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quarta-feira, 30 de maio de 2012

DOUTRINA DO ESPIRITO SANTO - LIÇAO 02 – OS SIMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO.


O Espírito Santo de Deus, o Senhor, o Doador da vida, que pairava sobra as águas na criação e falava na História através dos profetas, foi derramado sobre os discípulos de Cristo no dia do Pentecostes para cumprir o Seu novo papel como Paracleto.

Paracleto -  significa basicamente um advogado que aceita nossa causa, ou um aliado que luta ao nosso lado; alguém que fortalece e encoraja. Jesus, o Paracleto original, continua Seu ministério até hoje através da obra do Segundo Paracleto.

Como “Jesus Cristo ontem e hoje é o mesmo e o será para sempre”, assim o Espírito Santo. E desde o Pentecostes o Espírito continua fazendo o que Jesus prometeu fazer. Ainda bem! Se o Espírito estivesse cessado de fazer estas coisas, a Igreja teria acabado muito tempo atrás. A vida do crente em todos os seus aspectos – intelectual e ético, devocional e relacional, despertada para a adoração e comissionada para testemunho – é sobrenatural. Somente o espírito pode iniciar e sustenta-la. Graças a Deus, a Igreja continua a viver e crescer, porque o ministério do Espírito não tem falhado, e nunca vai falhar.

As escrituras usam vários símbolos para representar o Espírito Santo e nos ajudar a compreender melhor Sua Pessoa e Sua Obra:

  1. O vento
  2. A pomba
  3. O óleo
  4. O fogo
  5. Águas vivas
  6. O selo

I.            O VENTO OU A RESPIRAÇÃO.

  1. O uso do símbolo do vento.

Em muitas línguas, a palavra para espírito, respiração, e vento é a mesma. Na língua hebraica em que foi escrito o 1.º Testamento, há duas palavras para respiração – nephesh que significa respiração lenta; e ruah que significa respiração profunda, e que dá idéia de violência ou poder. Esta última é usada em Ex 10,19 - "O Senhor fez soprar do ocidente um vento fortíssimo que levou os gafanhotos e os precipitou no mar Vermelho, sem que ficasse um só em todo o território do Egito". Nota-se que a característica da palavra ruah é poder. E esta é a palavra usada no 1.º Testamento para o Espírito. O espírito do Senhor age com o poder de um vento forte – o homem não O pode resistir.

Ezequiel profetiza e diz - "Profetiza ao espírito, disse-me o Senhor, profetiza, filho do homem, e dirige-te ao espírito: eis o que diz o Senhor Javé: vem, espírito, dos quatro cantos do céu, sopra sobre esses mortos para que revivam". (Ez 37,9). Jesus, falando da obra regeneradora do Espírito, diz - "O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito". (Jo 3,8). Depois, quando Jesus enviou seus discípulos para a obra, soprou sobre eles e disse-lhes - "Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo". (Jo 20,22). Quando o espírito desceu no dia de pentecostes, foi acompanhado pelo “Som, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados.” (At,2.2).



  1. O significado do símbolo do vento.

a)       O Espírito é soberano, invisível e inescrutável – tal como o vento atua imprevisivelmente e invisivelmente, mas é percebido em seus efeitos, assim também o Espírito opera e controla a vida dos filhos de Deus - "pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus". (Rm 8,14) .
b)       O Espírito é uma força vivificadora – quando Ezequiel teve a visão dos ossos secos, ele assistiu o poder vivificador de Deus, que transformou os ossos secos em  seres vivos (Ez 37,8-10). Veja também Ap. 11,11.

II.          A POMBA.

  1. O uso do símbolo da pomba.

Quando Jesus estava sendo batizado por João Batista - "e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e veio do céu uma voz: Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição". (Lc 3,22). Desde então  a pomba se tornou o símbolo universal do Espírito.

Algumas pessoas acham que a pomba, solta três vez por Noé da arca, é também um símbolo do Espírito (Gn 8,8-12).

