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terça-feira, 26 de junho de 2018

A VINDA DE CRISTO

O Senhor Jesus prometeu: Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito: vou preparar-vos lugar. E se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também." (Jo. 14,2-3). 

Ele também disse: "Certamente cedo venho." (Apoc. 22,20). 

A esperança própria ao Cristão é aguardar o Senhor para qualquer momento. Há muitas indicações que nos levam a concluir que a vinda do Senhor está prestes a acontecer; o Senhor Jesus poderá vir ainda hoje! (Hb. 10:37). É da maior importância notarmos a diferença que existe nas Escrituras entre o arrebatamento e a vinda de Cristo. O arrebatamento não deveria ser confundido com a vinda de Cristo pois, embora o Senhor venha dos céus em ambas ocasiões, o arrebatamento e a vinda de Cristo são eventos completamente diferentes.

O arrebatamento ocorrerá quando o Senhor vier para os Seus santos (Jo. 14,2-3); na Sua vinda, Cristo virá com os Seus santos, os quais foram levados para a glória no arrebatamento (Judas 14; Zac. 14,5).

O arrebatamento pode acontecer a qualquer momento, enquanto que a vinda de Cristo não acontecerá até cerca de 7 anos depois do arrebatamento. No arrebatamento o Senhor virá secretamente, em um piscar de olhos (I Cor. 15,52); na Sua vinda Ele virá publicamente e todo olho O verá (Ap. 1,7).

No arrebatamento Ele virá para livrar a igreja (I Tess. 1,10); na Sua vinda Ele virá para livrar Israel (Sl. 6,1-4).

No arrebatamento Ele virá encontrar a Sua igreja nos ares, pois trata-se do Seu povo celestial (I Tess. 4,15-18); na Sua vinda Ele voltará para a terra (o Monte das Oliveiras), para Israel, pois é o Seu povo terrenal (Zac. 14,4-5).

No arrebatamento, é o próprio Senhor Quem reunirá os Seus santos (I Tess. 4,15-18; II Tess. 2,1); na Sua vinda os ímpios serão tirados do mundo, pelos anjos, para julgamento e os que crêem (aqueles que se converteram por meio do evangelho do Reino, que será pregado durante a tribulação) serão deixados para desfrutar de bênçãos sobre a terra (Mt. 13,41-43; 25,41).

No arrebatamento Ele virá para livrar Seus santos (a igreja) da ira vindoura (I Tess. 1,10); na Sua vinda Ele virá para derramar a ira (Ap. 19,15).

No arrebatamento Ele virá como Noivo, para receber Sua noiva, a igreja (Mt. 25,6-10); na Sua vinda Ele virá como o Filho do Homem em juízo sobre os que O rejeitaram (Mt. 24,27-28).

No arrebatamento Ele virá como a "Estrela da Manhã" que aparece logo antes do dia raiar (Ap. 22,16); na Sua vinda Ele virá como o "Sol de Justiça", que é o próprio amanhecer (Mal. 4,2).

No arrebatamento Ele virá sem quaisquer sinais, pois o Cristão anda por fé e não por vista (II Cor. 5,7); a Sua vinda, será acompanhada de sinais, pois os Judeus buscam sinais (Lc. 21,11.25-27; I Cor. 1,22).

As Escrituras nunca dizem que, no arrebatamento, o Senhor virá "como ladrão, à noite." Na vinda do Senhor, isto sim, Ele virá como um ladrão à noite (I Tess. 5,2; II Pd. 3,10; Mt. 24,43; Ap. 16,15; 3,3).

Em um certo sentido, existem três vindas; Sua vinda para o que era Seu (quando veio ao mundo, Jo. 1,10-11: Hb 10,7), Sua vinda para os que são Seus (no arrebatamento, Jo. 14,2-3; I Tess. 4,15-18), e Sua vinda com os que são Seus (na vinda de Cristo, Jud. 14). 

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Por que Satanás usou uma serpente para falar com Eva?



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A Bíblia descreve as táticas de Satanás como “maquinações”, ou “artimanhas”, e esse incidente ajuda a comprovar isso. (“Vistam-se com toda a armadura que Deus dá a vocês, para ficarem firmes contra as armadilhas do Diabo.Efésios 6,11) O que houve no Éden não é nenhuma fábula sobre um animal que falava; é um exemplo amedrontador de uma estratégia inteligente elaborada para afastar as pessoas de Deus. Como assim?

