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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Adão e o pecado

 TEXTO BÍBLICO

Romanos 5.12-20.

 

INTRODUÇÃO

O pecado entrou no mundo por meio do primeiro ser humano e como consequência veio também à morte. O pecado se proliferou e gerou consequências para toda a raça humana. O exemplo de Adão demonstra a carência humana da graça de Deus.

 

I. O PECADO DE ADÃO SUSCITOU MORTE 


1. O pecado entrou no mundo por meio de Adão (v.12). Nos dois primeiros versículos, Paulo não menciona o nome de Adão e muito menos o de Eva, mas para ele, o culpado pela entrada do pecado no mundo foi Adão. Não adiantou Adão transferir a culpa para Eva, assim como tem sido uma prática comum aos seres humanos, transferir suas culpas para alguém ou algum acontecimento, em vez de assumir a responsabilidade pelos seus atos. Neste texto, Paulo não demonstra preocupação com a origem do mal, mas sim com a forma que o pecado entrou no mundo. A transgressão de Adão é explicitada no relato da Queda (Gn 3), quando ele rejeitou seguir o caminho traçado por Deus para seguir seu próprio caminho, o resultado foi a condenação. Adão tinha uma recomendação: não comer da árvore do conhecimento do Bem e do Mal. Uma oportunidade de desobedecer que desencadeou uma vontade de transgredir. O livre-arbítrio do ser humano, qualidade que o distingue dos demais seres viventes, pode ser exercido até mesmo na desobediência a Deus. 


2. A morte entrou no mundo por meio do pecado (v.12). Adão foi a porta de entrada do pecado no mundo e o pecado por sua vez, a porta de entrada para a morte. Neste texto, a interpretação para a morte se refere tanto a morte física como espiritual, como punição pela desobediência humana, uma referência a Gênesis 2.17 e 3.19. Toda causa tem sua consequência. As pessoas, às vezes, confundem o perdão com a repercussão da consequência dos atos falhos. Uma pessoa que se rende a Cristo e deixa a vida de pecado, como já vimos em lições anteriores, é imediatamente justificado diante de Deus (declarado justo), mas as consequências pelos erros já cometidos ele continua responsável. Por exemplo, vamos supor que esta pessoa tenha cometido um assassinato antes da conversão, com o arrependimento e abandono da prática Deus a perdoa, mas não assume a responsabilidade de livrá-lo de uma prisão. O que Deus garante é estar com ele na prisão. Em outras palavras, todo pecado tem sua consequência. 


3. A morte sobreveio para toda a humanidade porque todos pecaram (v.12). Paulo continua abordando a relação entre o pecado e a morte, agora com uma abrangência maior, referindo-se todos os seres humanos, uma vez que todos pecaram (Rm 3.23). Existe uma discussão teológica se todos pecaram em Adão, ou seja, o pecado de Adão foi transferido para toda a humanidade ou se o pecado é de responsabilidade individual de cada ser humano. Seguiremos a linha de que, contaminados pelo pecado de Adão, todos os demais seres humanos também pecaram, sendo cada um responsável pela sua própria desobediência. Em resumo, podemos dizer que o pecado original de Adão levou-nos ao pecado experimental, afastando-nos de Deus.


II. A LEI DESTACA O PECADO (vv.13,14) 


1. O pecado existia antes da lei (vv.13,14). Paulo afirma que o pecado existia antes da lei. Todavia, será que existe na história do mundo, algum local onde não tenha havido nenhum tipo de lei? Certo que a lei mosaica realmente ainda não existia neste período, mas regras já existiam antes desta lei. Como já visto, o próprio Adão recebera recomendação (regra) de como proceder no jardim do Éden, a ordem de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Paulo já havia falado a respeito da ausência de lei no capítulo 2, quando falou sobre os gentios. Deus não deixa a conduta do ser humano sem uma régua de medir, independente da lei mosaica há a lei da própria consciência (Rm 2.14-16). Esta lei escrita no coração testifica “juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os”. Portanto, não significa que as ações antes da lei não eram julgadas. Por isso, a afirmação “a morte reinou desde Adão até Moisés” (5.14).

 

2. A lei desponta o ser humano em sua fraqueza (v.14). Onde existe lei, existe transgressão. No relato da Queda, vemos a tendência do ser humano em buscar atender seus interesses. O exemplo de Adão demonstra certa inclinação do ser humano para a desobediência. Esta inclinação aumenta quando se impõe regras. Existe um ditado popular que diz: “Aquilo que é proibido acaba sendo mais desejado”. O que é proibido chama a atenção das pessoas, por isso a dificuldade do ser humano em cumprir a lei. No entanto, como já visto em lições anteriores, a lei tem uma função, apontar o pecado do ser humano, a sua fraqueza. Quando se identifica o pecado e se reconhece a necessidade de correção, se faz necessário uma solução redentora. A solução no Antigo Testamento foram os sacrifícios, que eram soluções transitórias e paliativas. Mas, eles também tiveram sua função, apontar para o sacrifício perfeito de Cristo.

