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sábado, 23 de julho de 2011

ARAUTOS DE JESUS - 09 - ANUNCIADO PELO PROFETA JONAS – Jn 2-3; MT 12,38-41.

Uma das características centrais do ser humano é a curiosidade, os desejos de ver coisas diferentes, o anseio pelo inusitado, pelo sobrenatural. Os fariseus e escribas bem como todo o povo do tempo de Jesus, eram assim. Jesus arrastava multidões por onde andava, mas nem sempre porque desejavam ouvir seus ensinamentos, e sim porque queriam ver seus sinais e maravilhas. Muitas eram ainda mais interesseiras pois desejavam apenas obter vantagens físicas dos milagres de Jesus. Isso, pode ser visto no empenho de seus seguidores por achá-lo depois da multiplicação dos Paes e peixes. Naquela ocasião, Jesus vendo que seguiam por causa do milagre, disse: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo.” (Jô 6,27).

Certa ocasião os escribas e fariseus se aproximaram de Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos ver da tua parte algum sinal.” (Mt 12,38). Em outras palavras, eles falaram: “O povo fala que você faz muitos sinais, então faça um na nossa frente para que acreditamos que você é o Messias”. A resposta de Jesus foi: “Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas;” (Mt 12,39).

  1. TRES DIAS E TRES NOITES.

Jonas foi um profeta que em principio se rebelou contra a vontade de Deus. Deus quis enviá-lo para Nínive, capita da Assíria, a grande inimiga da nação de Israel – “Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.” (Jn 1,2). Jonas se recusou a ir justamente a fim de evitar a conversão dos moradores da cidade. Sem saber o que fazer para se esquivar da missão, tomou um navio para longe -  “Jonas, porém, levantou-se para fugir da presença do Senhor para Társis. E, descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, da presença do Senhor.” (Jn 1,3). Mas acabou sendo lançado ao mar pelos marinheiros que viram nele a razao pela qual enfrentavam um terrível temporal no mar – “Então levantaram a Jonas, e o lançaram ao mar; e cessou o mar da sua fúria.” (Jn 1,15). Lançado ao mar Jonas foi parar dentro do ventre de um grande peixe que o Senhor enviou. No ventre do peixe passou três dias e três noites – “Então o Senhor deparou um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe.” (Jn 1,17).

Jesus disse que enfrentaria a mesma experiência de Jonas – “pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.” (Mt 12,40). Estava se referindo ao tempo que permaneceria morto e sepultado, sendo esse o “único” sinal a que os fariseus e escribas teriam direito. Alguns questionam o fato de que Jesus não permaneceu, mas essa é uma dificuldade sem importância, pois na verdade, a expressão “três dias e três noites” é apenas uma maneira enfática de dizer “três dias’. De fato Jesus permaneceu morto por três dias, sendo uma parte da sexta, sábado e uma parte de domingo.

Jonas, no ventre do grande peixe, sentiu-se as portas da morte, como se estivesse sepultado. Ele afirmou que estava no ventre do abismo – “Na minha angústia clamei ao senhor, e ele me respondeu; do ventre do Seol gritei, e tu ouviste a minha voz.” (Jn 2,2), no profundo coração dos mares coberto pelas águas – “Pois me lançaste no profundo, no coração dos mares, e a corrente das águas me cercou; todas as tuas ondas e as tuas vagas passaram por cima de mim.” (Jn 2,3), envolto por algas – “... e as algas se enrolaram na minha cabeça.” (Jn 2,5), sepultado com ferrolhos corridos sobre si – “a terra encerrou-me para sempre com os seus ferrolhos;” (Jn 2,6b). Daquele lugar o Senhor o fez levantar depois de três dias, fazendo-o figuradamente recobrar a vida. Jesus disse aos escribas e fariseus que o mesmo que aconteceu com Jonas aconteceria com Ele, pois seria morto e sepultado, mas a morte não o venceria, pois o terceiro dia ressuscitaria. Esse seria o grande e único sinal para seus inimigos, o sinal da derrota por causa de sua descrença.

  1. O MILAGRE DE JONAS.

Alem do sinal de sua própria morte e ressurreição, Jesus estava chamando a atenção para outra coisa: o fato de os ninivitas terem crido na pregação de Jonas sem que este tivesse realizado qualquer milagre. Ao contrario dos judeus, que supostamente só acreditariam se visse milagres. Os ninivitas creram pela exclusiva autoridade da palavra d Jonas. Jesus  disse: “Os ninivitas se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui quem é maior do que Jonas.” (MT 12,41). Os israelitas eram mais duros de coração do que o ninivitas – “Ai de ti, Corazin! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito elas se teriam arrependido em cilício e em cinza.” (Mt 11,21). Naquelas cidades, apesar de tantos milagres e sinais, não houve muitas conversões sinceras.