Satanás escolheu seu alvo com cuidado. Eva era a mais nova das criaturas inteligentes do Universo. Assim, ele se aproveitou de sua inexperiência e armou um plano para enganá-la. Escondendo-se atrás de uma serpente, que é uma criatura muito cautelosa, Satanás astutamente ocultou seus objetivos ousados e ambiciosos. (“A cobra era o animal mais esperto que o Senhor Deus havia feito. Ela perguntou à mulher:Gênesis 3,1)

Veja também o que ele conseguiu ao fazer com que a serpente parecesse falar, assim como um ventríloquo faz com um boneco.

Primeiro Satanás atraiu e prendeu a atenção de Eva. Ela sabia que serpentes não falam; seu marido tinha dado nome a todos os animais, incluindo esse, provavelmente depois de uma análise cuidadosa. (“Depois que o Senhor Deus formou da terra todos os animais selvagens e todas as aves, ele os levou ao homem para que pusesse nome neles. E eles ficaram com o nome que o homem lhes deu.Gênesis 2,19) Sem dúvida, Eva também tinha observado esse animal cauteloso. Assim, a trama de Satanás despertou sua curiosidade; fez com que ela se concentrasse na única coisa que lhe era proibida em todo o jardim.

Segundo, se a serpente estava escondida nos galhos da árvore proibida, a que conclusão Eva pode ter chegado? Será que ela concluiu que essa criatura inferior, que não falava, havia comido o fruto e depois conseguiu falar? Se o fruto podia fazer tanto por uma serpente, o que poderia fazer por ela? Não sabemos com certeza o que Eva pensou nem se a serpente mordeu a fruta. Mas sabemos que, quando a serpente disse a Eva que o fruto a faria ser “como Deus”, Eva estava pronta para acreditar naquela mentira.

As palavras que Satanás escolheu também revelam muito. Ele semeou dúvidas na mente de Eva, dando a entender que Deus estava retendo dela algo de bom e restringindo desnecessariamente a sua liberdade. A trama de Satanás só daria certa se o egoísmo dela fosse maior do que seu amor pelo Deus que lhe tinha dado tudo o que possuía. (“Mas a cobra afirmou: — Vocês não morrerão coisa nenhuma! Deus disse isso porque sabe que, quando vocês comerem a fruta dessa árvore, os seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecendo o bem e o mal. Gênesis 3,4-5)

Tragicamente, a estratégia de Satanás funcionou; nem Eva nem Adão haviam cultivado a espécie de amor e apreço por Deus que eles deveriam ter. Não é verdade que hoje em dia Satanás promove o mesmo tipo de egoísmo e modo de pensar?

Mas quais eram as motivações de Satanás? O que ele queria? No Éden, ele tentou esconder tanto sua identidade como sua motivação. Mas com o tempo ele mostrou quem realmente era. Quando tentou Jesus, ele com certeza sabia que não adiantaria nada usar algum disfarce. Por isso ele disse a Jesus de forma direta: ‘Prostre-se e me faça um ato de adoração. ’ (“e disse: — Eu lhe darei tudo isso se você se ajoelhar e me adorar”. Mateus 4,9).

Pelo visto, Satanás sempre teve ciúmes da adoração prestada a Jeová Deus. Ele fará de tudo para impedir que as pessoas adorem a Deus ou para corromper sua adoração. Ele tem prazer em destruir a integridade de quem serve a Deus.

De forma clara, a Bíblia revela que Satanás é um implacável estrategista no que se refere a atingir seus objetivos. Felizmente, não precisamos ser enganados como Eva, “pois não desconhecemos os seus desígnios”. — 2 Coríntios 2,11.

Por - Marco Antônio Lana (Teólogo Bíblico).

terça-feira, 19 de junho de 2018

A CRUZ DE CRISTO - SUA IMPORTÂNCIA


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Por que Jesus morreu na cruz do Calvário?

Jesus morreu na cruz do Calvário para pagar o castigo por nossos pecados. Na cruz, ele levou o castigo em nosso lugar, para que quem crê nele receba o perdão de Deus e tenha a vida eterna. A morte de Jesus na cruz foi o sacrifício perfeito por nossos pecados.

Jesus veio com um propósito: nos salvar de nossos pecados. Todos pecamos e merecemos castigo, mas Deus nos ama! Ele não fica feliz em nos castigar (Ezequiel 18,32). Por isso, Ele enviou Jesus para pagar o preço em nosso lugar. Assim, qualquer pessoa que se arrepende e crê em Jesus fica perdoado!