 

3. Adão, um tipo antagônico de Jesus (v.14). Pela primeira e única vez a Bíblia cita explicitamente um personagem como tipo de Cristo “o qual é a figura daquele que havia de vir” (v.14). Adão como figura de Cristo com resultados contrários. Enquanto, Adão representa os efeitos negativos pela sua desobediência à vontade de Deus, Cristo representa os efeitos positivos pela sua obediência incondicional a Deus. Os efeitos positivos de Cristo serão abordados na próxima lição. O ato de Adão, representante da humanidade, exemplifica a aplicação da correção sobre o pecado, independente da lei, como citado por Paulo: “porque, para com Deus, não há acepção de pessoas. Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados” (Rm 2.11,12). Todavia, como já citado, com o advento da Lei de Moisés o pecado foi ainda mais evidenciado. Isso não significa que ele já não existia, mas é como se o “holofote” estivesse direcionado para outro lugar.


III. A OFENSA DE ADÃO ACARRETOU NO JUÍZO DE DEUS SOBRE TODA HUMANIDADE (vv.15-21)

 

1. A sentença divina proferida sobre a ofensa do pecado (v.15-19). A sentença dada por Deus a Adão é extensiva a todos os seres humanos que seguiram o seu exemplo, ou seja, cada pessoa se tornou pessoalmente pecadora e, portanto, destituída da glória de Deus (Rm 3.23). A transgressão de Adão foi sua desobediência a uma ordem divina expressamente revelada por Deus, o que diferencia o pecado de Adão dos demais. A ofensa foi majorada com a promulgação da Lei Mosaica, pois quanto mais evidente for a manifestação da lei, maiores serão as transgressões (Rm 5.20). Ultimamente, tem sido difundida na mídia condenações e aplicações da pena de morte em países que tem esta prática normatizada. Se a ampliação do rigor da lei realmente funcionasse, nestes países não haveria transgressão. Para a “pena de morte espiritual” existe uma saída, o renascimento proporcionado pela justificação por meio da fé em Cristo.

 

2. A morte reinou por causa da ofensa do pecado (v.20). Existem três conceitos básicos sobre a morte: a) a morte física, a qual toda humanidade está sujeita; b) a morte espiritual, que ocorre quando o ser humano vive na prática do pecado; c) a morte eterna, a pior de todas, pois ocorre quando não há mais possibilidade de mudança de situação, trata-se da condenação da separação eterna de Deus. Estas mortes são consequências da transgressão humana, a relação de causa e efeito. De modo geral, as pessoas têm dificuldade para lidar com a morte devido à tendência natural pela vida. Os crentes geralmente afirmam que querem estar com Deus, mas se possível sem precisar passar pela morte. Ao longo da história da humanidade existem relatos da busca pela vida prolongada ou eterna. O Evangelho aponta o caminho para esta vida, com ou sem a presença da morte, Jesus.

 

CONCLUSÃO

 

Nesta lição, aprendemos que o pecado entrou no mundo por meio de um ser humano e como consequência veio a morte e a condenação.


HORA DA REVISÃO

1. Qual a recomendação que Deus deu a Adão e ele desobedeceu?

A recomendação dada por Deus a Adão foi de não comer da árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.

 

2. Quando Deus perdoa o pecado de alguém Ele também retira as consequências naturais do pecado? Explique.

 

Não. Quando uma pessoa se rende a Cristo e deixa a vida de pecado é imediatamente justificado diante de Deus (declarado justo), mas as consequências pelos erros já cometidos ele continua responsável.

 

3. Paulo diz no versículo 13 que o pecado não é imputado não havendo lei. Na sequência diz que o pecado surgiu antes da lei. Como explicar que a morte reinou de Adão até a Lei (v.14)?

 

Paulo menciona a lei colocada na própria consciência do ser humano (Rm 2.14-16), e por essa lei as pessoas eram julgadas. Por isso, a afirmação “a morte reinou desde Adão até Moisés” (v.14).

 

4. Paulo aponta Adão como um tipo de Cristo. Explique.

 

Adão é um tipo antagônico de Cristo. Enquanto, Adão representa os efeitos negativos pela sua desobediência à vontade de Deus, Cristo representa os efeitos positivos pela sua obediência incondicional a Deus.

