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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

TIAGO, A FÉ EM AÇÃO - LIÇÃO 04 – PROVAÇAO E TENTAÇAO



“Moisés respondeu-lhes: “Não temais, porque é para vos provar que Deus veio e para que o seu temor, sempre presente aos vossos olhos, vos preserve de pecar”. – Ex 20,20

  1. INTRODUÇAO

Os israelitas, na revelação do Antigo Testamento, eram proibidos de por Deus à prova – “Não provocareis o Senhor, vosso Deus, como o tentastes em Massa” – Dt 6,16 – embora o tenha feito de modo notório no deserto, em Massa, que significa tentação – “E vieram então contender com Moisés: “Dá-nos água para beber” disseram eles. Moisés respondeu-lhes: “Por que procurais contendas comigo? Por que provocais o Senhor? Chamaram esse lugar Massá e Meribá, por causa da contenda que os israelitas tiveram com ele, e porque tinham provocado o Senhor, dizendo: “O Senhor está ou não no meio de nós?” – Ex 17,2.7 –

O termo hebraico para “provar” foi usado quando Deus testou tanto Abraão – “Depois disso, Deus provou Abraão, e disse-lhe: ‘Abraão! Eis-me aqui’, respondeu ele.” – Gn 22,1 – quanto o  rei Ezequias – “Todavia, quando os chefes de Babilônia lhe enviaram mensageiros para se informar do prodígio que tinha acontecido na terra, Deus o abandonou para provar e conhecer o âmago de seu coração.” 2Cr 32,31 – com o propósito de aprimorar o caráter deles, a fim de que andassem em seus caminhos. Foi uma prova de caráter elevado, vinda diretamente das mãos do Senhor, para por o ente querido na fornalha de fogo a fim de provar a realidade da sua fé. Só entendemos esse fato à luz de Hb 12,4-13, onde a Palavra de Deus declara o propósito divino da nossa disciplina.

Coisa diferente, entretanto, significa sermos provados pelas mãos do encardido – o adversário das nossas almas. Nesse caso, trata-se de uma solicitação – “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos.” Lc 22,31-32 – ou mesmo a provação provocada pelas circunstancias – “Eu disse comigo mesmo: Vamos, tentemos a alegria e gozemos o prazer. Mas isso é também vaidade.” – Ecl 2,1 – Daí o propósito desta lição é fazer diferença entre provação e tentação.


  1. O PREMIO DA PERSEVERANÇA NA PROVAÇAO – Tg 1,12.

Tiago emprega o mesmo termo usado nos bens – aventuranças do chamado Sermão da Montanha para passar a idéia de felicidade resultante de uma fé aprovada após a passagem do período de turbulência. É o prêmio de quem venceu na corrida da vida e suportou com paciência a longa travessia do deserto – Hb 11,36-40 – Jesus lembrou aos discípulos o aspecto futuro do prêmio pela renúncia de tudo nesta vida – “Respondeu Jesus: Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis seguido, estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna.” – Mt 19,28-29 – e Paulo menciona  o que Deus reserva para aqueles que O amam – “É como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” – 1 Cor 2,9.

Segundo H. E. Alexander, a Bíblia menciona cinco coroas dos vencedores. Cada uma trata de um aspecto da vida cristã;

    1. A coroa incorruptível – como premio do combate espiritual – 1 Cor 9,24-27.

    1. A coroa da Gloria – como prêmio de serviço para os obreiros fieis – 1 Pd 5,4.

    1. A coroa da vida – como prêmio da provação – Tg 1,12; Ap 2,10.

    1. A coroa da justiça – como prêmio da salvação – 2 Tm 4, 7- 8 – para os que amam a volta de Jesus.

    1. A coroa da alegria – como prêmio para ganhadores de almas – 1 Ts 2.19-20; Fl 4,1.

  1. A FORÇA DESTRUIDORA DA COBIÇA – Tg 1,13-14.

A tentação em si é pecado. Pode ser descartada, mas uma vez assumida, se transforma em pecado e desvio dos padrões estabelecidos, por Deus.

A palavra cobiça vem do latim, com o sentido de um desejo recheado de avidez. O problema central está em pensarmos em nós mesmos e não propriamente nas coisas que podemos obter situação que torna o ambicioso uma pessoa sempre descontente e insatisfeita. A cobiça, depois de destruir o homem de sua força espiritual e governá-lo inexoravelmente durante a vida, torna a existência humana um malogro.

Segundo o Dicionário Houaise, a cobiça está em oposição ao desprendimento, sendo um desejo imoderado de bens, honras e riquezas em forma de ambição concupiscente.