O significado da cruz

A cruz representa a maldição do pecado. Deuteronômio 21,22-23 diz que quem fosse pendurado em um madeiro estava debaixo de maldição. Somente os piores criminosos eram pendurados em uma cruz, ou um madeiro.

Jesus foi crucificado em um lugar chamado Calvário, ou Gólgota, que significa lugar da caveira. Esse era um lugar de morte, de destruição. A morte é o destino que todos nós merecemos, por causa do pecado (Romanos 3:23; Romanos 6:23). A cruz representa o castigo que aguarda nossos pecados.

Jesus morreu na cruz para levar a maldição do pecado. Ele levou o castigo que nós merecemos, para nós podermos ter uma segunda chance. Jesus tomou nosso lugar na cruz.

A cruz – maldição tornada em bênção

Mas a história não acabou com Jesus morrendo na cruz... No terceiro dia, ele ressuscitou! A morte foi derrotada!

A ressurreição de Jesus mostrou que seu sacrifício na cruz foi mais que suficiente para pagar por nossos pecados. Ao pagar tudo, Jesus anulou o poder da morte (1 Coríntios 15:55-57). Agora, se você crê nele, você também pode ressuscitar para a vida eterna!

Antes de Jesus, a cruz era símbolo de maldição, de tortura, de destruição. Mas Jesus transformou a maldição em bênção (1 Pedro 2:24). Em vez de ser símbolo de nosso castigo iminente, a cruz se tornou símbolo do perdão de Deus, nossa esperança para a vida eterna.

Por que Deus abandonou Jesus na cruz?

Deus abandonou Jesus na cruz porque nesse momento Jesus tomou sobre si todos os pecados do mundo (1 Pedro 2:24). O pecado separa de Deus. Jesus estava se identificando com cada pecador quando disse que Deus o tinha abandonado.

Quando Jesus disse “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?”, ele tomou o lugar de cada um de nós. Por causa do pecado, todos nós ficamos separados de Deus. Mas agora, por causa do sacrifício de Jesus na cruz, podemos voltar a estar unidos com Deus!

Jesus duvidou de Deus na cruz?

Não, Jesus não duvidou de Deus na cruz. Ele estava expressando a dor da separação que o pecado causa. Muita gente pergunta porquê quando está sofrendo. Jesus sabia que iria ressuscitar mas naquele momento a dor era terrível (Marcos 15:33-34). Na cruz Jesus mostrou que ele entendia toda nossa dor. O grito de Jesus era um grito de socorro.

Salmo 22

O grito de Jesus - “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?” - é como começa Salmos 22. Além de expressar sua dor, Jesus estava citando esse salmo.

O Salmo 22 é um salmo profético, escrito pelo rei Davi centenas de anos antes, sobre o sofrimento e a vitória de Jesus. Quando Jesus citou esse salmo, ele estava dizendo que a profecia estava se cumprindo. O Salmo 22 profetizou que:

  • Jesus iria ser zombado – Salmos 22:7-8; Mateus 27:41-42
  • As mãos e os pés de Jesus iriam ser furados – Salmos 22:16; João 20:25-27
  • Pessoas iriam lançar sortes para ficar com sua roupa – Salmos 22:18; João 19:23-24
  • No fim muitas pessoas iriam louvar a Deus – Salmos 22:26-28; Filipenses 2:9-11

Como foi a morte de Jesus na cruz?

A morte de Jesus na cruz foi cruel e dolorosa. A crucificação era a pior forma de morrer que existia no tempo de Jesus, por ser lenta, dolorosa e humilhante. Mas mesmo sofrendo de forma terrível, Jesus se manteve fiel até ao fim e não pecou.

A morte de Jesus a cruz

Antes da crucificação, Jesus foi espancado várias vezes e açoitado brutalmente. Uma coroa de espinhos foi enfiada em sua cabeça e ele foi obrigado a carregar sua cruz pela cidade. Jesus já estava muito fraco quando foi crucificado.

Os soldados pregaram as mãos (ou possivelmente os pulsos) e os pés de Jesus à cruz, deixando-o pendurado em uma posição muito desconfortável que causa muita dor. Jesus ficou cerca de seis horas na cruz, das nove da manhã até às três da tarde. Várias pessoas ficaram para ver o espetáculo, alguns porque o amavam e queriam estar com ele até o fim, outros para zombar dele.

Para confirmar se Jesus estava morto, um soltado espetou uma lança no seu lado e saiu sangue e água. Depois, o corpo de Jesus foi retirado da cruz e sepultado no túmulo de José de Arimatéia. O túmulo foi selado com um selo oficial e um destacamento de soldados ficou de guarda.

