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terça-feira, 21 de maio de 2013

GÊNESIS - LIÇÃO 17 – JOSÉ – benévolo, quando exaltado.



“Podemos não ser responsáveis por todas as coisas que ocorrem conosco, mas somos responsáveis pela maneira como nos comportamos quando elas acontecem”. – Ralph Emerson.

A vida e o sucesso de José tem muito a ver com esta frase. Ao ser vendido pelos irmãos, injustiçado pela mulher de Putifar e esquecido pelo copeiro-chefe, tinha tudo para ser um homem revoltado, amargurado e ressentido, mas não permitiu que nada dessas coisas negativas e destrutivas pudessem afeta-lo. Não que ele fosse insensível ou de ferro, mas sabia, como homem que andava com Deus, que homens prósperos não permitem que as ações dos outros determinem as suas.
A beleza do sucesso de José está no fato dele beneficiar outras pessoas com o seu sucesso, como veremos a seguir.

I.              BENEFICIO GERAL – Gn 41,14-57.

O sonho que o Faraó teve com as sete vacas gordas e as sete vacas magras – Gn 41,1-4 – era, simplesmente um aviso de Deus que um tempo de fome estava para vir. A interpretação de José, inspirada por Deus, não somente abriu-lhe o caminho para ser Governador no Egito, com trouxe beneficio a todo mundo da época.

Os magos do Egito - "Chegada à manhã, o faraó com o espírito preocupado, mandou chamar todos os mágicos e sábios do Egito. Contou-lhes seus sonhos, mas nenhum deles soube explicá-los". (Gn 41,8) – no hebraico “escribas sagrados”, eram uma espécie de peritos em manusear os livros de assuntos “sagrados”. É provável que para tentar interpretar este sonho de Faraó tenham consultado literatura sobre sonhos, que era uma mescla de astrologia e ocultismo. A pratica de interpretação de sonhos era comum na época, haja vista o fato do que quando José interpreta o sonho do copeiro-chefe e do padeiro-chefe, ambos já tinham procurado interpretação com outros - "“ Tivemos um sonho, responderam; e não há ninguém para no-los interpretar.” “Porventura, não pertence a Deus, replicou José, a interpretação dos sonhos? Rogo-vos que mos conteis. ”" (Gn 40,8).

A graça de Deus era tão abundante sobre a vida de José que ele teve autoridade para aconselhar o Faraó sobre o que deveria fazer para enfrentar o tempo de fome – vv 33-36 – Faraó gostou do conselho – v 37 – e escolheu o próprio José para governar a sua casa – vv 38-40.

E o jovem governador, de apenas 30 anos de idade – “José tinha trinta anos quando se apresentou diante do faraó, o rei do Egito” – Gn 41,46a – usa o seu poder para beneficiar toda a terra do Egito e todo o mundo – Gn 41,53-57.

“41,1-36: Começa a ascensão de José. Além do seu discernimento para interpretar a ação de Deus, ele demonstra também o tino administrativo que salvará da fome o país. José é sábio: tem capacidade de discernir a ação de Deus e agir de acordo, pois a providência de Deus não dispensa o homem de analisar as situações e tomar atitudes adequadas.”  - Bíblia Pastoral.
“41,37-57: Por sua previdência e tino administrativo, José se torna vice-rei do Egito e, graças a ele, é contida a situação de fome do povo. Seus filhos Manassés e Efraim formarão duas tribos em Israel, que juntas formam a «Casa de José».” – Bíblia Pastoral.

II.            BENEFICIANDO OS IRMÃOS – Gn 42,1-45,28.

“Quanto a Deus, o seu caminho é perfeito; a promessa do Senhor é provada; ele é um escudo para todos os que nele confiam.” – Sl 18,30.

A fome inevitavelmente  atingiria os irmãos de José – os mesmos que o venderam. E onde havia comida? Somente no Egito. E quem era o Governador do Egito? O irmão José. Quem decidiria se eles poderiam ou não levar comida para casa? Ele mesmo – o irmão invejado e odiado.

1.    O primeiro encontro com os irmãos  - Gn 42,6-17.

A principio, José não se dá conhecer a seus irmãos , parece evita-los e chega até mesmo trata-los com aspereza - "José reconheceu-os imediatamente, mas, comportando-se com eles como um estrangeiro, disse-lhes com rudeza: “Donde vindes?” “Da terra de Canaã, responderam eles, para comprar víveres.”" (Gn 42,7). Tudo indicava que um coração vingativo era o que dominava José. Mas nosso personagem não é assim - "E José afastou-se deles para chorar. Voltou em seguida e falou-lhes; e escolheu Simeão, ao qual mandou prender na presença deles". (Gn 42,24); há amor e misericórdia suficientes na vida desse Governador. E ao ver seus irmãos se prostrando diante dele, lembra-se imediatamente dos sonhos que tivera – Gn 42,6.9; 37,5-10.

