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terça-feira, 31 de julho de 2012

MARIA, MÃE DE DEUS.


Maria é mãe de Jesus;
Jesus é Deus;
Logo, Maria é mãe de Deus.

A partir do silogismo acima, tentarei esclarecer a polêmica envolvendo o título "Mãe de Deus", com que os católicos se dirigem a Maria, mas que alguns protestantes negam veementemente.

Tais protestantes aceitam como verdadeiras as proposições "Maria é mãe de Jesus" e “Jesus é Deus", mas negam a conclusão, ou seja, de que podemos chamar Maria de Mãe de Deus.

Necessário, porém, compreender o que a Igreja quer dizer quando fala em Maria como mãe de Deus. Jesus Cristo, segunda pessoa da santíssima Trindade, existe desde toda a eternidade. Ele procede do Pai por uma geração espiritual, na qual não intervém evidentemente nenhuma criatura humana. Portanto, Maria não é mãe do Filho de Deus quanto à sua origem divina, mas é mãe do "verbo encarnado", do Filho de Deus feito homem.

E porque não dizer simplesmente que Maria é mãe de Jesus? Porque Jesus é uma só pessoa. Em Cristo, Deus e o homem formam um único ser. Não se trata do espírito de Deus "habitando" um corpo humano ou um líquido dentro de uma embalagem qualquer. Enfim, Cristo não pode ser dividido. Portanto, Maria é mãe do todo, e não de uma "parte".

Mesmo se, no lugar de Cristo (único ser, com natureza divina e humana), considerássemos um simples ser humano, percebemos o que quer dizer a palavra maternidade. Assim, por exemplo, falamos que Agostinho é filho de Mônica. Não dizemos apenas que Mônica é "mãe parcialmente" de Agostinho, já que este teria um pai terreno, para o "resto do seu corpo" (?!), e um pai celestial, para a alma.
No caso de Jesus, isto se torna ainda mais evidente. Eis como o anjo responde a Maria, em Lc 1,34-35:

"Maria perguntou ao anjo: "Como acontecerá isso, pois não conheço homem?” Em resposta o anjo lhe disse: "O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra; é por isso que o menino santo que vai nascer será chamado Filho de Deus."
 
É a própria Santíssima Trindade (O Espírito Santo; o Altíssimo/Javé; o Filho de Deus/Jesus) que envolve Maria no sublime mistério da Encarnação.

Enfim, Maria, mãe de Jesus, o Filho de Deus, deve ser chamada Mãe de Deus, porque a maternidade se refere sempre à pessoa. A mãe de um homem não é só a mãe de seu corpo. Ela é mãe da pessoa toda. Assim também Maria é mãe de seu Filho, como pessoa divina e humana que Cristo é.

Aliás, a questão é muito mais de cristologia do que de mariologia, pois envolve diretamente a unidade de Cristo (Deus e homem em uma só pessoa, indivisível).

Cabe ainda lembrar que esta questão já foi tratada na era patrística, isto é, do Cristianismo primitivo. De fato, Nestório, bispo de Constantinopla, negava o título de "Theotokos" ("Mãe de Deus") a Maria. Só que Nestório sabia muito bem o que isto significava: a conseqüente negação da natureza de Cristo, homem e Deus. Os protestantes de hoje parecem ignorar esta realidade, ou então não perceberam o que significa distorcer o silogismo feito logo no início deste artigo.

Seja como for, a mesma história patrística mostra a forte reação dos cristãos contra Nestório, que resultou no Concílio de Éfeso, no ano de 431, reconhecendo a legitimidade do título de Mãe de Deus, dado a Maria, e condenando as idéias nestorianas.

Ou lembrando São Tomás de Aquino, para quem a negativa de uma verdade cristã implicava negar todo o conjunto do Cristianismo. Realmente, cada ponto do Cristianismo é tão intimamente ligado aos outros, que a exclusão de um pode fazer desmoronar todo o edifício. Não deixa de ser o retrato do protestantismo hoje, onde a negação de algumas verdades resultou em milhares de seitas, como um prédio destroçado.

Um exemplo disso é o fato de muitos protestantes não seguirem nem mesmo os reformadores, como se vê abaixo:

"Quem são todas as mulheres, servos, senhores, príncipes, reis, monarcas da Terra comparados com a Virgem Maria que, nascida de descendência real (descendente do rei Davi) é, além disso, Mãe de Deus, a mulher mais sublime da Terra? Ela é, na cristandade inteira, o mais nobre tesouro depois de Cristo, a quem nunca poderemos exaltar bastante (nunca poderemos exaltar o suficiente), a mais nobre imperatriz e rainha, exaltada e bendita acima de toda a nobreza, com sabedoria e santidade."  (Martinho Lutero no comentário do Magnificat, cf. escritora evangélica M. Basilea Schlink, revista "Jesus vive e é o Senhor").

"Ser Mãe de Deus é uma prerrogativa tão alta, coisa tão imensa, que supera todo e qualquer intelecto. Daí lhe advém toda a honra e a alegria e isso faz com que ela seja uma única pessoa em todo o mundo, superior a quantas existiam e que não tem igual na excelência de ter com o Pai Celeste um filhinho comum. Nestas palavras, portanto, está contida toda a honra de Maria. Ninguém poderia pregar em seu louvor coisas mais magníficas, mesmo que possuísse tantas línguas quantas são na terra as flores e folhas nos campos, nos céus as estrelas e no mar os grãos de areia."  (Martinho Lutero)

"Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus." (João Calvino, Comm. Sur l'Harm. Evang.,20)
Que Maria, Mãe de Deus e da Igreja, proteja todos os seus filhos.


