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domingo, 16 de dezembro de 2012

PAIS NA BÍBLIA - Jó – Um sacerdote no lar



A vida de Jó é um exemplo não somente em sua fidelidade para com Deus, mas também em sua maneira de viver a fé no ambiente familiar.  

O que deixaremos para nossos filhos


O escritor do livro de Jó, que alguns acreditam ter sido Moises, não se preocupou, em primeiro lugar, em descrever suas riquezas materiais, mais acima de tudo, sua integridade moral e seu relacionamento com Deus. Diz o texto: “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó. Era homem íntegro e reto, que temia a Deus e se desviava do mal”. – Jó 1,1. Jó era um homem rico – “Possuía ele sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas, tendo também muitíssima gente ao seu serviço; de modo que este homem era o maior de todos os do Oriente”. – Jó 1,3. Se os seus filhos não morressem tão prematuramente – “Teus filhos e tuas filhas estavam comendo e bebendo vinho em casa do irmão mais velho; e eis que sobrevindo um grande vento de além do deserto, deu nos quatro cantos da casa, e ela caiu sobre os mancebos, de sorte que morreram; e só eu escapei para trazer-te a nova”. – Jó 1,18-19, deixaria uma grande herança, mas o melhor bem que deixaria, sem duvida, seria um legado.

Muitos pais se preocupam em deixar para os filhos heranças, bens materiais, mas o que eles precisam acima de tudo ‘e de um legado, um exemplo de vida. O legado que o papai Jó estava deixando era de uma vida de honestidade, justiça, temor a Deus e um desejo constante de se desviar das coisas m’as. Os bens materiais podem sumir em meio a uma crise econômica, mas o legado, o exemplo de vida que passamos para as gerações futuras, jamais sucumbira.  O papai Jó estava deixando para os seus filhos um legado de honestidade. Sua riqueza, com certeza não fora constituída por meio de falcatruas, corrupção e injustiça para com os mais pobres – “(pese-me Deus em balanças fiéis, e conheça a minha integridade)”; - Jó 31,6. Estava transmitindo aos seus filhos um legado espiritual, de temos a Deus. Ele cultivava no seu coração um desejo constante de reconhecer a soberania de Deus em todos os momentos de sua vida – “Então Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a sua cabeça e, lançando-se em terra, adorou; e disse: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor”.  – Jó 1,20-21. Um outro tipo de legado era de uma vida santa, sem pecado. Podemos constatar esta marca mais adiante, quando em uma das suas declarações ele afirma que jamais olhou com cobiça para outras mulheres – “Fiz pacto com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem? Se o meu coração se deixou seduzir por causa duma mulher, ou se eu tenho armado traição à porta do meu próximo, então moa minha mulher para outro, e outros se encurvem sobre ela”. – Jó 31,1;9-10.


Gordon Macdonald, em seu livro Segredo do Coração de um Homem”, conta que certa vez, no Japão, observou um homem bem idoso cuidando carinhosamente de mudas de arvores. Aquele idoso não veria aquelas arvores crescida e frondosa. O seu anfitrião então comentou: “Ele sabe que não ira ver as arvores plenamente desenvolvidas. Ele não as esta plantando para si mesmo, mas para os seus netos”.

Uma herança, muitas vezes, não passa de duas ou três gerações. Mas um legado de vida, isto com certeza ‘e transmitido de geração a geração.


Um pai sacerdote em seu lar.

Jó teve 20 filhos. Os dez primeiros foram mortos, vitimas de um furacão – “Nasceram-lhe sete filhos e três filhas. Teus filhos e tuas filhas estavam comendo e bebendo vinho em casa do irmão mais velho; e eis que sobrevindo um grande vento de além do deserto, deu nos quatro cantos da casa, e ela caiu sobre os mancebos, de sorte que morreram; e só eu escapei para trazer-te a nova”. – Jó 1.2,18-19, como parte de sua aprovação. Os outros dez, já tendo sido aprovado “Também teve sete filhos e três filhas”. – Jó 42,13. A Bíblia mostra um retrato de como viviam os dez primeiros filhos de Jó. Pelo que podemos extrair dos textos sagrados, seus filhos já tinham vida independente, pois cada um vivia em sua própria casa. Eram alegres, pois gostavam de festas. E também unidos – “Iam seus filhos à casa uns dos outros e faziam banquetes cada um por sua vez; e mandavam convidar as suas três irmãs para comerem e beberem com eles”. – Jó 1,4. O texto não indica que os filhos de Jó faziam festas profanas, com bebedeiras e imoralidades. Indica uma vida feliz, jovial e plena.  A Bíblia não faz nenhuma menção de coisas erradas praticadas pelos filhos de Jó. Simplesmente eram alegres e unidos. Eles cultivam uma coisa muito importante para a saúde da família: as tradições familiares.