2.    José dá-se a conhecer a seus irmãos – Gn 45,1-15.

"Então José, já não se podendo conter diante de todos os assistentes, exclamou: “Fazei sair todo o mundo.” Desse modo, ninguém ficou com ele, quando se deu a conhecer aos seus irmãos". (Gn 45,1).

Ele testou seus irmãos de todas as maneiras – Gn 42,9 – 44,34 – para ter certeza de que agora tinham um novo coração. E o choro compulsivo - "Pôs-se a chorar tão alto que os egípcios da casa do faraó o ouviram". (Gn 45,2) – revela que seu coração já não agüentava mais de tanta emoção!

"Mas agora não vos entristeçais, nem tenhais remorsos de me ter vendido para ser conduzido aqui. É para vos conservar a vida que Deus me enviou adiante de vós". (Gn 45,5). "Não sois vós, pois, que me haveis mandado para aqui, mas Deus mesmo. Ele tornou-me como o pai do faraó, chefe de toda a sua casa e governador de todo o Egito". (Gn 45,8).

3.    José encontra seu pai e abençoa toda a família – Gn 46,28-47,12.

"José mandou preparar o seu carro e montou para ir ao encontro de seu pai em Gessém. E, logo que o viu, jogou-se ao seu pescoço e chorou longo tempo em seus braços". (Gn 46,29)..


"José disse aos seus irmãos: “Vou avisar o faraó, dizendo: Meus irmãos e a família de meu pai que estavam em Canaã, vieram para junto de mim;" (Gn 46,31).

42,1-38: Os sonhos de José se concretizam: seus irmãos se prostram diante dele (cf. 37,5-11). José os trata com severidade para verificar o arrependimento deles, e os submete a uma série de provas. O que ele quer saber é se os irmãos se modificaram, e se são capazes de agir com verdadeira fraternidade. Simeão foi escolhido por ser o segundo filho, pois José fica sabendo que Rúben, o mais velho, não era culpado. Como José, Benjamim era filho de Raquel, a esposa amada de Jacó: será que os irmãos odeiam Benjamim como odiavam a José? – Bíblia Pastoral

43,1-34: O teste de fraternidade a que José submete os irmãos começa a surtir efeito: Judá se responsabiliza por Benjamim. A boa acolhida de José causa espanto nos irmãos e prepara o ponto máximo do encontro. – Bíblia Pastoral.

44,1-34: Cf. nota em 42,1-38. Judá, que tinha sugerido vender José como escravo (Gn 37,26-27) e fizera o pai sofrer, agora está disposto a se tornar escravo para que seu irmão Benjamim, preferido do pai, possa voltar para casa. Dessa forma, Judá redime a falta que cometera no passado contra a fraternidade. – Bíblia Pastoral.

45,1-28: Até agora o tratamento entre José e os irmãos era de um senhor para com os servos. Ao ver que os irmãos se transformaram, José se declara: «Eu sou José, irmão de vocês». E o clima se torna fraterno. As palavras de José (vv. 3-8) mostram o ponto de vista da fé sobre os acontecimentos: Deus age através dos homens e das situações para realizar seu projeto de vida. Muitas vezes não compreendemos os acontecimentos e situações porque não somos capazes de descobrir o que Deus quer com eles. Caminhamos no escuro e precisamos acreditar que Deus vai realizando o seu projeto através da nossa própria incompreensão. Só no fim compreenderemos que Deus estava junto conosco durante todo o tempo, encaminhando nossa história para a liberdade e a vida. – Bíblia Pastoral

III.           BENEFICIANDO NOVAMENTE A FARAÓ – Gn 47,13-26.

A capacidade administrativa de José e todas as sas boas intenções fizeram com que pudesse ajudar o próprio faraó. A sua “política econômica” tinha com base o evitar que pessoas morressem de fome; e permitir que Faraó continuasse sendo proprietário das terras do Egito.

Deus quer que seus filhos sejam generosos, e José mostrou isso durante toda a sua vida. Nunca quis armazenar gananciosamente para si mesmo e sua família. Por isso, teve um final de vida abençoado.

47,13-26: A narrativa da política agrária de José foi escrita na corte de Salomão, e tinha dupla finalidade: educar os funcionários da corte e justificar a política do rei. Salomão adotou o sistema político-econômico do Egito, instituindo os trabalhos forçados e o imposto em dinheiro e gêneros. O autor procura justificar o sistema adotado por Salomão, mostrando que o sistema foi criado por um hebreu. – Bíblia Pastoral.

