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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

TIAGO, A FÉ EM AÇÃO - LIÇAO 11 – A ORIGEM DOS CONFLITOS E OS MEIOS PARA VENCÊ-LOS.


“Donde vêm as lutas e as contendas entre vós? Não vêm elas de vossas paixões, que combatem em vossos membros?” Tg 4,1.


  1. INTRODUÇÃO.

Esta lição tratará de um dos problemas mais comuns entre as pessoas, seja no âmbito familiar, conjugal, profissional ou mesmo cristão: conflitos interpessoais. A epístola de Tiago é muito prática e relevante ao abordar o assunto, através da origem dos conflitos e seus efeitos, e mostra a sedução para o problema.

  1. ORIGEM DOS CONFLITOS (Tg 4,1).

Quanto à origem dos conflitos interpessoais, Tiago inicia sua argumentação fazendo uma pergunta e respondendo-a por meio de outra pergunta: “Donde vêm as lutas e as contendas entre vós? Não vêm elas de vossas paixões, que combatem em vossos membros?” O autor reconhece a fraqueza humana e a tendência natural (carnal) para os conflitos de natureza interpessoal. A presença de conflitos, contendas e confusão entre aqueles cristãos não poderia encontrar justificativa em fatores externos como, por exemplo, sua dispersão. No capitulo três da epístola, vemos claramente  duas forças aliadas aos conflitos interpessoais: a língua descontrolada (Tg 3,1-12) e a sabedoria terrena (Tg 3.13-18). A primeira incendeia, destrói, contamina, envenena, amargura, facções, vanglória, mentira e confusão. Essas duas forças andam de mãos dadas ao que Tiago chama de “guerras” e “contendas” ou batalhas de uma guerra.

A origem das guerras e dos pequenos conflitos interpessoais se encontra no interior humano, por isso a pergunta: “Não vêm elas de vossas paixões, que combatem em vossos membros?” Tg 4,1b.

Todo aquele que se envolve numa contenda é responsável por ela. Há um ditado popular que ilustra esta verdade: “quando um não quer, dois não brigam”. A palavra de Deus é clara ao afirmar que a origem dos conflitos humanos vem do coração humano (Mc 7,21-23) como resultado das obras da carne (Gl 5,19-21).

Por esta razão Paulo exortou os cristãos de Éfeso e de Colossos: “Toda amargura, ira, indignação, gritaria e calúnia sejam desterradas do meio de vós, bem como toda malícia.” – Ef 4,31 – e “Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria. Agora, porém, deixai de lado todas estas coisas: ira, animosidade, maledicência, maldade, palavras torpes da vossa boca, nem vos enganeis uns aos outros. Vós vos despistes do homem velho com os seus vícios.” – Cl 3,5,8-9.


  1. OS EFEITOS DOS CONFLITOS (Tg 4,2-6).

Baseados na natureza pecaminosa, os conflitos se desenvolvem, causando efeitos danosos ao ser humano. Bem escreveu Tiago: “A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” Tg 1,15. Como já visto nas palavras de Jesus, o que contamina extremamente o homem provém, primeiramente, de uma contaminação interna. Os conflitos entre os leitores de Tiago geraram, pelo menos, quanto efeitos.

                      I.    Frustração espiritual (vs 2-3).

N o que resultam cobiça, inveja, violência (“matais”), contenda (“viveis a lutar e fazer guerras”) e avareza (“pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres”) senão em improdutividade de vida? Tiago afirma que os conflitos não levam a nada e a lugar algum: “nada tendes”, “nada podeis obter” e “não recebeis”. Paulo escreveu: “Porque o que o homem semear, isso também colherá. Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição” – Gl 6,7-8ª. No plano espiritual, conflitos nada produzem!

                    II.    Infidelidade espiritual (vs 4ª).

Os conflitos expressam a influencia ativa da natureza pecaminosa, que mostra tanto o padrão como os princípios e valores mudamos. Em outras palavras, os conflitos concordam com o mundo e se rebelam contra a santidade de Deus. Por esta razão, Tiago os chama de “infiéis” (v 4). O termo corresponde a uma pessoa adúltera, aludindo à infidelidade a Deus, no A.T. mediante a idolatria.

                   III.    Inimizade espiritual (vs 4b).

“Adúlteros, não sabeis que o amor do mundo é abominado por Deus? Todo aquele que quer ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” A inimizade com Deus é resultado da infidelidade para com Deus, João também escreveu: “... Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai.” – 1Jo 2,15. As guerras interpessoais revelam ausência do amor. Conflitos interpessoais afetam a comunhão prática do cristão com Deus, não a sua posição em Cristo. Viver conforme as regras do mundo corresponde a tornar-se inimigo de Deus. Quem está em Cristo quer ser amigo de Deus!