Segundo o comentário Bíblico Moody, a palavra tentação carrega a idéia de seduzir o pecado. Tiago tinha em mente a doutrina judia de “yetzer hará” – impulso do mal – que tornava Deus indiretamente responsável pelo mal. Tiago não concorda com essa idéia. Para ele, Deus é imune ao mal.

O ultimo mandamento do decálogo fala sobre a cobiça como uma força interna que leva o ser humano ao ponto culminante da existência em busca da realização pessoal. O mandamento põe uma cerca de arame farpado em volta deste sentimento, que é capaz de transformar toda a nossa personalidade. Como conseguimos extirpar os maus desejos do coração? Substituindo-os por entranhados afetos de misericórdia – Rm 7,7; 13,9; Ef 5,3; 1 Tm 6,10; 2 Tm 4,3; 1 Cor 10,6; Cl 3,12-14 –

  1. O PROCESSO DE GESTAÇAO DO MAL NO INTERIOR HUMANO – Tg 1,14-15.

Os dois verbos gregos usados no texto eram usados pelos caçadores e pescadores para atrair  as presas e tirá-las do seu esconderijo, atraindo-as para as armadilhas, redes ou anzóis num processo de atração das vitimas. Segundo Tiago, algo semelhante ao processo de gravidez – “A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” – Tg 1,15 –

O segundo verbo podia se referir aos atrativos de uma prostituta. Nesse caso descreve o resultado de ceder às suas tentações.

O livro do Apocalipse por descrever às últimas formas de sedução do mal no mundo, utiliza os mesmos dois verbos com freqüência – Ap 2,20; 13,14; 18,23; 19,20; 20,8 – O primeiro efeito da concupiscência é tirar o homem de seu repouso original, o segundo é atraí-lo para a armadilha definitiva.

Olhando para o pecado de Davi com Bete-Seba – 2 Sm 11,1-5 – podemos perceber claramente este processo de gestação do mal.

    1. Ociosidade – Era primavera (abril – maio), depois das chuvas “... na época em que os reis saíam para a guerra, Davi enviou Joab com seus suboficiais e todo o Israel. Eles devastaram a terra dos amonitas e sitiaram Raba. Davi ficara em Jerusalém.” – 2 Sm 11,1 – Quando uma pessoa está na ociosidade e deixa de fazer o que deve, sua mente se desarma e enfraquece o espírito de vigilância.

    1. Concupiscência dos olhos – “Uma tarde, Davi, levantando-se da cama, passeava pelo terraço de seu palácio. Do alto do terraço avistou uma mulher que se banhava, e que era muito formosa. (o hebraico acrescenta uma expressão idiomática: ‘de se ver’” – 2 Sm 11,2 – O vislumbre transforma-se em olhar fixo. Agora que os olhos estão sendo saciados, não hás espaço para se pensar em Deus. Afinal “... a cobiça atrai e seduz” (Tg 1,14).

    1. Concepção da cobiça -  eis o próximo passo: - “A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” – Tg 1,15 – Davi envia mensageiro para trazerem a mulher. Ela veio, “... e ele se deitou com ela” – 2Sm 11,4 – O termo grego para “concebido” é traduzido como “prender” ou “ficar grávida”. E foi isto, literalmente, o que aconteceu com Bate-Seba: - “e vendo que concebera, mandou dizer a Davi: Estou grávida.” 2 Sm 1,5 –

    1. O resultado – “... e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.” – Tg 1,15b – O resultado de se permitir que a cobiça seduza é o que faz parte da historia humana desde Gn 2,17; a morte. Davi e Bate-Seba não morreram, mas Urias e o bebê morreram.

  1. CONCLUSÃO.

Devemos esperar que a fé verdadeira seja provida pelas tribulações desta vida presente. Pois importa entrar para o reino de Deus através de muitas tribulações – “Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas tribulações.” – At 14,22 – prosseguir em meio a grandes sofrimentos – “Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé. Vós sabeis que os vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem os mesmos padecimentos que vós.” – 1 Pd 5,8-9 – mas certo de que o mal, embora pareça descontrolado no mundo, está sob a alçada de Deus e é usado para o bem daqueles que amam o Senhor e são chamados segundo o seu propósito – “Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus. Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios. – Rm 8,26-28.

Deus é imune ao mal e com ele lida sem se comprometer, o que não acontece com os seres humanos que acabam enredados por ele – “Oh, não! – tornou a serpente – vós não morrereis! ‘Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.’ A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualm

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