  1. O significado do símbolo da pomba.

a)       Representa amor, graça e pureza – Sl 68,13 – “Deitados entre redis, sois como as asas da pomba cobertas de prata, com as suas penas de ouro amarelo”. – refere-se ao brilho de suas asas, quando se levantam a voar, Ct 1,15 - "- Como és formosa, amiga minha! Como és bela! Teus olhos são como pombas". – aos seus belos olhos, Is 38,14 - "Como a andorinha, dou gritos agudos e gemo como a pomba. Meus olhos se cansam de olhar para o alto. Senhor, estou em agonia, socorrei-me". – a sua voz gemente e Ct 2,14 - "Minha pomba, oculta nas fendas do rochedo, e nos abrigos das rochas escarpadas, mostra-me o teu rosto, faze-me ouvir a tua voz. Tua voz é tão doce, e delicado teu rosto!" ; 5,12 – “Seus olhos são como pombas à beira dos regatos, banhando-se no leite, pousada nas praias.”; 6,9 – “Seus olhos são como pombas à beira dos regatos, banhando-se no leite, pousada nas praias.” – as suas disposições graciosas e gentis.
b)       Representa simplicidade – na literatura judaica, Israel é representado como pomba (devido a sua simplicidade) entre os gentios que aparecem como serpentes (devido à sua sagacidade em praticar o mal). Veja Os 7,11 e Mt 10,16.

III.        ÓLEO OU AZEITE.

  1. O uso do símbolo do óleo.

O 2.º Testamento se refere constantemente à unção do Espírito. Jesus atribuiu a Si mesmo a palavra de Isaias –  "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração," (Lc 4,18). O próprio termo Messias quer dizer ungido – "Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio, porque Deus estava com ele". (At 10,38).

No 1.º Testamento óleo foi usado para ungir sacerdotes, profetas e reis. Também o azeite puro foi usado para manter a luz acesa continuamente no templo, onde Deus era adorado e a pessoa e obra de Cristo simbolizadas – “Ordenarás aos israelitas que tragam para o candelabro, óleo puro de olivas esmagadas, a fim de manter acesa a lâmpada continuamente. Na tenda de reunião, diante do véu que oculta a arca da aliança, Aarão e seus filhos prepararão esse óleo para que ele se queime desde a tarde até pela manhã em presença do Senhor. Essa é uma lei perpétua para os israelitas e suas gerações vindouras.” – Ex 27,20-21.

  1. O significado do símbolo do óleo.

a)       O Espírito unge com poder para o serviço do Senhor – quando Samuel ungiu Davi, lemos que - "Samuel tomou o corno de óleo e ungiu-o no meio dos seus irmãos. E, a partir daquele momento, o Espírito do Senhor apoderou-se de Davi. Samuel, porém, retomou o caminho de Ramá". (1Sm 16,13). E ele foi capacitado para exercer sua função como rei. Assim o Espírito dá a preparação indispensável para a obra do Senhor. Foi isso que aconteceu com Jesus – "Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio, porque Deus estava com ele". (At 10,38).
b)       O Espírito ilumina e glorifica a Cristo – o óleo que as virgens colocaram nas suas lâmpadas representava o Espírito sem o Qual ninguém pertence a Cristo - "As prudentes, todavia, levaram de reserva vasos de óleo junto com as lâmpadas". (Mt 25,4) ; "Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele". (Rm 8,9). É o Espírito que ilumina o nosso coração.
c)        O Espírito é a fonte e renovação constante da luz do óleo divino – Zacarias tinha a visão do candelabro e o vazo de azeite e no fim vieram estas palavras do Senhor – “Não pelo poder, nem pela violência, mas sim pelo meu Espírito” – Zc 4,2-6.
d)       A unção do Espírito traz alegria - "Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade. Por isso, ó Deus, o teu Deus te ungiu com óleo de alegria, mais que aos teus companheiros (Sl 44,7s);" (Hb 1,9).

IV.         O FOGO.

  1. O uso do símbolo do fogo.

No dia de Pentecostes, línguas como de fogo pousaram sobre cada un dos discípulos, e todos ficaram cheios do Espírito – “Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” – At. 2,3-4. João Batista, falando de Jesus, disse - "ele tomou a palavra, dizendo a todos: Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo". (Lc 3,16).

