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domingo, 12 de agosto de 2012

DOUTRINA DO ESPIRITO SANTO - LIÇÃO 14 – OUTROS DONS DE SERVIÇO.




Você conhece a famosa expressão “20 por 80?” É aquela que afirma que 20% das pessoas fazem 80% do trabalho na igreja. Muitos dos que trabalham tão arduamente na igreja estão ou tem grandes possibilidades de ficar estressados enquanto os que nada fazem estão atrofiados. Em outras palavras, o Corpo de Cristo está doente. Mas o propósito de Deus é que haja saúde mediante uma distribuição igualitária das funções eclesiásticas – “Pois digo isto não para que haja alívio para outros e aperto para vós.” (2Cor 8,13). Embora neste texto Paulo esteja falando sobre contribuição financeira, o conceito aplica perfeitamente à questão dos dons, que é a receita bíblica para a plena restauração da Igreja.

Através deste capítulo, você pode ajudar a sua igreja local, tornando-se um membro saudável, útil, e, auxiliando outros a fazerem o mesmo.

I.            O DOM DE SABEDORIA – (1Cor 12,8a).

Champlin menciona que aqui é focalizada a habilidade de compreender e de transmitir as coisas mais profundas do Espírito de Deus – “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” (Rm 11,33). O próprio Deus dá sabedoria do alto, pura, cheia de misericórdia, imparcial, a qual se traduz em mansidão e condigno proceder através das obras humanas “Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada.” (Tg 1,5).

O dom de sabedoria se manifesta em três circunstancias especiais.

  1. Em situação de dificuldades – “...e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava.” (At. 6,10);
  2. Em questões de divisões na igreja – “Para vos envergonhar o digo. Será que não há entre vós sequer um sábio, que possa julgar entre seus irmãos?” (1Cor 6,5);
  3. Em atitude prática do dia a dia – “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom procedimento as suas obras em mansidão de sabedoria.” (Tg 3,13).

Apesar de nem todos os crentes terem este dom, Deus promete sabedoria abundante para cada um de Seus filhos que Lhe pedir – “Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada.” (Tg 1,5). Peçamos então e sejamos contados entre os sábios.

II.          O DOM DE CONHECIMENTO – (1Cor 12,8).

Segundo David Kornfield, “aquele que recebeu a palavra do conhecimento – “...a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência.” (1Cor 12,8b) é alguém que tem informações dadas por Deus para situações específicas que de outra forma não seriam conhecidas”. Este dom é conhecido num contexto de intimidade com Deus – “O conselho do Senhor é para aqueles que o temem, e ele lhes faz saber o seu pacto.” (Sl 25,14), que guarda todos os tesouros do conhecimento – “...no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” (Cl 2,3).

Este parece ser o principal dom dos mestres. Envolve a compreensão e a transmissão do conhecimento da Palavra de Deus, e pode ser desenvolvido sempre mediante a ajuda divina, seja pelo estudo ou diretamente por iluminação do Senhor – “...as quais também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com espirituais.” (1Cor 2,13).

Nossas igrejas precisam de mais pessoas com este dom para ajudar nas Pastorais.

III.        O DOM DA FÉ – (1Cor 12,9).

Embora a fé salvadora, aquela que nos torna juntos – “Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo,” (Rm 5,1), seja também um dom de Deus – “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus.” (Ef 2,8). “O dom da fé se refere a uma fé miraculosa que parece vir sobre alguns servos de Deus em tempos de crise e oportunidades especiais... (capacitando-os a) triunfar sobre tudo’” - Donald Gee.

Deve ser este tipo de fé que estava na mente de Jesus quando exorta Seus discípulos em Mc 11,22 – “Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus.” – e Mt 17,20 – “Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível.” -  bem como na vida dos heróis da fé citado em Hb 11,4-38, de Pedro e João em At 3,1-8, de Paulo em At 27,21-26 e em outras passagens bíblicas. A fé é necessária para o exercício de todos os dons espirituais. Se não tivermos fé, não nos será possível “agradar a Deus”“Ora, sem fé é impossível agradar a Deus.” (Hb11,6a).

