Páginas

sábado, 27 de setembro de 2014

LIVRO DO ECLESIASTES (Ecl)



LIVRO DO ECLESIASTES (Ecl)


Autor: Salomão

Data: Cerca de 931 aC


Autor e Data

O nome Eclesiastes deriva do termo grego ekklesia (“assembléia”) e significa “aqueles que fala a uma assem- bléia”. O termo hebraico correspondente éqohelet, que significa “aquele que convoca uma assembléia” recebendo muitas vezes a tradução de “Professor” ou “Pregador” em outras versões da Bíblia.

Eclesiastes e, geralmente creditado a Salomão (cerca de 971 a 931 aC), escrito em sua velhice. O tom pessimista que impregna o livro talvez seja um efeito do estado espiritual de Salomão na época (ver 1Rs 11). Embora não mencionado em 1Rs, Salomão provavelmente recobrou a consciência antes de morrer, arrependeu-se e voltou-se para Deus. Ec 1.1 parece ser uma referência a Salomão: “Palavra do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém”. Alusões à sabedoria de Salomão (1.16), à riqueza (2.8), aos servos (2.8), aos prazeres (2.3)e a atividade de edificação estão espalhadas por todo o livro.

Contexto

O livro evidencia um período em que, para o autor, as soluções tradicionais pras as grandes questões da vida, particularmente para o sentido da vida, perderam a sua relevância. Ao invés de responder estas questões com citações da Escritura, o Pregador introduz uma metodologia baseada na observação e na indução. A sabedoria, quando encontrada em outra literatura sapiencial da Bíblia (Jó, Pv e certos Sl), é sinônimo de virtude e piedade; e sua antítese, a loucura, representa a maldade. No livro de Ec, a palavra “sabedoria”, às vezes, é usada nesse sentido quando se trata da interpretação israelita tradicional sobre a sabedoria (como em 7.1-8.9; 10.1-11.16). Mas no capítulo de abertura (1.12-18), o autor lida com a sabedoria enquanto o processo de puro pensamento, semelhante à filosofia frega, com questionamento dos valores absolutos. Mesmo sem contestar a existência de Deus, a qual confere sentido à criação, o Pregador está determinado a procurar esse sentido através da sua própria experiência e observação, a fim de poder verificar esse sentido pessoalmente e transmiti-lo aos seus discípulos.

Conteúdo

O livro de Ec apresenta todos os indícios de ser um ensaio literário cuidadosamente composto que precisa ser compreendido em sua totalidade antes de poder ser entendido em parte. O Conteúdo do livro é definido por versos quase idênticos (1.2; 12.8), que circunscrevem o livro ao antecipar e resumir as conclusões do autor. O tema é definido em 1.3: “Que vantagem tem o homem de todo o seu trabalho, que ele faz debaixo do sol?” Ou, pode a verdadeira sabedoria ser encontrada por um ser humano à parte da revelação de Deus?

A busca do Pregador é por algum tipo de valor (“vantagem) fixo, imutável, que possa ser achado nesta vida (“debaixo do sol”), que possa servir como base de uma vida adequada. O termo hebraico traduzido pro “vantagem” é yitron (1.3) e também pode ser traduzido por “ganho”, “valor”. “Vaidade” é uma palavra –chave no livro, traduzida do termo hebraico hebel (lit. “fôlego”), indicando assim aquilo que é mortal, transitório e efêmero. Tentando cada um dos caminhos propostos pela humanidade para alcançar o valor procurado, ele os acha evasivos (“aflição de espírito”), fugazes e transitórios (“vaidade”).

A “sabedoria” de 1.12-18 está desprovida de valor verdadeiro. E a resposta também não é encontrada no prazer, na riqueza, em grandes realizações (2.1-11), em um doutrina de compensação (2.12-17) ou no materialismo (2.18-26).

Qual deve ser nossa atitude diante do fato de que nem as realizações nem as coisas materiais são yitron, ou seja, não têm valor permanente? A resposta introduz o tema secundário do livro: devemos desfrutar tanto a vida como também as coisas que Deus nos tem concedido (3.11-12; 5.18-20; 9.7-10), lembrando que, no final, Deus nos julgará pelo modo como fizemos isso (11.7-10)

Mesmo a própria vida humana, em qualquer sentido humanista, secular, não pode ser considerada como o yitron que o Pregador procura. Mesmo a relação de vida e morte é um tema subordinado no livro.
Mas retomando à busca principal do Pregador: será que essa busca está destinada a terminar (12.8) como começou (1.2), numa nota de desespero? A constante investigação do Pregador por um sentido para toda a existência demonstra que ele é um otimista, não um pessimista, e o seu fracasso em descobrir algum valor absoluto, permanente, nesta vida (“debaixo do sol”), não significa que a sua busca seja um fracasso. Ao contrário, ele se acha forçado (pela observação de Deus pôs ordem no universo quando este foi criado, 3.1-14) a buscar o valor que tanto procura no mundo do porvir (não “debaixo do sol”, mas “acima do sol”, por assim dizer). Embora não afirme isso especificamente, a lógica que envolve toda a sua busca compele a encontrar o único verdadeiro yitron no temor (reverência) e na obediência a Deus (11.7-12.7). Isso é afirmado no epílogo: o dever de toda a humanidade é a reverência a Deus e o cumprimento dos seus mandamentos (12.13). Isso precisa acontecer, mesmo que durante esta vida não haja justiça verdadeira , pois Deus, no fim, trará a juízo tudo o que existe (11.9; 12.14). Com esta observação profunda o livro termina.


O Espírito Santo em Ação

Toda as referencias ao “espírito” em Ecl são referentes à força vital que anima o ser humano ou o animal (ver 3.18-21). Apesar disso, o livro antecipa alguns dos problemas enfrentados pelo apóstolo Paulo na implementação de dons espirituais em 1Co 12-14. As pessoas que acreditam que Deus lhes fale através do ES em sonhos e visões (Jl 2.28-32; At 2.17-21) agiriam bem se prestassem atenção na sábia advertência do Pregador de que nem todo sonho é voz de Deus (5.3). Paulo aparenta ter isso em mente ao falar sobre os dons de línguas e profecias em 1Co 14.9, aconselhando uma manifestação ordenada, seguida de um julgamento da assembléia sobre a declaração. Da mesma forma, a ênfase do Pregador na reverência e na obediência a Deus é paralela à preocupação de Paulo com a edificação da igreja (1Co 14.5). Os verdadeiros dons espirituais— manifestações genuínas de ações ou expressões miraculosas– acontecem em espírito de reverência pra a glória de Deus através de Cristo e para a edificação dos crentes.