Marco Antonio Lana (Teologo)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

DOUTRINA DO ESPIRITO SANTO - LIÇAO 12 – PRINCIPIOS E OBJETIVOS DOS DONS.


 

Gosto de pensar na igreja cristã  como “a grande casa de ferramentas de Deus”, na qual Ele repartiu a cada um de nós  crentes as ferramentas apropriadas para que juntos possamos construir a Sua obra neste mundo – “Tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo.” (Ef. 4,12).


É claro que você já percebeu que estou usando o termo ferramentas como sinônimo de dons espirituais. Neste ponto, quero definir alguns termos e fazer alguns esclarecimentos.

  1. Dons Espirituais – O 2.º Testamento usa a apalavra grega carisma para designar os diversos dons que Deus deu a seus filhos através do Espírito Santo – “Mas procurai com zelo os maiores dons. Ademais, eu vos mostrarei um caminho sobremodo excelente.” (1Cor 12,31). Na linguagem comum, a personalidade atraente, mas biblicamente significa dom de graça. Por isso, carisma na Bíblia teu um sentido diferente daquilo que o mundo imagina quando diz que alguém tem carisma.
  2. Talentos naturais – Como o próprio nome indica, talentos naturais são habilidades com as quais a pessoa já nasce ou que desenvolve a partir do seu potencial. O que não significa, é claro, que também não venham de Deus – “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” (Tg 1,17).
  3. Dons X talentos – Embora não seja possível fazer uma distinção precisa entre estes dois termos, apresento abaixo um quadro didático comparativo, baseado nos escritos de David Kornfield, que ajudará a compreender melhor.

TALENTOS NATURAIS

DONS ESPÍRITUAIS

  • Vêm de Deus, após o nascimento;
  • Tocam na emoção das pessoas;
  • Desenvolvem-se especialmente com muita disciplina.

  • Vêm de Deus, após o novo nascimento;
  • Ministram ao espírito das pessoas;
  • Desenvolvem-se especialmente pelo andar do Espírito.



Talentos naturais ou habilidades profissionais, consagrados a Deus, podem funcionar de forma parecida com os dons espirituais ou acompanhar os dons a eles relacionados, visto que ambos provém de Deus – “Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação.” (2Cor 5,18). O importante é usar tudo que temos para edificar outros e glorificar a Deus – “E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Cl 3,17); “Se alguém fala, fale como entregando oráculos de Deus; se alguém ministra, ministre segundo a força que Deus concede; para que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, ma quem pertencem a glória e o domínio para todo o sempre. Amém.” (1Pd 4,11).

Vejamos agora através dos textos bíblicos (Rm 12,3-10; 1Cor 12,1-14.40; Ef 4,7-16 e 1Pd 4,7-11), os princípios fundamentais que orientam a doutrina bíblica dos dons espirituais, que estão presentes em todas as referencias bíblicas já citadas.


I.                  A INTERDEPENDÊNCIA DOS MEMBROS DA IGREJA.

Em Rm 12,4-5 – “Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função, assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos outros.” – Paulo esboça uma analogia entre o corpo humano e a comunidade cristã. Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e estes membros não exercem todas a mesma função, “embora as diferentes funções sejam necessárias” para a saúde e enriquecimento de todo, “assim também em Cristo”, pela a nossa união comum com Ele, nós que somos muitos formamos um corpo. Como um só corpo, “cada membro faz parte de todos os outros” (John Stott). Isto é, nós dependemos uns dos outros, e essa mutualidade da fraternidade cristã é enriquecida pela diversidade dos nossos dons.

Em 1Cor 12,12 – “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo.” – percebemos o apóstolo Paulo utilizando a mesma figura (do corpo humano) usada na carta aos romanos para mostrar que todas essas funções (dons) visam fazer com que o corpo funcione harmoniosamente, e cada uma delas contribua para  o bem-estar do corpo como um todo.

Em Ef 4,16 – “do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.” – ainda usando a composição e funcionamento do corpo humano párea falar do Corpo de Cristo, o apóstolo Paulo mostra claramente a variedade que Deus quer que exista na Igreja, bem como a diversidade de seus mistérios, fazendo-as crescer de forma coesa pelo alcance evangelistico e pelo amadurecimento de seus membros.

Em 1Pd 4,10 – “servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” – o apóstolo Pedro utiliza a figura da casa, com o seu despenseiro (indivíduo encarregado do aprovisionamento e controlo da despensa), para exortar-nos a servir uns aos outros de conformidade com a graça (fonte de dons) recebida. Porque de acordo com o texto considerado, todos na “casa de Deus”  têm graça para dar, bem como precisam receber graça. E todos nós somos chamados a suprir essa necessidade mutuamente.

Neste ponto, vimos que os dons espirituais devem ser exercitados levando-se em conta a interdependência dos membros da igreja. Por isso, no contexto de sua igreja local em particular e no Corpo de Cristo como um todo, não se isole, mas coopere a aceite a cooperação como Deus ordena – “para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele.” (1Cor 12,25-26).

II.               O EXERCÍCIO DO AMOR FRATERNAL.

  1. Característica do amor fraternal.
Em Rm 12,9-10 – “O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.” – creio que propositadamente, depois de descrever nos dons espirituais, e no mesmo contexto, Paulo enfatiza o amor cristão, que segundo ele deve ser:

a)      mútuo – evidenciado duas vezes no versículo 10, através da expressão “uns aos outros”.
b)      Fraternal – um amor como aquele experimentado pelos irmãos naturais, que embora tenham pequenos desentendimentos, voltam a reconciliar-se – Sl 133.
c)       Sincero – literalmente, amor sem hipocrisia, que faz com que as relações na Igreja não sejam um teatro, mas verdadeiras – “Mas o fim desta admoestação é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência, e de uma fé não fingida.” (1Tm 1,5).