  1. O significado do símbolo do fogo.

a)    O fogo do Espírito purificado – o Espírito convence do pecado e do juízo, e queima tudo dentro de nós que não está em conformidade com a vontade de Deus.
b)    O fogo do Espírito julga – em Lc 3,16-17 notamos que “a sua pá ele a tem na mão para limpar completamente a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; porém queimará palha em fogo inextinguível”. Veja também as palavras de Paulo – “A obra de cada um aparecerá. O dia (do julgamento) demonstrá-lo-á. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo.” 1Cor 3,13-15. Por isso “não apagueis o Espírito”.

V.           ÁGUAS VIVAS.

  1. O uso do símbolo das águas vivas.

Jesus usou este símbolo quando disse - "Quem crê em mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva (Zc 14,8; Is 58,11)". (Jo 7,38). E João acrescenta - "Dizia isso, referindo-se ao Espírito que haviam de receber os que cressem nele, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado". (Jo 7,39). Jesus fez a mesma referência  à mulher samaritana - "mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna". (Jo 4,14). Isaias também disse - "Porque derramarei água sobre o solo sequioso, fá-la-ei correr sobre a terra árida, derramarei meu espírito sobre tua posteridade, e minha bênção sobre teus rebentos". (Is 44,3).

  1. O significado do símbolo das águas vivas.

a)    O Espírito refresca e satisfaz o sedento – o Espírito produz vida onde antes havia terra seca. É o mesmo Espírito que produz uma vida frutífera e derrama bênçãos sem medida sobre nós.

VI.         O SELO.

  1. O uso do símbolo do selo.

Quando cremos, somos selados com o Santo Espírito para o dia da redenção - "Ele nos marcou com o seu selo e deu aos nossos corações o penhor do Espírito". (2Cor 1,22); "Nele também vós, depois de terdes ouvido a palavra da verdade, o Evangelho de vossa salvação no qual tendes crido, fostes selados com o Espírito Santo que fora prometido," (Ef 1,13); "Não contristeis o Espírito Santo de Deus, com o qual estais selados para o dia da Redenção". (Ef 4,30).

  1. O significado do símbolo do selo.

a)       O selo com o Espírito fala de propriedade – o gado, e até mesmo os escravos, são marcados com um selo pelos seus donos, a fim de indicar a quem pertenciam. Deus colocou o Seu Espírito dentro do seu povo a fim de marca-lo como Sua propriedade exclusiva.
b)       O selo com o Espírito fala de segurança –  a Bíblia tem várias ilustrações deste uso. Quando o rei Dario selou a entrada da cova dos leões. Daniel não tinha condições de sair - "Trouxeram uma pedra, que foi rolada sobre a abertura da cova; o rei lacrou-a com seu sinete e com o dos grandes, a fim de que nada fosse modificado em relação a Daniel". (Dn 6,18). No tempo em que Ester era rainha, o rei usou seu anel para selar suas cartas e documentos. Uma vez feito isso, ninguém podia alterar o conteúdo. Pilatos fez a mesma coisa quando ordenou os soldados a guardar “o  sepulcro como vos vem parecer”. E eles selaram a pedra do túmulo.

Þ    Que coisa maravilhosa! Quando somos selados com o Espírito, somos separados para Deus e recebemos uma marca que nos identifica como a propriedade exclusiva de Deus e por isso somos seguros em Cristo. Aleluia!


Marco Antonio Lana (Teologo)

domingo, 27 de maio de 2012

O CHIP DA BESTA






"E fez que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, lhes fosse posto um sinal na mão direita, ou na fronte, para que ninguém pudesse comprar ou vender, senão aquele que tivesse o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis." - Ap 13,16-18


quinta-feira, 24 de maio de 2012

ASAS DE DEUS



Depois de um incêndio florestal no Parque Nacional de Yellowstone, guardas florestais começaram a sua caminhada até uma montanha para avaliar os danos do inferno, quando um patrulheiro encontrou um pássaro literalmente petrificado em cinzas, empoleirado no chão na base de uma árvore. Um pouco enojado com a visão misteriosa, ele derrubou o pássaro com uma vara. Ao bater nela delicadamente, três filhotes minúsculos correram sob as asas de sua mãe morta. A mãe amorosa, em plena consciência do desastre iminente, tinha levado seus filhos para a base da árvore e reuniu-os debaixo das asas, instintivamente sabendo que a fumaça tóxica subiria. Ela poderia ter voado para a segurança, mas se recusou a abandonar seus bebês. Em seguida, o incêndio chegou e o calor tinha queimado seu corpo pequeno, a mãe havia permanecido firme ... porque ela tinha se disposto a morrer, assim que aqueles sob a cobertura de suas asas viveriam.

"Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas você encontrará refúgio". (Salmo 91:4)

quarta-feira, 23 de maio de 2012

DOUTRINA DO ESPIRITO SANTO - LIÇAO 01 – QUEM É O ESPÍRITO SANTO.


Ninguém precisa ter medo do Espírito Santo. Porque para a sua vida espiritual poder “funcionar”, você depende da ação do  Espírito Santo em sua vida. O trabalho que temos a realizar no reino de Deus só será possível mediante a capacitação do Espírito Santo. Aliás, não existe vida cristã sem o Espírito Santo, pois ela começa com o novo nascimento e ninguém nasce de novo a não ser através do Espírito Santo - "Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus". (Jo 3,5).

Vamos estudar um assunto vasto e às vezes polêmico. Procuraremos não entrar em áreas onde há divergências denominacionais. É bom ler aquilo que Billy Graham dis sobre este assunto:

Uma velha lenda indígena conta de um índio que desceu das montanhas e pela primeira vez viu o oceano. Maravilhado com o que via, ele pediu um balde, depois entrou um pouco mar adentro e encheu o balde. Quando lhe perguntaram o que estava fazendo, ele respondeu ‘Lá nas montanhas, meu povo nunca viu as  grandes águas. Vou levar este balde cheio para eles, para que possam ver que elas se parecem’. Tentar escrever um livro sobre um assunto tão vasto como é o Espírito Santo é como tentar pôr o oceano em um balde. O assunto não tem limites – e as nossas mentes são tão limitadas”.

Sendo assim é de uma importância para a vida e o trabalho cristão. Mas, infelizmente, alguns têm medo do Espírito Santo, como se Ele fosse um Ser completamente diferente de tudo que Deus é. Grande engano!

Muitos acham que a ação do Espírito Santo na vida é só uma “experiência”, como lembrou Tony Evans em seu livro sobre o Espírito Santo (A Promessa, Editora Abba Press, 2001). Muitos fazem mau uso dos dons  e acham que desordem e falta de edificação mútua são as principais características das manifestações dos dons espirituais num culto público. Outro engano! Não precisa temer o Espírito Santo, basta seguir bem de perto as orientações das Escrituras que você terá um novo e verdadeiro caminhar com a terceira Pessoa Trindade, que é um só com o pai e o filho.

I.            É OUTRO CONSOLADOR.

Um versículo do evangelho de João é fundamental para responder à pergunta: Quem é o Espírito Santo? - "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco". (Jo 14,16).

Þ    A palavra “outro”.

Existe duas palavras gregas para outro. A primeira é heteros, que é traduzida por “diferente” de onde vêm os termos heterodoxos, heterogêneos, heteronomia etc. A segunda palavra grega para outro é allos, que é outro do mesmo tipo, espécie, natureza. Por exemplo, na parábola do semeados, Jesus disse que uma semente caiu à beira do caminho, outra caiu em solo rochoso, outra caiu entre os espinhos e outra caiu em boa terra – Mt 13,4-8. As palavras gregas para outra nestes versículos são a tradução de allos. Isto é, os lugares são diferentes, mas a semente é a mesma, que, no caso, é a mesma palavra de Deus - "Eis o que significa esta parábola: a semente é a palavra de Deus". (Lc 8,11)

A palavra outro em João 14,16 é allos. E teria que ser. Porque se o Espírito Santo é enviado por Jesus para falar o que tiver ouvindo da parte do Senhor, glorificar o Senhor e receber o que vem do Senhor (Jo 16,13-14), então Ele tem que, necessária e obrigatoriamente, ser igual ao Senhor Jesus. É como se João estivesse dizendo que o Espírito Santo é um outro que é igual. Ele é outro no sentido de ser outra Pessoa, ou seja, Ele não é filho nem Pai, mas é Deus.
Þ    A palavra “Consolador”.