IV.         O DOM DE DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS – (1Cor 12,10).

Segundo Kornfield, este dom capacita o crente a perceber e distinguir entre espíritos bons (anjos ou o Espírito Santo), espíritos maus (demônios) e espíritos humanos.
No 2.º Testamento, vemos as seguintes aplicações deste dom.

  1. Identificação de espírito demoníaco disfarçado – “Ora, aconteceu que quando íamos ao lugar de oração, nos veio ao encontro uma jovem que tinha um espírito adivinhador, e que, adivinhando, dava grande lucro a seus senhores. Ela, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: São servos do Deus Altíssimo estes homens que vos anunciam um caminho de salvação. E fazia isto por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo que saias dela. E na mesma hora saiu.”  (At 16,16-18);
  2. Identificação dos verdadeiros profetas – “Todavia na igreja eu antes quero falar cinco palavras com o meu entendimento, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua.” (1Cor 14,29).
  3. identificação de falsas doutrinas – “Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.” (1Jo 4,1).
  4. exemplos de Jesus – “...e não necessitava de que alguém lhe desse testemunho do homem, pois bem sabia o que havia no homem.”(Jo 2,25) e Pedro – “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do terreno?” (At 5,3).

Em qualquer igreja local, onde os crentes se exercitam na prática dos dons espirituais (e isso deve acontecer em todas), deve estar em funcionamento o dom de discernimento de espíritos, que visa conservar o altar de Deus livre de fogo estranho – “Ora, Nadabe, e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário e, pondo neles fogo e sobre ele deitando incenso, ofereceram fogo estranho perante o Senhor, o que ele não lhes ordenara.” (Lv 10,1).

V.           O DOM DE MINISTÉRIO – (Rm 12,7).

A definição do dom de ministério não está muito clara nas Escrituras, mas parece que significa ajudar os outros em tudo que é necessário, para que certas tarefas sejam feitas para Deus. Alguns estudiosos pensam que aqui está em foco o ofício específico dos diáconos. Porem, apesar de estar naturalmente incluído, as funções aludidas neste versículo parecem ser muito mais amplas que aquelas que cabem aos diáconos. Pois o dom de ministério se aplica tanto ao serviço espiritual (At 6,1-4). Pessoas com este dom apóiam, servem, auxiliam e estimulam os irmãos que atuam em outras áreas, dando-lhes todo o apoio necessário para que o ministério da Igreja seja excelente.

VI.         O DOM DE GOVERNO – (Rm 12,8; 1Cor 12,28).

Este dom envolve capacidade administrativa para presidir, decidir, gerenciar e executar projetos cristãos. De acordo com Champlin, é bem provável que os assuntos relacionados como os negócios da igreja, auxilio aos necessitados, além da conduta da adoração pública, caibam nos “governos”, pois as pessoas assim dotadas sabem o que fazer e como fazê-lo,  mantendo deste modo o funcionamento ordeiro da igreja local. Em primeiro lugar, trata-se de um dom, e somente em seguida é que envolve um “ofício”. Por essa razão é que existem Diáconos, Padres, Bispos, Arcebispos e o Papa. Fica claro que este dom é imprescindível para todos, bem como os membros e até os coordenadores das pastorais e ministérios, porem não como dominadores, mas modelos – “...nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho.” (1Pd 5,3).