  1. Amor fraternal e amor divino.
Em 1Cor 14,1 – “Segui o amor; e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar.” – e 1Cor 13,1-10, outra vez Paulo, ao discorrer sobre os dons, mescla-os com o amor que vem de Deus. É bom lembrar que o conhecido capítulo do amor, famoso até fora dos círculos cristãos, foi escrito dentro do contexto dos dons espirituais, isto significa que cada cristão, ao exercitar seus dons, somente poderá fazê-lo de modo legitimo se tiver amor, pois se não tiver amor, nada será – 1Cor 13,2c – Em nossos atos religiosos não terão significado algum, pois serão “....como bronze que soa ou como címbalo que retine” – 1Cor 13,1c. enquanto exercitamos os nossos dons, devemos também demonstrar nosso amor aos pecadores incrédulos, para que ele sejam convencidos e conseqüentemente salvos – “Mas, se todos profetizarem, e algum incrédulo ou indouto entrar, por todos é convencido, por todos é julgado; os segredos do seu coração se tornam manifestos; e assim, prostrando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, declarando que Deus está verdadeiramente entre vós.” (1Cor 14,24-25).

  1. A prática do amor fraternal.
Em Ef 4,2.15.-16 – “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.” – o apóstolo Paulo mostra que a verdade a respeito dos dons espirituais, bem como toda a verdade cristã, deves ser praticada em amor. Porque é em amor que a Igreja cresce e se edifica – “do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.” (Ef 4,16); “e consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras,” (Hb 10,24). O Dr. John Stott, em seu comentário deste texto, afirma que: “A verdade se torna ríspida se não for equilibrada pelo amor; o amor torna-se frouxidão se não for fortalecida pela verdade. O Apóstolo nos exorta a mantermos os dois juntos, o que não deve ser difícil para crentes cheios do Espírito Santo, visto que Ele mesmo é o Espírito da verdade, e o seu primeiro fruto é o amor”.

Em 1Pd 4,8 – “Tendo antes de tudo ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados.” – ao introduzir o assunto dos dons espirituais, Pedro faz questão de colocar junto, ou melhor “...acima de tudo”, o amor, que é um ingrediente indispensável para sua prática, como já havia sido ensinado por Paulo aos Coríntios – 1Cor 13.

Além disso, Pedro neste texto:

a)      pressupõe que este amor já existe entre os cristãos – “...e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Rm 5,5);
b)      ordena que este amor seja intenso, perseverante – “Já que tendes purificado as vossas almas na obediência à verdade, que leva ao amor fraternal não fingido, de coração amai-vos ardentemente uns aos outros.” (1Pd 1,22) e não fugaz – “Que te farei, ó Efraim? que te farei, ó Judá? porque o vosso amor é como a nuvem da manhã, e como o orvalho que cedo passa.” (Os 6,4).
c)       Declara que este amor cobre multidão de pecados – “...sabei que aquele que fizer converter um pecador do erro do seu caminho salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.” (Tg 5,20); “....mas o amor cobre todas as transgressões.” (Pr 10,132b).

Ao finalizar este ponto, creio que Deus esteja dizendo a mim e a você, crente em Jesus, que jamais devemos nos atrever a exercitar nossos dons espirituais sem levar em conta o amor como ingrediente indispensável. Cada vez que a igreja desobedece a este mandamento do Senhor  - “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros.” (Jo 13,34), ela atropela o processo natural estabelecido por Deus e precisa de ser corrigida – “Segui o amor; e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar.” (1Cor 14,1).

III.           A EXPRESSAO DA SOBERANIA DE DEUS.

 O próprio tema deste capítulo – “Os dons do Espírito Santo” – já revela que os dons espirituais foram doados soberanamente por Deus e com finalidade por Ele determinada. Por isso, é correto afirmar que eles expressam a soberania de Deus, como veremos a seguir.

  1. Deus determina e distribui os dons.
Rm 12,3.6 – “Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém; mas que pense de si sobriamente, conforme a medida da fé que Deus, repartiu a cada um. De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé.” – Paulo ao escrever sobre os dons espirituais, começa fazendo menção de que ele mesmo era apóstolo por uma designação soberana de Deus “.... pela graça que foi me dada...” (Rm 12,3) e enfatiza essa verdade mais vezes nesta carta – “Mas em parte vos escrevo mais ousadamente, como para vos trazer outra vez isto à memória, por causa da graça que por Deus me foi dada,” (Rm 15,5) – e nas outras cartas de sua autoria, você pode conferir isto, já na introdução das mesmas.

O texto acima afirma que os dons espirituais devem ser praticados por cristãos que exercitam suas mentes “conforme a medida da fé que Deus, [repartiu a cada um].” (Rm 12,3). Isto parece indicar que Deus distribuiu dons e porção de fé suficiente para o seu exercício  “porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.” (Fl 2,13). Afinal temos todos “...diferentes dons segundo a graça que nos foi dada...” (Rm12,6)

  1. Deus coordena e estabelece as funções na Igreja. (1 Cor 12,11.18.24.28)
O apóstolo Paulo da claras indicações de que a distribuição dessas capacitações espirituais (os dons) são responsabilidade exclusiva de Deus,  como também os princípios que as governam.

a)      O mesmo Espírito distribui como lhe apraz, isto é, conforme sua vontade -  “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, distribuindo particularmente a cada um como quer.” v 11.
b)      Deus foi quem estabeleceu nosso lugar de serviço na Igreja como lhe aprouve, isto é, como Ele mesmo quis –  “Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis.” v 18.
c)       Todo arranjo existente no corpo de Cristo no que se refere ao posicionamento espiritual de seus membros, é perfeito, porque foi Deus quem coordenou as várias funções na igreja – “Ao passo que os decorosos não têm necessidade disso. Mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela. E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.” vv 24 e 28.