Esboço de Eclesiastes:
I- Prólogo 1.1-2

a) Identificação do Livro 1.1
b) Resumos das investigações do Pregador 1.2

II- Estabelecimento do Problema 1.3-11
a) Estabelecimento do problema: Pode-se encontrar algum valor verdadeiro nesta vida? 1.3
b) Exposição do problema: Uma refutação das soluções humanísticas 1.4-11


III- Tentativas de solução para o problema 1.12-2.26
a) A refutação da razão pura: A sabedoria humana, sozinha, é inútil. 1.12-18
b) O fracasso do hedonismo: O prazer não tem sentido em si mesmo. 2.1-11
c) O fracasso da compensação: O sábio e o tolo encaram um fim comum 2.12-17
d) O fracasso da materialismo. 2.18-26


IV- Desenvolvimento do tema 3.1 - 6.12
a) Inutilidade dos esforços humanos em mudar a ordem criada. 3.1-15
b) Inutilidade de um fim igual a criaturas desiguais. 3.16-22
c) Inutilidade de um vida oprimida 4.1-3
d) Inutilidade da inveja. 4.4-6
e) Inutilidade de ser sozinho. 4.7-12
f) Inutilidade de uma monarquia hereditária. 4.13-16
g) Inutilidade do fingimento numa religião formal. 5.1-7
h) Inutilidade de sistemas de valores materialistas. 5.8-14
i) Inutilidade de deixar para trás, na morte, os produtos do trabalho 5.15-20
j) Inutilidade da futilidade de uma vida despojada. 6.1-9
l) Inutilidade do determinismo da natureza.  6.10-12


V- A sabedoria prática e os seus usos. 7.1 - 8.9
a) Provérbios moralizantes sobre vida e morte, bem e mal. 7.1-10
b) A sabedoria e as suas aplicações. 7.11-22
c) Observações sábias variadas. 7-23 - 8.1
d) A sabedoria na corte do rei. 8.2-9


VI- Um retorno ao tema. 8.10 - 9.18
a) Inutilidade da compensação (novamente) 8.10 - 9.12
b) Inutilidade da natureza instável do homem (novamente) 9.13-18


VII- Mais sobre a sabedoria e seus usos 10.1 - 11.6

VIII- O único valor é temer a Deus e obedecê-Lo. 11.7 - 12.7
a) O primeiro resumo das conclusões 11.7-10
b) O segundo resumo: alegoria da velhice e morte 12.1-7


IX- Epílogo: Confirmação da conclusão 12.8-14
a) Resumo das conclusões do Pregador 12.8
b) Resumo das conclusões do pregador através de um discípulo. 12.9-14

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 12 – INSTRUÇÕES BÍBLICAS PARA A FAMÍLIA.

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 12 – INSTRUÇÕES BÍBLICAS PARA A FAMÍLIA.

 

“O maior presente que você pode dar a seus filhos é o compromisso sagrado entre os pais” (Dennis Rainey).

Ao continuar nosso estudo sobre o lugar da família nas epístolas paulinas, iremos deter-nos sobre as orientações de Paulo aos membros da família e os cuidados que aqueles que estão à frente do povo de Deus devem ter para com suas respectivas famílias, e por ultimo iremos estudar alguns bons conselhos apostólicos para as famílias.

O apostolo Paulo sabia que para ter uma Igreja forte não poderia negligenciar nenhuma área da vida familiar.

I – INTRUÇÕES AS ESPOSAS.

As cartas aos Colossenses e aos Efésios  contêm as principais instruções paulinas aos membros de uma família.

Para as esposas, Paulo recomenda que sejam submissas – “Vós, mulheres, submetei-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o Salvador do corpo. Mas, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres o sejam em tudo a seus maridos.” (Ef 5,22-24); ver também Cl 3,18. A Tito recomendou que as mulheres mais jovens, alem de serem submissas, deveriam amar seus maridos e seus filhos, a serem prudentes e puras, voltadas para o lar e serem também bondosas – “Para que ensinem as mulheres novas a amarem aos seus maridos e filhos, a serem moderadas, castas, operosas donas de casa, bondosas, submissas a seus maridos, para que a palavra de Deus não seja blasfemada.” (Tt 2,4-5).

A questão da submissão é que mais tem trazido problemas de interpretação. Para compreender a orientação de Paulo sobre a importância da submissão da esposa ao marido é preciso voltar um pouco à leitura dos versículos anteriores na carta aos Efésios. Paulo estava discorrendo sobre os sinais de uma pessoa cheia do Espírito Santo (Ef 5,18-21). No texto, uma destas características é a sujeição – “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.” (Ef 5,21). Logo em seguida Paulo fala das implicações da plenitude do Espírito Santo na família (Ef. 5,22-23). John Stott comentando esse texto afirma: “Aqueles que estão verdadeiramente sujeito a Jesus Cristo não acham dificuldades em submeter-se uns aos outros também”. À luz do contexto a questão da submissão deve ser vivenciada por homens, mulheres, maridos e esposas, pais e filhos.uma outra questão importante é fazer uma ligação entre Efésios 5,22 com os versos posteriores. A submissão da esposa está ligada ao amor do marido (Ef 5,25-33). A submissão também deve ser voluntária, delegando ao marido a liderança da família, assim como a Igreja faz em relação a Cristo. É uma submissão voluntária a quem cuida e ama – “Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Pois nunca ninguém aborreceu a sua própria carne, antes a nutre e preza, como também Cristo à igreja.” (Ef 5,28-29).

II – INTRUÇÕES AOS MARIDOS.

Enquanto a recomendação paulina para a esposa é submissão, em relação aos maridos o amor é que deve imperar – “Vós, maridos, amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela.” (Ef 5,25); “Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não as trateis asperamente.” (Cl 3,18). O pensamento Paulino se aprofunda quando mostra aos maridos que o tipo de amor que devem ter para com suas esposas é o mesmo amor que Cristo tem para com a Igreja. Deve ser um amor sacrificial, santificador, zeloso e sem amargura (Ef 5,25-29).

Se pensarmos no contexto que Paulo escreveu essas palavras, podemos compreender a profundidade dessa instrução. A mulher era tratada como objeto. No judaísmo, valia um pouco mais do que um móvel ou um escravo. No mundo grego, não lhes era permitido tomar as refeições com os homens e tinham seus aposentos separados. Dentro desse contexto, Paulo diz aos maridos cristãos: “Amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja.” (Ef 5,25).

III – INSTRUÇÕES AOS FILHOS.

Para os filhos, o verbo usado foi “obedecer” e não “submeter” – “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo.” (Ef 6,1); “Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais; porque isto é agradável ao Senhor.” (Cl 3,20). É um termo mais forte. Alem de obedecer, os filhos devem honrar. “Honrar” tem idéia de “dar valor, reconhecer sua importância e sua autoridade, reverenciar”. Os filhos devem obedecer aos seus pais porque é justo. Em outras palavras:é algo intrinsecamente certo. Paulo lembra também que quando um filho honra seus pais terá êxito em seus empreendimentos e uma vida longa – “Para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra.” (Ef 6,3). O termo “vida longa” está ligado à estabilidade familiar. Francis Foukers, no seu comentário de Efésios, diz: “Quando se quebram os laços familiares, quando deixa de existir o respeito aos pais, a comunidade se torna decadente e não terá longa vida”.

Aos Colossenses, Paulo lembra que, alem de ser justo, sucesso nos empreendimentos e vida longa. Deus se agrada dessa atitude – “Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais; porque isto é agradável ao Senhor.” (Cl 3,20). Filhos conversam com seus pais, trate-os com amor, afinal, Deus ama e honra o filho que obedece, e seus dias serão prolongados conforme suas promessas.