“Consolador” é tradução de parakletos, termo grego que ocorre cinco vezes no 2.º Testamento, usado somente nos escritos de João (Jo 14,16.26; 15,26; 16,7; 1Jo 2,1). “Advogado” – aquele chamado ao lado de alguém para ajudar.

II.          É UMA PESSOA.

Sobre o Espírito Santo, Jesus também afirmou – "Entretanto, digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá! Porque, se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei". (Jo 16,7). Pense comigo quando Jesus estava com os discípulos, a Sua presença fazia toda a diferença. Se eles tinham algum problema era só recorrer ao Mestre e tudo estava resolvido (cf. Mt 8,23-27; 14,25-33; 17,14-18). Se tinham alguma duvida  era só perguntar ao Mestre e a resposta chegava imediatamente (Mt 11,2-6; 13,10-17; 17,19-21; 9,1-5; 14,5-6). Mas depois, o Mestre não estava mais entre eles. Que fazer? O Senhor disse - "Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós". (Jo 14,18). E como Jesus voltou para os discípulos? A resposta é na pessoa do Espírito Santo.

Portanto, se o Espírito Santo está no mundo para “ocupar o lugar de Jesus”, então Ele não pode ser diferente do próprio Jesus. Já imaginou que decepção seria para os discípulos se  o “outro Consolador” fosse diferente do Primeiro Consolador? Não é trágico quando o sucessor não preenche, nem de longe, o espaço do antecessor? Deus não faria isso, jamais. Ele não enviaria alguém que não fosse uma Pessoa como Jesus o fora. Por isso, o Espírito Santo não é uma doutrina, é uma Pessoa.  Veja alguns textos que caracterizam o Espírito Santo como Pessoa.

  1. Ele fala – "Enquanto celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes o Espírito Santo: Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho destinado". (At 13,2).
  2. Ele intercede – "Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis". (Rm 8,26).
  3. Ele testifica – "Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim". (Jo 15,26).
  4. Ele guia – "O Espírito disse a Filipe: Aproxima-te para bem perto deste carro". (At 8,29).
  5. Ele pode entristecer – "Não contristeis o Espírito Santo de Deus, com o qual estais selados para o dia da Redenção". (Ef 4,30)

Embora haja outros textos que falam de outras facetas da personalidade do Espírito Santo, estes são suficientes para comprovar que ele não é uma força, uma energia. Ele é uma pessoa assim como o Pai e o Filho.

III.        É A TERCEIRA PESSOA DA TRINDADE

"São, assim, três os que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue; estes três dão o mesmo testemunho.” (1Jo 5,7-8).

1.       O nome da terceira Pessoa da Trindade.

O nome da terceira Pessoa da Trindade é o Espírito Santo. Quando Jo 4,24 nos diz que “Deus é Espírito”, não está se referindo ao Espírito Santo, mas sim a natureza espiritual de Deus. O termo “Espírito” no hebraico é “ruah”, e no grego é “pneuma”. Ambos são derivados de raízes cujo significado é “respirar”. É daqui que também se traduz “fôlego” (Gn 2,7; 6,17; Ez 37,5-6), ou “vento” (Gn 8,1; 1Rs 19,11; Jo 3,8). O 1.º Testamento, geralmente  usa o termo “espírito” sem mencionar nenhuma qualidade, ou fala do “Espírito de Deus” ou do “Espírito do Senhor”. O termo “Santo Espírito” aparece unicamente em Sl 51,11; Is 63,10-11, enquanto no 2.º Testamento esta expressão se torna em designação muito comum para a terceira pessoa da Trindade. Só no livro de Atos ocorre à cerca de cinqüenta vezes.

É um fato surpreendente que, enquanto o 1.º Testamento repetidamente chama a Deus “O Santo de Israel” (Sl 71,22; 89,18; Is 10,20; 41,14; 43,3; 48,17), o 2.º Testamento raras vezes aplica o adjetivo  “Santo” a Deus em geral, mas, usa-o muito para caracterizar o Espírito em sua obra santificadora, onde Deus se revelou como Santo. O Espírito Santo é que faz sua morada no coração dos crentes, e que os limpa do pecado.