 

5. Segundo a lição, qual a solução para a “pena de morte espiritual”?

 

A solução é o renascimento proporcionado por meio da justificação pela fé em Cristo. 


SUBSÍDIO

“Em Romanos 1-3, Paulo argumentou que toda humanidade está perdida nas garras do pecado, tanto judeus como gentios. Em Romanos 4, ele mostrou que a justificação pela fé também está universalmente disponível a todos aqueles que creem que Deus manterá a promessa que fez no evangelho — tanto para os gentios como para os judeus.

 

Agora, Paulo dá um passo atrás, apenas por um momento, para perguntar como pode ser isso. Como todos os homens tornaram-se pecadores? E como a vida pode ser oferecida a todos?

 

Como contexto, precisamos entender uma coisa importante sobre o relacionamento entre ‘pecado’ e ‘pecados’. Enquanto ‘pecados’ são atos de iniquidade ou transgressões à Lei de Deus, o ‘pecado’ é algo diferente. Ele se refere àquele defeito essencial da natureza humana que distorce o caráter moral do homem, obscurece sua inteligência e o incita em direção ao mal. De acordo com a terminologia bíblica, esta condição é frequentemente mencionada como ‘morte’, não no sentido biológico, mas espiritual”

 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

O que a Bíblia diz sobre o aborto?

 

 Marco Antonio Lana  (Teólogo - Biblista)

 

É verdade que a Bíblia não usa a palavra “aborto” no sentido de tirar de propósito a vida de um bebê que ainda não nasceu. Mas muitos textos bíblicos nos ajudam a entender o ponto de vista de Deus sobre a vida humana, incluindo a de um bebê na barriga da mãe.

 

A vida é um presente de Deus. (Gn 9,6; Sl 36,9). Toda vida humana é muito importante para ele, até mesmo a de um bebê na barriga da mãe. Por isso, tirar de propósito a vida de um bebê que ainda não nasceu é o mesmo que assassinato.

 

A Lei que Deus deu aos israelitas dizia: “Se homens brigarem e ferirem uma mulher grávida, e ela der à luz prematuramente, mas não houver um acidente fatal, aquele que causou o acidente pagará a indenização imposta pelo marido da mulher; ele a pagará por meio dos juízes. Mas, se houver um acidente fatal, se dará vida por vida.” — Ex 21,22-23

 

Quando a vida humana começa?

 

Do ponto de vista de Deus, a vida humana começa na concepção, ou seja, no momento em que a mulher fica grávida. Várias partes da Bíblia mostram que, para Deus, um bebê na barriga da mãe já é uma vida e uma nova pessoa. Vamos ver alguns exemplos que deixam claro que, para Deus, a vida de um bebê na barriga da mãe é igual à vida de um bebê que já nasceu.

 

  •   Por inspiração divina, o rei Davi disse a Deus: “Teus olhos até mesmo me viram quando eu era um embrião.”(Sl 139,16) Deus já considerava Davi como uma pessoa mesmo antes de ele nascer.

  •   Antes de o profeta Jeremias nascer, Deus já tinha planos de dar a ele uma designação especial. Deus disse a Jeremias: “Antes de formá-lo no ventre da sua mãe, eu já conhecia você; e, antes de você nascer, eu o santifiquei. Eu o fiz profeta para as nações.” —  Jr 1,5

  •   Lucas, um dos escritores da Bíblia, era médico e usou a mesma palavra grega para descrever tanto um bebê na barriga da mãe como um bebê que já tinha nascido. —  Lc 1,41; 2,12.16.

 

Será que Deus perdoa quem já fez um aborto 

Quem já fez um aborto pode ser perdoado por Deus. Se a pessoa agora aceita o ponto de vista de Deus sobre a vida, ela não precisa mais ficar se culpando pelo que fez. “Jeová é misericordioso e compassivo . . . Tão longe como o nascente é do poente, tão longe ele põe de nós as nossas transgressões.” (Sl 103,8-12) Jeová perdoa todos os que sinceramente se arrependem dos pecados que cometeram no passado, até mesmo um aborto. — (Sl 86,5)

 

 E se a vida da mãe ou do bebê estiver em risco?

 

De acordo com o que a Bíblia diz sobre a vida de um bebê ainda na barriga da mãe, é errado fazer um aborto mesmo quando há um possível risco para a saúde da mãe ou do bebê.  

 

Podem acontecer algumas situações raras de emergência em que seja necessário decidir entre a vida da mãe ou a do bebê. Nesses casos, as pessoas envolvidas terão que decidir qual vida salvar.