IV – INSTRUÇÕES AOS PAIS.

Os pais receberam duas orientações de Paulo. Não devem irritar seus filhos e cria-los na disciplina e no conselho do Senhor. Os pais em algumas sociedades daquele tempo, tinham o direito de matar os recém-nascidos e de abandona-los. Para os pais cristãos o conselho de não provocar a ira dos filhos era um grande avanço. O que Paulo deseja é que os pais tenham autoridade, mas não coloquem sobre os filhos regras e regulamentos desnecessários que causam irritações e os deixam desanimados – “Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não fiquem desanimados.” (Cl 3,21). Se não devem deixa-los irritado, os pais devem jamais deixar de colocar limites, corrigi-los, exorta-los e discipliná-los segundo perspectivas cristãs. Por isto, o apóstolo usou a expressão “do Senhor” (Ef 6,4). Podemos apropriar-nos de orientações de psicólogos, mas desde que tais orientações não venham desqualificar ou desmerecer o que a Bíblia diz sobre a maneira de os pais cristãos educarem seus filhos. A primeira e a última palavra sobre a educação de filhos, para os pais cristãos, sempre devem ser a Bíblia.

V – INTRUÇÕES AOS LIDERES.

Ao saber da influencia que os lideres eclesiásticos têm sobre os seus liderados e quanto é importante ensinar a Igreja através da própria vida, o apóstolo em suas epistolas pastorais  emite importantes recomendações aos presbíteros e diáconos, mas extensivos a todos os lideres cristão.

Devem ser maridos de uma só mulher – “É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar.” (1Tm 3,2); “Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas.” (1Tm 3,12); “alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, tendo filhos crentes que não sejam acusados de dissolução, nem sejam desobedientes.” Essa expressão tem sido interpretada de várias maneiras. Sobre o dever de o líder cristão não ser polígamo, todos concordam. Outros defendem a tese de que Paulo se estava referindo a digamia, isto é, um segundo casamento. A terceira corrente defende a idéia de que Paulo estava apenas lembrando da importância de o líder ser casado.

O autor defende a tese de que, além de o líder cristão não ser polígamo, ele não deve estar num segundo casamento se o primeiro tenha-se dissolvido por outras razões que não sejam por “imoralidade sexual” (Mt 19,9) ou “morte do cônjuge” (Rm 7,2-3).

Outra recomendação é de que os lideres deveriam ser hospitaleiros – “É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar.” (1Tm 3,2); “mas hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, temperante.” (Tt 1,8). Hospitalidade significa estar aberto a novos relacionamentos, ter as portas de sua casa sempre abertas.

Os lideres devem também ser um exemplo na liderança de sua família – “Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito. Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas.” (1 Tm 3,4.12). Liderar sua família em amor e criar seus filhos de acordo com os parâmetros bíblicos são condições essenciais para alguém ter a habilitação para estar à frente da família de Deus – “(Pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?).” (1Tm 3,5); “alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, tendo filhos crentes que não sejam acusados de dissolução, nem sejam desobedientes.” (Tt 1,6). Ser um bom pregador não está incluído na lista das qualificações deixadas por Paulo para alguém liderar o povo de Deus, mas exemplo de vida fora e dentro do lar, sim.

Os lideres também deveriam, de acordo com o apóstolo, ser cuidadosos nos relacionamento com os anciãos e com as mulheres. Em relação aos anciãos, deveria o líder cristão tratar com autoridade, mas como se fosse seu pai – “Não repreendas asperamente a um velho, mas admoesta-o como a um pai.” (1Tm 5,1a) e as mulheres principalmente as mais novas, deveriam ser tratadas como mães e irmãs, com respeito e com muita pureza – “Às mulheres idosas, como a mães; às moças, como a irmãs, com toda a pureza.” (1Tm 5,2). Se os lideres atentassem para  estas orientações, especialmente em relação à pureza que deve marcar o relacionamento com o sexo oposto, muitos dissabores poderiam ser evitados na história da Igreja.

Sua ministração também deveria ser firme, pois existiam, como também hoje, muitos que procuravam destruir a família – “Aos quais é preciso tapar a boca; porque transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância.” (Tt 1,11) e não demonstravam amor para com essa instituição tão querida aos olhos de Deus – “...sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus.” (2Tm 3,3-4). Quanto às viúvas, a primeira linha de responsabilidade está nas mãos da própria família (1Tm 5,3-8). Em segundo lugar, caso não tenha filhos, a Igreja passa a ter essa responsabilidade – “Não seja inscrita como viúva nenhuma que tenha menos de sessenta anos, e só a que tenha sido mulher de um só marido. Se alguma mulher crente tem viúvas, socorra-as, e não se sobrecarregue a igreja, para que esta possa socorrer as que são verdadeiramente viúvas.” (1Tm 5,9.16). por último, caso não tenha amparo da família ou da comunidade de fé, o Estado deve ter esta responsabilidade.

A Igreja Católica Apostólica Romana defende o celibatário. Paulo não era casado – “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.” (1Cor 7,8). Escrevendo, pois, a Timóteo, que também era bispo celibatário, não lhe podia aconselhar casamento. Porem por falta de candidatos celibatários para a função episcopal (naquela época), ele lhe recomenda escolher também homens casados – “É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar.” (1Tm 3,2) ele não coloca acento nas palavras – “que seja casado” mas nas palavras – “com uma só mulher”  e não com duas ou três. Paulo apresenta os argumentos em favor do celibato. “Pois quero que estejais livres de cuidado. Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor, mas quem é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar a sua mulher.” (1Cor 7,32-33).

A Igreja Católica reconhece que a exigência do celibato dos padres não é de lei divina, mas de lei eclesial, que em circunstancias especiais poderia ser abolida, mas opta pela maior perfeição, já que por este motivo os Apóstolos de Jesus deixaram a convivência matrimonial e familiar, para se dedicar inteiramente à propagação do Reino de Deus – “Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos, por amor do reino de Deus, que não haja de receber no presente muito mais, e no mundo vindouro a vida eterna.” (Lc 18,28-30).

Assumindo livremente o celibato, o sacerdote imita a maneira de viver de Jesus  - celibatário – inteiramente dedicado as coisas do Pai e de seu Reino.

CONCLUINDO

As cartas de Paulo são verdadeiros compêndios para vivermos bem em família e para a Igreja exercer um efetivo trabalho na área familiar.


terça-feira, 23 de setembro de 2014

LIVRO DOS PROVÉRBIOS (Pr)




LIVRO DOS PROVÉRBIOS (Pr ou Pv)

Autor: Salomão, Agur e rei Lemuel
Data: Cerca de 950 aC



Autor

Salomão, rei de Israel, era filho de Davi e de Bate-Seba. Ele reinou por quarenta anos, de 970 a 930 aC, assumindo o trono quando tinha cerca de vinte anos de idade.