2.       Provas da divindade do Espírito Santo nos Atributos Divinos.

  1. Eternidade – "quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu como vítima sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência das obras mortas para o serviço do Deus vivo?" (Hb 9,14).
  2. Onipotência – "pelo poder dos milagres e prodígios, pela virtude do Espírito. De maneira que tenho divulgado o Evangelho de Cristo desde Jerusalém e suas terras vizinhas até a Ilíria". (Rm 15,19).
  3. Onisciência – "Todavia, Deus no-las revelou pelo seu Espírito, porque o Espírito penetra tudo, mesmo às profundezas de Deus". (1Cor 2,10).
  4. Onipresença – Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua presença? (Sl 139,7).
  5. Santidade – O Espírito já é chamado “Santo”.
  6. Imutabilidade – "Há diversidade de dons, mas um só Espírito". (1Cor 12,4).

3.       Provas da divindade do Espírito Santo nas Obras Divinas.

  1. A Criação – "A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas". (Gn 1,2).
  2. A Criação do Homem – "O Espírito de Deus me criou, e o sopro do Todo-poderoso me deu a vida". (Jó 33,4).
  3. A Morte de Cristo – "quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu como vítima sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência das obras mortas para o serviço do Deus vivo?" (Hb 9,14)
  4. A Ressurreição de Cristo   "Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós". (Rm 8,11).
  5. A Inspiração das Escrituras – "Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus". (2Pd 1,21).
  6. A Autoridade do Ministério de Deus – "Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue". (At 20,28).
  7. A Habitação da Trindade no Crente – "Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis?" (1Cor 6,19).

Olhemos para uma “curiosidade” bíblica: Isaias atribuiu a saudação - "Suas vozes se revezavam e diziam: Santo, santo, santo é o Senhor Deus do universo! A terra inteira proclama a sua glória!" (Is 6,3) -  a Deus; João usa o mesmo evento e afirma que o profeta viu a glória do Cristo pré-encarnado - "Assim se exprimiu Isaías, quando teve a visão de sua glória e dele falou". (Jo 12,41); Paulo usa o mesmo evento e assevera em - "Não estando concordes entre si, retiraram-se, enquanto Paulo lhes fazia esta reflexão: Bem falou o Espírito Santo pelo profeta Isaías a vossos pais, dizendo:" (At 28,25) – que as palavras foram proferidas pelo Espírito Santo.

A palavra “Trindade” não somente indica a quantidade de três, mas também implica a Unidade dos Três. Então, quando nos referimos à Trindade de Deus, estamos falando de uma Trindade na Unidade e de uma Unidade que é Trina.

Finalmente, é preciso lembrar que na Trindade não há graus de divindade e, sim, distinção de funções.

CONCLUINDO


Quero terminar com uma citação do coreano Paul Yonggi Cho:

“Com o passar do tempo, compreendi melhor do que nunca o ministério do Espírito Santo.  Ele é um amigo fiel que veio para fazer  tudo quanto a Palavra  declara que Ele faria. Pedi-lhe que  fosse meu companheiro em tudo quanto se relacionasse com a minha vida e com a obra de Deus. A partir daí, todas as manhas, quanto acordo, digo: ‘Bom dia, Espírito Santo. Trabalharemos juntos hoje e eu serei teu vaso’. Todas as noites, antes de deitar-me, digo: ‘foi um dia maravilhoso de trabalho contigo, Espírito Santo. Cobre minha família e a mim com a Tua divina proteção enquanto descansamos durante a noite’”.


Talvez você não concorde que um homem se levante e possa dar bom dia ao Espírito Santo. Tudo bem... Mas não precisa ir para o outro extremo e tratá-lO simplesmente como uma doutrina bíblica. Pois Ele não é uma Pessoa. Ele é Deus!

Marco Antonio Lana (Teologo)

sábado, 19 de maio de 2012

SERMAO DA MONTANHA - LIÇAO 17 – QUEM É ESSE PREGADOR?


“Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina.” (Mt 7,28).


  1. INTRODUÇAO.

Na lição anterior, consideramos as características dos ensinamentos de Jesus e sua chamada para um ministério radical. Verificamos a superioridade do fazer, sobre o dizer e o saber. Entendemos como é importante a prática dos ensinamentos do Mestre.

Agora queremos observar a Pessoa do Mestre propriamente dita a partir de dois pontos importantes.