  1.  Deus Filho e quem edifica a Igreja. (Ef. 4,7-12).
Enquanto o apostolo Paulo  discorre aqui sobre os dons espirituais, continua destacando a soberania de Deus, quando afirma que a graça foi concedida a cada um de nós crentes, segundo a proporção do dom. foi Cristo que concedeu dons aos homens, pois Ele mesmo e não outro qualquer foi concedeu à Igreja todos os dons necessários à edificação de seus membros e desempenho do seu serviço.

  1. Deus apropria o dom de acordo com seus propósitos. (1Pd 4,10)
Encontramos nos ensinos de Pedro indicações claras de que os dons espirituais acontecem somente debaixo da soberania de Deus. Ele ordena que devemos servir uns aos outros de conformidade com o dom que recebemos e que devemos fazer isto como bons despenseiros de Deus isto significa que ele pressupõe que os nossos dons espirituais, bem como as chaves da  despensa de Deus nos foram concedidos pela sua vontade soberana. Com base no que foi dito aqui a respeito da soberania de Deus sobre os dons espirituais, fica claro que nenhum crente pode eleger este ou aquele dom para si e administrá-lo  a seu modo, pois tanto a concessão como o jeito de se exercitar o dom são prerrogativas de Deus, ainda que tenhamos o mandamento de procurar com zelo os melhores dons – “Mas procurai com zelo os maiores dons. Ademais, eu vos mostrarei um caminho sobremodo excelente.” (1Cor 12,31).

CONCLUINDO


Gostaria de concluir este capitulo lembrando a cada um de nós que enquanto exercitamos os dons espirituais devemos levar em conta estes três princípios – da independência dos membros, do amor fraternal e da soberania de Deus – bem como os propósitos para os quais eles nos foram doados a saber: o serviço a Deus visando sua gloria (“os segredos do seu coração se tornam manifestos; e assim, prostrando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, declarando que Deus está verdadeiramente entre vós. (1Cor 14,25)) e aos homens visando a edificação dos irmãos e a salvação de pecadores (Mas, se todos profetizarem, e algum incrédulo ou indouto entrar, por todos é convencido, por todos é julgado. (1Cor 14,24)).

Qualquer uso dos dons do Espírito Santo sem levar em conta os princípios e propósitos é contrário à natureza deles. Por isso somos exortados aqui a fazermos as coisas do jeito de Deus, e assim tudo quanto fizermos será bem sucedido –  “Pois será como a árvore plantada junto às correntes de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha não cai; e tudo quanto fizer prosperará.” (Sl 1,3).


MARCO ANTONIO LANA (TEOLOGO)

terça-feira, 24 de julho de 2012

DOUTRINA DO ESPIRITO SANTO - LIÇÃO 11 – O FRUTO DO ESPÍRITO.


Imagina que estamos numa tarde de verão  e que em nossa geladeira há uma melancia bem bonita e doce, prontinha para ser saboreada. Quem gosta  de melancia pode sentar-se à varanda bem fresquinha e passar um período bem agradável desfrutando dessa benção da natureza.

O crente que permite ao Espírito Santo exercer Seu poder de faze-lo frutífero pode ser comparado a esta fruta. Se observarmos o texto de Gl 5,22-23 – “Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei.” – veremos que a palavra fruto está no singular, dando-nos a entender que, como os vários pedaços nos quais podemos cortar a melancia compõe uma unidade, estas nove virtudes espirituais formam um único fruto.

Uma das principais características do Espírito Santo é repartir conosco a santidade de Deus, a fim de termos um caráter semelhante ao de Jesus. A parábola do semeador ensina que a boa terra produz bons frutos em quantidade. É o Espírito quem dá condições para que nosso coração seja produtivo.

Cabe ainda considerar que o propósito de Deus é o que o crente dê liberdade ao Seu Espírito para desenvolver cada uma das nove virtudes, lembre-se das palavras do Senhor – “Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15,5).

Ao conhecermos estas virtudes espirituais, ou relembrarmos delas, dependemos inteiramente do Senhor para desenvolve-las. Vamos ver então alguns dos seus aspectos.

I.                  AMOR.

Desde a queda do homem, sua tendência foi buscar os próprios interesses.

O amor visa o bem do outro, e em muitas circunstancias será preciso um preço para exercer este aspecto do fruto do Espírito, que pode ser a própria vida.

A Bíblia nos ensina que Deus é o amor, e Ele deseja que possamos desenvolver este sentimento divino.

Nada nos identifica mais como discípulos de Jesus do que o exercício do amor. Deus deseja que esta virtude se torne natural. O mundo pode sofrer mudanças quando os crentes amam. Acima de tudo, Deus deseja ser amado por nós.

II.               ALEGRIA.

Há pessoas que, após o término do trabalho, na sexta-feira, saem para uma noitada. Elas afirmam que estão tendo momento de alegria, mas logo chega o sábado, e com ele, a ressaca. Aquela aparente alegria foi logo passageiro. Esta é apenas uma das formas usadas pelas pessoas para se sentirem alegres.

Você já observou o quanto exercício da verdadeira alegria na vida do crente pode influenciar outros? Muitos têm alcançado pessoas para Cristo porque demonstraram genuíno gozo interior, que é resultado da liberdade da culpa dos pecados, da pureza de um novo coração e da esperança de que a criação será redimida do cativeiro da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus.

O Espírito Santo quer desenvolver em nós esta alegria que deve ser testemunhada através de nossas atitudes, mas que é o fruto de Sua graça em nosso interior
III.           PAZ.

