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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

DOUTRINA DA IGREJA - LIÇÃO 14 – A MISSAO DA IGREJA





“Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.” (Jô 13,15).

             I.      INTRODUÇÃO.

Todos nós somos discípulos e compomos a Igreja do Senhor Jesus Cristo. A missão foi-nos confiada por Ele – “Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas.” (Mt 1016); “Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós.” (Jô 17,18;20,21), até Sua vinda nos ares. A esse encargo chamamos Missão da Igreja. Nós somos à Igreja, e não podemos deixar de cumprir nossa missão. Se não a cumprimos, as pedras clamarão em nosso lugar – “Ele respondeu: Digo-vos: se estes se calarem, clamarão as pedras!” (Lc 19,40), porque os planos de Deus não podem ser frustrados – “Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.” (Jó 42,2), e Ele não ficará sem testemunha de Si mesmo – “Homens, clamavam eles, por que fazeis isso? Também nós somos homens, da mesma condição que vós, e pregamos justamente para que vos convertais das coisas vãs ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles há. Ele permitiu nos tempos passados que todas as nações seguissem os seus caminhos. Contudo, nunca deixou de dar testemunho de si mesmo, por seus benefícios: dando-vos do céu as chuvas e os tempos férteis, concedendo abundante alimento e enchendo os vossos corações de alegria.” (At 14,15-17).

A lição de hoje trata de quatro ações através das quais à Igreja tem condições de cumprir a missão, seguindo o exemplo de Jesus.

          II.      EVANGELIZAR  O MUNDO.

Evangelizar significa pregar boas-novas de salvação. Foi o que anjo fez quando anunciou o nascimento de Jesus – “Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor.” (Lc 2,10-11), o Cristo que viria a ser salvador.

1.      O Salvador é a boa nova e pregou a boa nova – (Is 61,1ª; Lc 2,10-11; Lc 4,16-19)

Conforme a mensagem do anjo aos pastores, Jesus é a boa-nova. Jesus, já adulto, “percorria toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.” (Mt 4,23).

2.      A igreja tem a boa-nova e deve pregá-la.

Foi uma ordem que Jesus deu à Sua igreja, aos Seus discípulos – “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.” (Mc 16,15). Paulo entendeu bem esta questão quando a expressou da seguinte forma: “Com efeito, não me envergonho do Evangelho, pois ele é uma força vinda de Deus para a salvação de todo o que crê, ao judeu em primeiro lugar e depois ao grego.” (Rm 1,16) e “Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!” (1Cor 9,16).

Em Mateus 5,13-16, Jesus declara aos seus discípulos: “Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus”.

       III.      CLORIFICAR O PAI CELESTIAL.

Glorificar significa honrar, homenagear. A natureza proclama a gloria do Seu Criador – “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.” (Sl 19,1); toda a terra está cheia de glória do Senhor – “Suas vozes se revezavam e diziam: Santo, santo, santo é o Senhor Deus do universo! A terra inteira proclama a sua glória!” (Is 6,3), todos fomos criados para a gloria de Deus – “todos aqueles que trazem meu nome, e que criei para minha glória.” (Is 43,7); “O poder divino deu-nos tudo o que contribui para a vida e a piedade, fazendo-nos conhecer aquele que nos chamou por sua glória e sua virtude.” (2Pd 1,3).

1.      O Filho unigênito glorificou o Pai celestial.

  1. Consumando a obra que o Pai lhe confiou – “Presentemente, a minha alma está perturbada. Mas que direi?... Pai, salva-me desta hora... Mas é exatamente para isso que vim a esta hora. Pai, glorifica o teu nome! Nisto veio do céu uma voz: Já o glorifiquei e tornarei a glorificá-lo. Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado nele. Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer.” (Jô 12,27-28; 13,31; 17,4).

  1. Manifestando o nome do Pai aos homens – “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus e deste-mos e guardaram a tua palavra. Pois asseguro que Cristo exerceu seu ministério entre os incircuncisos para manifestar a veracidade de Deus pela realização das promessas feitas aos patriarcas. Quanto aos pagãos, eles só glorificam a Deus em razão de sua misericórdia, como está escrito: Por isso, eu vos louvarei entre as nações e cantarei louvores ao vosso nome (II Sm 22,50; Sl 18,49).” (Jô 17,6; Rm 15,8-9).