As últimas palavras de Jesus

Os evangelhos relatam algumas coisas que Jesus disse enquanto morria na cruz:


  • Jesus pediu a Deus para perdoar as pessoas que o tinham crucificado – Lucas 23:34
  • Jesus prometeu a um dos ladrões crucificados que ele iria estar com ele no paraíso – Lucas 23:42-43
  • Jesus encarregou João (o “discípulo a quem amava”) de tomar conta de Maria, sua mãe – João 19:26-27
  • Logo antes de morrer, Jesus gritou “Meu Deus! Meu Deus! Porque me abandonaste?”, que é o início do Salmo 22 – Marcos 15:34
  • Jesus disse que tinha sede, depois disse “está consumado” – João 19:28-30
  • Quando morreu, Jesus deu um brado e disse “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” - Lucas 23:46

Na sua morte, Jesus mostrou seu caráter exemplar. Ele não amaldiçoou as pessoas que o tinham traído e torturado, mas perdoou. Mesmo sofrendo uma agonia terrível na cruz, Jesus não ficou pensando só em si; ele tomou conta de sua mãe e do ladrão ao lado dele. Até quando gritou para Deus, ele estava citando um salmo de esperança. Jesus confiou em Deus até o fim

O que Jesus conquistou na cruz?

Na cruz, Jesus conquistou a salvação para todos que crêem nele. A conquista não foi fácil e Jesus sofreu muito mas, no fim, ele venceu! Por causa da vitória de Jesus, podemos nos aproximar de Deus e encontrar verdadeiro sentido para a vida.

Por seu sacrifício na cruz, Jesus conquistou:

Vitória sobre o pecado

Jesus na cruz conquistou o pecado! Durante sua vida, Jesus enfrentou muitas tentações mas nunca pecou, nem mesmo na hora da morte. Ele foi o homem perfeito, que venceu toda tentação.

Mas Jesus não era apenas homem. Ele também é Deus e veio para pagar por nossos pecados. Todos pecamos e o preço do pecado é a morte e a separação de Deus. Somente Jesus poderia pagar esse preço em nosso lugar porque ele não tinha de pagar pelo seu próprio pecado. Jesus, sendo inocente, morreu para pagar por nossos pecados!

Agora, todo o que crê em Jesus e o aceita como salvador fica salvo da condenação do pecado (Romanos 6:5-7). Já não precisamos viver mais como escravos do pecado, sem conseguir vencer a tentação. Jesus ajuda quem o segue a vencer o pecado, um passo de cada vez. E, um dia no Céu, seremos completamente livres do pecado.

Vitória sobre a inimizade

Na cruz, Jesus destruiu a barreira entre nós e Deus (Efésios 2:12-13). Agora todos podem ter acesso a Deus! Basta crer em Jesus.

O sacrifício de Jesus na cruz nos torna filhos de Deus, não do diabo. Quando cremos em Jesus e decidimos mudar de vida, deixamos de ser inimigos de Deus. Mesmo quem não consegue cumprir todas as regras de Deus pode encontrar perdão por causa de Jesus.

A amizade com Deus muda nossas vidas. Ele nos dá esperança e força para enfrentar as dificuldades e fugir das tentações. Tudo isso foi conquistado por Jesus na cruz.

Vitória sobre a morte

A grande conquista de Jesus na cruz foi sobre a morte (1 Coríntios 15,55-57).

A Bíblia diz que a morte é o último inimigo a ser derrotado. E Jesus já venceu! Jesus morreu na cruz, mas não permaneceu morto. Ele ressuscitou. E ele não vai morrer outra vez.

Por causa da morte de Jesus na cruz, quem o segue um dia também ressuscitará como Jesus ressuscitou. E, quando ressuscitarmos, será para a vida eterna, junto de Deus. A morte perdeu seu poder!

A vitória mais importante

Jesus conquistou todas essas coisas por sua morte na cruz por um único motivo: para conquistar vidas. Ele lhe ama e quer fazer parte de sua vida. Jesus quer lhe transformar e dar vitória sobre tudo que ele conquistou por você. Mas, para isso, você precisa reconhecer que não pode conquistar o pecado, a separação de Deus e a morte sozinho. Você precisa que Jesus lhe salve.


Você já deixou Jesus conquistar seu coração?