Ao abrirmos os jornais, vemos diariamente fatos que expressam o quanto o medo, as duvidas, na angustias, as acusações fazem parte do cotidiano das pessoas.

Deus nos fortalece espiritualmente para que continuemos a viver no mundo sem que sejamos abalados. Ele nos capacita para que , em meio às tempestades, tenhamos uma palavra de esperança e tranqüilidade para oferecer, porque já encontramos Aquele que se manifesta também nas catástrofes. Em Cristo, o Espírito de Deus quer produzir esta preciosa virtude, pois Ele é a verdadeira paz.

IV.             LONGANIMIDADE.

Todos nós passamos períodos de tribulações, de lutas, de perdas, enfim, situações que não são agradáveis. Este aspecto do fruto do Espírito equipa os santos (os separados para Deus) para que saibam esperar, perder, sofrer com paciência, sem que estas circunstâncias nos perturbem. Deus nos dá condições de revelar a atitude de alguém que nos prejudica. A paciência é uma das características desta virtude.

V.                BENIGNIDADE.

Quem convive com pessoas tem diversas oportunidades para se relacionar com o mal humorado, grosseiro, ou ignorante.

Por meio do exercício da benignidade, o Espírito dá poder para que sejamos ternos e gentis. Liberta-nos do radicalismo, da sede de justiça legalista, e nos torna afetivos com aqueles que têm temperamento difícil.

VI.             BONDADE.

Quando o jovem rico encontrou-se com Jesus, o senhor afirmou que ninguém é bom senão um que é Deus.

A bondade está ligada ao caráter. Está intimamente associada à personalidade da pessoa. É por meio desta virtude que o amor entra em ação. Ela caminha com outras virtudes que fazem parte do fruto do Espírito. Assim com as asas de um mesmo pássaro.

VII.         FIDELIDADE.

Todos nós já tivemos a dúvida se podemos contar um segredo a alguém. Não termos certeza se esta pessoa vai nos atender direito ou se falará com outra sobre o assunto.

O Espírito Santo deseja também que sejamos inteiramente confiáveis. Quer nos capacitar para conservar uma confidencia, cumprir compromissos, estar junto de alguém na hora que todos os abandonam, como as mulheres que estiveram com Jesus no momento de sua morte.

Devemos lembrar que acima de qualquer pessoa, devemos ser inteiramente fieis a Deus. Se temos dificuldades nesta área, devemos orar para que Deus nos ajude.

VIII.      MANSIDÃO.

Existem pessoas que dizem que nasceram com gênio forte, e que isto não tem cura. Um bom exemplo para provar que isto não é verdade é Moisés, que por descontrole emocional matou um homem – “Olhou para um lado e para outro, e vendo que não havia ninguém ali, matou o egípcio e escondeu-o na areia.” (Ex 2,12). Mas pela graça de Deus foi transformado, e se tornou o homem mais manso de toda a terra – “Ora, Moisés era homem mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra.” (Nm 12,3). É bom lembrar que ele foi caluniado pelos próprios irmãos (Nm 12). Porem, apesar de sua oposição de autoridade, dada por Deus, Moisés não fez justiça com as próprias mãos.

Deus quer desenvolver em nós esta condição de humilde, e dar uma visão de quem realmente somo em Cristo Jesus, a fim de que sejamos mansos. Devemos lembrar do ensino do Senhor – “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.” (Mt 5,5).

IX.             DOMINIO PRÓPRIO.

O sábio nos disse que quem domina o próprio espírito é superior ao herói que toma uma cidade inteira – “Melhor é o longânimo do que o valente; e o que domina o seu espírito do que o que toma uma cidade.” (Pr 16,32). Como é tocante ver a pessoa que se arrepende por algo errado que falou, ou que falou fora de hora; o jovem que chora por envolvimento que deixou marcas em sua vida.
Mas é bom saber que Deus quer por meio do Seu Espírito, dar condições para sermos sóbrios e tomarmos decisões apoiadas com sua ajuda de sermos temperantes em nossas ações, a assim desenvolvermos mais esta virtude espiritual.

CONCLUINDO


O Senhor nos escolheu com a finalidade de, como árvores  frutíferas sadias,  produzirmos frutos  de qualidade, que façam diferença neste mundo. Vivendo de acordo com a vontade  de Deus, diz a Palavra, o que pedimos, em nome de Jesus, nos será dado. Recordemos do versículo Jo 15,16 – “Vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.”

sábado, 21 de julho de 2012

O ENIGMA DO DESAPARECIMENTO DA ARCA DO CONCERTO



Ex 25,10-16

“Também farão uma arca de madeira, de acácia; o seu comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura de um côvado e meio, e de um côvado e meio a sua altura. E cobri-la-ás de ouro puro, por dentro e por fora a cobrirás; e farás sobre ela uma moldura de ouro ao redor; e fundirás para ela quatro argolas de ouro, que porás nos quatro cantos dela; duas argolas de um lado e duas do outro. Também farás varais de madeira de acácia, que cobrirás de ouro. Meterá os varais nas argolas, aos lados da arca, para se levar por eles a arca. Os varais permanecerão nas argolas da arca; não serão tirados dela. E porá na arca o testemunho, que eu te darei.”

A Arca do concerto ou a Arca da Aliança simboliza a Aliança de Deus com o povo de Israel.

NOMES (sinônimos) Teológicos da Arca do Concerto (Ex 25,10-16).