Sem dúvida influenciado pelos Salmos escritos por seu pai, Salomão nos deixou mais livros do que qualquer outro escritor do AT, excetuando-se Moisés. Parece provável que Cantares de Salomão tenha sido escrito quando ele era um jovem romântico; Provérbios, quando estava mais maduro e no auge de seu poder; Eclesiastes, quando já estava mais idoso, mais inclinado a conclusões filosóficas— e talvez mais cínico. Se poder não se mostrava em campos de batalha, mas no domínio da mente: meditação, planejamento, negociação e organização.

A reputação de Salomão para a sabedoria provém não apenas de seus resultados práticos, como no caso da disputa de um bebê (1Rs 3.16-27), mas também de declarações diretas das Escrituras. Em 1Rs 3.12 Deus diz: “Eis que te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti teu igual não houve, e depois de ti teu igual se não levantará.” Em 1Rs 4.31 ele é considerado “mais sábio do que todos os homens”, seguindo um citação de vários nomes de homens sábios para comparação.

A respeito de Agur e do rei Lemuel (301; 31.1) nada se sabe, exceto que, pelos seus nomes, não são israelitas. A sabedoria é universal, não nacional.


Data

Uma vez que o Livro de Pv é uma compilação, sua composição estendeu-se por um longo período, com a obra principal datada de cerca de 950 aC. Os caps. 25-29 são identificados como transcritos pelos “homens de Ezequias”, o que situa a cópia em cerca de 720 aC, embora o material em si fosse de Salomão, talvez retirado de um documento separado encontrado no tempo de Ezequias.

Conteúdo

Sob a liderança de Salomão, Israel alcançou sua maior extensão geográfica e desfrutou da menor violência de todos o período monárquico. “Pacifico”, o significado de seu nome, descreve o reinado de Salomão. E paz, com sabedoria, trouxe prosperidade sem precedentes para a nação, o que se tornou motivo de respeito e admiração para o rainha de Sabá (1Rs 10.6-9) e pra outros governantes da época. Palavras sábias, como música ou outras formas de arte, tendiam a florescer em tal época, e então durar pelas gerações seguintes.

O livro de Pv não é apenas uma coleção de provérbios, mas uma coleção de coleções. Seu pensamento ou tema unificador é: “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria” (9.10), aparecendo de outra maneira como: “O temor do SENHOR é o principio (ou parte principal) da ciência” (1.7). Dentre a diversidade de exemplos, algumas verdades se repetem:
A sabedoria (a habilidade de julgar e agir conforme as orientações de Deus) é o mais valioso dos bens.
A Sabedoria está disponível para qualquer um, mas o preço é alto.
A Sabedoria tem sua origem em Deus, não na própria pessoa e vem por meio da atenção à instrução.
A Sabedoria e a justiça andam juntas. É bom ser sábio, e é sábio ser bom.
O homem mau sofre as conseqüências de seus atos maus.
O ingênuo, o tolo, o preguiçoso, o ignorante, o orgulhoso, o libertino e o pecador nunca devem ser admirados.
Muitos contrastes se repetem ao longo do livro. A antítese ajuda a clarear o sentido de muitas palavras-chaves. Entre várias ideias que são colocadas em contraste estão:
Sabedoria em oposição a Loucura
Justiça em oposição a Impiedade
Bem em oposição ao Mal
Vida em oposição a Morte
Prosperidade em oposição a Pobreza
Honra em oposição a Desonra
Permanente em oposição a Transitório
Verdade em oposição a Falsidade
Ação em oposição a Preguiça
Amigo em oposição a Inimigo
Prudência em oposição a Precipitação
Fidelidade em oposição a Adultério
Paz em oposição a Violência
Boa Vontade em oposição a Ira
Deus em oposição ao Homem
O Espírito Santo em Ação

O ES não é mencionado diretamente no Livro de Pv. Mas a sabedoria se refere ao seu espírito (1.23), que é, sem dúvida, o ES. De fato, um ponto principal do livro é que a sabedoria sem Deus é impossível; assim, nesse sentido, seu espírito tem destaque em toda parte. No entanto, a palavra predominante traduzida por “espírito” no livro tem quase sempre o sentido de “atitude” ou “comportamento”, nunca implicando uma personalidade.

Em nosso época, um tempo de ação especial do ES, é o Espírito que nos ajuda a garimpar as riquezas de Pv, mais do que Pv nos ajuda a entender o Espírito. Foi dito a respeito do AT e do NT. “O Novo está encoberto no Antigo; o Antigo está revelado no Novo”.

No caso do Livro de Pv, o Espírito Santo no NT demonstra como a sabedoria do Livro (que vem apenas através da justiça) é colocada em prática.
Esboço de Provérbios
I. Introdução 1.1-7
Título, propósito e introdução 1.1-6
Tema ou lema 1.7
II. Avisos de um pai e advertências da Sabedoria 1.8-8.36
Avisos de um pai, parte um 1.8-19
Advertências da Sabedoria, parte um 1.20-33
Avisos de um pai, parte dois 2.1-7.27
Advertências da Sabedoria, parte dois 8.1-36
III. O caminho da Sabedoria em oposição ao caminho da Loucura 9.1-18
IV. Provérbios de Salomão e palavras do sábio 10.1-29.27
Provérbios de Salomão— primeira coleção 10.1-22.16
Palavras do sábio— primeira coleção 22.17-24.22
Palavras do sábio— segunda coleção (pelos homens de Ezequias) 25.1-29.27
V. Provérbios de Agur 30.1-33
A vida de moderação temente a Deus 30.1-14
As maravilhas da vida observadas sobre a terra 30.15-31
A insensatez do orgulho e da ira 30.32,33
VI. Provérbio do rei Lemuel 31.1-31

Conselhos de uma mãe para um filho nobre 31.1-9
Um poema acróstico sobre a esposa perfeita 31.10-31

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

LIVRO DOS SALMOS (Sl)



LIVRO DOS SALMOS (Sl)

Autor: Davi, Asafe, filhos de Coré e outros
Data: entre 1000 e 300 aC


Autor

O Livro de Salmos é uma compilação de diversas coleções antigas de cânticos e poesias próprias para o uso tanto no culto congregacional quanto para a devoção particular. Em algumas coleções, os compiladores antigos reuniram a maior parte dos maravilhosos cânticos de Davi. Em outras, eles coletaram salmos de uma variedade de autores, como Moisés, Asafe, Hemã, os filhos de Corá, Salomão, Etã e Jedutum. Muitos são de fonte desconhecida. Os estudiosos judeus os chamam de “salmos órfãos”.

Data

O salmos, considerados individualmente, podem ter sido escritos em datas que vão desde o êxodo até a restauração depois do exílio babilônico. Mas as coleções menores parecem haver sido reunidas em períodos específicos da história de Israel: o reinado do rei Davi (1Cr 23.5); o governo de Ezequias (2Cr 29.30); e durante a liderança de Esdras e Neemias (Ne 12.24). Esse processo de compilação ajuda a explicar a duplicação de alguns salmos. Por exemplo 14 é similar ao 53.

O Livro dos Salmos foi editado em sua forma atual, embora com diversas variações, na época em que a Septuaginta Grega foi traduzida do hebraico, alguns séculos antes do advento de Cristo.

