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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

TIAGO, A FÉ EM AÇÃO - LIÇÃO 10 – A VERDADEIRA SABEDORIA



“Depois disse ao homem: O temor do Senhor, eis a sabedoria; fugir do mal, eis a inteligência.” Jó 28,28.

  1. INTRODUÇAO.
Gastamos a maior parte do nosso tempo em coisas tolas! Somos advertidos a não levar a vida na insensatez (Ef 5,14-17), mas resgatar o tempo precioso que o Criador nos concede generosamente (Sl 90,12).

O autor marxista Milan Machovec diz que a maioria dos homens sofre do vazio da vida e procura compensá-lo indo de um divertimento a outro, de uma atividade a outra, e ainda assim não cessam de lamuriar porque não se livram do vazio e do tédio. Essas pessoas vivem sem o dialogo interior, forma que o referido autor encontrou para falar da ausência da oração e da fé (o que produziu “homens sem si mesmo”), coisas que o materialismo tirou das pessoas ao tirar-lhes a idéia de Deus e a possibilidade de contatá-lo pela oração.

Paulo diz que o cristão acha na oração um caminho da sabedoria ao receber o auxilio do Espírito Santo em suas intercessões e pode chegar a Deus pelo dialogo interior. Desta forma entendemos a vontade de Deus para a nossa vida (Rm 8,26-27; Tg 1,5).

  1. CARACTERISTICAS GERAIS DA SABEDORIA.
Vista a sabedoria como uma forma de conhecimento da realidade, podemos afirmar de conhecimento da realidade, podemos afirmar que só Deus tem a totalidade e a plenitude da sabedoria. O primeiro homem, Adão, deveria contentar-se em ter um conhecimento parcial de Deus e não tocar na árvore da ciência do bem e do mal.

A visão pessimista realçada no livro de Eclesiastes está fundada na limitação humana para compreender os caminhos de Deus e entender o sentido da vida. Fazê-lo é achar a sabedoria. Em Jó, o entendimento, isto é, a sabedoria está em discernir e fugir do mal, através da submissão a Deus. O mal é visto como um elemento que turba a sabedoria. Os sábios recebem o carisma que garante a atuação dos mortais e desta forma se habitam a serem conselheiros respeitados, inclusive nas cortes. O sábio é alguém bem sucedido.

Segundo J.J. Allmen, que decidiu ouvir a voz da sabedoria deve lembrar três coisas:

                      I.    A sabedoria é a prudência, isto é, a procura do equilíbrio, da moderação, o horror a excessos, conforme ensinam os provérbios. Ao mesmo tempo, ser sábio é dar mostras de discernimento nas escolhas das relações e guardar reservas em todas elas, incluindo as matrimoniais (Pv 10,19; 11,13; 17,27).

                     II.    O sucesso na vida não pode ser alcançada de qualquer jeito, portanto, não há sabedoria fora do respeito ao outro e aos bens alheios (Pv 1,13; Jó 24,2). O adultério não é condenado pelos dissabores que o acompanham, mas pela violação de um vinculo estabelecido por Deus. Desprezar o pobre é também um insulto a Deus (Pv 14,31).

                    III.    A sabedoria possui um fundamento religioso (Sl 11,10; Jó 28,28; Pv 9,10). A religião não gravita propriamente na missa ou culto, mas nas atividades amadurecidas, no temor devido a Deus e na manutenção de uma atitude obediente e humildade diante do Criador. O sábio é o homem piedoso por excelência (Jó 42,8).

  1. A SABEDORIA TERRENA SEGUNDO TIAGO.
As coisas descritas na Bíblia como de origem terrena estão ligadas ao primeiro homem que intenta apossar-se do conhecimento divino pela sugestão do maligno (1Cor 15,47-48) e acaba por prejudicar a compreensão das coisas espirituais (Jô 3,12.31) e leva os homens ao apego às coisas terrestres (Fp 3,19).

 A sabedoria terrena é descrita como animal ou natural, isto é, pertencente à vida que homens e animais compartilham indistintamente. Não é sabedoria para o ser humano racional descer ao nível do animal. Se o homem fosse apenas animal, Deus o teria prendido no jardim do Éden com uma cerca de arame farpado, em vez de dar-lhe uma ordem por palavras. Deus deu uma ordem e esperava uma contrapartida (Gn 2,15-17). Paulo diz que o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus (1Cor 2,14), por isso o corpo natural precisa ser resgatado no dia da ressurreição  final (1Cor 15,44-46) e liberto da força dos sentidos (Jd 22-23).

Finalmente, a sabedoria terrestre é descrita como demoníaca. Assim como p espírito Santo convence para o bem e a santidade, o diabo procura convencer o homem a praticar o mal e justificar as suas ações erradas. “A voz do inimigo pode ser violenta e ameaçadora, mas pode também ser doce s sedutora. É algumas vezes persistente e grosseira, mas pode também ser angelical. Sabe adaptar-se a cada caso e a cada situação, pode variar o tom e os matizes”.  (Alexander). Ver Pv 16,23-25; Gl 5,8-9. Manifesta-se também em forma de indução persuasiva ao erro e ao pecado (Mt 3,7; Lc 3,7; 1Cor 10,19-22).

  1. A SABEDORIA DO ALTO SEGUNDO TIAGO.
A sabedoria do alto tem as seguintes características: é pura, tratável, pacífica, indulgente, plena de misericórdia, imparcial, sem fingimento e cheia de bons frutos. Paulo diz aos Coríntios que há impureza da carne e do espírito (2Cor 7,1). É fácil entender o conceito de impureza da carne, mas o que é impureza do espírito? Não é o espírito uma substancia pura, imune ao mal? A impureza do espírito consiste na falta de integridade moral e espiritual. Segundo Paulo, é fácil contaminar o espírito com doutrinas do mundo espiritual caído, pois esse é o assunto do contexto da passagem (2Cor 6,14-18). Não é sabedoria misturar a justiça com a iniqüidade, a luz com as trevas, Cristo com o maligno, Deus com os ídolos, etc. Eis as impurezas do espírito! As contaminações!

As demais qualidades da sabedoria assim são postas: promove a paz em lugar do conflito, dá capacidade ao cristão para submeter-se aos maus tratos, sem ódio ou malicia, aguardando na justiça de Deus, e produz frutos de justiça.

  1. CONCLUSAO.
Pelas características gerais descritas e os aspectos particulares da sabedoria, podemos concluir que a verdadeira sabedoria é antes de tudo um conceito prático, é um conhecimento que não nasce da especulação, mas da experiência. Geralmente, os idosos a possuem porque já passaram pelo curso da existência, por isso podem oferecer bons conselhos.

Dessa forma a ministração da justiça no antigo Israel era feita por um grupo de anciãos, pessoas experientes que ocasionalmente se transformavam em juízes e julgavam em lugar público, à porta da entrada da cidade (Rt 4,1-2).

A sabedoria em sua essência é o respeito ao Senhor e o levar Deus a sério, obedecê-lo aqui na terra, pois do contrário teremos de nos defrontar com Ele no dia do juízo (Hb 4,13; 11,6).  

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