
do pecado, na carne condenou o pecado.” (Rm 8,3)
II – O NASCIMENTO VIRGINAL DE CRISTO.
O nascimento de Jesus de uma
virgem é claramente ensinado nas Escrituras.
1 – Um fato profetizado.
a)
Isaias 7,14 – “eis
que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome
Emanuel”. – esta dupla predição é
explicita em afirmar que Alguém nascera de uma mulher, o que sob nenhuma
circunstancia implicaria, quanto à origem, mais do que humano, mas neste Alguém
assim nascido é Emanuel, o que, sendo, interpretado, é “Deus Conosco”, mas
conosco no sentido mais profundo destas palavras, isto é, que ele se tornou um
de nós.
b)
Isaias 9,6-7 – “Porque um menino nos nasceu, um filho se
nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será:
Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Do aumento do
seu governo e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para
o estabelecer e o fortificar em retidão e em justiça, desde agora e para
sempre; o zelo do Senhor dos exércitos fará isso.” – neste texto vemos as duas
naturezas (humana e divina) – Ele é uma criança nascida de um filho dado. O
Menino que nasceu se sentará sobre o trono de Davi, mas o Filho que foi dado
leva os títulos de Divindade e assume todo o governo e autoridade do universo
sobre os seus ombros.
c)
Mq 5,2 – “Mas
tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti
é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade.” – alguém virá a um local geográfico na terra Belém, que é
uma identificação humana, mas sua procedência é eterna.
2 – Um fato histórico – Lc 2,1-2.
Através dos séculos, Deus dirigiu
o plano da história de tal maneira que tudo estava preparado para a vinda do
Seu Filho. A revelação profética já havia sido completada há bastante tempo; o
precursor de Jesus já tinha nascido, a “plenitude dos tempos” já havia chegado. Finalmente o tão esperado
Salvador nasceu! Aleluia! “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra
entre os homens de boa vontade.” (Lc 2-14). Neste texto Lucas indica as
circunstancias históricas que trouxeram José e Maria a Belém.
O nascimento de Cristo aconteceu
numa época na história do mundo em que
César Augusto era o imperador e Quirino, o Governador da Síria. César Augusto
decretou que todo o mundo no Império fosse recenseado. Assim forçou a ida de
José e Maria para Belém, onde Jesus nasceu. Isso cumpriu a profecia do Antigo
Testamento. É bom notar como foi a época certa para a vinda do Messias.
- No mundo político havia paz quando o Príncipe da
Paz nasceu!
- Grego era a língua universalmente falada. Sua
forma popular, o Koinê, facilitou a disseminação das Boas Novas.
- Através das novas estradas dos romanos, os novos
crentes puderam levar a mensagem de Salvação com maior facilidade.
3 – Um fato milagroso – Mt
1,18-25.
a) O
casamento judaico.
Não é fácil entender bem
este texto. Primeiramente Maria é “desposada com José” (v 18),
depois ele esta planejando o divorcio (v 19). Para compreender, é necessário entender os ter passos no casamento
judaico.
·
O noivado muitas vezes era combinado pelos pais quando o casal era ainda criança.
·
O contrato de
casamento era a ratificação do noivado. Antes deste ponto o noivado podia ser
anulado, mas uma vez que o contrato estava estabelecido, o noivado só podia ser
desmanchado através do processo de divorcio. Feito o contrato, havia um período
de um ano de preparação para o casamento. Durante este ano, o casal era
conhecido como marido e mulher sem ter o direito de viverem juntos. Foi durante
aquele ano que Maria ficou grávida “pelo
Espírito Santo” (vs 18.20). legalmente Maria
era esposa de José.
·
O casamento
propriamente dito, acontecia um ano depois do contrato.
b)
A genealogia de Jesus – Mt
1,1-17.
Geralmente não lemos as
genealogias, mas esta tem lições importantíssimas. A coisa mais notável é a
criação dos nomes de quatro mulheres, que não é algo normal nas genealogias
judaicas. Para o judeu, a mulher não tinha nenhum direito. Na oração matutina
era comum o judeu orar dando graças a
Deus que não o tinha feito gentio, nem escravo, nem mulher! Quando examinamos
os nomes destas quatros mulheres, ficamos surpresos com o histórico de vida
delas.