  1. Respondendo as orações de Seus discípulos – “E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.” (Jô 14,3).

2.      Os filhos adotados devem glorificar o Pai celestial – (Rm 8,15-17; Gl 4,4-5; Ef 1,5-6).

  1. Frutificando para Deus – “Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.” (Jo 15,8).

  1. Testemunhando aos incrédulos – “Pelo que, ó Senhor, te louvarei entre as nações, e entoarei louvores ao teu nome.”(Sl 18,49); “Caríssimos, rogo-vos que, como estrangeiros e peregrinos, vos abstenhais dos desejos da carne, que combatem contra a alma. Comportai-vos nobremente entre os pagãos. Assim, naquilo em que vos caluniam como malfeitores, chegarão, considerando vossas boas obras, a glorificar a Deus no dia em que ele os visitar.” (1Pd 2,11-12).

  1. Seguindo o exemplo de Jesus – “Cristo não se agradou a si mesmo; pelo contrário, como está escrito: Os insultos dos que vos ultrajam caíram sobre mim (Sl 69,9). Ora, tudo quanto outrora foi escrito, foi escrito para a nossa instrução, a fim de que, pela perseverança e pela consolação que dão as Escrituras, tenhamos esperança. O Deus da perseverança e da consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Jesus Cristo, para que, com um só coração e uma só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Rm 15,3-6).

  1. Vivendo uma vida santa e pura – “Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo.” (1Cor 6,18-20); “Se, porém, padecer como cristão, não se envergonhe; pelo contrário, glorifique a Deus por ter este nome.” (1Pd 4,16).

  1. Vivendo e morrendo para Deus – “Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: Segue-me!” (Jo 21,19).

Está registrado em Efésios 3,21 – “A ele seja dada glória na Igreja, e em Cristo Jesus, por todas as gerações de eternidade. Amém.”. Isto quer dizer que tudo que é feito na igreja deve estar de acordo com a vontade revelada de Deus e ter a finalidade de glorificá-lo. Lembramos que o mesmo principio se aplica também à vida pessoal dos que confessam o Nome do Senhor  Jesus Cristo.

        IV.      SUJEITAR-SE ÀS AUTORIDADES

Autoridade não é a mesma coisa que autoritarismo. A pessoa que é investida de autoridade é aquela a quem foi conferido poder para ordenar e tomar decisões, e o faz com justiça, considerando seus liderados. O autoritário é aquele que impõe suas idéias, agindo com arbitrariedade. A Bíblia diz que as autoridades são instituídas por Deus – “Cada qual seja submisso às autoridades constituídas, porque não há autoridade que não venha de Deus; as que existem foram instituídas por Deus.” (Rm13,1), mas cada um prestará contas das atribuições que lhe foram conferidas.

1.      O Senhor dos senhores se submeteu à autoridade.

  1. Do Pai Celestial – (Lc 22,42; Jo 4,34; 5,30; 6,38; Fl 2,5-8).

  1. De seus pais terrenos – “Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso.” (Lc 2,51).

  1. Das autoridades governamentais – (Mt 17,24-27; Mc 12,13-17; Jo 19,11).


2.      Os servos do Senhor devem ser submissos às autoridades – (Rm 13,1-7).

  1. As autoridades procedem de Deus e foram por Ele instituídas – “Cada qual seja submisso às autoridades constituídas, porque não há autoridade que não venha de Deus; as que existem foram instituídas por Deus.” (v 1);
  2. Quem se opõe à autoridade pode sofrer a punição do Estado – “Assim, aquele que resiste à autoridade, opõe-se à ordem estabelecida por Deus; e os que a ela se opõem, atraem sobre si a condenação.” (v 2);
  3. O ministro de Deus age para o bem daquele que faz o bem – “Em verdade, as autoridades inspiram temor, não porém a quem pratica o bem, e sim a quem faz o mal! Queres não ter o que temer a autoridade? Faze o bem e terás o seu louvor. Porque ela é instrumento de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, porque não é sem razão que leva a espada: é ministro de Deus, para fazer justiça e para exercer a ira contra aquele que pratica o mal.” (v 3-4).
  4. A sujeição à autoridade é um dever de consciência – “Portanto, é necessário submeter-se, não somente por temor do castigo, mas também por dever de consciência.” ( v 5).
  5. Como instituídos por Deus, devemos pagar-lhes o que lhes for devido – “É também por essa razão que pagais os impostos, pois os magistrados são ministros de Deus, quando exercem pontualmente esse ofício. Pagai a cada um o que lhe compete: o imposto, a quem deveis o imposto; o tributo, a quem deveis o tributo; o temor e o respeito, a quem deveis o temor e o respeito. (vs 6-7).