As festas eram tradicionais na família de Jó – “E sucedia que, tendo decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó e os santificava; e, levantando-se de madrugada, oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; pois dizia Jó: Talvez meus filhos tenham pecado, e blasfemado de Deus no seu coração. Assim o fazia Jó continuamente”. – Jó 1,5. Vemos neste versículo o cuidado de Jó para com a vida espiritual de seus filhos. Ele os chamava uma responsabilidade espiritual diante de Deus. Possivelmente ele conversa com seus filhos sobre o que acontecia naquelas festas. Mostrava-lhes que podiam se divertir, e que isto não representava um pecado, mais jamais usar o prazer e a alegria para se afastarem de Deus e agirem em desacordo com os seus ensinos – “Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e anime-te o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas Deus te trará a juízo”. – Ecl 11,9. Pais piedosos devem ensinar seus filhos a temer a Deus e a observar seus princípios. No seu coração estava presente também o sentimento de responsabilidade diante de Deus pelos filhos. Diz o texto bíblico “levantando-se de madrugada, oferecia holocaustos segundo o número de todos eles”.

Que exemplo de responsabilidade paterna pela saúde espiritual de seus filhos! Jó em cada sacrifício orava por um dos filhos. Diz a Bíblia que esta era a pratica constante de Jó. Apresentava-os, nome por nome, ao trono da graça de Deus. O papai Jó era um verdadeiro sacerdote no seu lar. Deus deseja que cada homem, que cada pai, seja um sacerdote no seu lar. Os pais não devem transferir esta responsabilidade para outros, como por exemplo, para a Igreja. A Igreja nos ajudam na formação espiritual dos nossos filhos, mas a responsabilidade primeira ‘e dos pais.

Um pai órfão.

Quando um filho perde o pai e chamado de “órfão”. E quando os pais perdem seus filhos? Seriam “pais-órfãos”? Se decidirmos chamar assim, Jó foi um “pai-orfao”. Um dos livros mais tocantes que retrata a dor da perda de um filho foi escrito por Nicholas Wolterstorff, cujo titulo ‘e “Lamento por um filho”. Ele perdeu seu filho que aos 25 anos morreu num acidente de alpinismo na Áustria. Assim, escreveu num dos capítulos: est’a errado, profundamente errado, um filho morrer antes dos pais. ‘E bastante duro sepultar nossos pais, ma isso n’os esperamos. Eles pertencem ao nosso passado. Nossos filhos, ao nosso futuro. Nos não enxergamos nosso futuro sem eles. Como eu posso sepultar meu filho, meu futuro? Ele estava destinado a me sepultar!”.

Jó experimentou esta dor. Se ‘e difícil perder um filho, imagine perder, de uma só vez, todos os dez filhos! Que dor Jó sentiu! Que angustia experimentou ao receber a triste noticia de que todos os seus filhos tinham morrido de uma só vez! Mas ali estava um pai temente e fiel a Deus. Um pai, um homem sabedor da eterna sabedoria de Deus sobre sua vida e de sua família! Num ato de adoração, prostrado em terra exclamou: - “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor”. – Jó 1,21. Com estas palavras, Jó nos ensina que os filhos não são nossos, são de Deus! Ele nos da para sermos mordomos – “Eis que os filhos são herança da parte do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão”. – Sl 127,3. ‘E verdade que há dor, sofrimento, lagrimas, mas ‘e verdade também que nos momentos mais difíceis da vida em família temos um Deus para nos consolar e estender o seu braço e nos escolher.

O ultimo capitulo.

Depois de todas as tribulações, Deus abençoou Jó, restituindo-lhe não somente a saúde, os bens materiais, mas sua família. Eram outros filhos, ‘e claro. Insubstituíveis, também ‘e verdade. Deus sabia que nada poderia completar sua alegria, enquanto não lhe desse filhos. Deus então encheu novamente a casa de Jó com filhos e filhas. Suas três filhas eram as mais lindas daquelas bandas! – “Também teve sete filhos e três filhas. E chamou o nome da primeira Jemima, e o nome da segunda Quezia, e o nome da terceira Quéren-Hapuque. E em toda a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Jó; e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos”. – Jó 42,13-15. Deus o presenteou não somente com filhos e filhas, mas de netos e bisnetos e trinetos – “Depois disto viveu Jó cento e quarenta anos, e viu seus filhos, e os filhos de seus filhos: até a quarta geração” – Jó 42,16.

No final de sua vida, eu imagino os seus netinhos sentado debaixo de uma palmeira ouvindo o vovô Jó contar a quanto vale a pena ser fiel a Deus.

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