- Tamar (Mt 1,3; Gn 38) – uma
adultera.
- Raabe (Mt 1,5; Js 2) – uma
prostituta.
- Rute (Mt 1,5; Dt 23,3) – Uma
gentia – “Nenhum amonita nem moabita entrará na assembléia do Senhor; nem
ainda a sua décima geração entrará jamais na assembléia do Senhor.” (Dt
23,3).
- Bate-Seba (Mt 1,6; 2Sm 11 e 12) – “da
que fora mulher de Urias.” (v6), lembra-nos do ato pecaminoso entre
ela e Davi.
Esta genealogia nos mostra o
coração do Evangelho – as barreiras caem – “Não há judeu nem grego; não há
escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo
Jesus.” (Gl 3,28):
- Entre os judeus e gentios;
- Entre homens e mulheres;
- “Eu não vim chamar justos, mas pecadores, ao
arrependimento.” – (Lc 5,32; Mc 2,17; Mt 9,13.
4 – Um fato testemunhado pelas as
Escrituras – Mt 1,16.18-25.
a)
“José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus” (v16).
Mateus escreve de maneira bem cuidadosa para não dar a impressão de que José
foi o pai de Jesus. Como marido de Maria, José era o pai legal de Jesus, por
intermédio de quem o direito ao trono de Davi foi transmitido.
b)
“Sem que estivesse antes coabitado” (v 18). A
Escritura não deixa nenhuma dúvida.
c)
“Achou-se grávida pelo Espírito Santo” (v 18). A
concepção foi pela operação milagrosa do Espírito Santo. Foi assim que “o
Verbo se fez carne” (Jo 1,14). Por mãe, Jesus tinha Maria, as por pai,
Deus.
d)
“Eis que lhe apareceu um anjo” (v20). A
visita de um ser celestial foi necessária, porque ninguém, muito menos o
marido, acreditaria numa concepção virginal sem uma revelação sobrenatural.
e)
“Lhes porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu
povo dos pecados deles” (v 21). Aqui temos a primeira afirmação do
Evangelho: Jesus nasceu para ser o Salvador (Lc 2,14).
f)
“Ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer
dizer Deus conosco)” (v 23). Aqui temos a segunda afirmação do evangelho:
Jesus é Deus.
g)
“Sem ter relações com ela, Maria deu a luz um filho” (v 25).
Este verso indica que José e Maria viveram como marido e mulher depois do nascimento de Cristo.
III- O
SIGNIFICADO ESPIRITUAL DO NASCIMENTO VIRGINAL.
1 – Ele se encarnou para poder manifestar Deus ao homem.
A resposta à pergunta
tão comum: “Como Deus é?”, é achada na encarnação – “Ninguém jamais viu
a Deus. O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer.” (Jo 1,18).
2 – Seu nascimento humano foi como sua preexistência, sua
vida e sua morte – tudo milagroso.
Vemos isso na água transformada em
vinho, na ressurreição de alguns que estavam mortos, na cura dos leprosos, nas
multiplicações dos pães, na crucificação, ressurreição e ascensão. Enfim tudo
era milagroso.
3 – Seu nascimento foi obra do
Espírito Santo – (Lc 1,34-35).
Em resposta á pergunta de Maria – “Como
se fará isso, uma vez que não conheço varão? Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre
ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por
isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus.” – Isto é
importantíssimo. O fato de a virgem ser responsável pelo nascimento de Cristo
garantiu duas coisas.
a)
A encarnação era o começo de uma nova criação – Alguém
estava para vir ao mundo que não era meramente homem.
b) Cristo
estava sem a mácula do pecado – Nós nascemos com uma doença
hereditária (pecado original) – “Eis que eu nasci em iniqüidade, e em pecado
me concedeu minha mãe.” (Sl 51,5). Jesus Cristo não nasceu como membro da
raça caída, mas sim, como a cabeça impecável de uma nova raça. Ele era livre de
pecado original e do pecado atual! Ele nunca orou por perdão, nuca ofereceu
sacrifícios, nunca precisou do novo nascimento.
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