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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

DOUTRINA DA IGREJA - LIÇÃO 10 – O GOVERNO DA IGREJA



“E sujeitou a seus pés todas as coisas, e o constituiu chefe supremo da Igreja, que é o seu corpo, o receptáculo daquele que enche todas as coisas sob todos os aspectos.” (Ef 1,22-23).

                                                                                                                                                                 I.      INTRODUÇAO

Podemos olhar para a comunidade dos remidos, a Igreja que se encontra peregrinando na terra, de duas formas:

  1. O primeiro olhar pode defini-la como um organismo. Como um grande corpo vivo onde cada cristão que foi lavado e remido pelo sangue de Jesus é membro. E à semelhança do nosso corpo, cada membro da igreja local está interligado e interdependente um do outro (assim também com relação aos cristãos de todo o mundo). Isso produz a prazerosa sensação de que onde houver uma igreja e dela eu me aproximar, estou entrando em contato com membros do mesmo corpo de que faço parte. Essa maneira de ver a igreja que compõe o corpo de Cristo só é possível com os olhos espirituais que o Espírito Santo nos concede. Ele ainda ajuda a decifrar os segredos do evangelho.

  1. Um segundo olhar lançado sobre a igreja pode facilmente perceber que ela é também uma organização. A conexão da igreja com os céus a transforma em organismo. O fato de a igreja estar na terra a transforma em organização.

Hoje ela é tanto uma coisa como a outra. No céu não seremos mais organização, seremos apenas  organismo. A parte burocrática e funcional deixará de existir. Sumirá da vida da Igreja tudo que diz respeito a estudo, regimento, pagamento de contas, orçamentos, reuniões, planejamento, etc.

Todos esses itens são importantes na presente era. Não obstante perderão seu valor e não farão mais sentidos quando estivermos no céu,

                                                                                                                        II.      O GOVERNO DIVINO DA IGREJA.

Só pela revelação divina é que podemos perceber e entender que o governo último da igreja vem do Alto. Todavia, uma vez regenerados, fazendo parte de uma comunidade e desfrutando da sua comunhão, podemos constatar esse fenômeno.

  1. Cristo é o Cabeça da Igreja – (Ef 1,22-23; 5,23).

Quando se fala de Cristo como o Cabeça da Igreja, se pensa principalmente na aspecto do Seu senhorio. Nesse sentido, ressalta-se a soberania do Cristo que governa a Igreja. Jesus é o Senhor absoluto. O senhorio de Jesus está sobre todas as coisas – “E sujeitou a seus pés todas as coisas, e o constituiu chefe supremo da Igreja,” (v 22). Vejam que esse verso fala que Jesus é cabeça sobre todas as coisas, não apenas da Igreja. Deus o tornou SENHOR de tudo. O seu senhorio é universal. Sendo assim, anjos e demônios, principados e potestades, poderes do céu, da terra ou do inferno, todos estão subordinados à pessoa bendita de Jesus Cristo. Ninguém pode deter a marcha da Igreja. A Igreja marcha vitoriosamente porque temos como cabeça o SENHOR do céu e da terra.

Animo! Você faz parte de um exercito mais que vencedor. Olhe para a Igreja e saiba que quem ousar tocar nela estará tocando no corpo de Cristo e é dEle que virá a contra-ofensiva!



  1. Cristo amou a Igreja – (Ef 5,25-27).

O governo de Cristo sobre a Igreja não tem como base o poder ou a demonstração de força, muito menos a imposição própria dos ditadores. Na base do seu governo está o amor. Diferente de tudo o que podermos ver neste mundo, Jesus governa a Igreja sem que isso Lhe renda qualquer acréscimo. A relação de Jesus com a Igreja está fundamentada no amor. Isso significa dizer que nesta relação Jesus apenas oferece e nada recebe em troca. Por, pelo menos, duas razoes isso acontece.

  1. Porque a Igreja não tem atributos qualificados para recompensar a Jesus por tudo o que Ele fez por ela.
  2. Porque o que Cristo fez, por amor o fez. A palavra que Paulo usou para descrever o relacionamento de Jesus com a Igreja foi uma tipicamente cristã – agapao – que nas palavras de Francês Foulkes  significa “amor que não guarda qualquer resquício de egoísmo, que não procura a satisfação própria, nem mesmo afeição, mas que luta pelo mais alto bem da pessoa amada”. Quem faz algo por amor recebe a recompensa no próprio ato de fazer.