AUTÓPSIA DE JESUS CRISTO

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Dr. Barbet, médico francês, cirurgião, Por treze anos viveu em companhia de cadáveres e durante a sua carreira estudou anatomia a fundo. Escreveu o seguinte a respeito da autópsia do corpo de Jesus Cristo.

Jesus entrou em agonia no Getsemani e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra.

Um relato sobre a morte de Cristo: O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas. E o faz com a precisão de um clínico. O suar sangue, ou “hematidrose”, é um fenômeno raríssimo. É produzido em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo. O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra.

Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos.

Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue. Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que os de acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo). Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinquenta quilos. A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário. Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso, é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, frequentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.

Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la produz dor atroz. Quem já tirou uma atadura de gaze de uma grande ferida percebe do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento. Há um risco de toda aquela dor provocar uma síncope, mas ainda não é o fim.

O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos. Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), apoiam-no sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro. A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas.

O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé; consequentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam na estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vítima esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de espinhos penetram o crânio. A cabeça de Jesus inclina-se para frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-se na madeira.

Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudas de dor. Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltoides, os bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico.

Jesus é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita.

Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforça-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial.

Por que este esforço? Porque Jesus quer falar: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”.

Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés. Inimaginável!

Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas ele não pode enxotá-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura diminui. Logo serão três da tarde, depois de uma tortura que dura três horas. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”.

Jesus grita: “Tudo está consumado!”. Em seguida num grande brado diz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. E morre. Em meu lugar e no seu.

Por - Marco Antônio Lana (Teólogo)

quarta-feira, 13 de junho de 2018

APÓSTOLO PEDRO



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A História do Apóstolo Pedro

O apóstolo Pedro foi um dos primeiros discípulos escolhidos por Jesus. Pedro também é chamado na Bíblia de Cefas, Simeão e Simão. Neste estudo bíblico conheceremos mais sobre a história de Pedro, apóstolo do Senhor Jesus.

A História de Pedro

O apóstolo Pedro era natural de Betsaida, na época uma aldeia de pescadores não muito distante de Cafarnaum e que ficava na região costeira do mar da Galiléia (Jo 1,44). Pedro também tinha casa em Cafarnaum, na Galiléia (Mc 1:21s). Alguns sugerem que sua residência realmente fosse em Cafarnaum, e Betsaida apenas sua aldeia de origem.

O apóstolo Pedro era irmão do apóstolo André, um pescador de profissão assim como ele. É bem provável que seu pai, Jonas, também fosse um pescador (Jo 1,42). O apóstolo Pedro era casado, tendo sido sua sogra curada por Jesus (Mc 1,30). Além disso, é possível que sua esposa frequentemente o acompanhasse em viagens ministeriais na Igreja Primitiva (1Cor 9,5).

Pedro possuía uma educação considerada limitada e falava o aramaico com forte sotaque da região da Galiléia (Mt 26,73; Mc 14,70), idioma que também utilizava para ler e escrever. No entanto, Pedro também falava um pouco de grego, muito provavelmente por conta de sua profissão que exigia constante contato com gentios, além de ser muito utilizado na época, sobretudo nas cidades de Decápolis.

Pedro, Cefas, Simão e Simeão.

Como já foi dito, o apóstolo Pedro é chamado por outros nomes na narrativa bíblica. Possivelmente seu nome original era o hebraico Simeão, utilizado originalmente em alguns textos de Atos 15,14 e 2 Pedro 1,1, e talvez ele tenha adotado o grego “Simão” com pronuncia semelhante.

Quando ele se encontrou com Jesus, o Senhor o chamou de Cefas, do aramaico Kefa’, que significa “rocha” ou “pedra”, que em sua forma grega é Petros, ou seja, Pedro (Jo 1,42). O significado desse título se refere ao fato de que Pedro se tornaria firme como uma rocha, ao invés de uma pessoa com temperamento inconstante.

Assim, a narrativa do Novo Testamento designa o apóstolo Pedro por essa variedade de nomes. O apóstolo Paulo o chamava de Cefas (1Cor 1,12; 15,5; Gl 2,9), o apóstolo João geralmente o chamava de Simão Pedro, e Marcos o chamou de Simão até o capítulo 3 de seu livro e depois passou a designá-lo como Pedro.

A personalidade do apóstolo Pedro

Considerando todas as referências sobre o apóstolo Pedro disponíveis não apenas nos quatro Evangelhos, mas em todo Novo Testamento, os estudiosos entendem que ele foi um típico homem do campo, uma pessoa simples, direta e também impulsiva.