                  IV.    Insensibilidade espiritual (vs 5-6)

“Ou imaginais que em vão diz a Escritura: Sois amados até o ciúme pelo espírito que habita em vós? Deus, porém, dá uma graça ainda mais abundante. Por isso, ele diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes (Pr 3,34).” A desobediência a Deus revela insensibilidade à sua voz. Tiago traz à mente de seus leitores que as Escrituras Sagradas apelam para o santo e zeloso ciúme de Deus, quando seus filhos não andam corretamente. Deus resiste aos soberbos, mas da graça a quem se humilha.



  1. SOLUÇAO PARA OS CONFLITOS (Tg 4,7-10)

Após tratar da origem e dos efeitos dos conflitos, Tiago passa a oferecer a solução para tais problemas. Apresenta, então, sete  meios para o cristão vencer seus conflitos mediante o uso de nove verbos que expressam ordem (imperativos).

                      I.    Sujeição a Deus (v 7ª).

Primeira ordem: “sujeitai-vos”. A ordem do verbo exige uma ação passiva, a qual implica o alinhar-se sob a autoridade de alguém. O mesmo verbo aparece na atitude de Jesus para com seus pais (“Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração.” – Lc 2,51) e na submissão dos demônios à pessoa de Jesus (“Voltaram alegres os setenta e dois, dizendo: Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome!” – Lc 10,17). O cristão submisso a Deus evita o cultivo de conflitos em sua vida.

                    II.    Resistência a Satanás (v 7b).

Segunda ordem: “resistir”. O verbo implica uma ação urgente, a qual está ligada ao ato do cristão sujeitar-se a Deus e condiciona a fuga de Satanás à ação de resistir através da força do Senhor. O diabo também tem interesse em nossos conflitos: “Mesmo em cólera, não pequeis. Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento. Não deis lugar ao demônio. – Ef 4,26-27. Ver também 2 Cor 2,5-11.

                   III.    Aproximação de Deus (v 8ª).

Terceira ordem: “aproximai-vos”. O verbo exige uma ação ativa dos cristãos. Esta atitude resulta numa reciprocidade de Deus, “Aproximai-vos de Deus, e ele se aproximará de vós.”. Como já abordado no estudo dos efeitos gerados pelos conflitos, a amizade com os padrões do mundo atrapalha a comunhão com Deus.

                  IV.    Limpeza interior (v 8b).

Quarta ordem: “limpai”. O uso do verbo aqui tem mais a ver com uma limpeza interna do que externa. Tiago está falando de uma limpeza mental, de intenções. Aqueles que são de ânimo dobre, ou seja, tem uma forma de pensar  dividida (mentalidade dupla), precisam desta purificação, caso contrario cederão facilmente aos conflitos. João usou o mesmo verbo ao escrever: “E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.” – 1Jo 3,3.

                   V.    Purificação pessoal (v 8c).

Quinta ordem: “purificai”. O verbo tanto pode significar purificação quanto limpeza. Jesus usou este verbo para falar dos escribas e fariseus que somente se preocupavam com a limpeza de objetos, como sinal de religiosidade (“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de intemperança.” – Mt 23,25). A purificação espiritual ocorre no ato da salvação (“e não fez distinção alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé.” – At 15,9; “que se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas obras.” – Tt 2,14) e, por isso, exige de todo crente uma purificação pessoal, prática e constante: “... purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” – 2Cor 7,11. Esta purificação exige o abandono das atitudes que geram conflitos.

                  VI.    Arrependimento verdadeiro (v 9).

*      Sexta ordem: “afligi-vos”. O verbo significa sentia sua própria miséria.
*      Sétima ordem: “lamentai”. O verbo significa lacrimejar, expor um choro contido.
*      Oitava ordem: “chorai”. O verbo significa das gritos de choro, um choro audível.

Tiago tem em mente mudanças de atitude em relação às guerras e contendas que havia entre eles.

                 VII.    Humilhação perante Deus (v 10)

Nona ordem: “humilhai-vos”. A ordem deste verbo, ta, como a do primeiro desta lista, exige comportamento passivo. O cristão deve humilhar-se na presença de Deus, mesmo quando houver injustiça por parte dos homens. Jesus dignificou a humildade nos seus ensinos e no seu próprio exemplo (Mt 18,4; Fp 2,5-11).  Tiago e Pedro afirmam que o resultado da humilhação presente é a exaltação futura: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte.” – 1Pd 5,6.

  1. CONCLUSÃO

A tendência humana é ver num conflito existente a culpa do outro. A Bíblia nos leva para outra direção; os conflitos se originam em nós, mostram seus efeitos externamente e só podem ser solucionados através de amor, obediência e santidade. A vitória ou a derrota em nossos conflitos depende de quem estamos melhor alimentando no coração.

*      Qual natureza estamos alimentando melhor: a antiga, pecaminosa, ou a nova, em Cristo?

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