Diante dos lideres governamentais de nossos dias não é simples entendermos esse texto bíblico (Rm 13,1-7), mas precisamos crer que a revelação divina é para a Igreja em todas as épocas – “Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra.” (2Tm 3,16-17); “Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra. Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal. Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus.” (2Pd 1,19-21). “Deus estabeleceu e sustenta o principio do governo mesmo que certos governos não cumpram Seus desejos” (Bíblia Anotada). “Teologicamente, a doutrina e esta, que Igreja e Estado são fatores no reino de Deus, tendo cada qual sua função particular” (Novo Comentário da Bíblia). Isto quer dizer que os governos tem seu lugar nos propósitos de Deus e nenhum deles exerce controle alem do que Deus permite – “A árvore que viste crescer e tornar-se bela, cujo cimo tocava o céu e era avistada dos confins da terra. Tudo isso aconteceu ao rei Nabucodonosor. Diante dele nenhum habitante da terra tem importância; age como quer tanto em se tratando do exército celestial quanto em relação aos habitantes terrenos. Ninguém pode bater-lhe na mão e perguntar-lhe: Que fazeis aí?” (Dn 4,17.25.32). Portanto, a atitude saudável para a Igreja e para o crente é respeitá-los de acordo com os princípios bíblicos – “Respondeu Paulo: Não sabia, irmãos, que é o sumo sacerdote. Pois está escrito: Não falarás mal do príncipe do teu povo (Ex 22,28).” (At 23,5).

Devemos lembrar que a palavra final em termos de autoridade é Deus. Em circunstancias onde a palavra das autoridades humanas contrarie a vontade de Deus (At 4,8.18-20; 5,29; ver Dn 3).

           V.      SER UMA COMUNIDADE TERAPEUTICA

Alguém já disse que “a igreja não é um museu de santos, mas um hospital de doentes (pecadores)”. Como comunidade, a igreja deve viver o que é comum entre seus membros, levando-os a se identificarem uns com os outros. E como comunidade terapêutica deve usar de meios adequados para aliviar e curar os doentes que por ela procuraram.

1.       O Médico dos médicos curou os doentes – “Pela tarde, apresentaram-lhe muitos possessos de demônios. Com uma palavra expulsou ele os espíritos e curou todos os enfermos.  Assim se cumpriu a predição do profeta Isaías: Tomou as nossas enfermidades e sobrecarregou-se dos nossos males (Is 53,4).” (Mt 8,16-17).

Em Lc 4,16-21 Jesus lê e atribui a Si mesmo o cumprimento da profecia de Is 61,1-3, onde está escrito que Ele, Jesus, ungido pelo Espírito Santo de Deus, traria cura para as enfermidades:

·        Espirituais: “evangelizar os povos e proclamar libertação aos cativos”;
·        Físicas: ”restauração da vista aos cegos”;
·        Emocionais: “por em liberdade os oprimidos”.

Não há espaço para relatar tudo o que Jesus fez – “Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.” (Jô 21,25). Algumas coisas estão relatadas nos Evangelhos – “Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, curando todas as doenças e enfermidades entre o povo. Sua fama espalhou-se por toda a Síria: traziam-lhe os doentes e os enfermos, os possessos, os lunáticos, os paralíticos. E ele curava a todos. Grandes multidões acompanharam-no da Galiléia, da Decápole, de Jerusalém, da Judéia e dos países do outro lado do Jordão.”(Mt 4,23-25; ver Mt 8.16-17). Jesus não fez acepção de pessoas, nem tratou alguém com diferença, e nunca despediu quem O buscava sem antes resolver a questão.

2.       A igreja deve oferecer cura aos que necessitam.

Max Lucado, em seu livro “Derrubando Golias”, faz algumas referencias interessantes à igreja. Diz ele: “Adolescentes e grávidas, os de meia-idade e os arruinados, os velhos e os doentes... para onde os desesperados podem ir? Eles podem ir ao santuário de Deus, à igreja de Deus”. Citando Eugene Peterson, ele diz: “Um santuário é um lugar onde eu, como Davi, consigo pão e uma espada, força para o dia e armas para a batalha”. (Ambos referem-se a 1Sm 21,1-9).

        VI.      CONCLUSÃO

Jesus glorificou a Deus consumando a obra que Deus Lhe confiara – “Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer”. (Jo 17,4). A confiança de Deus está depositada agora em nós, a Sua igreja, para continuarmos ao que Jesus iniciou.

Que o Senhor nos ajude, como membros de uma igreja local, parte do Corpo de Cristo, a valorizar o presente que recebemos de Deus e nos capacite a cumprir a missão que nos foi deixada!

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