Parece que ele também possuía uma aptidão natural para exercer liderança, talvez por ser caloroso, vigoroso e normalmente comunicativo. Em algumas ocasiões, sobretudo no episódio que envolveu a traição de Jesus no Getsêmani, Pedro se mostrou emotivo, sanguíneo e autoconfiante.

A escolha do apóstolo Pedro como discípulo de Jesus

O Evangelho de João relata um primeiro contato entre Jesus e Pedro, por intermédio de seu irmão, o apóstolo André (Jo 1,41), antes do início do ministério público do Senhor na Galiléia. Depois disto, Pedro e André continuaram com a pescaria durante um período de tempo, até que receberam um convite consequente de Jesus enquanto estavam pescando no mar da Galiléia (Mc 1,16s).

Mais tarde Jesus escolheu doze homens entre aqueles que o seguiam para serem seus discípulos mais próximos. Assim, o apóstolo Pedro foi um dos primeiros discípulos a ser chamado, e também era um dos três que sempre estavam mais próximos do Senhor (Mc 5:,37; 9,2; 14,33). Nas listas que trazem a relação dos doze discípulos de Jesus, o nome do apóstolo Pedro sempre aparece primeiro (Mc 3,16-19; Lc 6,14-16; Mt 10,2-4; At 1,13,14).

O apóstolo Pedro durante o ministério de Jesus

O apóstolo Pedro teve uma participação muito ativa e significante durante o ministério de Jesus. Como já foi dito, ele foi um dos primeiros discípulos a ser chamado, estava entre os três mais próximos de Jesus, e em muitas ocasiões agiu como porta-voz dos Doze (Mt 15,15; 18,21; Mc 1,36s; 8,29; 9,5; 10,28; 11,21; 14,29; Lc 12,41).

Pedro foi o discípulo que pediu para encontrar Jesus andando sobre as águas (Mt 14,28). Foi ele também, juntamente com Tiago e João, que estiveram com Jesus no episódio da transfiguração (Mt 17,1-8).

O apóstolo Pedro também foi o discípulo que, precipitadamente, tentou repreender Jesus diante do anúncio de sua morte iminente no Calvário (Mt 16,22).

Quando Jesus perguntou aos seus discípulos quem eles achavam que Ele era, o apóstolo Pedro foi o primeiro a responder confessando que Ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16,16). O próprio Jesus atribui a resposta de Pedro como uma revelação de Deus que foi dada a ele.

Nessa mesma ocasião Jesus pronunciou a famosa frase “tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). Essa frase é alvo de intensos debates, deste muito tempo.

Pelo jogo de palavras que envolve o significado do nome “Pedro”, surgiram muitas interpretações, sendo que duas são as mais antigas e conhecidas: alguns sugerem que a “pedra” seria o próprio Pedro, enquanto outros defendem que a “pedra” seria diretamente a verdade que foi declarada por Pedro, isto é, o Cristo, o Filho do Deus vivo.

O apóstolo Pedro ouviu diretamente de Jesus a ordem “apascenta minhas ovelhas” (Jo 21,17). Numa determinada ocasião, Pedro questionou Jesus sobre a situação dele e dos demais que haviam deixado tudo o que tinham para segui-lo, e ouviu do Senhor a promessa das bênçãos do reino de Deus (Mc 10,28; Lc 18,28).

O apóstolo Pedro também aparece de forma bastante ativa durante a narrativa dos últimos momentos do Senhor Jesus antes da crucificação. Juntamente com o apóstolo João, Pedro recebeu a incumbência de organizar a última ceia em Jerusalém (Lc 12,8).

Inicialmente ele também se recusou a deixar que Jesus lhe lavasse os pés, mas quando foi advertido sobre a importância e a necessidade daquele ato do Senhor, ele pediu até mesmo um banho (Jo 13).

O apóstolo Pedro também foi o discípulo que, conforme Jesus havia dito, o negou três vezes antes que o galo cantasse duas vezes, na ocasião que envolve a prisão e crucificação do Senhor. Na verdade essa sua negação contrasta diretamente com o comportamento valente e violento que ele demonstrou ao cortar a orelha de Malco, servo do sumo sacerdote, durante a prisão do Senhor. Diante do olhar de Jesus, ao lembrar-se das palavras do Mestre, Pedro se arrependeu profundamente (Mt 26,34-75; Mc 14,30-72; Lc 22,34-62; Jo 18,27).