  1. A DOUTRINA DE JESUS.

As multidões estavam atômicas, maravilhadas pela forma calma, certa e despretensiosa com que Jesus expunha a lei para os cidadãos do reino.

Este não era o primeiro mestre que eles ouviam; mas era absolutamente diferente dos demais. Estavam familiarizados com mestres que atavam fardos pesados sobre os outros, mas eles mesmos não os moviam – “Atam fardos pesados e esmagadores e com eles sobrecarregam os ombros dos homens, mas não querem movê-los sequer com o dedo.” (Mt 23,4), mestres que engoliam o camelo e coavam o mosquito, limpos por fora sujos por dentro, cheios de hipocrisia e iniqüidade (Mt 23,13-36).

As palavras de Jesus, como ele mesmo asseverou, são espírito e são vida – “O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida.” (Jô 6,63). Como Pedro declarou: “Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.” (Jô 6,68).

  1. A AUTORIDADE DE JESUS.

O que também deixou a multidão atônita e o faz até hoje, conforme Hunter foi à autoridade com que ele não hesitava; não era inseguro e nem extravagante.

Essa autoridade real, que maravilhava a multidão, destaca varias e importantes características de Jesus.

                    I.    A autoridade de Jesus como Mestre.

Ensinava a lei absoluta, interpretava a lei de Moisés, mas mostrava a lei de Deus. Era judeu, mas n ao seguia os padrões judaicos; seus ensinos não estão culturalmente limitados ao povo judeu, são universais.

Os escribas não tinham autoridade própria como a que ele demonstrava sobre si mesmo (Jô 7,15-16 e 14,8-11)
“Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo.” (At 1,8).

                  II.    A autoridade de Jesus como Cristo.

Jesus sabia que tinha vindo ao mundo com uma missão. Ele era o cumprimento de toda profecia (Mt 10,40; 15,24 e 21,37). Era o cumprimento do tempo de Deus - “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho.” (Mc 1,15).

                III.    A autoridade de Jesus como Senhor.

Jesus não era simplesmente um rabino, mas era Mestre e Senhor. Dava ordens esperando obediência e fazia advertências (Lc 6,46; Jô 13,13; Mt 7,21-23). Um rabino ensinava a Torá; Jesus ensinava o verdadeiro significado da Torá.

                 IV.    A autoridade de Jesus como Salvador.

Ele foi capaz de declarar quem era bem-aventurado e quem não era. Apontou a porta estreita para a salvação. Reivindicou o direito de perdoar pecados e concedeu salvação (Mt 7,13-14; 9,2-6).

                   V.    A autoridade de Jesus como Juiz.

Jesus pregou o Sermão da Montanha ante o sombrio cenário do juízo vindouro. E colocou-se no papel de juiz (Mt 7,22-23). Será de Jesus o direito de decidir o destino dos homens, aqueles que serão banidos de sua presença (Mt 7,23).

                 VI.    A autoridade de Jesus como Filho de Deus.

Em todo sermão Jesus ensinou doutrina compreensiva de Deus; Deus Criador, Sustentador, Justo e Pai (Mt 5,48; 6,4.8.32; 7,11).

              VII.    A autoridade de Jesus como Deus.

Jesus diz que são bem-aventurados os que por causa dele forem perseguidos, assim como os profetas do Antigo Testamento que foram perseguidos por sua fidelidade a Deus (Mt 5,11-12). Jesus declara os discípulos equivalentes aos profetas e ele mesmo é equivalente ao Pai.

Jesus diz que é preciso chamá-lo de Senhor e também fazer a vontade do Pai, para entrar no céu (Mt 7,21). Jesus não deixou duvida quanto à sua equivalência com o Pai: “Eu e o Pai somos um.” (Jô 10,30).

  1. CONCLUSAO.

Esse fenomenal pregador é Jesus. Ele ensina com autoridade de Deus e declara a lei de Deus. Ele espera que as pessoas edifiquem a casa da vida sobre as palavras dele. Ele é o Senhor, que deve ser obedecido, e o Salvador, que concede bênçãos.

Não se pode fugir de seus ensinamentos e das implicações decorrentes de segui-los ou não. Não há alternativa senão aceitar a Jesus ao pé da letra, sem restrições.