IV.          OS EFEITOS DA BENEVOLENCIA DE JOSÉ – Gn 47,27-50,26.

1.    Os últimos dias de Jacó.

Þ     "E, aproximando-se do seu termo os dias de Israel, chamou o seu filho José e disse-lhe: “Se achei graça diante de teus olhos, mete, rogo-te, tua mão debaixo de minha coxa e promete-me, com toda a bondade e fidelidade, que não me enterrarás no Egito". (Gn 47,29).
Þ     Jacó abençoou os filhos de José – Efraim e Manassés – Gn 48,11-20.
Þ     Jacó proferiu bênçãos  proféticas sobre seus filhos, e evidentemente, José não poderia ficar de fora – Gn 49,22-26.

2.    O sepultamento de Jacó.

"Gastaram nisso quarenta dias, que é o tempo necessário ao embalsamamento. Os egípcios choraram-no durante setenta dias". (Gn 50,3). "Chegando à eira de Atad, além do Jordão, fizeram uma grande e solene lamentação, e José celebrou, em honra de seu pai, um pranto de sete dias". (Gn 50,10).

3.    José demonstra mais amor para com seus irmãos.

"Não temais, pois: eu vos sustentarei a vós e os vossos filhos”. Estas palavras, que lhes foram direto ao coração, reconfortaram-nos". (Gn 50,21).

47,27-48,22: O texto é uma combinação de tradições para explicar várias coisas, projetando-as no passado para apresentá-las como disposições de Jacó: por que Manassés e Efraim, filhos de José, se tornaram antepassados de duas tribos? Por que essas tribos prosperaram? Por que a tribo de Efraim superou a tribo de Manassés? – Bíblia Pastoral

49,1-33: Estas previsões atribuídas a Jacó refletem evidentemente um período posterior, quando o povo de Israel já estava organizado em tribos dentro da terra de Canaã. Portanto, espelham uma situação depois do êxodo. De um lado, mostram as dificuldades que as tribos tiveram de enfrentar, quando instaladas em Canaã. Por exemplo: Issacar teve de lutar dentro do sistema de trabalhos forçados das cidades-estado cananéias. Dã precisou enfrentar exércitos montados. Gad deparou com uma estratégia guerrilheira. Efraim e Manassés (José) lutaram contra exércitos de elite que usavam arcos. De outro lado, o texto mostra a sorte de cada tribo, buscando explicações passadas, nem sempre muito claras: Rúben e Simeão desapareceram como tribo; Levi não possui nenhum território para si; Judá, aos poucos, foi ganhando importância, até que se tornou, com Davi, a tribo principal na época do reino unido; Zabulon foi trabalhar na marinha. Outras informações do texto são obscuras. – Bíblia pastoral.

50,1-26: O último capítulo retoma o ambiente familiar que predominou na história de José, mas sem o mesmo tom dramático. Depois de narrar o funeral de Jacó, retoma o tema teológico que conduziu toda a história de José (cf. nota em 45,1-28): Deus age dentro dos acontecimentos, e só aqueles que enxergam isso poderão transformar a relação escravo-patrão em relações de fraternidade. Dentro desse discernimento e clima, Deus formará um povo numeroso (v. 20) que, escravizado, será por fim libertado para organizar uma sociedade onde haja liberdade e vida. – Bíblia Pastoral.

CONCLUSÃO OS ÚLTIMOS DIAS DE JOSÉ – Gn 50,22-26

A vida de José foi tão plena de recompensas que até seu pedido em relação a seus ossos foi atendido – "E José fez que os filhos de Israel jurassem: “Quando Deus vos visitar, disse ele, levareis daqui os meus ossos". (Gn 50,25). E é justamente este o destaque que o autor aos Hebreus faz da história de José - "Foi pela fé que José, quando estava para morrer, fez menção da partida dos filhos de Israel e dispôs a respeito dos seus despojos". (Hb 11,22).

José tinha fé que um dia seus descendentes partiriam do Egito para a terra prometida. Com o passar do tempo os seus ossos foram levados do Egito, quando os israelitas deixaram aquela terra sob a direção de Moisés - "Moisés levou consigo os ossos de José, porque este fizera os filhos de Israel jurarem: “Quando Deus vos visitar, levareis daqui os meus ossos convosco”". (Ex 13,19).


E foi enterrado em Siquém, depois do estabelecimento em Canaã - "Sepultaram também em Siquém os ossos de José que os israelitas tinham trazido do Egito; depuseram-nos na porção da terra que Jacó havia comprado aos filhos de Hemor, pai de Siquém, por cem peças de prata, e que se tornou propriedade dos filhos de José". (Js 24,32); "Comprou por cem moedas de prata aos filhos de Hemor, pai de Siquém, o pedaço de terra onde havia levantado sua tenda". (Gn 33,19).


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