  • Arca do testemunho – “E ali virei a ti, e de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do testemunho”, (Ex 25,22).
  • Arca da Aliança do Senhor – “Assim partiram do monte do Senhor caminho de três dias; e a arca do pacto (Aliança) do Senhor ia adiante deles, para lhes buscar lugar de descanso”. (Nm 10,33).
  • Arca do Senhor – “porque assim que as plantas dos pés dos sacerdotes que levam a arca do Senhor, o Senhor de toda a terra, pousarem nas águas do Jordão, estas serão cortadas, isto é, as águas que vêm de cima, e, amontoadas, pararão”. (Josué 3,13).
  • Arca Sagrada – “E disse aos levitas que ensinavam a todo o Israel e que estavam consagrados ao Senhor: Ponde a arca sagrada na casa que Salomão, filho de Davi, rei de Israel, edificou; não tereis mais esta carga sobre os vossos ombros. Agora servi ao Senhor vosso Deus e ao seu povo Israel”. (2º. Cr 35,3).

Seu objetivo era caracterizar simbolicamente a presença de Deus no meio do povo por Ele escolhido para promover o resgate d humanidade, através do plano da salvação, projetado antes da fundação do mundo – “o qual, na verdade, foi conhecido ainda antes da fundação do mundo, mas manifesto no fim dos tempos por amor de vós,” (1º. Pd 1,20); “E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” (Ap 13,8); “Pai, desejo que onde eu estou, estejam comigo também aqueles que me tens dado, para verem a minha glória, a qual me deste; pois que me amaste antes da fundação do mundo.” (Jo 17,24).

Na Tipologia Bíblica temos que TIPO é uma relação representativa pré-ordenada que certas pessoas, eventos, objetos e instituições tem com pessoas, eventos e instituições correspondentes que ocorrem numa época posterior na historia da Salvação.

Símbolo Bíblico – algum objeto material representando verdades espirituais.

A Arca do Concerto simbolizava a Presença de Deus no antítipo que prefigurava o Salvador – Jesus.

O antítipo é o cumprimento da prefiguração.

DETALHES SIGNIFICATIVOS:

  • A Arca no podia ser tocada por mãos humanas, para isso as varas deveriam ser mantidas nas argolas e transportadas pelos ombros dos levitas;
  • As argolas simbolizavam o apoio. Sem o apoio das argolas não se podia levar a Arca do Concerto.
  • As argolas simbolizavam o apoio que se precisamos para levar a presença de Deus ao pecador;
  • Hoje o apoio está caracterizado principalmente pela forma de jejum e oração, participação efetiva e contribuição sistemática, alem de outros, na obra da salvação;
  • As varas simbolizavam o meio de transporte pelos ombros dos levitas;
  • As varas sobre os ombros simbolizam que os cristãos precisam carregar e levar pessoalmente o poder de Deus e a salvação ao pecador; teologicamente a Arca do Concerto simboliza profeticamente a Salvação – Jesus;
  • Literalmente, era de madeira de acácia revestida de ouro puro por dentro e por fora para não sofrer a ação do tempo; as argolas eram de ouro e as varas também eram de madeira revestidas de ouro;
  • A Arca do Concerto poderia ter sido construída toda de ouro maciço;
  • Teologicamente a madeira e o ouro da Arca do Concerto simbolizavam a presença enigmática e profética de Jesus numa condição perene, quando encarnado, através de madeira de acácia (madeira nobre) e na condição de  Divina Majestade através do ouro puro;
  • O ouro puro simboliza o Divino Esplendor de Deus;
  • A Arca do Concerto representava a profética humanidade e Divindade de Jesus, isto é, a condição a 100% humana e 100% Divina de Jesus (profética);
  • A Arca do Concerto simbolizava a Onipotência de Jesus, no meio do povo de Israel, nos fenômenos das águas que jorravam das pedras, das codornizes, do maná, das roupas que não envelheceram, da passagem pelo rio Jordão, destruição das muralhas de Jericó, etc. Contextualizando  com a transformação da água em vinho, da multiplicação dos Paes e peixes, do domínio sobre o vento, mar e potestades do mau, cura das enfermidades,  transfiguração, etc...
  • A Arca do Concerto em perfeita harmonia com os ditames de Deus ea motivo de vitórias e bênçãos;
  • A presença de Jesus na vida do Cristão em perfeita harmonia com suas Palavras e Ordenanças, são motivos de vitórias e bênçãos – “Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será feito.” (Jo 15,7);
  • A Arca ficava estacionada dentro da tenda da congregação, porem o povo deveria manter sal atenção nela, como devemos manter em Jesus, pois representava a Ordem de Deus para o deslocamento do povo;
  • A arca em movimento significava ordem de partida;
  • O Discípulo deve manter o seu olhar fixo na Palavra de Deus; a Palavra de Deus em movimento caracteriza o cristão em movimento par ao Reino Celestial;

OS PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS ENVOLVENDO A ARCA DO CONCERTO