Mulheres pastoras ou pregadoras? O que a Bíblia diz sobre as mulheres no ministério?

Talvez não haja assunto mais debatido nas igrejas hoje do que a questão das mulheres servindo como pastoras e pregadoras no ministério. Por este motivo, é muito importante que não se veja esta questão como uma competição entre homens e mulheres. Há mulheres que acreditam que mulheres não devam servir como pastoras e que a Bíblia coloque restrições ao ministério das mulheres - e há homens que creem que as mulheres possam servir como pregadoras e que não haja restrições quanto à atuação das mulheres no ministério. Esta não é uma questão de machismo ou discriminação. É uma questão de interpretação bíblica.

 

A Palavra de Deus proclama: “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio” (I Timóteo 2:11-12). Na igreja, Deus designa papéis diferentes a homens e mulheres. Isto é resultado da forma como a humanidade foi criada (I Timóteo 2:13) e da forma pela qual o pecado entrou no mundo (II Timóteo 2:14). Deus, através do Apóstolo Paulo, restringe as mulheres de exercerem papéis de ensino e/ou autoridade espiritual sobre os homens. Isto impede as mulheres de servirem como pastoras, o que definitivamente inclui pregar, ensinar e ter autoridade espiritual sobre os homens.



Há muitas “objeções” a esta visão de mulheres no ministério. Uma objeção comum é que Paulo restringe as mulheres de ensinar porque, no primeiro século, as mulheres tipicamente não possuíam uma educação formal. Entretanto, I Timóteo 2:11-14 em nenhum momento menciona a posição acadêmica. Se a educação formal constituísse uma qualificação para o ministério, a maioria dos discípulos de Jesus provavelmente não teria sido qualificada. Uma segunda objeção comum é que Paulo restringiu apenas as mulheres de Éfeso de poderem ensinar (I Timóteo foi escrito a Timóteo, o qual era pastor da igreja em Éfeso). A cidade de Éfeso era conhecida por seu templo a Ártemis, a falsa deusa greco-romana. As mulheres eram a autoridade na adoração a Ártemis. Entretanto, o livro de I Timóteo em momento algum menciona Ártemis, tampouco Paulo menciona a adoração a Ártemis como razão para as restrições em I Timóteo 2:11-12.


Uma terceira objeção comum é que Paulo estivesse se referindo apenas a maridos e esposas, não a homens e mulheres em geral. As palavras gregas em I Timóteo 2:11-14 poderiam se referir a maridos e esposas, entretanto, o significado básico das palavras se refere a homem e mulher. Além disso, as mesmas palavras gregas são usadas nos versículos 8-10. Apenas os maridos devem levantar as mãos santas em oração sem iras ou contendas (verso 8)? Somente as esposas devem se vestir com recato, com boas obras e adoração a Deus (versos 9-10)? Claro que não! Os versículos 8-10 se referem claramente a homens e mulheres em geral, não apenas a maridos e esposas. Não há nada no contexto que possa indicar uma mudança para maridos e esposas nos versos 11-14.

Mais uma objeção frequente a esta interpretação sobre mulheres no ministério é em relação a mulheres que ocupavam posições de liderança na Bíblia, principalmente Miriã, Débora e Hulda no Antigo Testamento. Esta objeção falha em perceber alguns fatores relevantes. Primeiro, Débora era a única juíza entre 13 juízes homens. Hulda era a única profeta mulher entre dúzias de profetas homens mencionados na Bíblia. A única ligação de Miriã com a liderança era por ser irmã de Moisés e Arão. As duas mulheres mais importantes do tempo dos reis foram Atalia e Jezabel – péssimos exemplos de boa liderança feminina. Mais importante ainda, porém, a autoridade das mulheres no Antigo Testamento não é relevante para a questão. O livro de 1 Timóteo e as Epístolas Pastorais apresentam um novo paradigma para a igreja - o corpo de Cristo - e esse paradigma envolve a estrutura de autoridade para a igreja, não para a nação de Israel ou de qualquer outra entidade do Antigo Testamento.


Argumentos semelhantes são feitos usando Priscila e Febe no Novo Testamento. Em Atos 18, Priscila e Áquila são apresentados como ministros fiéis de Cristo. O nome de Priscila é mencionado primeiro, talvez indicando que fosse mais "importante" no ministério do que o seu marido. No entanto, Priscila em nenhum lugar é mencionada como participando de uma atividade ministerial que estivesse em contradição com 1 Timóteo 2:11-14. Priscila e Áquila trouxeram Apolo à sua casa e o discipularam, explicando-lhe a Palavra de Deus com mais precisão (Atos 18:26).