As conversões dos ninivitas, descrita no livro do profeta Jonas, após ser vomitado pelo grande peixe, acharam que não seria muito vantajoso continuar lutando contra Deus e por isso, se dirigiu a Nínive, pregando: “E começou Jonas a entrar pela cidade, fazendo a jornada dum dia, e clamava, dizendo: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.” (Jn 3,4). Em resposta a pregação do profeta, “E os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de saco, desde o maior deles até o menor.” (Jn 3,5). Até o rei obedeceu a Palavra e se arrependeu, ordenando que todos igualmente se arrependessem e se humilhassem, até mesmo os animais – “A notícia chegou também ao rei de Nínive; e ele se levantou do seu trono e, despindo-se do seu manto e cobrindo-se de saco, sentou-se sobre cinzas. E fez uma proclamação, e a publicou em Nínive, por decreto do rei e dos seus nobres, dizendo: Não provem coisa alguma nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas; não comam, nem bebam água; mas sejam cobertos de saco, tanto os homens como os animais, e clamem fortemente a Deus; e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos. Quem sabe se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?” (Jn 3,6-9). Percebemos que Jonas nem se quer insistiu muito com eles, simplesmente disse que dentro de 40 dias seriam destruídos. Nem mesmo disse que deveriam se arrepender; a decisão partiu deles próprios com a esperança de que talvez Deus desistisse de destruí-los – “Quem sabe se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?” (Jn 3,9). Era sobre isso que Jesus estava falando aos fariseus e escribas, pois, como disse João: “E embora tivesse operado tantos sinais diante deles, não criam nele;” (Jô 12,37). Eles tinham todos os motivos do mundo para crer e não creram, ao passo que os ninivitas tinham poucos motivos para crê e ainda assim creram, por isso estes seriam juízes dos israelitas.

O grande milagre de Jonas foi ter convertido toa uma cidade sem realizar um único sinal. Talvez, com isso, Jesus estivesse dizendo que os verdadeiros crentes não precisam de sinais, mas pela pregação da Palavra de Deus – “Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.” (Rm 10,17). Jonas, portanto, com sua “morte e ressurreição” (por ser vomitado, pelo grande peixe), e sua preparação convincente, porem sem milagres, tipificou a morte e a ressurreição e o Ministério de Cristo.
  1. A IMPORTANCIA DOS MILAGRES.

As pessoas nos dias atuais exageram a importância dos milagres. Parecem muito com aquelas das quais Jesus se queixou quando declarou: “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.
30 Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro;” (Jô 20,29). Milagres são chamados na Bíblia de “sinais”. Um sinal remete a alguma coisa, e normalmente não a si mesmo. Assim, os milagres não são simples demonstrações de poder para impressionar as pessoas, mas tem um propósito quando ocorrem. Infelizmente, não é de hoje que as pessoas querem ver sinais apenas para se divertir. Paulo disse: “Pois, enquanto os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria,” (1Cor 1,22), referindo-se à insistência do povo judeu para ver milagres a fim de acreditar em alguma coisa, percebe-se que, desde aquele tempo, os homens já eram ávidos por ver coisas extraordinárias, mas, infelizmente, apesar de ver tantos sinais, não creram. O mesmo pode ser considerado nos dias atuais, embora as pessoas aleguem ter visto muitos milagres como se pode comprovar com o testemunhos de tantos programas católicos, evangélicos, há pouca mudança na vida de um cristão.

Nada impede que Deus realize milagres hoje, porem não devemos ignorar que Ele usou os milagres no passado com a intenção de autenticar sua própria revelação. Foi assim no tempo de Moises, dos profetas e dos apóstolos, quando a Bíblia foi escrita praticamente por inteiro. Não há mais revelação Bíblica hoje e, por isso, também não há necessidade de sinais que comprovem.

A insistência do mundo moderno por sinais e maravilhas deveria levar em conta que Deus não e obrigado a agir da mesma forma sempre. Alem disso, como deixou bem claro aos fariseus e escribas. Deus prefere que as pessoas sigam o exemplo dos ninivitas, ou seja, que se convertam inteiramente ao Senhor sem precisar de demonstrações visíveis mas unicamente pelo arrependimento pessoal, o reconhecimento do pecado e o desejo  firme de mudar a vida – e isso tudo mediante a pregação da Palavra com a ação do Espírito Santo.

Em vez de sair por ai à caça de sinais e maravilhas, como as pessoas do tempo de Jesus devemos, ao exemplo dos ninivitas, procurar evidenciar em nossa própria vida e verdadeiro fruto da conversão, que consiste em arrependimento do pecado e fé ao Senhor evidenciada por uma vida transformada.

CONCLUSAO

JESUS foi anunciado na historia do Profeta Jonas especialmente pelo fato de este ter ficado “sepultado” durante três dias e porque sua pregação converteu uma cidade inteira sem precisar realizar um único sinal. Jesus permaneceu morto por três dias depois ressuscitou. Esse é o grande sinal dele para seus inimigos. Não um sinal que os salva, mas um sinal que condena. Os verdadeiros crentes não precisam de sinais para crer, pois, mediante a pregação da Palavra, o Espírito Santo produz fé no coração dos verdadeiros discípulos.

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