  • Conduzidas pelos sacerdotes deixou claro o seu poder quando do fenômeno da passagem do povo de Israel pelo leito seco do rio Jordão (Js 4,1-24). Enquanto ficou estacionada no meio do leito represado, misteriosamente, pré-figura o acontecimento em que os discípulos exclamam: “Quem, porventura, é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc 4,14). Não foram os pés dos sacerdotes que ao pisarem as águas do rio Jordão fizeram que elas ficassem represadas, e si, a presença poderosa da Arca do Concerto, pré-figurando a presença de Jesus, que enquanto ficou estacionada no meio do leito do rio ocasionou o milagre;
  • Da mesma forma, é a presença de Jesus na vida do Cristo que produz a afirmação em Is 52,7 – “Quão formosos sobre os montes são os pés do que anuncia as boas-novas, que proclama a paz, que anuncia coisas boas, que proclama a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!”;
  • A Arca do Concerto foi tomada pelos Filisteus em batalha, em face do pecado de Hofni e Fineias, filho de Eli, sacerdote e Juiz do povo de Israel (1º. Sm 4,1-22);
  • A Arca do Concerto é colocada no Templo de Dagom, santuário dos Filisteus, tendo sido transformado em pedaços pela presença da Arca naquele lugar (1º. Sm 5,1-5);
  • A Arca do Concerto é transferida da cidade em cidade dos filisteus e produzindo castigo severo e morte por onde permanecia (1º. Sm 5,6-12);
  • A Arca do concerto é enviada para fora da terra dos Filisteus com ofertas de arrependimento em ouro pela culpa, com o objetivo de se livrar dos castigos (1º. Sm 6,1-9);
  • A Arca conduzida em carro puxado por duas vacas e sem ninguém para guiá-las saiu misteriosamente da terra dos Filisteus até a terra dos Israelitas, em Bete-Sermes (1º. Sm 6,10-12);
  • A Arca é recebida por levitas que oferecem sacrifícios ao Senhor (1º. Sm 6,13-18);
  • A Arca produz a morte de 70 (setenta) homens que curiosamente olharam para dentro da Arca do Senhor (1º. Sm 6,19-21);

O ENIGMA DOS SETENTA

Na obra de Deus o curioso está fadado à morte.

  • A arca fica sob os cuidados de Abinadade em Quiriate-Jearim, por 20 (vinte) anos, após uma purificação do povo, por orientação do profeta Samuel (1º. Sm 7,1-4);
  • A Arca é retirada da casa de Abinadade, após 20 (vinte) anos, e é colocada em um carro de boi para ser transportada para Jerusalém, por iniciativa de Davi (2º. Sm 6,1-3);
  • A Arca provoca a morte de Uzá que colocou a mão nela para que não sofresse danos ao tropeçarem os bois que puxavam o carro (2º. Sm 6-9); Deus permitiu a morte de Uzá numa demonstração de zelo, isto é. Não se pode dar um jeitinho ou proteger uma conduta errada na obra de Deus;
  • A Arca, por temor de Davi diante da morte de Uzá, não entrou em Jerusalém, mas fico na casa do Obede-Edom, por 3 (três) meses. Tendo abençoado aquela casa e família (2º. Sm 6,10-11);
  • A Arca, enfim, é transportada de forma correta através das varas enfiadas nas argolas e nos ombros de levitas, e assim entrou em Jerusalém, ao mesmo tempo em que se fazia sacrifícios de bois e carneiros cevados (2º. Sm 6,12-14);
  • A Arca é colocada numa tenda, na cidade de Davi, armada por ordem de Davi, ao mesmo tempo em que se faziam holocaustos e ofertas pacíficas (2º. Sm 6,15-19).
  • A arca é colocada no Santo dos Santos, no templo edificado por Salomão, após permanecer mais de 20 (vinte) anos na tenda da cidade de Davi (1º. Rs 8,1-11);
  • A Arca permaneceu no templo edificado por Salomão tendo a Gloria de Deus enchido todo templo, logo após os sacerdotes terem deixado o local, numa demonstração de que Deus havia aprovado e estava avisando da grande responsabilidade dos que misturariam na sua presença caracterizada pela Arca do Senhor (1º. Rs 8,11);
  • A Arca permaneceu no templo até que misteriosamente, não se faz menção dela a partir da queda de Jerusalém pelos exércitos de Nabucodonosor (2º. Rs 24,1-17);
  • A Arca do concerto não é mencionada em nenhuma das referencias sobre os utensílios de ouro, prata e bronze, pertencentes ao templo, e que foram levados para a Babilônia (2º. Rs 25,1-22);
  • A Arca, simplesmente, desapareceu dos registros bíblicos. Seu paradeiro após a destruição do templo tornou-se um mistério e um enigma (2º. Rs 24,13 e 25,8-22).

MARIA É A ARCA VIVA NO NOVO TESTAMENTO

  • Na Arca continha 03 (três) objetos: “... que tinha o incensário de ouro, e a arca do pacto, toda coberta de ouro em redor; na qual estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha brotado, e as tábuas do pacto”; (Hb 9,4). Estes objetos representam simbolicamente a Trindade Santa (PAI – FILHO – ESPIRITO SANTO).
  • Maria ficou grávida do ES (Lc 1,26-35). Carregou dentro do teu ventre por 9 (nove) meses o filho de Deus.
  • Davi ao entrar na cidade ele: “saltava e dançava diante do Senhor” (2º. Sm 6,16).
  • Maria foi à casa de sua prima Izabel. “Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo”, (Lc 1,41).
  • A Arca ficou por 3 (três) meses na casa Obed-Edom de Get (2º. Sm 6,11);
  • Maria ficou na casa da sua prima Izabel por três meses (Lc 1,56).
  • A arca não podia ser tocada (2º. Sm 6,6-7)
  • Conforme Is 7,14 – “Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel”;
  • Maria é esta virgem intocável na qual Deus achou graça e o ES a engravidou conforme Lc 1,30 - 35

Comparando as passagens do Antigo e o Novo Testamento não há duvidas de que Maria foi a Arca do Concerto no Novo Testamento.

A ARCA DO CONCERTO E A PRESENÇA SIMBÓLICA DE JESUS.