Em Romanos 16:1, mesmo que Febe seja considerada uma “diaconisa” ao invés de “serva”, isto não indica que fosse uma mestra na igreja. “Apto a ensinar” é dado como uma qualificação aos presbíteros, mas não aos diáconos (I Timóteo 3:1-13; Tito 1:6-9). Os anciãos/bispos/diáconos são descritos como “maridos de uma só esposa”, “um homem cujos filhos creem” e “homem digno de respeito”. É bem claro que essas qualificações se referem a homens. Além disso, em I Timóteo 3:1-13 e Tito 1:6-9, apenas pronomes masculinos são usados para se referir a anciãos/bispos/diáconos.


A estrutura de I Timóteo 2:11-14 torna a “razão” perfeitamente clara. O verso 13 inicia com “porque” e dá o “motivo” do que Paulo afirmou nos versos 11-12. Por que não devem as mulheres ensinar ou ter autoridade sobre os homens? Porque “primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.” Este é o motivo. Deus criou Adão primeiro, e depois criou Eva para ser uma “auxiliadora” de Adão. Esta ordem da Criação tem aplicação universal na família (Efésios 5:22-33) e na igreja. O fato de Eva ter sido enganada também é dado como razão para as mulheres não poderem servir como pastoras ou ter autoridade espiritual sobre os homens. Isto leva alguns a crerem que as mulheres não devam ensinar por serem mais facilmente enganadas. Este conceito é discutível, mas se as mulheres forem mais facilmente enganadas, por que deixar que ensinassem crianças (que são facilmente enganadas) e outras mulheres (que supostamente são mais facilmente enganadas)? Não é isso o que diz o texto. As mulheres não devem ensinar ou ter autoridade espiritual sobre os homens porque Eva foi enganada. Como resultado, Deus deu aos homens a autoridade primária de ensinar na igreja.



As mulheres são excelentes em dons de hospitalidade, misericórdia, ensino e ajuda. Muito do ministério da igreja depende das mulheres. As mulheres na igreja não são restritas do ministério de orar em público ou profetizar (I Coríntios 11:5), apenas de exercerem autoridade de ensino espiritual sobre os homens. A Bíblia em nenhum lugar faz restrições quanto a mulheres exercendo os dons do Espírito Santo (I Coríntios 12). As mulheres, assim como os homens, são chamadas a ministrar aos outros, a demonstrar o fruto do Espírito (Gálatas 5:22-23) e a proclamar o Evangelho aos perdidos (Mateus 28:18-20; Atos 1:8; I Pedro 3:15).



Deus ordenou que somente homens servissem em posições de autoridade de ensino espiritual na igreja. Isto não é porque os homens sejam necessariamente melhores professores ou porque as mulheres sejam inferiores ou menos inteligentes (o que não é o caso). É simplesmente a maneira que Deus designou para o funcionamento da igreja. Os homens devem dar o exemplo na liderança espiritual – em suas vidas e através de suas palavras. As mulheres devem ter um papel de menos autoridade. As mulheres são encorajadas a ensinar a outras mulheres (Tito 2:3-5). A Bíblia também não restringe as mulheres de ensinarem crianças. A única atividade que as mulheres são impedidas de fazer é ensinar ou ter autoridade espiritual sobre homens. Isto logicamente inclui mulheres servindo como pastoras e pregadoras. Isto não faz, de jeito algum, com que as mulheres sejam menos importantes, mas, ao invés, dá a elas um foco ministerial mais de acordo com o dom que lhes foi dado por Deus.

O que é misericórdia?


Marco Antonio Lana (Teólogo - Biblista)

Misericórdia é ter compaixão de alguém, querendo diminuir seu sofrimento. Quem tem compaixão se sente triste com a miséria de outra pessoa e quer ajudar. Misericórdia é uma característica muito importante de Deus.

 

A misericórdia de Deus

 

A Bíblia diz que Deus é misericordioso. Ele vê a situação triste de cada pecador e sente misericórdia. Deus poderia nos abandonar em nossos pecados e simplesmente nos castigar mas Ele fica triste por nos ver assim e quer nos ajudar. Ele mostrou Sua misericórdia enviando Jesus para nos salvar (Efésios 2:3-5).

 

Deus não é distante nem apático. Deus não é cruel, exigindo castigo e dor. Ele é justo mas se preocupa com cada pessoa e quer aliviar seu sofrimento. Deus nos ama e em Seu amor tem misericórdia.