  1. Cristo comprou pelo seu sangue a Igreja – (At 20-28).

Eis uma verdade que precisamos assimilar e entender até as suas ultimas conseqüências. A Igreja foi comprada. Ela pertence a Cristo por direito de propriedade. O preço pago foi o próprio sangue de Jesus. Pedro faz coro com Paulo ao afirmar que “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1Pd 2,9). Não pertencemos a nós mesmos. A Igreja não se pertence. Por ser propriedade alheia precisa seguir as ordens do seu dono.

                                                                                                                 III.      O GOVERNO HUMANO DA IGREJA.

“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16,18-19).

Deus escolheu, vocacionou e capacitou homens e mulheres para conduzirem a igreja, definindo-a tanto como organismo como organização. É uma contradição marchamos em direção à gloria celestial enquanto na terra não honramos nossos compromissos. A igreja não deve ser conhecida como aquela que proclama o céu, mas envergonha a terra. A Bíblia deixa claro que Deus escolheu alguns para estarem à frente da igreja. Como organismo o governo é divino; como organização o governo é humano. Mas é muito bom relembrar que mesmo no governo humano é Deus quem dá as diretrizes.

Jesus deu toda autoridade a Pedro pra tomar decisões em seu nome “dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”. Pedro foi o primeiro líder da Igreja de Jesus Cristo.

A Igreja Católica Apostólica Romana considera Pedro como o primeiro Papa da Igreja de Jesus Cristo.

  1. Pastores e Mestres (Ef 4,11).

A expressão – “outros para pastores e mestres” – é citada em conjunto, havendo assim a possibilidade de que os dois nomes - pastores e mestres – se refiram ao mesmo ministério. Há quem afirme que se trata de ministérios diferentes. Calvino é um destes.

As duas principais características do ministério pastoral podem ser enumeradas como: prover alimento espiritual para o rebanho e proteger o rebanho de perigos espirituais. A principal característica do mestre, como próprio nome dá a entender, é ensinar. O dia-a-dia da igreja parece revelar que nem todo pastor é mestre e nem todo mestre é pastor. O que realmente importa é que Deus institui ambos para edificar a igreja local. E que ambos os ministérios não podem ser negligenciados sob pena de sérios prejuízos para o corpo de Cristo.

  1. Presbíteros e Diáconos (1Tm 3,1-13).

Evidente, desde que esse texto foi composto pelo apóstolo Paulo muita “água passou debaixo da ponte”! Hoje, há vários modelos de governo de igreja. O que um destes termos significa para uma igreja local pode não ser necessariamente o que significa para outra. Isto é secundário. O que tem real valor é que Deus escolhe pessoas para desempenhar funções diferentes e complementares no corpo de Cristo. É de fundamental importância entender que quem é chamado para ser presbítero exercerá uma função diferente daquele que é chamado para ser diácono e que uma função não é melhor, nem superior à outra. Alguém pode achar, erroneamente, que o ministério de diácono é um estágio para chegar ao ministério de presbítero.

No tempo neotestamentário, os presbíteros, também chamados de bispos, eram dirigentes da igreja cristã. Eles se dedicavam ao ensino da doutrina e à pregação do evangelho. Os diáconos eram pessoas que ajudavam nos trabalhos de administração da igreja e cuidavam dos pobres, das viúvas e dos necessitados em geral. Ambos trabalhavam na Igreja do Senhor. O dom dos presbíteros os habilita, principalmente, para trabalhar com o abstrato no corpo de Cristo, que é o ensino, a pregação do evangelho e funções correlacionadas a essas. O dom dos diáconos os habilita, principalmente, para trabalhar com o palpável, como por exemplo, o cuidado com os pobres, viúvas, órfãos, e necessitados em geral.

                                                                                                                                                             IV.      CONCLUSAO.

A igreja é governada por Deus. Jesus Cristo é o SENHOR dela. Isto não quer dizer que tudo o que acontece na igreja reflita a vontade e divina, mas que ninguém pode deter o avanço dela e sua existência não depende de homens. O governo humano da igreja foi instituído por Deus. Nem todos os pastores, presbíteros, diáconos e demais lideres fazem exatamente o que Deus quer, e muitos desses ouvirão da boca dEle o “apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”. Tal realidade mostra que há entre os que lideram aqueles que são fieis e os que não são; o “trigo e o joio”, que no momento adequado serão separados (Jo 13,1-20).

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