  • O histórico da Arca mostra que simbolicamente representa a presença de Deus, e, n figura de Jesus – O ONIPOTENTE (Mt 28,18);
  • A Arca não podia ser tocada, e sim, conduzida pelas varas sobre os ombros  dos levitas;
  • Após ter sido consagrado por Deus, todos os que por algum motivo a tocaram indevidamente, com exceção dos sacerdotes que um vez por ano (na páscoa) o faziam, foram mortos;
  • Somente o Sumo Sacerdote, uma vez por ano, perfeitamente purificado, conforme ritual em Lv 16,34, poderia entrar no Santo dos Santos, onde a Arca ficava, para interceder pelo povo, porem devidamente amarrado por uma corda para ser puxado para fora caso fosse fulminado em decorrência de falta grave (pecado); o artifício da corda, por precaução, não esta na Bíblia, mas sim nas Tradições;
  • A morte de Uzá (2º. Sm 6,7) e de 70 homens (1º. Sm 6,19) não deixam duvidas sobre o revestimento Santo – Unção – da Arca bem como o que aconteceu com os Filisteus que se apossaram dela e a levaram para o tempo de Dagom feito em pedaços, pela presença da Arca (1º. Sm 5,1-4);
  • A Arca era uma benção para Israel como foi demonstrada no episodio das muralhas de Jericó, da passagem pelo rio Jordão, das vitórias sobre os inimigos, etc...
  • O desaparecimento da Arca só tem uma explicação pela ação da providencia divina;
  • A destruição de Jerusalém e do templo, por Nabucodonosor foi por Juízo de Deus, em face do pecado de Israel;
  • Nabucodonosor foi um instrumento de Juízo usado por Deus (Jr 25,9);
  • Deus permitiu o sofrimento do povo, em geral, como castigo pelos pecados da desobediência e idolatria;
  • Deus usou Nabucodonosor para infligir severo castigo a toda a nação dos Judeus e 70 anos de cativeiro aos que foram levados para a Babilônia (Jr 25,1-14);
  • Nabucodonosor não estava naquela oportunidade sob o Juízo de Deus e por isso Deus não permitiu que a Arca fosse tomada e conseqüentemente infligisse uma devastadora destruição e morte no exercito dos Caldeus;

PENSE NISSO:

  • Modismos estão sendo introduzidos na condução da obra do Senhor. Caracterizados por incrementos que estão  dando certo em prejuízo do absolutamente certo, contrários ao que preceitua Teologia Bíblica, simbólica e figurativa, bem como, todo o conjunto de regras e praticas;
  • Certamente os exemplos bíblicos de prevaricação não deixam  duvidas quanto à jurisprudência que deve ser motivo de preocupação;
  • Os lideres e sacerdotes, bem como, o povo em geral, confiavam que o templo onde estava a Arca era a maior proteção para Israel;
  • Todos confiavam que jamais Deus iria permitir a destruição do templo e da Arca (Jr 7,1-15);
  • Nabucodonosor destruiu a cidade de Jerusalém e o templo e levou todos os utensílios sagrados para a Babilônia, porem a Arca não é mencionada e nem se em mais noticias dela;
  • Fica claro que a Arca do concerto não se encontrava no Santo dos Santos quando foi violado pelos invasores, que teriam sido fulminados, o que não aconteceu, mostrando que a presença de Deus havia deixado aquele lugar;
  • A Arca desaparece misteriosamente das Escrituras Sagradas e transforma´-se num dos mais enigmáticos acontecimentos bíblico;
  • Lendas, histórias, filmes, etc, tem sido motivo de especulação sobre o seu paradeiro;


CONCLUSAO

  • Não era objetivo de Deus exercer Juízo, naquela oportunidade, ao povo Caldeu e sim, ao povo Judeu;
  • Tivesse o exercito de Nabucodonosor violado a Arca as conseqüências seriam transcendentais;
  • Não tenho duvidas em afirmar que os sacerdotes do templo esperavam que os invasores, ao violarem o Santo dos Santos, onde estava a Arca, seriam mortos pelo poder de Deus como aconteceu com os exemplos anteriores ; (1º. Sm 5,1-4 e 6,19; 2º. Sm 6,7).
  • Fica claro que a Arca não podia ser removida de seu lugar, pois somente o Sumo Sacerdote podia entrar no Santo dos Santos e sob condições em Lv 6,1-34, logo, um único homem não poderia removê-la e os demais Sacerdotes não se atreveriam tocá-la, para removê-la  do Santo dos Santos, com o objetivo de escondê-la secretamente;
  • Quando Deus afirma que o homem foi feito a sua imagem e conforme a sua semelhança esta caracterizando que tudo que  envolve o homem em ciência, capacidade de realização, bem como o santuário que foi construído por estrita orientação de Deus (1ª. Cr 28,19) é imagem e semelhança do que existe no reino celestial, guardadas as devidas dimensões em lugar, espaço e tempo;
  • A Arca foi translada, por Deus, para o reino celestial, pelas razoes expostas nessas reflexões, e, está no templo de Deus, o qual podemos discernir teologicamente se entendermos a expressão em Gn 1,26 / imagem e semelhança, e , Ap 11,19 – “Abriu-se o santuário de Deus que está no céu, e no seu santuário foi vista a arca do seu pacto; e houve relâmpagos, vozes e trovões, e terremoto e grande saraivada.”;
  • A Arca foi transladada para o céu; quem tem experiência com Deus não tem dificuldade de entender este Mistério;
  • O ato de Deus transladar a Arca para o reino celestial deixou o templo sem  sua gloria e vulnerável ao inimigo, isto é, a mercê do exercito de Nabucodonosor;
  • Sem a Arca presente os Judeus ficaram vulneráveis ao ataque dos inimigos;
  • Teologicamente, o transladar corresponde ao transladar da Igreja – o Corpo de Cristo – no Ato do Arrebatamento;
  • Sem o Corpo de Cristo presente o mundo vi ficar vulnerável ao ataque do inimigo – o AntiCristo, isto é,  a mercê do mau – “Pois o mistério da iniqüidade já opera; somente há um que agora o detém até que seja posto fora;” (1º. Ts 2,7).

Marco Antonio Lana (Teologo)