É possível que o apóstolo Pedro tenha testemunhado a crucificação, apesar dos Evangelhos não o mencionarem (cf. 1 Pe 5,1). Cristo ressurreto apareceu pessoalmente ao apóstolo Pedro (Lc 24,33,34; 1Cor 15,5).

O ministério do apóstolo Pedro na Igreja Primitiva

O apóstolo Pedro foi o primeiro a pregar o Evangelho no dia de Pentecostes, e cerca de 3 mil pessoas se converteram na ocasião (At 2,14). Até o capítulo 13 do livro de Atos dos Apóstolos, Pedro aparece com bastante destaque. Durante os primeiros anos ele foi o líder da igreja em Jerusalém, mas vale lembrar que o apóstolo Tiago, por sua vez, foi quem liderou o Concílio de Jerusalém onde importantes decisões foram tomadas concernentes à participação dos gentios na Igreja (At 15,1-21).

Pedro foi quem fez a exposição da necessidade da escolha de outro homem para o lugar deixado por Judas, onde na ocasião Matias foi o escolhido (At 1). Durante o ministério do apóstolo Pedro ocorreram grandes milagres, sendo que até mesmo os doentes eram colocados de uma forma com que, ao passar, sua sombra os cobrissem (At 3,1-10; 5,12-16).

Foi o apóstolo Pedro quem disse as conhecidas palavras: “Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At 3,6). Dentre esses milagres também se destaca a ressurreição de Dorcas (At 9,36-41). Saiba mais sobre os milagres no período apostólico da Igreja Primitiva.

O apóstolo Pedro também foi quem disciplinou os perversos e mentirosos Ananias e Safira (At 5,1-11). Por conta do pecado que praticaram ambos foram mortos de forma sobrenatural.

Na época da forte perseguição em Jerusalém após a morte de Estêvão, o apóstolo Pedro também estendeu sua atuação ministerial a outros lugares, como em Samaria em decorrência da grande evangelização de Filipe ali, nas cidades costeiras de Lidia, Jope e Sarona. É possível que nesse período Tiago então tenha assumido a liderança em Jerusalém.

O apóstolo Pedro também foi o responsável por anunciar as boas novas à família de Cornélio em Cesaréia (At 10,1-45). Na Carta aos Gálatas, o apóstolo Paulo nos informa que Pedro também esteve em Antioquia (Gl 2,11). Na verdade é nesse relato onde encontramos a referência sobre o conflito entre os apóstolos Paulo e Pedro, quando Pedro agiu dissimuladamente se associando aos cristãos gentios e depois se afastando deles ao temer a pressão do “grupo da circuncisão” que aceitava os gentios na Igreja desde que estes se submetessem ao cerimonial da Lei de Moisés.

O comportamento do apóstolo Pedro acabou influenciando até mesmo Barnabé. Então Paulo o repreendeu publicamente pelo comportamento, considerado por ele, como hipocrisia. No entanto, essa situação foi completamente resolvida, e o próprio apóstolo Pedro mais tarde se referiu a Paulo como “nosso amado irmão” (2Pe 3,15).

Na Epístola aos Coríntios, também somos informados da divisão que havia em tal igreja, sendo que um dos grupos divididos alegava seguir o apóstolo Pedro, enquanto outros diziam ser de Paulo, Apolo e Cristo. Isso indica que provavelmente em algum momento ele esteve pessoalmente ali visitando aquela igreja.

Pedro foi o primeiro Papa?

Não, Pedro não foi o primeiro Papa. A igreja primitiva era liderada por todos os apóstolos, de uma forma mais democrática. Jesus nunca colocou Pedro numa posição de comando sobre os outros apóstolos. Jesus é e sempre foi o único líder supremo da Igreja.

Jesus fez Pedro Papa?

Não, Jesus não fez Pedro Papa. Pelo contrário, Ele disse que ninguém devia querer ser maior que os outros. Segundo Jesus, liderança é servir os outros, não mandar neles.

Quem diz que Jesus fez Pedro Papa usa três trechos da Bíblia:

1) Mateus 16,17-19, onde Jesus chama Simão de Pedro;
2) Lucas 22,31-32, em que Jesus manda Pedro fortalecer seus irmãos; e
3) João 21,15-17, quando Jesus diz para Pedro cuidar de suas ovelhas.

Jesus não coloca Pedro como chefe no texto de Mateus. Pedro tem uma parte importante na fundação da igreja mas quem a edifica é Jesus. Jesus é a pedra de esquina, fundamental para a igreja, não Pedro. O próprio Pedro disse que todos os crentes são pedras na construção da igreja! Jesus não deu as chaves do Reino só a Pedro. Em Mateus 18,18, Ele dá a mesma autoridade a todos os discípulos, a autoridade de anunciar o evangelho e pedir coisas de Deus.