 

Jesus mostrou a misericórdia de Deus enquanto andou na terra. Em vez de trazer castigo e julgamento, Jesus curava, consolava, perdoava e encorajava. Por sua misericórdia, Jesus restaurou vidas em vez de destruí-las (Marcos 10:48-52).

 

Como posso ter misericórdia?

 

A Bíblia diz que cada crente deve ter misericórdia de outras pessoas, porque Deus tem misericórdia dele (Mateus 5:7). Para isso, precisamos ver os outros como pessoas iguais a nós, com problemas e dificuldades mas com valor. Peça a Deus para tornar seu coração sensível a outras pessoas, sentindo misericórdia de seu sofrimento. Se você se sentir zangado, irritado ou ameaçado por alguém, lembre-se que essa pessoa é humana como você e que também precisa de misericórdia (Oséias 6:6).

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Pastora é bíblico?

 A ordenação de mulheres ao pastorado (bem como, ao diaconato e presbiterado) não é uma unanimidade entre as igrejas evangélicas, em algumas denominações há sérias restrições quanto ao ministério feminino, proibindo-as de exercerem cargos de liderança. É uma visão que destoa dos princípios bíblicos. 

 

É fato que o Apóstolo Paulo em sua epístola, faz algumas restrições às manifestações das mulheres na igreja, mas, antes de generalizarmos estas recomendações Paulina é preciso que façamos uma analise da situação feminina diante da cultura oriental, ainda hoje, as mulheres são vista como um ser inferior sem voz ativa, eram comercializadas, proibidas de estudarem, saírem às ruas ou mesmo se mostrarem. Esta visão cultural justifica por completo a ação do Apóstolo, a igreja carecia de credibilidade diante da sociedade constituída por gentios, a instituição de mulheres como líderes não seria uma atitude sábia à obra missionária.

 

Na Bíblia encontramos as mulheres exercendo uma série de atividades eclesiais, por exemplo: Servindo na igreja (diaconisas), evangelistas, profetisas, pregadoras, obreiras, etc. Diante de tantos exemplos, é impossível negarmos o chamado e a unção de mulheres ao pastorado. Inclusive, o mover do Senhor é uma realidade em nossos dias, mesmo que não houvesse nenhuma citação na Bíblia endossando o chamado feminino, ainda assim seria aceitável, desde que revelado pelo Espírito Santo de Deus, o verdadeiro edificador da igreja.

 

Exponho a seguir uma série de atividades exercidas pelas mulheres, veja:

 

1- Serviram ao Senhor e a Sua igreja:

 

LC 1.30-38 “ Então o anjo continuou: —Não tenha medo, Maria! Deus está contente com você. Você ficará grávida, dará à luz um filho e porá nele o nome de Jesus. Ele será um grande homem e será chamado de Filho do Deus Altíssimo. Deus, o Senhor, vai fazê-lo rei, como foi o antepassado dele, o rei Davi. Ele será para sempre rei dos descendentes de Jacó, e o Reino dele nunca se acabará. Então Maria disse para o anjo: —Isso não é possível, pois eu sou virgem! O anjo respondeu: —O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Deus Altíssimo a envolverá com a sua sombra. Por isso o menino será chamado de santo e Filho de Deus. Fique sabendo que a sua parenta Isabel está grávida, mesmo sendo tão idosa. Diziam que ela não podia ter filhos, no entanto agora ela já está no sexto mês de gravidez.  Porque para Deus nada é impossível.  Maria respondeu: —Eu sou uma serva de Deus; que aconteça comigo o que o senhor acabou de me dizer! E o anjo foi embora.”

 

Rm 16.1-6 “Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que está servindo à igreja de Cencréia, para que a recebais no Senhor como convém aos santos e a ajudeis em tudo que de vós vier a precisar; porque tem sido protetora de muitos e de mim inclusive. Saudai Priscila e Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os quais pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça; e isto lhes agradeço, não somente eu, mas também todas as igrejas dos gentios; saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles. Saudai meu querido Epêneto, primícias da Ásia para Cristo. Saudai Maria, que muito trabalhou por vós.”

 

Fp 4.3 “E a você, meu fiel companheiro de trabalho, peço que ajude essas duas irmãs. Pois elas, junto com Clemente e todos os outros meus companheiros, trabalharam muito para espalhar o evangelho. Os nomes deles estão no Livro da Vida, que pertence a Deus.”

 

2Rs 4.9,10 “Ela disse ao seu marido: —Tenho a certeza de que esse homem que vem sempre aqui é um santo homem de Deus. Vamos construir um quarto pequeno na parte de cima da casa e vamos pôr ali uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lamparina. E assim, quando ele vier nos visitar, poderá ficar lá.”