Os texto Ugaríticos, quando contrastados com os recentes escritos do mar Morto, mostram que as imagens, o estilo e o paralelismo de alguns salmos refletem um vocabulário e estilo cananeus muito antigos. Assim, o Livro dos Salmos reflete o culto, a vida devocional e o sentimento religioso de cerca de mil anos da história de Israel.

Conteúdo

O título hebraico deste livro, Sepher Tehillim, significa “Livro de Louvores”. Os títulos gregos, Psalmoi ou Psalterion, denotam um poema que deve ser acompanhado por um instrumento de cordas. Entretanto, o Saltério contém mais do que cânticos para o templo e hinos de louvor. Ele inclui elegias, lamentações, orações pessoais e patrióticas, petições, meditações, instruções, antífonas histporicas e tributos em acrósticos sobre temas nobres.

Em sua forma final no cânon das Escrituras, o Livro dos Salmos é subdividido em cinco livros menores. Cada livro é uma compilação de diversas coleções antigas de cânticos e poemas. Uma doxologia apropriada foi colocada pelos editores no final de cada livro. No livro I (Sl 1-41), a maioria dos cânticos são atribuídos a Davi. O Livro II (Sl 42-72) é uma coleção de cânticos por, de, ou para os filhos de Corá, Asafe, Davi e Salomão; nessa coleção, quatro escritos permanecem anônimos. O Livro III (Sl 73-89) é marcado por uma grande coleção de cânticos de Asafe. Asafe foi o chefe dos cantores do rei Davi (1Cr 16.4-7). Embora a maioria dos salmos no Livro IV (Sl 90-106) não tenha os seus autores citados, Moisés, Davi e Salomão colaboraram também. No Livro V (Sl 107-150) registram-se vários cânticos de Davi. A série de cânticos chamada de Hallel Egípcio (Sl 113-118) também está no Livro V. Os cânticos finais nesse livro (Sl 146-150) são conhecidos como o “Grande Hallel”. Cada cântico começa e termina com a exclamação hebraica de louvor, “Hallelujah!”.

Títulos informativos são encontrados no começo de muitos dos salmos. A preposição hebraica usada em muitos títulos pode ser traduzida de três maneiras: “a”,”para”, e “de”. Ou seja, “dedicado a”, “para o uso de” e “pertecente a”. Todos os títulos que descrevem a situação histórica do salmo tratam da vida de Davi. Os salmos 7, 34, 52, 54, 56, 57, 59 e 142 referem-se aos eventos ocorridos durante o problemático relacionamento de Davi com Saul; o salmos 3, 18, 51, 60 e 63 cobrem o período em que Davi reinou sobre Judá e Israel.

Outros títulos precedentes aos salmos referem-se aos instrumentos usados no acompanhamento; à melodia ou música apropriada; que parte do coral deve guiar (por exemplo, soprano, tenor, baixo); ou que tipo de salmo é (por exemplo: meditação, oração). Alguns dos significados destas anotações musicais e litúrgicas são hoje desconhecidas.

Poesia Hebraica. Em lugar de rima de sons, a poesia e o cântico hebraicos são marcados pelo paralelismo, ou rima de idéias. A maioria dos paralelismo são dísticos que expressam pensamentos sinônimos em cada linha (36.5). Outros são antíteses, em que a segunda linha expressa a negativa da linha precedente (20.8). Também há dísticos construtivos ou sintéticos, os quais tendem a adicionar ou a fortalecer um pensamento (19.8,9). Alguns poucos paralelismos são causais, apresentando a justificativa da primeira linha (31.21). Às vezes, o paralelismo envolve três linhas (1.1), quatro (33.2,3) ou mais linhas.

O Espírito Santo em Ação

O livro dos Salmos e os princípios de culto que eles refletem atendem à alma do homem e ao coração de Deus, pois são produto da obra do ES. Davi, o principal colaborador do livro dos Salmos, foi ungido pelo ES (1Sm 16.13). Essa unção não foi apenas pra o reinado, mas para o oficio de profeta (At 2.30); e as suas afirmações proféticas foram feitas pelo poder do ES (Lc 24.44; At 1.16). Na verdade, as letras desses cânticos foram compostas por inspiração do Espírito (2Sm 23.1,2), como também os planos de escolher maestros e corais com orquestras de acompanhamentos (1Cr 28.12,13).

Portanto, os Salmos são únicos e imensamente diferente das obras de compositores seculares. Ambas podem refletir a profundidade da agonia experimenta pelo espírito humano atormentado, com toda a sua comoção, e expressar a alegria extasiante da alma libertada, mas apenas os Salmos chegam a um plano superior através da unção criativa do ES.

Relatos específicos mostram que o ES opera criando vida (104.30); que acompanha fielmente os crentes (139.7); que guia e instrui (143.10); que sustém o penitente (51.11-12); e que interage com o rebelde (106.33).

Esboço de Salmos

I. Livro I 1.1-41.13
Cânticos introdutórios 1.1-2.12
Cânticos de Davi 3.1-41.12
Doxologia 41.13
II. Livro II 42.1-72.20
Cânticos dos filhos de Corá 42.1-49.20
Cânticos de Asafe 50.1-23
Cânticos de Davi 51.1-71.24
Cânticos de Salomão 72.1-17
Doxologia 72.18,19
Versículo de conclusão 72.20
III. Livro III 73.1-89.52
Cânticos de Asafe 73.1-83.18
Cânticos dos filhos de Corá 84.1-85.13
Cânticos de Davi 86.1-17
Cânticos dos filhos de Corá 87.1-88.18
Cânticos de Etã 89.1-51
Doxologia 89.52
IV. Livro IV 90.1-106.48
Cânticos de Moisés 90.1-17
Cânticos anônimos 91.1-92.15
Cânticos “O Senhor Reina” 93.1-100.5
Cânticos de Davi 101.1-8; 103.1-22
Cânticos anônimos 102.1-28; 104.1-106.47
Doxologia 106.48
V. Livro V 107.1-150.6

Cânticos de ação de graças 107.1-43
Cânticos de Davi 108.1-110.7
Hallel Egípcio 111.1-118.29
Cânticos Alfabético sobre a lei 119.1-176
Cânticos dos degraus 120.1-134.3
Cânticos anônimos 135.1-137.9
Cânticos de Davi 138.1-145.21
Cânticos “Louvai ao Senhor” 146.1-149.9
Doxologia 150.1-6
Fonte: Bíblia Plenitude

domingo, 21 de setembro de 2014

LIVRO DE JÓ (Jó)



LIVRO DE JÓ (Jó)


Autor: Incerto (Moises ou Salomão)

Data: Não especificada ( do séc. V ao II aC)


AutorA autoria de Jó é incerta. Alguns eruditos atribuem o livro a Moisés. Outros atribuem a um dos antigos sábios, cujos escrito podem se encontrados em Provérbios ou Eclesiastes. Talvez o próprio Salomão tenha sido seu autor.

DataOs procedimentos, os costumes e o estilo de vida geral do livro de Jó são do período patriarcal (cerca de 2000-1800 aC). Apesar dos estudiosos não concordarem quanto à época em que foi compilado, este texto é obviamente o registro de uma tradição oral muito antiga. Aqueles que atribuem o livro a Moisés, acham que a história surgiu lá pelo séc. XV aC. Ouros acham que surgiu lá pelo séc. II aC. A maior parte dos conservadores atribuem Jó ao período salomônico, pela metade do séc. X aC.