VII.      O DOM DE EXORTAÇÃO – (Rm 12,8).

A palavra exortação aqui tem uma riqueza de significados que vai desde encorajar até confortar, conciliar e consolar. Este dom pode ser exercido de forma pública – “E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia, confirmando as almas dos discípulos, exortando-os a perseverarem na fé, dizendo que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus.” (At 14,21-22); à distancia, através de cartas – “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12,1-2); e nos bastidores, através do aconselhamento, “ou demonstrando amor aos solitários e trazendo novas forças a quem está desanimado, Barnabé, o filho da consolação, evidentemente tinha esse dom e decerto valeu-se dele para fazer amizade com Saulo de Tarso, conforme relato de At 4,36 – “Então José, cognominado pelos apóstolos Barnabé (que quer dizer, filho de consolação), levita, natural de Chipre.” – e At 9,26-27 – “Tendo Saulo chegado a Jerusalém, procurava juntar-se aos discípulos; mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo. Então Barnabé, tomando-o consigo, o levou aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira o Senhor e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus.” (John Stott)”.

Este é um dom, às vezes, mal compreendido, Palavras duras são ditas em nome desse dom; quando na verdade, exortar é tudo aquilo que o Espírito Santo faz conosco para nos conservar em santidade – “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador, para que fique convosco para sempre. Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito.” (Jo 14,16.26).

VIII.    O DOM DE CONTRIBUIÇÃO – (Rm 12,8).

Essa idéia permeia toda Bíblia, dede a pratica do dízimo –“E aqui certamente recebem dízimos homens que morrem; ali, porém, os recebe aquele de quem se testifica que vive.” (Hb 7,8), as ofertas especiais  para a construção do Tabernáculo (Ex 36,2-7) e do Templo (1Cor 29,10-17), na forma de doações liberais, como a da viúva pobre (Lc 21,1-4), dos cristãos primitivos (At 4,32-37), e das diversas igrejas (2Cor 8,1-5; Fp 4,14-18). Duas observações finais  devem ser feitas, para evitar fugas estratégicas de nossos compromissos para com Deus e o seu reino – “Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda.” (Pr 3,9); “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mt 6,33).
  1. Se você é um cristão que possui muitos recursos financeiros, Deus pode ter-lhe dado essa riquezas juntamente com o dom da contribuição. Você já considerou isso? Então comece com o dízimo!
  2. Se você é um cristão de poucos recursos financeiros, precisa se lembrar que isto não é isenta de uma vida de contribuição liberal. Administre tudo como um bom mordomo de Deus. E comece também com o dízimo.

IX.         O DOM DE SOCORROS – (Rm 12,8; 1Cor 12,28).

Esse dom refere-se àquela habilidade doada pelo Espírito Santo de Deus que capacita o crente a sentir a dor do outro como se fosse sua – “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, sem o saberem, hospedaram anjos.” (Hb 13,2), levando-o a providenciar de forma prática e jubilosa, o alivio e a solução do problema – “Pois não só vos compadecestes dos que estavam nas prisões, mas também com gozo aceitastes a espoliação dos vossos bens, sabendo que vós tendes uma possessão melhor e permanente.” (Hb 10,34).

É claro que nem todos os crentes terão a mesma “dose de misericórdia” daqueles que foram dotados especialmente com este dom. Mas a Bíblia está cheia de exortações no sentido de que em nossos relacionamentos sejamos cheios de misericórdia assim como é o nosso Deus. E Jesus nos afirmou que são “bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançaram misericórdia” (Mt 5,7).

CONCLUINDO.

Deu para perceber que do ponto de vista das provisões de Deus (através dos dons), a Igreja Cristã é completa – “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo.” (Ef 4,13). Porém, na prática, nós ainda identificamos muitas deficiências. E quando procuramos as respostas, percebemos que o problema é que muitos cristãos em particular, e a igreja em geral, descartam a doutrina bíblica dos dons, por considerarem perigosa ou desnecessária. Por isso, sugiro que aqueles que têm abandonado os princípios bíblicos que orientam os dons voltem-se para eles, e aqueles que trem desprezado os dons reexaminem a Palavra de Deus e voltem a praticá-los, pois o contrário seremos encontrados lutando contra Deus e Seus planos para a Igreja e para o mundo – “E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo.” (Ef 4,11-12). E quem tentar fazer isso já perdeu a guerra, porque nosso Deus é invencível – “Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.” (Jó 42,2).

Marco Antonio Lana

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