O trecho de Lucas é um aviso. Jesus sabia que Pedro O iria negar (diz isso nos próximos versículos) e que iria ter uma crise de fé. Por isso orou por ele, para que não fosse vencido pelo diabo. Fortalecer os irmãos é uma coisa que todo o crente deve fazer, não é função exclusiva do Papa.

Na passagem em João, Jesus não manda Pedro ser o chefe de todos. Ele diz para cuidar de suas ovelhas (discípulos). Todo o líder deve cuidar dos outros discípulos. Nesta conversa Jesus está restaurando Pedro à sua posição de apóstolo, que ele negou quando negou Jesus.

Há evidência que Pedro foi Papa?

Não, a evidência indica que Pedro não foi Papa. Ele foi um apóstolo importante por ser ousado e o seu ministério foi essencial na fundação da igreja. Mas as diferentes igrejas locais eram bastante independentes e durante cerca de 300 anos não houve nenhum líder supremo. A Bíblia tem muitas provas que Pedro não era Papa nem era reconhecido como Papa:
  • Pedro era presbítero – ele não dizia que era superior aos presbíteros, antes disse que eram seus iguais (1 Pedro 5,1). O Papa é o líder supremo da Igreja Católica, acima de todas as outras autoridades.
  • Pedro prestava contas à igreja – ele não estava acima de toda autoridade e, quando foi criticado por comer com gentios, ele se explicou aos outros apóstolos e à igreja (Atos dos Apóstolos 11,1-4). Isso prova que suas atitudes não eram sempre aceites como indiscutíveis.
  • Pedro normalmente estava acompanhado de outros apóstolos – por exemplo, no Pentecostes Pedro “levantou-se com os Onze”. Pedro muitas vezes era o porta-voz do grupo, porque tinha facilidade para falar. Mas isso não significa que era o chefe (Arão falava por Moisés e não era o chefe). 
  •  Pedro não era infalível – mesmo depois do Pentecostes Pedro cometia erros. Em certa ocasião, Paulo o repreendeu publicamente por ter uma atitude hipócrita (Gálatas 2,11-13). O Papa é suposto ser infalível
  • Pedro tinha esposa – Jesus curou a sogra de Pedro e, anos mais tarde, Paulo mencionou que Pedro viajava com sua esposa (1 Coríntios 9,5).
  •  Paulo era mais famoso – os judeus e romanos pensavam que Paulo era o líder supremo da igreja, não Pedro (Atos dos Apóstolos 24,5). Se Pedro fosse o líder, acima de todos os outros, os governantes teriam notícias disso.

A morte do apóstolo Pedro e o final de seu ministério

Após 50 d.C. não temos tantas informações detalhadas sobre o apóstolo Pedro. Considerando suas duas epístolas, sabemos que ele permaneceu ativo na pregação da Palavra de Deus e no pastoreio do rebanho do Senhor (1Pe 5,1-2) até a hora de sua morte.

Existe um grande debate se o apóstolo Pedro chegou a fixar residência em Roma ou não. O que é certo é que a igreja em Roma não foi fundada por ele, até porque seria muito improvável que Paulo escrevesse uma epístola àqueles irmãos sem mencioná-lo.

Na verdade não há qualquer base bíblica de que ele tenha sido o primeiro bispo de Roma, nem mesmo que tenha sido líder da igreja na cidade por um período de tempo considerável, e a tradição que afirma tal coisa é bastante questionável. Saiba mais sobre a igreja em Roma no panorama da Carta aos Romanos.

Apesar disto, é muito provável que ele tenha estado em Roma em algum momento próximo ao final de sua vida, e que tenha escrito suas duas epístolas desta cidade. Em 1 Pedro 5:13 o apóstolo escreve dizendo estar na “Babilônia”, e essa informação têm sido entendida pela maioria dos estudiosos como uma referência a cidade de Roma. A presença de Marcos na ocasião também favorece essa interpretação.

Existe uma tradição muito antiga e uniforme dentro do cristianismo de que o apóstolo Pedro tenha sido martirizado em Roma por volta de 68 d.C., tal como foi Paulo. Tertualiano (200 d.C.) defendeu tal informação, e Orígenes afirmou que Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, uma informação também presente em alguns livros apócrifos.