ConteúdoA própria Escritura atesta que Jó foi uma pessoa real. Ele é citado em Ez 14.14 e Tg 5.11. Jó era um gentil. Acredita-se que era descendente de Naor, irmão de Abraão. Conhecia Deus pelo nome de “Shaddai” - o Todo Poderoso. (Há 30 referências a Shaddai no Livro de Jó). Ele era um homem rico e levava um estilo de vida seminômade.

O Livro de Jó tem sido chamado de “poema dramático de uma história épica”. Os caps 1-2 são um prólogo que descreve o cenário da história. Satanás apresenta-se ao Senhor, junto com os filhos de Deus, e desafia a piedade de Jó, dizendo: “Porventura, teme Jó a Deus debalde?” (1.9). Vai mais longe e sugere que se Jó perdesse tudo o que possuía, amaldiçoaria a Deus. Deus dá licença a satanás para provar a fé que tinha Jó, privando-o de sua riqueza, da sua família e, finalmente, da sua saúde. Mesmo assim, “em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios” (2.10). Jó, então, é visitado por três amigos—Elifaz, o temanita; Bildade, o suíta e Zofar, o naamatita; que ficam impressionados pela deplorável condição de Jó que permanecem sentados com Jó durante sete dias sem dizer uma só palavra.

A maior parte do livro é composta por três diálogos entre Jó e Zofar, seguidos pelo desafio de Eliú a Jó. Os quatro homens tentam responder a pergunta: “ Por que sofre Jó?” Elifaz, argumentando a partir da sua experiência, declara que Jó sofre porque pecou. Argumenta que aqueles que pecam são punidos. Como Jó está sofrendo, obviamente pecou. Bildade, sustentando sua autoridade na tradição, sugere que jó é um hipócrita. Também ele faz a inferência de que se os problemas vieram, então Jó deve ter pecado. “Se fores puro e reto, certamente, logo despertará por ti” (8.6). Zofar condena Jó por verbosidade, presunção, e pecaminosidade, concluindo que Jó está recebendo menos do que merece: “Pelo que sabe Deus exige de ti menos do que merece a tua iniqüidade” (11.6)

Os três homens chegam basicamente à mesma conclusão: o sofrimento é conseqüência direta do pecado, e a iniquidade sempre punida. Argumentam que é possível avaliar o favor ou desfavor de Deus a alguém pela prosperidade ou adversidade material. Assumem erroneamente que o povo pode compreender os caminhos de Deus sem levar em conta o fato de que as bênçãos e a retribuição divina podem ir além da vida presente.

Na sua resposta aos seu amigos, Jó reafirma a sua inocência, dizendo que a experiência prova que tanto o justo como o injusto sofrem, e ambos desfrutam momentos de prosperidade. Lamenta o seu estado deplorável e as sua tremendas perdas, expressando a sua tristeza em relação a eles por acusarem-no em lugar de trazer-lhe consolo.

Depois que os três amigos terminam, um jovem, chamado Eliú, confronta-se com Jó, que prefere não responder suas acusações. O argumento de Eliú pode ser resumido desta maneira: Deus é maior do que qualquer ser humano, isso significa que nenhuma pessoa tenha o direito ou autoridade de exigir uma explicação dele. Argumenta que o ser humano não consegue entender algumas coisas que Deus faz. Ao mesmo tempo, Eliú sugere que Deus irá falar se ouvirmos. A sua ênfase está na atitude do sofredor, ou seja, uma atitude de humildade levará Deus a intervir. Essa é a essência da sua mensagem: em vez de aprender com o seu sofrimento, Jó demonstra a mesma atitude dos ímpios para com Deus, e esta é a razão pela qual ainda está sofrendo aflição. O apelo de Eliú a Jó é: 1) ter fé verdadeira em Deus, em vez de ficar pedindo explicação. 2) Mudar a sua atitude para uma atitude de humildade.

Não se deve concluir que todas as objeções dos amigos de Jó representem tudo o que se pensava de Deus durante aquela época. Na medida em que a revelação da natureza de Deus foi se fazendo conhecida através da história e das Escrituras, descobrimos que algumas dessas opiniões eram incompletas. Evidentemente, isso não faz com que o texto seja menos inspirado, antes nos dá um relato inspirado pelo ES dos incidentes como realmente aconteceram.

Quando os quatro concluíram, Deus respondeu a Jó de dentro de um remoinho. A resposta de deus não é uma explicação dos sofrimentos de Jó, mas, através de uma série de perguntas, Deus procura tornar Jó mais humilde. Quando relemos a fala de Deus através do remoinho, tiramos três conclusões a respeito do sofrimento de Jó: 1) não aparece a intenção de se revelar a Jó a causa dos seus sofrimentos. Deus não podia, provavelmente, explicar alguns aspectos do sofrimento humano, no momento em que acontece, sem o risco de destruir o próprio objetivo que esse sofrimento é destinado a cumprir. 2) Deus se envolve com a realidade do ser humano: Jó e o seu sofrimento são suficientes que Deus fale com ele. 3) o propósito de Deus também era o de levar Jó a abrir mão da sua justiça própria, da sua defesa própria e sabedoria auto-suficiente, de forma que pudesse buscar esses valores em Deus.


O Espírito Santo em AçãoEliú, em seu debate com Jó , faz três declarações significativas sobre o papel do ES no relacionamento do povo com Deus. Em 32.8, declara que o nível de compreensão de uma pessoa não está relacionada à sua idade ou etapa de vida, mas é antes o resultado da operação do Espírito de Deus. O Espírito é o autor da sabedoria dando a cada um a capacidade de conhecer e tirar lições pessoais das coisas que acontecem na vida. Assim, conhecimento e sabedoria são bênçãos do Espírito aos homens.

O Espírito de Deus é também a fonte da própria vida (33.4). Se não fosse pela influência direta do Espírito, o homem como nós o conhecemos não teria chegado a existir. Assim foi na criação original do homem, e assim continua sendo. Eliú declara que a sua própria existência dá testemunho do poder criador do Espírito. O Espírito de Deus é o Espírito da vida.

Como o Espírito de Deus dá vida e sabedoria ao homem, ele também é essencial à própria continuidade da raça humana. Se Deus tivesse que desviar a sua atenção para outro lugar, se tivesse que retirar o seu Espírito-que-dá-vida deste mundo, certamente a história humana chegaria ao seu fim (34.14,15). A intenção de Eliú é deixar claro que Deus não é caprichoso nem egoísta, pois cuida do ser humano, sustenta-o de forma constante pela abundante presença do seu Espírito. Dessa forma, o Espírito Santo no livro de Jó é o criador e mantenedor da vida, conferindo –lhe significado e racionalidade.