 

Mt 26.12,13 “O que ela fez foi perfumar o meu corpo para o meu sepultamento.  Eu afirmo a vocês que isto é verdade: em qualquer lugar do mundo onde o evangelho for anunciado, será contado o que ela fez, e ela será lembrada.”

 

2- Profetizas:

Miriã: Ex 15.20 “A profetisa Míriam, que era irmã de Arão…”

Débora: Jz 4.4 “Débora, mulher de Lapidote, era profetisa…”

Hulda:  2Rs 22.14 “Então, os sacerdotes… foram ter com a profetisa Hulda.”

Noadia: Ne 6.14 “… profetisa Noadia e dos mais profetas …”

Ana: Lc 2.36 “Havia uma profetisa, chamada Ana…”

Filhas de Felipe: At 21.9 “Ele tinha quatro filhas solteiras que profetizavam.”

 

3- Juíza Instituída por Deus em Israel:

 

Débora: Jz 4.4 “…Era também juíza dos israelitas naquele tempo.”

 

4- Obreiras:

 

Priscila: At 18.26 “Ele começou a falar com coragem na sinagoga. Priscila e o seu marido Áquila o ouviram falar; então o levaram para a casa deles e lhe explicaram melhor o Caminho de Deus.” Rm 16.3 “Mando saudações a Priscila e ao seu marido Áquila, meus companheiros no serviço de Cristo Jesus.”

 

5- Diaconisa:

 

Febe: Rm 16.1,2 “Eu recomendo a vocês a nossa irmã Febe, que é diaconisa da igreja de Cencréia.”

 

6- Evangelistas:

 

Jo 4. 27-29 “Naquele momento chegaram os seus discípulos e ficaram admirados, pois ele estava conversando com uma mulher… Em seguida, a mulher deixou ali o seu pote, voltou até a cidade e disse a todas as pessoas: —Venham ver o homem que disse tudo o que eu tenho feito. Será que ele é o Messias?”

Fp 4.3 “E a você, meu fiel companheiro de trabalho, peço que ajude essas duas irmãs. Pois elas, junto com Clemente e todos os outros meus companheiros, trabalharam muito para espalhar o evangelho.”

 

7- Pregando aos judeus no templo:

 

Ana: Lc 2.37,38 “e que era viúva de oitenta e quatro anos. Esta não deixava o templo, mas adorava noite e dia em jejuns e orações. E, chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.”

 

8- Presente na primeira reunião de oração:

 

At 1.14 “Eles sempre se reuniam todos juntos para orar com as mulheres, a mãe de Jesus e os irmãos dele.”

 

9- Pastor é um dom:

 

Ef 4.11 “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres.”

 

Fica claro que o ofício de pastor é um dom, semelhante ao de profeta, portanto, não há conotação quanto a pessoa ser homem ou mulher. O que realmente é necessário é uma vida santa e pura diante de Deus.

 

As restrições determinadas por algumas igrejas às atividades das mulheres como líderes, são frutos de entendimento humano. O que Deus quer para a Sua igreja verdadeiramente são homens santos, puros e cheios do poder do Espírito, independente do sexo.  

 

“Vocês, porém, não vivem como manda a natureza humana, mas como o Espírito de Deus quer, se é que o Espírito de Deus vive realmente em vocês. Quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a ele.” Rm 8.9

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

SUICÍDIO

 

SUICÍDIO

 

O pensamento de que a pessoa que se suicida não é salva por Deus é algo muito antigo considerado pela Igreja. É duro, mas é em defesa da vida que a Igreja coloca essa determinação de condenação. É um pouco pesado, mas hoje vivemos outros tempos, e vários estudos nos orientam de outra forma.

 

Uma pessoa com pensamento suicida não tem paz, mas, se tem consciência, nunca irá cometer o suicídio. Por isso, é preciso um acompanhamento bem de perto. É importante perceber o comportamento das pessoas que estão perdendo o sentido da vida. É aí que está a morte: quando a vida não faz mais sentido, aí se encontra o pecado.

 

Precisamos sempre acreditar na vida e Naquele que nos deu a vida de presente. Precisamos encontrar sentido em tudo que fazemos, porque isso nos preenche, nos faz ver o quanto somos importantes e úteis uns para os outros. Essa dinâmica e interatividade que nos faz lutar na vida.

 

Precisamos dar atenção a esse nossos irmãos e irmãs que vivem nessa situação, para encorajá-los e fortalecê-los na vida, para mostrarmos para eles o quanto são importantes para nós, evitando que suicídios aconteçam.