Esboço de Jó
Introdução 1.1-2.13
Jó é consagrado e rico 1.1-5
Satanás desafia o caráter de Jó 1.6-12
Satanás destrói as propriedades e os filhos de Jó 1.13-22
Satanás ataca a saúde de Jó 2.1-8
Reação da esposa de Jó 2.9,10
A visita dos amigos de Jó 2.11-13
I. Diálogo entre Jó e os seus três amigos 3.1-26.1
Clamor de desespero de Jó 3.1-26
Primeiro diálogo 4.1-14.22
Segundo diálogo 15.1-21.34
Terceiro diálogo 22.1-26.14

II.Discurso final de Jó aos seus amigos 27.1-31.40
III. Eliú desafia Jó 32.1-37.24
IV. Deus responde de um remoinho 38.1-41.34
V. A resposta de Jó 42.1-6
VI. Parte histórica final 42.7-17

sábado, 20 de setembro de 2014

SEGUNDO LIVRO DOS MACABEUS



SEGUNDO LIVRO DOS MACABEUS

A FÉ LEVA AO HEROÍSMO

Introdução

Diversamente do que parece, o segundo livro dos Macabeus não é continuação do primeiro, mas narrativa paralela a 1Mc 1-7. Descreve os acontecimentos que ocorreram na Judéia entre 175-161 a.C. O autor escreveu diretamente em grego, resumindo uma obra de cinco volumes, escrita por Jasão de Cirene (2Mc 2,19-32).

Por que o autor sentiu necessidade de retomar uma história já conhecida? Qual a originalidade? Podemos dizer que a intenção do autor é reler os mesmos fatos, para mostrar que a luta em defesa do povo se enraíza na atitude de fé, que confia plenamente no auxílio de Deus. Desse modo, a resistência contra o opressor implica fé e ação, mística e prática ou, na visão do autor, lutar com as mãos e rezar com o coração. Trata-se, portanto, de releitura por dentro do movimento revolucionário, cuja eficácia repousa na força de Deus, presente na ação do povo. Nessa perspectiva de fé, nem mesmo a morte se apresenta como obstáculo ou sinal de derrota. Pelo contrário, o testemunho dos mártires, coroado pela fé na ressurreição, mostra que não há limites para a resistência, pois Deus gera a vida onde os opressores produzem a morte. Confiando nesse Deus, o povo nada mais tem a temer, pois em qualquer circunstância tem certeza da vitória.

FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 11 – MISTURANDO AS FAMÍLIAS, FORTALECENDO A IGREJA.


FAMÍLIA NA BÍBLIA - LIÇÃO 11 – MISTURANDO AS FAMÍLIAS, FORTALECENDO A IGREJA.

 

“O lugar mais adequado para passar a ‘bandeira da verdade’, de geração a geração, como em uma corrida de bastões, é o seio da família”. (Dorothy Flory de Quijad).

Se o apóstolo Paulo fosse um padre em nossos dias, com certeza ele daria, no seu ministério, uma forte ênfase à Pastoral Familiar de sua igreja.

Nos seus escritos, chamou os crentes de “irmãos” – “...aos santos e fiéis irmãos em Cristo que estão em Colossos..” (Cl 1,2); “Saudai a cada um dos santos em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo vos saúdam.” (Fl 4,21). Aqueles que receberam o Evangelho através da sua pregação chamou-os de “filhos na f锓...a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé:..” (1Tm 1,2); “Sim, rogo-te por meu filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões.” (Fm 10). “Aba”, que traduzido lembra a expressão carinhosa “papai”, foi usada para expressar a intimidade que os crentes, filhos de Deus, podem e devem ter com Ele -  “E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.” (Gl 4,6). Chamou Deus de Pai – “Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos.” (Ef 4,6). A Igreja de Cristo é a “família de Deus” que parte está nos céus e a outra se encontra neste mundo – “...do qual toda família nos céus e na terra toma o nome..” (Ef 3,15). Apropriou-se de histórias de famílias do Velho Testamento para emitir profundos conceitos teológicos (Gl 4,21-31). Referiu-se a Cristo, como Noivo, e a Igreja como sendo uma virgem pura – “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; pois vos desposei com um só Esposo, Cristo, para vos apresentar a ele como virgem pura.” (2Cor 11,2). Via no casamento uma figura do relacionamento entre o homem e Deus – “...Chamarei meu povo ao que não era meu povo; e amada à que não era amada...” (Rm 9,25).

Quando lemos suas cartas, em quase todas elas, podemos encontrar o apóstolo fazendo recomendações importantes aos casais, solteiros e viúvos, pais e filhos.

I – ORIENTAÇÕES A CERCA DO CASAMENTO, DIVORCIO E NOVO CASAMENTO.

As cartas paulinas, especialmente, principalmente Romanos e 1Corintios, dão-nos uma excelente base para nossas posições,  enquanto igreja de Cristo no século XXI, acerca do divorcio e do novo casamento.

Ao discorrer seu pensamento sobre a lei, Paulo usa a metáfora do casamento para ilustrar suas idéias. Nessa ilustração que se encontra em Romanos 7,2-3 – “Porque a mulher casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver; mas, se ele morrer, ela está livre da lei do marido. De sorte que, enquanto viver o marido, será chamada adúltera, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido.” – o apostolo deixa claramente para seus leitores suas orientações sobre as possibilidades de um novo casamento.

Para Paulo, o casamento é indissolúvel, isto é uma relação que dura a inteira. Diz ele “...a mulher casada está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver.” (Rm 7,2a). Só no caso da morte do marido (ou cônjuge) a mulher estaria livre da lei do casamento – “...se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido.” (Rm 7,3b). Caso isto não acontecesse, isto é, um casamento com marido vivo, seria considerada adultera – “De sorte que, enquanto viver o marido, será chamado adúltera, se for de outro homem.” (Rm 7,3a). Em suma, de acordo com a visão de Paulo, só a morte de um dos cônjuges poderia romper os laços matrimoniais. Daí a sociedade cristã ter o termo “até que a morte os separe”. Embora não encontremos esta frase nas Escrituras Sagradas, a idéia está em Rm 7,3. Em 1Cor 7,39 – “A mulher está ligada enquanto o marido vive; mas se falecer o marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor.” – Paulo acrescenta algo de muita importância. No caso de um segundo casamento, após a morte do cônjuge, essa união deve ser só com uma outra pessoa que seja crente. Uma viúva ou um viúvo cristão, embora livre para casar-se com um cristão, seria melhor, para sua felicidade, de acordo com a visão de Paulo, permanecer sem se casar – “Será, porém, mais feliz se permanecer como está, segundo o meu parecer, e eu penso que também tenho o Espírito de Deus.” (1Cor 7,40), pois o seu gozo completo se daria numa dedicação total a Cristo.

Enquanto em Rm 7,2-3, Paulo tratava da lei, usando a metáfora do casamento. Em 1Cor 7, ele dedica um bom tempo para dar suas valiosas instruções eclesiásticas sobre temas familiares. Naquela igreja nascente e situada numa cidade muito contaminada pelo pecado, os cristãos tinham algumas dúvidas em torno de alguns assuntos.

Para Paulo, o casamento era uma espécie de cerca de proteção para a imoralidade – “Mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido.” (1Cor 7,2). O apóstolo em nenhum lugar de seus inscritos condenou a instituição do casamento. Para entender este texto é preciso compreender que naquela igreja existiam dois grupos: os que defendiam o celibatarismo e aqueles que advogavam a abstinência sexual, mesmo no contexto do casamento. Ao procurar a orientar suas ovelhas, dá as seguintes instruções:
·         Procurou deixar claro para os leitores que as relações sexuais só seriam aprovadas por Deus em contexto no casamento – “Mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido.” (1Cor 7,2).
·         Asseverou que tanto o marido quanto a mulher tinham direito à satisfação e realização sexual – “O marido pague à mulher o que lhe é devido, e do mesmo modo a mulher ao marido. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido; e também da mesma sorte o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher.” (1Cor 7,3-4).
·         A abstinência sexual, no contexto do casamento, só em casos especiais para identificarem à oração, mesmo assim por mútuo consentimento e por pouco tempo para que Satanás não os tente – “Não vos negueis um ao outro, senão de comum acordo por algum tempo, a fim de vos aplicardes à oração e depois vos ajuntardes outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.” (1Cor 7,5).
·         A cerca do celibato, Paulo orientou ser uma opção – “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.” (1Cor 7,8). No caso de impossibilidade de controlar os impulsos sexuais, seu conselho foi em direção ao casamento – “Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.” (1Cor 7,9).
·         Para os casai crentes, sua recomendação está clara. Não deveriam pensar em divorcio – “Todavia, aos casados, mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido.” (1Cor 7,10). Caso acontecesse uma separação, teriam apenas duas opções: A primeira - não deveriam casar-se com outra pessoa. A Segunda - reconciliar-se com o cônjuge – “...se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.” (1Cor 7,11). À luz deste texto, não é possível, segundo o apóstolo Paulo, um casal cristão separar-se e casar-se uma segunda vez com uma outra pessoa.

Como resultado da evangelização, muitos homens e mulheres, já casados, converteram-se isoladamente. “o que fazer?” – perguntaram eles. Paulo é claro. O cônjuge crente não deve pedir a separação, pois através de sua nova vida poderia alcançar seu cônjuge e filhos para Cristo – “Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher incrédula, e ela consente em habitar com ele, não se separe dela. E se alguma mulher tem marido incrédulo, e ele consente em habitar com ela, não se separe dele. Porque o marido incrédulo é santificado pela mulher, e a mulher incrédula é santificada pelo marido crente; de outro modo, os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos.” (1Cor 7,12-14).

Por outro lado, se o cônjuge não crente tomasse a iniciativa de separar-se, o cônjuge crente não deveria opor-se, acima de tudo a paz deveria ser preservada – “Mas, se o incrédulo se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou a irmã, não está sujeito à servidão; pois Deus nos chamou em paz.” (1Cor 7,15).

Não podemos saber a opinião de Paulo sobre a possibilidade de um novo casamento por parte do cônjuge descrente. Há controvérsias neste assunto. Alguns acreditam, e esta é nossa opinião, que quando o apostolo usou a expressão “não está a sujeito à servidão” (1Cor 7,15) permita um novo casamento do cônjuge crente, desde que fosse “no Senhor” (1Cor 7,39). Outros defendem a tese de que a expressão não era uma clausula para o novo casamento, mas uma referencia à liberdade do jugo da incredulidade. Como afirmamos, o tema é controvertido.

II – UM TEXTO DE DIFICIL INTERPRETAÇÃO.

Trata-se de 1Cor 7,25-38. Paulo se refere às virgens, duas linhas  de pensamentos são defendidas:
·         A primeira acredita que o apóstolo se estava referindo ao casamento espiritual, onde não havia relações sexuais entre os envolvidos.
·         Outros defendem a idéia de que Paulo se estava referindo ao pai que se recusava a dar um casamento sua filha.

III – EXORTAÇÃO Á SANTIDADE.

A Igreja primitiva vivia num contexto de completa imoralidade.

O apóstolo sabia que a imoralidade sexual afetava o relacionamento pessoal com Deus, mas também tinha sérias implicações na família.

O mais preocupante é que aqueles comportamentos imorais estavam ingressando na igreja de Corinto, como,por exemplo a pratica do incesto – “Geralmente se ouve que há entre vós imoralidade, imoralidade que nem mesmo entre os gentios se vê, a ponto de haver quem vive com a mulher de seu pai.” (1Cor 5,1).

Suplicou os crentes a se afastarem da prostituição – “Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei pois os membros de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? De modo nenhum. Ou não sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque, como foi dito, os dois serão uma só carne.” (1Cor 6,15-16), da imoralidade sexual – “Fugi da prostituição. Qualquer outro pecado que o homem comete, é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.” (1Cor 6,18), definiu sua posição sobre a prática do homossexualismo, deixando bem claro para os seguidores de Jesus Cristo que esse comportamento, longe de ser algo herdado geneticamente ou de ser uma opção sexual, é uma questão espiritual e é conseqüência do completo afastamento do homem em relação a Deus – “Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si; pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém.” (Rm 1,24-25); alertou também que a desobediência aos pais e a falta de amor para com a família também eram resultado desse afastamento – “sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pais; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, sem misericórdia.” (Rm 1,30-31; ver também 1Tm 1,9; 2Tm 3,2-3). Exortou sobre o dever dos crentes a não praticarem adultério – “Não adulterarás.” (Rm 13,9a) e mostrou que quando um crente tem uma relação sexual que não seja com seu cônjuge comete pecado contra Deus e contra o próprio corpo (1Cor 6,13-20) e que pessoas que cometem estes pecados alistados acima não herdarão o Reino de Deus – “Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.” (1Cor 6,9-10).

IV – FAMÍLIAS QUERIDAS.


Ao longo de suas cartas , Paulo menciona ternamente famílias que foram uma benção em seu ministério. O casal Áquila e Priscila é mencionado com gratidão e reconhecimento – “Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus.” (Rm 16,3); “Saúda a Priscila e a Áquila e à casa de Onesíforo.” (1Tm 4,19). Lembrou da família de Onesíforo (1Tm 4,19). Enalteceu o esforço de Eunice em criar o seu filho Timóteo nos caminhos de Deus, mesmo sem contar com o apoio do seu esposo – “trazendo à memória a fé não fingida que há em ti, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice e estou certo de que também habita em ti.” (2Tm 1,5); “...e que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela que há em Cristo Jesus.” (2Tm 3,15), tendo a influencia de sua avó Lóide. Em Romanos 16 e em outros escritos paulinos há nomes de pessoas que foram verdadeiro refrigério para sua vida ministerial. Muitas dessas pessoas eram casadas, outras viúvas, outras solteiras e talvez até mesma algumas abandonadas pelos cônjuges. A mãe de Rufo era considerada uma mãe para o apóstolo – “Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha.” (Rm 16,13). Algumas famílias tinham a própria igreja se reunindo em suas casas, como é o caso de Áquila e Priscila – “Saudai também a igreja que está na casa deles...” (Rm 16,5) e Arquipo – “...e à nossa irmã Áfia, e a Arquipo, nosso companheiro de lutas, e à igreja que está em tua casa.” (Fm 2).