 

Quando acontece um suicídio, devemos continuar acreditando na misericórdia de Deus, que jamais nos abandona. Ele conhece o coração de cada um e irá julgar no amor esse irmão que tirar a própria vida.

 

Precisamos ser misericordiosos! Não vamos julgar ninguém e vamos orar por esses irmãos que são vítimas de si mesmos.

 

 

SUICÍDIO E SANTIDADE

 

É verdade que o suicídio é uma realidade não querida por Deus, pois Ele é o Senhor da vida, que nos criou; que nos redimiu e é o nosso “pão” de cada dia. Quando estamos em comunhão com Ele, Ele reina em nós, como nos diz o Apóstolo Paulo: “Não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim”.

 

Por outro lado, sabemos que, se o suicídio é uma realidade não querida por Deus, tem-se refletido muito sobre se uma pessoa que comete um ato suicida está condenada ao inferno. Isto era mais aceito na Idade Média, mas hoje em dia o pensamento é diferente, porque não temos condições de afirmar se todas as pessoas que cometem esse mal gravíssimo se condenam, pois a misericórdia de Deus é uma realidade com uma lógica diferente da dos homens.

 

Também, têm sido descobertos muitos transtornos mentais que limitam muito – não totalmente –, a liberdade humana. Segundo estudiosos, a grande maioria dos casos de suicídio envolve pessoas com algum tipo de transtorno psiquiátrico na forma mais grave e, desses transtornos, o mais comum é a depressão.

 

Lembrando-se de algumas visões psicológicas, Viktor Frankl chegou a algumas conclusões. Por exemplo, ele dizia que existem duas motivações básicas para não se suicidar: a convicção de que o suicídio causará o sofrimento a alguém próximo (familiar) e o medo de ir para o inferno (convicções religiosas).

 

Diante do vazio existencial que está ao nosso redor, é importante colocar-nos diante das perguntas existenciais fundamentais da nossa vida, como “quem sou eu?”, “De onde eu venho?”, “Por que estou assim?”, “Para onde eu vou?” Respondendo a estas perguntas, compreenderemos que somos seres em relação.

 

Por isso, o fato de passarmos por momentos de tormento, angústia e vazio existencial não quer dizer que deixamos de serem criaturas sempre em relação com o nosso Criador, pois Ele sempre está querendo Se relacionar conosco e ser a base do nosso relacionamento com outras pessoas, nossos semelhantes.

 

Deus busca resgatar-nos “na tempestade”; talvez nem sempre “da tempestade”. Às vezes, Deus nos coloca em situações difíceis, pode se valer de nosso sofrimento e das próprias tentações para nos formar. Ou, como diz um salmo, “Dai-nos, Deus, vosso auxilio na angústia”.

 

A Fé tem que dar sentido e sustento para a nossa vida. Assim poderemos enfrentar as tentações e desolações que nos fazem perder o sentido. Olhemos para cima, para os valores supremos que temos: a família, nossos amigos, nossa Igreja, nossa comunidade e busquemos nos autodeterminar sempre em Deus e com Deus; nunca sozinhos.

 

Nos adolescentes encontra-se uma tendência maior à perda do sentido de vida, pois é nessa fase que se encontram as maiores crises durante a vida de uma pessoa. Porém, lembremos que é natural que um adolescente comece a se questionar sobre o sentido da vida. Tenhamos esta premissa para poder ajudá-lo da melhor maneira.

 

A realidade do sofrimento e da dor é um mistério, não uma experiência sem sentido. O sofrimento é uma oportunidade de escolha para ver o rosto de Jesus, e a dor sempre será contingência, pois somos seres contingentes, não perfeitos, mas que buscam a perfeição. Por isso, o sofrimento bem vivido nos revelará cada vez mais o sentido das nossas vidas. Também, lembremos que, na oração do “Pai Nosso”, não pedimos para não sermos tentados, mas sim para não sucumbir, não cair na tentação. Pedindo assim, Ele nos dará a força para resistir. No fundo, para buscar acabar com algum sofrimento, temos que fazê-lo colocando nosso olhar em Deus, que está por cima de nós.

 

Reconhecer que somos seres em relação nos leva também a tomar consciência de que somos seres chamados à responsabilidade, em primeiro lugar, com a própria vida. A nossa vida é missão, a nossa vida é para os outros. Por isso, a importância dos vínculos entre nós, membros da Igreja, do Corpo Místico de Cristo. O Catolicismo envolve necessariamente a dimensão social, pela unidade da comunidade humana.